Bônus: Tentativa de romantismo

A noite caiu lentamente, mais lentamente ainda pra Valéria que esperava ansiosa uma visita em sua casa.

“Cadê o Paulo? Será que ele vai me dar o bolo?! Ele não teria coragem...!” Ela estava claramente apreensiva, a cada segundo sua ansiedade aumentava mais, entretanto a campainha tocou chamando sua atenção e a desligando, momentaneamente, de sua aflição.

- Oi linda... – a voz de Paulo chega até os ouvidos dela ao abrir a porta. – Você ta mais bonita que o normal! – ele a elogia sorriso, um sorriso tão forte que destruiu qualquer vontade da garota de brigar com seu namorado por causa do atraso.

- Paulo seu bobo! – ela falou o abraçando e o beijando nos lábios. – Pensei que você não viria mais.

- Desculpa o atraso, acontece que meu relógio tava atrasado, foi a Marcelina que atrasou pra tirar onda comigo!

- Ela deve estar com ciúme de mim. – Valéria conclui.

- Nada a ver, ela gosta de você Valéria, ta certo que vocês já caíram de tapas algumas vezes, mas tenho certeza que ela não tem raiva de você.

- Não precisa ficar lembrando dessas coisas... – se referia as brigas com Marcelina. – Mas então? Aonde você vai me levar pra jantar? Por que tanto mistério pra um encontro?

- Você vai saber já, vai ser um jantar inesquecível! – Paulo falou puxando sua namorada pelas mãos e saindo com ela do local. Durante aquela semana o jovem fez muito suspense, convidou sua namorada pra jantar fora, mas não disse onde, só falava que seria uma ótima surpresa, ela aceitou, sua curiosidade só aumentou conforme os dias foram passando.

O casal andou calmamente pelas ruas, caminharam sorrindo de tudo e todos, olhavam as estrelas e a lua, a paixão deles os deixava felizes sem motivo aparente.

- Chegamos... – ele falou a frente de um portão ornamentado e bonito que Valéria nunca tinha visto, no entanto ela tinha certeza de que aquilo não era um restaurante.

- Não to entendendo Paulo, a gente não ia jantar?

- Faz parte da surpresa! – ele fala abrindo o portão. A feição de Valéria se tornou um misto de surpresa e felicidade, a frente deles estava uma casa muito bela e um jardim tão bonito quanto, um lugar bem iluminado e com uma mesa ornamentada no cento, nela tinham dois lugares e um castiçal.

- Que lindo! – ela falou quase lacrimejando.

- Vem, pode se sentar. – ele falou puxando uma cadeira pra ela.

- Que gentileza Paulo!

- É só o começo da surpresa... Garçom... – Paulo fala, em questão de minutos Adriano aparece vestido como um garçom de restaurante de luxo.

- O que desejam? – o loirinho pergunta educadamente.

- Gostei da beca Adriano! – Valéria falou rindo.

- Ah obrigado! Minha mãe e a Tereza também gostaram!

- Traga o prato do dia, da noite melhor dizendo, por favor sim? – Paulo falou e Adriano se retirou. – Me traga também seu melhor refrigerante... – Paulo quase gritou, ficou meio atônito como quando um ator esquece suas falas, Valéria percebeu e achou muito engraçado, entretanto segurou o riso.

- Então de quem foi essa ideia brilhante?! – Valéria perguntou sorrindo.

- Foi minha, daí eu pedi a ajuda da galera, tipo que esse terreno e essa casa são da família da Maria Joaquina, daí a Tereza fez essa decoração com a Marcelina, agora o Nicholas ta cozinhando pra gente...

- E você mobilizou todo mundo por mim?! Que romântico! Que isso?! Baixou a Laura em mim?! – o comentário fez Paulo rir.

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- Ai Zé da cartola! Não precisava bater em minha mão! – Jaime falou, Nicholas o acertara com uma espátula.

- Nunca belisque enquanto eu estiver cozinhando! E depois esse é pro casal, depois eu faço o nosso!

- Madona mia, mas a culpa é sua de ter chamado o Jaime pra te ajudar a cozinhar... – Tereza argumenta.

- Na verdade a função dele aqui é outra, ele que veio pra cozinha tentar devorar a comida do casal. – Nicholas elucida a situação, os três estavam numa grande cozinha.

- Gente, gente, o Adriano ta procurando o refrigerante e não ta achando! – Maria Joaquina adentra o local apreensiva.

- Calma amor, o refri ta comigo, eu tomei um pouco! – Jaime fala mostrando a metade dos dois litros do refrigerante.

- Então ta aí? Poxa Jaime podia ter avisado! – Adriano comentou pegando o refrigerante de seu colega.

- Eu tava com sede... – Jaime fala sem graça.

- Sem tempo pra discutir povo, Maria Joaquina, Tereza me ajudem nos pratos, todo mundo já sabe o que fazer e Jaime, por favor, não coma nada agora! – Nicholas falou sério.

- Eu vou levar o refrigerante... – Adriano comentou, mas antes de sair Tereza o segurou delicadamente.

- Deixa eu arrumar essa gravata amore mio... – ela falou arrumando o acessório, em seguida selou os lábios dele.

- To bonito agora?

- Perfetto!

- Então to indo... – ele falou ostentando seu sorriso bobo e saiu.

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Valéria e Paulo conversavam sobre vários assuntos, em determinado momento ele se levantou, retirou um isqueiro do bolso e acendeu as velas do castiçal, o gesto a impressionou, ela achou uma atitude bonita e singela, de repente a voz de Adriano os desperta daquele transe momentâneo.

- Seu refrigerante. – falou fazendo menção de servi-los.

- Deixa que eu faço isso! – Paulo falou pegando a bebida do garçom.

- Paulo versão romantismo, to gostando! – dizeres de Valéria.

- Só pra te agradar hein? – o jovem fez piada.

- Por que tem só meio litro de refrigerante aí? Não precisa responder... O Jaime ta ajudando o Nicholas na cozinha né? – a moça conclui, corretamente diga-se de passagem.

- Pois é...

- Aqui, trouxe pra vocês... – Larissa aparece pra eles vestida como garçonete, trazia uma bandeja elegante.

- Larissa?! Você também concordou com isso?! – Valéria falou.

- Ai amiga, quando falaram que era um jantar pra você eu não podia dizer não! – Larissa falou de modo engraçado servindo o casal. – O prato do dia, salmão grelhado com legumes cozidos, tempero do Nicholas não se esqueçam...

- Bonito ta, e o cheiro é ótimo também...! Vamos provar... – dizeres de Paulo, ao dar uma garfada e levar a boca sua feição muda. – Mas isso ta incrível!

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- Ta aqui o que você pediu! – Rafael fala a Nicholas, ele e Marcelina adentram atônitos na cozinha trazendo sacolas.

- Foi difícil achar... – dizeres de Marcelina. – Não teríamos esse problema se o Jaime segurasse essa boca dele!

- Mas eu tava com fome! – o gordinho fala se defendendo.

- Jaime não mexe! Se você mexer a gravata vai ficar torta! – Maria Joaquina repreendeu, ela tentava colocar uma gravata borboleta no garoto.

- Valeu Marcelina e de menor, vou terminar meu melhor prato agora! Já teria terminado se o Jaime... Vocês sabem... – Nicholas falou em tom de piada.

- Já terminou Jaime? Temos que ir pro jardim... – Daniel aparece muito bem vestido chamando seu colega.

- Ele ta pronto sim, e ta lindo! – Maria fala e sela os lábios de seu namorado.

- Eu vou cantar super bem você vai ver! – Jaime fala empolgado e caminha até Daniel, os dois saem por uma porta lateral e seguem um caminho escuro.

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- Esse peixe ta maravilhoso Larissa! O Nicholas tem que passar essa receita pra minha mãe! – Valéria falou também maravilhada com a comida, de repente uma música começou, uma melodia que ela conhecia bem. – É Capital Inicial?! Eu adoro essa banda e principalmente essa música!

- É minha música favorita deles também! – Larissa comentou.

- Hoje é o dia, eu quase posso tocar o silêncio, a casa vazia... – era uma voz conhecida dela.

- Não acredito?! É o... – nesse instante luzes se acendem num canto escuro e Jaime aparece cantando ao lado de Daniel a tal música. – O Jaime! Nossa ele ta cantando muito bem!

- Essa nem eu sabia, isso não tava no planejado... – Paulo falou surpreso enquanto a música continuava.

- Tudo que vai, deixa o gosto, deixa as fotos, quanto tempo faz... – os dois cantavam juntos o refrão, os jovens se alternavam nas estrofes e cantavam juntos o coro.

- Esse é o nosso presente pro casal... Olha ali na janela! – Larissa falou apontando pra casa, num cômodo próximo a janela Evellin estava numa mesa de mixagem, era ela que tocava a melodia que se escutava nas caixas de som espalhadas no local, porém ela reproduziu apenas o instrumental, o vocal era totalmente de Jaime e Daniel.

- Oi Evellin!!! – Valéria falou acenando pra jovem, Paulo também acenou e ela respondeu o gesto.

- Eu não sabia que ela mexia com mesas de mixagem, nem que o Jaime sabia cantar... O Daniel eu lembro quando começou a fazer aula. – Paulo falou.

- Esse tem sido o melhor encontro que já tive Paulo! Eu não tenho palavras pra te agradecer. – Valéria comentou feliz.

- Às vezes as palavras não são necessárias... – Paulo falou erguendo seu corpo pra beijá-la, ela fez o mesmo gesto, contudo eles não viram que Paulo ao inclinar seu corpo derrubou sua taça com refrigerante, o líquido correu a mesa e caiu no vestido de sua namorada.

- Meu vestido! – a moça falou assustada.

- Que desastre! – Paulo comentou pegando um guardanapo, ele queria limpar o vestido da jovem, mas bateu seu braço no castiçal e o derrubou, o fogo das velas se propagou na toalha de mesa.

- Fogo!!! – Larissa falou assustada.

- Valéria, tem uma mangueira ali atrás de você, usa ela aqui! – dizeres diretos de Paulo. Depois de tais palavras ele correu até um vazo de plantas vazio, o pegou e o virou em cima da toalha de mesa em chamas apagando o princípio de incêndio. – Ainda bem que pensei rápido! – falou suspirando.

- Isso tava planejado? – Jaime pergunta.

- Acho que, pelos rostos deles, foi um acidente mesmo... – resposta de Daniel.

- Pelo menos agora o Paulo pode tirar onda de Heroi... Vamos continuar cantando, a Maria Joaquina gosta muito de me ver cantando! – Jaime falou e voltou a cantar em seguida, acenava pra Maria Joaquina na janela da cozinha e ela retribuía o gesto.

- É um bando de apaixonados! Por que não continuar cantando né? – Daniel falou e acompanhou seu colega.

- Ta aqui a mangueira, eu só não consegui ligar... – Valéria falou correndo preocupada pro lado de seu namorado, mexia de todas as formas na mangueira pra ligá-la até que conseguiu, estava tão concentrada que não percebeu que o fogo já havia sido apagado. A água da mangueira bateu na mesa jogando a terra de cima dela em Paulo, rapidamente a roupa do jovem foi ficando toda suja. – Ai Paulo desculpa! Como eu desligo essa coisa?! – estava nervosa demais pra ter controle sobre a mangueira.

- Aqui pro casal, fiz meu melhor prato tanto que vim pessoalmente servi-los! Vocês nunca comeram uma carne como essa e... – Nicholas falou alegre, orgulhoso e de olhos fechados, entretanto ao abri-los se deparou com aquela cena, Larissa sentada assustada, Paulo sujo de lama, Valéria apreensiva com uma mangueira em mãos e a mesa uma sujeira. – Poxa vida vocês dois! Se não gostaram do peixe era só falar que eu fazia outra coisa! – Nicholas falou em tom de piada fazendo seus colegas rirem mesmo diante daquela situação.

- Que sujeira é essa?! – Rafael falou ao ver aquela cena, segurava o riso.

- Foi um pequeno incêndio... – Paulo ria muito.

- Pequeno?! E ele fez essa sujeira toda?! – dizeres de Marcelina também surpresa e também segurando o riso.

- Ta tudo bem aí?! Deram um jeito naquele fogo?! – a voz de Evellin saiu das caixas de som, Paulo fez um gesto de positivo pra ela.

- Pois é... Acho que a gente exagerou! Era pouco fogo pra tanta bagunça... – Valéria respondeu.

- Mas o importante que a música continua... – Adriano falou com um refrigerante em mãos. – Aqueles ali parecem que estão em outro mundo! – todos riram mais por ser um comentário de Adriano.

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- A gente ta rindo, mas na hora que o fogo começou rolou um pânico total! – Paulo falou, o jovem levava Valéria até o apartamento dela.

- Pelo menos conseguimos limpar o excesso de lama das suas roupas... O refrigerante no meu vestido que eu não sei se sai.

- Acabei estragando o encontro perfeito que preparei, quer dizer, que preparei junto com nossos colegas. – ele falou com pesar ao mesmo tempo em que chegavam à portaria do prédio dela.

- Não estragou seu bobo! Eu ouvi boa música, comi boa comida, ri bastante e estava ao lado do menino que eu gosto!

- Então você curtiu?

- Foi quase perfeito, vai ficar perfeito agora! – ela falou selando os lábios dele. Por mais uma vez os jovens partilharam de seus universos naquele beijo, era incrível como se sentiam mais apaixonados a cada carinho, a cada gesto, a cada beijo. Paulo tinha certeza que valeu a pena tudo que passara por Valéria e ela, mais que nunca, estava certa que havia feito a escolha correta ao decidir namorá-lo, todas as certezas vieram a eles naquele beijo, tudo naquele minuto, naquele de muitos minutos, de muitos beijos, de breves, eternos, infinitos, constantes e indescritíveis momentos... De indescritíveis, constantes, infinitos, eternos e breves minutos.