Capítulo 47: Maria Joaquina e a família Palilo

Maria Joaquina estava em seu quarto, não conseguia dormir, pensava em Jaime e no fato de estarem namorando, estava feliz, tal felicidade era o que a impedia de dormir. Entretanto a calmaria do local é cortada por seu celular.

- Oi Jaime... – ela atende com um largo sorriso.

- Oi linda... Eu tenho uma ideia do que a gente pode fazer amanhã... Tipo bem cedo passo aí, daí eu te pego e te trago aqui pra casa, vamos passar o dia aqui o que acha?

- Assim de repente? – ela se assusta. – Mas e seu pai e sua mãe? Você explicou nossa situação pra eles?

- Sim, na verdade só pro meu pai... Ele me passou um sermão, falou sobre a forma como se deve tratar as mulheres, mas no fim ele ficou feliz por estarmos juntos, ele até disse que se eu te fizesse alguma coisa que deixasse mal ele me estrangulava...

- Nossa, e você fala nessa normalidade?!

- Nada, isso é uma ameaça leve do meu pai... Ele falou que vai contar pra mãe, tenho medo da reação dela, ela brava realmente assusta! Mas tenho certeza que ela vai te tratar super bem.

- Então eu acho que ta bem, quero me apresentar aos seus pais como sua namorada... A que horas você chega aqui?

- As oito, pode ser?

- Claro... Sabe eu to com dificuldade pra dormir.

- Eu também, eu to contando as horas pra te ver Maria Chatonilda!

- Idem senhor grosso!

- “E tem” o quê? Não entendi...

- Eu falei idem, é como se eu dissesse: faço suas as minhas palavras. – ela explica sorrindo.

- Então você me chamou de Maria Chatonilda também? – dúvidas pairavam na mente dele.

- Não Jaime, eu quis dizer...

- O QUÊ!!! – um grito pôde ser escutado da sala da casa de Jaime.

- Nossa! Acho que minha mãe chegou e meu pai acabou de contar pra ela... Eu vou fingir que to dormindo pra escapar da fera... Boa noite Maria Joaquina, te amo!

- Também te amo... – falou antes de ele desligar.

Não foi uma noite fácil de dormir, muita coisa na cabeça, teve medo da aprovação da família do garoto, afinal ela sempre falou mal deles, e se Jaime tivesse contado algo sobre isso e eles guardaram rancor? Ela não sabia, mas ia passar o dia na casa dele do mesmo jeito.

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A manhã chegou, a jovem se levantou, tomou um banho, se vestiu com roupas bonitas, foi até a sala de refeições para tomar seu café da manhã.

- Bom dia pai, mãe, Joana... – ela cumprimentou.

- Bom dia minha filha, ta bonita! – o pai observa.

- Eu acho que você vai se encontrar com o Jaime hoje certo? – a mãe conclui.

- Vou sim mãe, ele me pediu pra passar o dia na casa dele... Será que eu posso?

- Pode sim filha, se os pais dele deixaram não vejo problema. – o pai fala novamente.

- Seja educada minha filha, temos os Palilo em alta conta! São boas pessoas. – observação da mãe.

- A Maria Joaquina é sempre educada! – Joana afirma.

- Joana está mais que correta! – a jovem falou com seu jeito peculiar. Não demorou pra tomar seu café da manhã, exatamente quando terminou a campainha tocou.

- Será que é o Jaime? – Joana pergunta.

- Deixa que eu atendo! – a garota falou animada, já esperava que fosse seu namorado, o que não impediu que ficasse surpresa ao o ver.

- Oi linda! – ele falou sorrindo e lhe deu um selinho. – Olha, te trouxe uma flor, meu dinheiro só deu pra comprar uma desculpe... – falou meio sem graça.

- É maravilhosa Jaime, é a mais linda das flores porque foi você que me deu! – ela falou o beijando.

- Oi Jaime, tudo bem? – Miguel cumprimenta.

- Tudo bem sim, obrigado por perguntar... – tentava ser o mais educado possível, era difícil pra ele “ser educado” e a família da jovem via o esforço dele.

- Então Jaime, gostaria de tomar café da manhã? – a mãe da jovem pergunta.

- Claro que sim...! Quer dizer... Eu não vou incomodar? – ele fala de um jeito engraçado despertando risadas nos presentes.

- Claro que não garoto, pode se sentar e se servir! – o pai fala.

- Valeu velho...! Quer dizer... Muito obrigado doutor Miguel! – ele falou novamente nervoso, novamente as pessoas riram.

Depois do café da manhã reforçado o jovem casal se foi, foram até a rua de baixo pra pegar um ônibus, esperaram alguns minutos e pegaram a condução, Jaime contou as moedas pra pagar as duas passagens. A garota por sua vez achava aquilo tudo muito diferente, normalmente andava de carro com o motorista da família, esperar ônibus não faz parte de seu cotidiano, entretanto os atos do Jaime a impressionavam, ele vir a buscar, trazer uma flor, tentar ser educado, pagar a passagem, ele não era perfeito, mas era o mais perfeito que podia ser e ela gostava disso além de gostar de estar ao lado dele e de estar em seus braços. Ele a abraçava enquanto olhavam a paisagem passar na janela, não conseguiam medir o quanto se sentiam bem juntos.

- Chegamos! – Jaime falou quase gritando entrando em sua casa.

- Eles chegaram Eloísa! – Rafael também quase gritou.

- Eu escutei Rafael, não sou surda! – a mãe falou também quase gritando. “Que família ‘sonora’?!”, a jovem pensou surpresa.

- Bem vinda Maria Joaquina, to muito feliz de você estar namorando meu gordinho! – Eloísa falou.

- Mãe não era pra me chamar assim na frente dela! – o garoto fala.

- E não se preocupa Maria Joaquina, eu já conversei com o Jaime e se ele te magoar eu vou esganar ele! – Rafael falou. – Mas pode ficar a vontade, a casa é sua!

- Quer tomar café da manhã? Eu fiz um bolo muito bom!

- Obrigada, mas eu já tomei café em casa, o Jaime tomou também...

- O quê?! Esse garoto esfomeado comeu lá também?! Antes dele sair daqui ele tomou um café reforçado! – o pai fala meio alterado. – O doutor Miguel deve ta achando que você é um morto de fome garoto!

- Mas eu tava com fome, e eu fui educado não fui Maria Joaquina? – falou segurando forte a mão dela, ela pensava o quanto ele parecia uma criança assustada, mas isso não a incomodava.

- Não se preocupa seu Rafael, meu pai e minha mãe gostam do Jaime, eles ficaram muito felizes de eu estar namorando ele. – fala sorrindo.

- Ta vendo?! Agora vamos ver se eu mereço um pouco mais de moral nessa casa! – falou com um ar convencido.

- Esse garoto... – Eloísa falou devagando.

- Então eu vou tomar café... – dizeres de Jaime se dirigindo à mesa.

- De novo? – a jovem perguntou assustada.

- É que sinto muita fome de manhã...

- E de tarde e de noite também! – Rafael comentou.

- Bom dia... Que barulhada é essa logo de manhã? – Jonas pergunta saindo do quarto com o rosto sonolento.

- Bom dia Jonas, a namorada do seu irmão vai passar o dia aqui. – Eloísa fala.

- Mas essa é a Maria Joaquina, até ontem era a Evellin ou não? – o irmão mais velho pergunta sem entender.

- É uma longa história... Quer mesmo saber? – Dizeres de Jaime.

- Não, quero não... – Jonas fala com desânimo. – Maria seja bem vinda, o povo aqui é meio diferente do comum, mas é todo mundo gente boa, repara nas loucuras não... Eu vou tomar um banho porque tenho um ensaio com a minha banda. – o garoto falou e foi ao banheiro.

- Maria Joaquina, com certeza você vai estranhar nossa casa, ela não é bonita e nem confortável igual a sua, muito menos tem os luxos de lá, mas, como o Jonas falou, todo mundo aqui se gosta muito, apesar das vezes parecer que a gente ta brigando... Com o tempo você acostuma espero... – Rafael fala.

- Não se preocupa seu Rafael, não precisam mudar suas rotinas por minha causa, estou muito feliz e agradecida por vocês me receberem aqui! – ela falou de coração, achou até divertido o ambiente da casa de seu namorado.

- Gente, eu vou sair, vou ver o que compro pra fazer no almoço, afinal hoje temos uma convidada muito especial! – Eloísa falou pegando sua bolsa. – O que você precisar pode pedir pro Jaime que ele arranja pra você ta querida? – fala com a jovem.

- Pode deixar dona Eloísa.

- Maria Joaquina, eu sei que você ta cheia, mas experimenta só um pedacinho do bolo da minha mãe... É uma das melhores experiências da vida! – o garoto fala.

- Já que você insiste... – ela fala se sentando ao lado dele na mesa.

- Prova só... – falou levando um pedaço a boca dela, a feição dela mudou na mesma hora.

- Isso é maravilhoso! – dizeres dela deslumbrada.

- Ta vendo? Minha mãe é um dos motivos pra eu estar... Fofo... – ele fala colocando a mão na barriga.

- Seu bobo! – ela falou o beijando na boca.

- Meu menino... Eu lembro quando peguei ele no colo... – o pai falou pra si mesmo com um leve tom de perda.

- Menos babação né pai? Não faz o Jaime e a Maria Joaquina passarem vergonha! – Jonas fala assustando seu pai.

- Deixa de ser chato garoto! E vai tomar logo esse banho...! – Rafael fala bravo, apesar de tudo ainda via seu caçula como uma criança, provavelmente nunca deixará de ver seu filho como tal.