I Need You With Me escrita por Beatrice


Capítulo 1
Well, I need you with me


Notas iniciais do capítulo

É minha primeira shortfic de The Host, e parece mais uma one-shot. Peguem leve, mas aceito críticas construtivas (se alguém ler né) Obrigada se você está lendo isso.



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O som da leve brisa da noite que passava rasgando o silêncio inquietante me fez despertar de meu transe. Olhei para minha direita, onde um copo d'água cheio pela metade repousava na velha mesa de centro de madeira puída. Me levantei o mais silenciosamente possível, caminhando a passos lentos até o único quarto do pequeno refúgio que chamávamos de casa. A porta fez um ruído quando a abri, mas tive a sorte de ninguém acordar. Melanie dormia abraçada com um Jamie extremamente encolhido em seus braços. Os dois tinham os mesmos traços suaves dormindo e Melanie tinha um sorriso tímido nos lábios. Meu sorriso ao vê-los foi instantâneo. Eram a minha família. A única coisa que ainda me restava de bom depois de tudo o que eu havia passado. Mas meu sorriso logo se desfez ao me lembrar da discussão que havia tido com Melanie há dois dias atrás.


- Jared, Jared. É sério. Temos que voltar. Jamie está sozinho há horas. Deve estar preocupado. - Melanie pediu.

- Espere um pouco, Mel. - repeti, pacientemente. - Se tivermos sorte agora, não precisaremos mais sair por no máximo duas semanas.


Eu havia encontrado uma loja de conveniência que estava praticamente vazia, exceto pela balconista do lugar que estava abaixada atrás do balcão há mais ou menos cinco minutos. O plano era: eu passaria escondido para dentro da loja, pegaria tudo o que pudesse e que nos fosse ser útil, e saíria tentando não ser visto. A última parte parece ser um pouco arriscada, já que a balconista poderia me ver e avisar a seus amiguinhos e então eu estaria morto. Mas era exatamente quanto a essa última parte que Melanie estava preocupada. Eu disse que se ela percebesse que eu estava prestes a ser pego, ela deveria fugir junto com o que havíamos conseguido pegar antes. Era pouca coisa, mas Melanie era esperta. Ela saberia se virar.


- Eu consigo passar, Melanie. E você já sabe o que fazer se eu não conseguir sair.

- Não, Jared. Não. - ela repetiu pela milésima vez.

- Não adianta você falar nada. Eu vou. - Dei uma risada, mas Melanie me encarou seriamente. - Olha, Mel. Eu consigo. Vai ficar tudo bem, tá? - levei minha mão ao seu rosto e o acariciei levemente. Sua pele era delicada. Melanie relaxou um pouco. Ela soltou um suspiro pesado e abaixou os olhos por um minuto. Quando voltou a me encarar, tinha um sorriso triste nos lábios.

- Tudo bem. - sorri uma última vez e encostei levemente meus lábios em sua testa. Quando estava me virando para ir, Melanie segurou meu braço. - Tome cuidado. - pediu.

- Eu sempre tomo. - sorri uma última vez e caminhei rapidamente para o outro lado da rua, olhando uma última vez para trás para checar se Melanie estava bem escondida entre uns arbustos do outro lado da pista. Nem sinal dela. Melanie sempre soube se esconder.


Consegui entrar facilmente sem ser visto. Peguei a mochila preta em minhas costas e comecei a enchê-la com o máximo de comida e outras coisas que poderíamos precisar. Logo a mochila estava cheia, e eu me virei para sair da loja. Torci o nariz para um cheiro repugnantemente doce que senti quando cheguei na última prateleira, e vi que a balconista havia saído de sua posição agachada e agora estava de pé no balcão arrumando uma porção de papéis. Droga, droga, droga. Me joguei no chão, esperando que aquela mulher se abaixasse novamente para que eu pudesse sair daquele lugar. Foi quando reparei nela. Olhos verdes claríssimos por baixo do círculo prateado em volta da púpila, lábios grossos, perfeitamente delineados, pele extremamente pálida, e os cabelos loiros que caiam ondulados por seus ombros. Meus olhos se arregalaram a medida que eu reconhecia aquela mulher. Mulher não, ela era uma garota. Karen Rockfield.


Karen Rockfield tem apenas 19 anos e era minha melhor amiga. Ela era apaixonada por mim, e eu sabia porque havia me dito isso um ano antes da invasão alienígena à Terra. Ela sabia que eu não sentia o mesmo por ela, mas disse que esperaria e eu não tinha como desencorajá-la. Quando comecei a fugir, ela havia acreditado em mim e queria vir comigo. Acontece que os pais dela achavam que eu era um maluco e não permitiram que ela viesse. Ela então veio me dizer que não poderia fugir e repetiu mais um milhão de vezes que me amava e que eu não deveria me esquecer disso. Eu a beijei naquela noite. Acreditava que se, não voltássemos a nos ver, pelo menos eu havia lhe dado o que ela tanto queria. Foi impensado sim, mas não tinha problema. Nada mais importava. Quando as pessoas com quem eu fugia se foram, eu fiquei sozinho. Realmente, sozinho.


Vê-la desse jeito, um monstro repulsivo, me fez ter nojo. Não nojo dela, mas nojo desses malditos alienígenas que roubaram a vida dela. Minha linha de raciocínio foi interrompida quando percebi que ainda precisava fugir. Eu a reconhecia, mas ela não me reconheceria. Eu ainda estava em perigo. E então eu tive uma ideia. Peguei uma lata qualquer de alguma coisa que nem me dei ao trabalho de ler o rótulo, e joguei na outra parede. A atenção dela se desviou pela parede e ela avistou o objeto caído no chão. Karen – ou melhor, o monstro que havia tomado seu lugar – foi até o fim do primeiro corredor apanhar o objeto, enquanto eu comecei a correr até o outro lado. Não era tão longe. Nem um pouco. Logo cheguei até Melanie, que me encarou aflita.


- Que droga, Jared. Quer me matar de susto? Eu fiquei preocupada! Porque demorou tanto lá dentro? - ela perguntou.

- Desculpa. Desculpa, Mel. É que... Melanie, eu conheço ela! Quer dizer, não ela. Conheço a garota... do corpo em que ela está!

- Jared? - Melanie indagou, sem entender.

- Karen. Minha amiga. - expliquei.

- Espera, está me dizendo que demorou lá dentro por causa da sua amiga? Ela é uma parasita agora, Jared. Uma parasita. Sua amiga não existe mais!

- Eu sei, Mel. Eu sei. Mas é que... pensar nos que viraram parasitas é uma coisa. Mas vê-los... é totalmente diferente, Melanie. Me deu... ódio. Vontade de arrancar aquele monstro de dentro dela, e ao mesmo tempo, de protegê-la. Não sei...

- Tá, mas da próxima vez que quiser arriscar sua vida idiota por alguém que não existe mais, me avise. - disse irritada, pegando as outras duas mochilas e indo na minha frente.


Eu sei que foi uma briga extremamente idiota, mas eu realmente não vejo um motivo para eu pedir desculpas. Eu não fiz nada. Nem sei porque a Melanie está com raiva de mim, para ser sincero. Estava prestes a sair do quarto, quando vi que Melanie estava acordada. Há quanto tempo ela estava me encarando, afinal?


- Eu... não tinha visto que você estava acordada. - falei.

- Eu só acordei agora, Jared. - ela disse, acariciando os cabelos de Jamie que dormia como uma pedra e nem sequer se mexeu ao sentir o toque de sua irmã.

- Ah, então... Boa noite. Ou melhor, bom dia. Você ainda pode dormir. Faltam algumas horas para amanhecer.

- Jared, espera. - Melanie se sentou na cama devagar e intercalou seu olhar entre as paredes e meu rosto durante alguns segundos, enquanto parecia pensar no que dizer. - Posso falar com você? - perguntou finalmente. Eu havia ouvido direito? Melanie dando o primeiro passo depois de uma briga?

- Ahn... claro. - tossi para tentar desfazer o nó que eu sentia formado em minha garganta.


Caminhei em direção ao sofá, deixando a porta aberta, e me sentei, esperando Melanie sair do quarto. Ela logo apareceu, vindo em direção a mim, ficando em pé, à uma distância razoável do sofá.


- Jared, olha só. Eu não quero ficar brigada com você, tá bom? É horrível. Eu já fiquei muito tempo sozinha com o Jamie e não quero que seja assim de novo. Você me perdoa? - ela pediu. Apertei os lábios, encarando Melanie. Ela me encarou um tanto aflita com a minha demora para responder. - Jared?

- Te perdoo se você me disser porque ficou chateada.

- Ah, não. Jared, ou você me perdoa ou não. Simples assim.

- Melanie. - chamei, a encarando com expectativa. Melanie mordeu a ponta de seu dedo mindinho enquanto olhava para os lados e então bufou.

- Quer saber porquê Porque eu estava com ciúme! Porque eu achava que nunca ia sentir isso na vida, mas ver você se preocupando com outra garota doeu em mim. De verdade, Jared! E eu não ia suportar se tivesse acontecido alguma coisa com você ali e... - meu ato seguinte foi tão impensando quanto o que eu havia feito na noite em que a havia acontecido. Não sei como, mas segundos depois, eu já havia grudado meus lábios nos de Melanie. E então eu não sabia de mais nada. Só sabia que, apesar da ironia de ela poder ser a última mulher no planeta, ela era a única mulher no meu mundo. A minha Melanie. Ela se afastou de mim rápido demais, nervosa e ofegando. - Jared, Jared. Não faça isso. Por que você não diz logo que não me quer? Vai ser mais fácil pra mim.

- Mas eu quero você, Melanie. - sussurrei. - Eu amo você. - Era a primeira vez que eu dizia isso com todas as letras. Os olhos dela se arregalaram e se encheram de lágrimas. Eu a abracei. - Entendeu agora?

- Eu também amo você, Jared. - ela soluçou contra meu peito, me abraçando com força. Segurei seu rosto e o trouxe ao encontro do meu, deixando a apenas alguns centímetros de distância.

- Eu, Jared Howe, amo você, Melanie Stryder. Eu amo você e quero que você seja minha para sempre, entende? Já esperei tempo demais por isso.

- Promete? Promete que nunca vai esquecer que um dia me disse isso?

- Prometo. - e então nossos lábios se encontraram novamente em um beijo caloroso e apaixonado, e nesse momento a única coisa da qual eu tinha certeza era de que Melanie Stryder era minha. Somente minha.


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