Surpresas Da Vida escrita por Rayane Silva


Capítulo 14
Dê-me um tempo, por favor.


Notas iniciais do capítulo

Bem gente desculpa a demora é que estou acordando muito cedo para ir ao colégio e quando chego durmo e depois fico com preguiça de escrever, mas a partir de segunda eu vou começar a estagiar e só vou conseguir postar aos finais de semana, sorry. O capítulo está bem grandinho para compensar o outro, espero que gostem :)



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(P.O.V. de Lucas)

- Daniela meu amor, desculpa. –sussurrei aos prantos.

- Eu já chamei a ambulância. –falou o cara do carro. – Eu juro que não vi, ela apareceu do nada.

- A culpa não é sua, é minha. –falei desesperado. – Pode deixar que eu vou pagar o prejuízo do seu carro.

- Não se preocupe com isso, eu dou um jeito.

- Tudo bem, valeu. –respondi. Peguei o telefone e liguei para casa de Daniela.

- Alô? –Sara atendeu.

- Alô, Sara me ajuda a Daniela... –um soluço me interrompeu.

- Calma Lucas, o que tem Daniela?

- Ela sofreu um acidente!

- QUE? –Sara gritou pelo telefone. – Como assim?

- Depois eu te explico, onde está Jason?

- Ele está de plantão.

- Ok a ambulância chegou, vá para o hospital!

- Já estou saindo! –falou e desliguei logo em seguida. Expliquei o ocorrido para os paramédicos. Daniela foi levada e eu fui logo atrás em meu carro, no caminho liguei para minha mãe e pedi para que viesse buscar a moto. Ao chegar ao hospital, Daniela ainda estava desacordada e Jason estava na entrada esperando.

- O que ouve? –perguntou Jason enquanto entravamos.

- Ela descobriu uma coisa... aí saiu correndo... saiu voada com  moto, sem capacete... desviou do caminhão, bateu no carro! –atropelei as palavras.

- Você não pode entrar. –falou quando estávamos prestes a entrar em uma sala. – Vá para sala de espera e tente se acalmar.

- Me acalmar? Como?

- Eu sei que é difícil, eu estou histérico por dentro. Ela é minha única família, mas tente ok?

- Vou tentar.

- Vai ficar tudo bem, Lucas. –falou. Balancei a cabeça afirmativamente tentando acreditar e fui para a sala de espera. Depois de alguns minutos Sara, os gêmeos e seus pais e Liam chegaram.

- Oi Lucas. –Falou Sara me abraçando. –Você se machucou? Onde ela está?

- Eu estou bem. Ela está lá dentro com Jason.

- Isso é culpa sua! –falou Alex com as mãos em punhos, preparado para bater em Lucas.

- Não é culpa de ninguém. –falou Sara entrando na frente dos dois. – Liam nos contou tudo... ela vai entender, você fez bem em contar.

- Mas eu não contei, ela achou uma carta no meu quarto falando da aposta. Estava assinada pelo Liam.

- Mas eu não mandei nada. –Liam se defendeu.

- Alguém mandou. –falei. Uma hora e meia depois, Jason apareceu.

- Ela já está no quarto do hospital, não machucou a cabeça, então, ficará bem.

- Podemos vê-la? –perguntou Emma.

- Só de dois em dois, mas ela ainda está desacordada. –respondeu Jason.

Primeiro entraram Emma e Peter, depois os gêmeos. No final eles foram embora. Sara foi a próxima e por último eu e Liam.

- Nunca vou me perdoar por isso. –falei segurando a mão de Daniela.

- Ela vai ficar bem. –falou Liam com a mão em meu ombro. – Eu tenho que ir, você vem?

- Não. –respondi cansado. As horas se passaram e eu não tinha pregado os olhos nem por um segundo até amanhecer.

- Jason, quando ela vai acordar? –perguntei impaciente.

- Provavelmente em algumas horas. Calma ela está bem.

- Mas eu não estou. –sussurrei.

- A Daniela te ama, ela vai te perdoar. –respondeu Jason. – Tenho que ver outro paciente, depois eu venho ver como ela está. –deu um beijo na testa de Daniela e saiu da sala.

- Amor desculpa, eu nuca quis te magoar. Eu te amo, nunca senti isso por ninguém. Por favor, acorda, eu preciso de você. –falei chorando. Olhei para Daniela e vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto. – Daniela? –perguntei e ela mexeu a mão que eu estava segurando. Fui até a porta e chamei por Jason. Ele e Sara apareceram logo em seguida.

- O que foi? –perguntou Jason.

- Ela está acordando!

(P.O.V. de Daniela)

Começara a sentir as coisas de novo, sei que estive desacordada, mas não sei por quanto tempo. Aos pouco minha audição voltava, mas não conseguia me mexer. Prestei atenção a minha volta e ouvi Lucas falando. Por que ele me pedia desculpas? Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Percebi que sua mão segurava a minha, senti a eletrização que percorria meu corpo toda vez que me tocava, a dor que me causou quando descobri a verdade. Tentei tirar minha mão da sua, mas só consegui mexe-la levemente. Logo sua mão não estava mais na minha e eu o agradeci mentalmente por isso. Aos poucos tomei todo o movimento do meu corpo e lentamente comecei a abrir os olhos. Primeiro vi Jason e o alívio em seu rosto, depois Sara e sua compaixão e por último o rosto que me faria desabar. Lucas me olhava com alívio, remorso e... paixão? Definitivamente desisti de tentar entender.

- Lucas. –sussurrei seu nome. – Vai embora. –comecei a me desesperar. – Vai embora! Vai embora! Aaaiiii! –reclamei de dor e já gritando.

- Lucas é melhor você ir embora, agora. –falou Jason pegando uma seringa e se aproximando de mim.

- Ok. –falou Lucas cansado e foi embora.

- Você vai me fazer dormir? –perguntei ainda nervosa.

- Não, você só vai ficar mais calma e meio grogue. –falou Jason injetando a seringa na minha veia. Rapidamente me acalmei.

- Quando vou sair daqui? –perguntei algumas horas depois de ter acordado.

- Provavelmente amanhã. Você por sorte só se ralou. Eu não sei o que eu ia fazer se te perdesse também.

- Eu sei, desculpe. –suspirei. – Estou toda dolorida.

- É normal, agora você tem que comer. –falou Jason me empurrando uma bandeja de comida.

- Eca, comida de hospital. –reclamei.

- É, comida de hospital, come.

- Hmmm. –gemi em protesto, mas comi.

No final da tarde:

- Oi! –falou Alexia entrando na sala com seu irmão.

- Oi. –respondi.

- Como você está?

- Bem, só um pouco dolorida.

- Lucas está se...

- Não quero falar sobre ele. –falei interrompendo Alexia.

- Ok.

- Ele vai pagar pelo que fez. –falou Alex com as mãos em punho.

- Você não vai fazer nada com ele. –falei.

- Nem com o Liam. –completou Léxi.

- Mas o que vocês têm na cabeça? –ele perguntou furioso.

- Por favor, muda de assunto. –implorei.

- Tudo bem. –falou. – Quando você vai sair daqui?

- Talvez amanhã.

As horas se passaram e os gêmeos e eu ficamos conversando. Com o tempo os remédios foram fazendo efeito e eu peguei no sono.

- Oi, como você está se sentindo? –perguntou Jason assim que abri os olhos.

- Menos dolorida do que ontem. Eu vou para casa? –perguntei vendo que ele estava separando uma roupa para eu vestir.

- Vai, você está bem e já pode voltar para escola também.

- Com o pulso enfaixado e o joelho ralado e inchado? –perguntei incrédula.

- Isso não é desculpa e você sabe muito bem disso.

- É eu sei, acho que só queria um motivo para não ter que vê-lo.

- Uma hora querendo ou não você vai encontrar com ele.

- O pior é que eu também sei disso. –falei sentando-me na maca. Depois de Jason enfaixar a minha mão, troquei de roupa e fomos para casa. Sem falar nada fui para o meu quarto, fiquei grata por ninguém ter me seguido. Escutei a campainha tocando, mas não dei importância, pois neste momento queria ficar sozinha. No meu criado mudo tinha uma foto minha e de Lucas no baile e automaticamente lembrei-me do acontecimento que veio logo em seguida, do seu beijo quente, da sua pegada firme, mas carinhosa, na forma como seus lábios se encaixavam nos meus perfeitamente como se fossem feitos um para o outro. Com a foto nas mãos era como se quase estivesse revivendo aquele momento de novo. Foi então que eu percebi que não conseguiria odiá-lo, que continuaria amando-o mesmo depois de tudo e isso me enfureceu, então gritando o mais alto que podia, joguei o porta-retrato na parede ao lado da porta, fazendo-o se quebrar em mil pedaços e espalhando vidro para todos os lados. Sentei-me na cama com lágrimas nos olhos e ofegando como se tivessem tomado todo o ar da Terra e eu estivesse lutando para sobreviver os poucos segundos que me restavam. A porta se escancarou e Jason veio ao meu encontro.

- Daniela olha para mim, respira. –assim que ele falou notei que Sara estava na porta e que logo atrás dela estava Lucas, fiquei mais desesperada do que seria possível. Rapidamente entrei em um ataque de pânico por não saber até quando sofreria por amor.

- O que está acontecendo com ela? –perguntou Lucas desesperado. Só de ouvir a sua voz meu coração doía.

- Está tendo um ataque de pânico. –falou Jason e me abraçou por trás, fazendo com que minhas costas encostasse em seu peito. Ele começou a respirar no mesmo ritmo que eu e depois aos poucos sua respiração foi se acalmando e eu fui seguindo o mesmo ritmo até que consegui me estabilizar.

- Amor, eu... –Lucas começou a falar, mas eu o interrompi.

- Vai embora e... não me chame de amor. Eu me permiti sentir algo por você e olha no que deu, você me magoou, sabia que eu não aguentaria sofrer mais, mas você continuou com sua aposta idiota...

- Eu não continuei! Daniela eu te amo!

- Jason? –Sara chamou meu irmão. Eles se entreolharam e balançaram a cabeça afirmativamente.

- Lucas, vamos lá para baixo. Precisamos conversar. –falou Jason com a voz dura. Não entendi o porquê. Ele levantou e desceu com Lucas. Sara fechou a porta e sentou-se ao meu lado.

- Será que é infantil de mais eu querer minha mãe aqui? –perguntei sentindo saudades.

- Não, não é. –falou Sara abraçando-me. – E sei o que você está sentindo.

- Acho que não.

- Sei sim, porque eu já passei por isso. –ela sentou-se com as costas apoiadas na cabeceira e me puxou junto.

- Você ficou arrasada? –perguntei querendo saber se estou exagerando.

- Sim. Eu estava no 3° ano. Eu não era muito bonita, usava óculos, era nerd e sempre me zoavam. Esse cara que fez isso comigo também me zoava, mas gostei dele desde a primeira vez que o vi, aí quando ele se aproximou de repente, sendo todo carinhoso comigo me apaixonei ainda mais. Quando começamos a namorar, eu não entendia por que ele nunca me apresentava a sua família, por que ele só me beijava na frente dos amigos, por que nunca me levava para sair, mas eu era ingênua e não sabia o que estava acontecendo. Um dia na frente do colégio inteiro ele falou da aposta, me senti muito humilhada. Não fui para escola durante duas semanas e ele até chegou a me ligar umas duas vezes querendo saber se eu estava bem, mas minha mãe atendia e falava para ele me deixar em paz. Resolvi mudar completamente o visual... –ela apontou para si mesma. Ela era linda. – Imagina a cara de todos quando apareci diferente, principalmente esse cara. Ele tinha um brilho especial no olhar. Depois disso ele ficou me procurando, pedindo perdão, que percebeu que me amava, admitiu que foi um completo idiota.

- O que você fez?

- Eu falei que para ser perdoado teria que fazer bem mais do que só pedir desculpas. Então, duas semanas depois ele veio até a mim, gritou para todo o colégio ouvir e... –deu um suspiro. – Me pediu em casamento.

- O que? –perguntei incrédula.

- É verdade, ele se ajoelhou na minha frente com todo mundo olhando e fez o pedido.

- Mas você não aceitou porque agora está casada com meu irmão. –falei e ela ficou me encarando sem falar nada. Foi aí que a ficha caiu.

- Espera aí, Jason é esse cara?

- É.

- Eu não estou acreditando. –falei indignada. Como meu irmão pode humilha-la na frente de todos?

- Daniela, não julgue seu irmão. O que eu quero dizer é que quando o amor é verdadeiro não tem como fugir. Lucas desistiu da aposta porque ele te ama. Ele demonstrou isso desde a primeira vez. Quem foi ver se você estava bem mesmo depois de tê-lo machucado no primeiro dia de aula?

- Ele –sussurrei.

- Quem foi que te ajudou quando a Bianca fez aquilo com você no auditório?

- Ele.

- Quem foi que cuidou dos seus machucados e não te deixou sozinha no dia seguinte quando aquelas garotas te bateram?

- Ok, já entendi! –não podia mais negar o óbvio.

- Você não acha que tem que conversar com ele?

- Tenho, vou lá embaixo. –falei e desci. Jason estava no sofá de frente para mim e levantou a cabeça ao me ouvir chegar. Lucas estava no sofá de costas para mim e virou-se para me olhar, enxugando as lágrimas que escorria por seu rosto.

- Eu vou subir. –falou Jason. Eu atravessei a sala e fiquei de frente para Lucas.

- Você está chorando! –falei em tristeza. Usei todas as forças para não agarra-lo, consola-lo e falar que estava tudo bem.

- É que eu tenho medo de te perder. –meu coração doeu quando Lucas falou isso. Sentei no outro sofá, ficando de frente para ele.

- Foi o Liam que escreveu essa carta? –perguntei com um nó na garganta só de lembrar o que estava escrito.

- Não! Com certeza foi a Bianca!

- Não me surpreendo ela adora acabar com a minha vida.

- E você vai deixar ela ganhar? –ele esperou que eu respondesse, mas continuei quieta. – Eu só quero que saiba que desisti da aposta. Eu te amo, nunca senti isso por ninguém. Por favor acredite em mim! Você disse que consegue ler meus olhos, sabe quando eu estou mentindo, então olha nos meus olhos agora e me diz se estou mentindo!

- Acredito em você... eu também te amo.

- Então você vai me perdoar? –perguntou Lucas cheio de esperança.

- Eu preciso de um tempo para pensar.

- Eu não vou desistir da gente.

- Não precisa desistir, mas eu preciso de um tempo sozinha para ver quais são as minhas prioridades, acabei de sofrer um acidente!

- Me perdoa por isso?

- Não é culpa sua. Eu fiquei desnorteada, mas não podia ter dirigido assim.

- Então... para tentar melhorar as coisas entre a gente, será você quer dar uma volta? –perguntou Lucas depois de um minuto silêncio.

- Não me leva mal, mas eu prefiro ficar em casa descansando.

- Tudo bem, nos vemos amanhã?

- Sim.

- Posso de dar um abraço?

- Pode. –respondi sem graça. Aproximamo-nos sem jeito até que Lucas passou os braços a minha volta. A eletrização de seu toque percorria meu corpo, era muito reconfortante seu abraço.

- Tchau. –falou ao me soltar com certa relutância.

- Tchau. –respondi de cabeça baixa. Alguns segundos depois a porta se fechou e Lucas já tinha ido embora.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Comentem por favor!