Outro fim de noite e eu estava sozinha. Meu chalé estava escuro e parecia que a dor me consumia.

Não que eu gostasse de muita companhia, gostava do chalé 13 apenas com Nico.. Mas naquela noite nem ele estava lá.

A dor me consumia e minha mente me pregava peças. Seus olhos, seu sorriso se projetavam no escuro. Fazia semanas que eu não o via, meu coração se comprimia de saudades, meus pulmões falhavam e meus olhos transbordavam a culpa.

Orgulho é um defeito fatal, não o defeito usual dos filhos de Hades, mas meu defeito.

Ele era meu ponto fraco, e se fazia mais ausente do que nunca.

Eu precisava de seu abraço, palavras de consolo, sentir seu cheiro e seus dedos acariciando meu cabelo.

Fraca. Isso que eu sou. FRACA.

A dor insuportável se espalhava com o sangue, percorria meu corpo, apunhalava meu coração.

Me sentei no canto do quarto e senti o chão gélido me acolhendo. Pensamentos sinistros ocupavam a minha mente e tapavam a minha visão.

Olhei meu reflexo na minha espada. Eu era imperfeita, totalmente dispensável. Quem sentiria falta? Na verdade eles agradeceriam pela lâmina ser tão afiada.

Senti o beijo cortante da faca em minha pele e vi o sangue escorrendo. O que raios eu estava fazendo?

Soltei um grito fino e joguei a arma para longe. Comecei a chorar e o sangue saía rapidamente. Me amaldiçoei por ter feito aquilo, mas eu estava sozinha.

Amigos? Irmãos? Não havia ninguém a quem eu pudesse pedir ajuda, ninguém que eu ousasse confiar para aquilo.

A dor saia de meu corpo acompanhando o sangue, senti um alívio, mas a culpa não me abandonou. Me senti cada vez mais fraca. Eu odiava sangue.

Ouvi passos e a porta do chalé se abriu.

Meus olhos estavam quase cerrados, mais vê-lo me deixou alerta. Ele se ajoelhou ao meu lado e pegou meu braço.

Segurou o corte para que parasse de sangrar, o que provocou uma forte dor.

– Nunca mais faça isso! Você me ouviu? - ele estava nitidamente irritado. Eu o havia chateado.

Fraca.. Fraca..

– Mas.. Leo - as lágrimas corriam meu rosto com rapidez.

– Nunca mais faça isso comigo, não se afaste, não se machuque. Por favor, prometa que não vai repetir isso.

– Eu.. eu não..

– Eu sei que você consegue!

Ele estava colocando fé em mim, eu estava assustada, mas por ele eu me jogaria do Olimpo com um salto mortal.

– Eu.. Eu te prometo Leo..

– Pelo.....?

– Eu te prometo, pelo Estige!

- Eu te amo! - disse ele ao beijar docemente meus lábios.

Ao ouvir aquelas palavras eu perdi o chão e tudo ficou negro.