Aquela Música Lenta escrita por Sam McQueen


Capítulo 1
Aquela Música Lenta




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Atravessou o salão inteiro em sua direção. Parou a dois passos do lugar onde ela estava sentada. Ela sorriu. Pousou delicadamente o copo na mesa e esperou pelo próximo passo do cavalheiro que estava em sua frente. Ele estendeu a mão direita em sua direção, como se estivesse prestes a ter em seus dedos a flor mais bela da Terra.

E a flor mais bela da Terra estendeu sua mão para ele.

Ela levantou da cadeira e saiu com ele pelo salão, a ponta dos seus dedos segura nos dedos dele. Ao chegarem no meio do salão, gentilmente desfizeram os laços dos seus dedos. Ele colocou a mão em sua cintura; ela em seu ombro. A mão esquerda dele flutuou suavemente com a mão direita dela ao lado de seus corpos. Bailando no meio do salão, eram como uma pintura.


Ela usava um fina luva de cetim. Ele lembrou-se de Shakespeare: “Veja só como ela gentilmente segura o queixo entre as mãos. Quisera eu ser suas luvas, apenas para poder tocar em seu rosto!” E assim o fez.


A mão da cintura a puxou para mais perto. Aproximou o seu rosto do dela. Faíscas voaram. Permitiu-se respirar fundo e sorver o perfume dela por inteiro. Ela repousou o rosto em seu ombro. E assim atravessaram o salão, como se estivessem sozinhos.


Nenhuma das causas mais nobres, ditas pelos homens mais poderosos do mundo, seriam o suficiente para tirá-lo daquele momento único. O ritmo da música tocada pela banda rimava com a batida dos seus corações, em uníssono. Ao fim da canção, num ato misto de paixão e ímpeto, ela entrelaçou seu pescoço com seus braços. Ele colocou as duas mãos em sua cintura e a puxou mais perto ainda.


Não houveram beijos, não houveram palavras. Não foram necessários milhares de motivos para viver aquele sentimento; era um sentimento que por si só já era suficiente. Ao início da próxima música, eram apenas um. E assim seguiram pelo resto da noite.


Milhares de palavras e frases surgiam a todo momento, para ele pronunciar caso tivessem que quebrar o silêncio. Mas não havia nada mais verdadeiro a dizer para ela do que a frase que o martelava como uma verdade absoluta.


– Ah, como eu desejei essa música lenta...

Fim


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