E os dias foram passando quase iguais, eu e a Katherine mal nos olhávamos, Stefan e Damon continuavam se tratando igual, como se  não fossem parentes, só que tirando isso, tudo estava tranqüilo.

 Hoje era sábado e o ultimo dia aqui, amanha íamos pegar a estrada cedo e eu resolvi dar uma volta, ir mais longe e conhecer direito o lugar, ia aproveitar o tempo limpo. Stefan ia comigo, mas acabou que ele teve que ir pro centro, um cliente dele ligou pedindo ajuda para resolver algo e ele teve que ir. Deborah e George iam ficar na casa resolvendo algo e Damon e Katherine iam ver algo do casamento, então fui sozinha, mas antes de sair Deborah falou:

- Se o tempo mudar e você estiver muito longe, procure um lugar pra ficar ate o tempo melhorar.

- Okey

 Sai de casa e fui andando, apreciando a paisagem e o canto dos pássaros. Meia hora depois de passar os limites das propriedades Salvatore, eu andava por uma estrada de terra, quando ouvi barulho de moto, fui pra beira da estrada e continuei meu caminho, mas percebi a moto diminuir e parar ao meu lado, me surpreendi ao perceber que era o Damon.

- O que faz aqui? - perguntei surpresa

- Acabei brigando com a Katherine e voltei pra casa e deixando-a resolver tudo sozinha. E como não tinha nada pra fazer, decidi vir atrás de você.

- Se vai me acompanhar, nada de moto - disse divertida.

- Okey, como quiser.

 Ele entrou na mata com a moto e a escondeu no meio de uns arbustos e me acompanhou. Fomos conversando, brincando e observado a paisagem, só que ao chegarmos perto do lago, percebi o tempo mudar violentamente e antes de pensar ou dizer algo, senti vários pingos cair.

- Estamos muito longe da moto - disse olhando em volta

- Vêm. - ele segurou em minha mão - Conheço um lugar.

 Deixei que ele me levasse e logo chegamos em frente a um celeiro, mas mesmo assim acabamos nos molhando. Corremos ate o celeiro e entramos, Damon fechou a porta e o lugar ficou escuro, enquanto eu ficava na porta, ele ia conferir o local, depois de andar por todo o lugar, falou:

- Não tem nada aqui.

- Certo, vai dar pra ficar ate a chuva passar.

 Só que eu estava encharcada e com frio, resolvi tirar pelo menos a roupa de cima, prefiro passar vergonha do que ficar doente e o lugar estava escuro, Damon nem ia enxergar nada. Comecei a tirar a roupa e ele perguntou:

- O que vai fazer?

- Não quero ficar doente

- Ah é mesmo. - ele disse olhando pra sua roupa molhada.

 Tirei o short e a blusa, estendi no chão e fui me sentar, abraçando as minhas pernas. Damon fez a mesma coisa e se sentou ao meu lado. Por exatamente dez minutos ficou um silencio e só a chuva caindo lá fora era ouvida, eu permanecia de cabeça baixa e olhos fixo no nada, a respiração do Damon estava calma e eu podia ate achar que ele estava dormindo, mas não estava.

- Esta com frio? - ele perguntou

- Um pouco - sorri fraco

 Percebi uma movimentação ao meu lado e senti Damon se aproximar mais, logo ele estava grudado em mim e passando os braços em torno do meu corpo, num abraço.

- O que esta fazendo? - perguntei nervosa

- Assim podemos nos esquentar - ele explicou um pouco nervoso também

- Er... - eu não sabia o que falar e ele achou que eu não estava gostando e ia se afastar, mas segurei em seu braço impedindo.

 A nossa aproximação estava me deixando nervosa, seu corpo definido encostado ao meu, me arrepiava e era muito bom.

- Tudo bem ficarmos assim?

- Claro. - sorri com as bochechas vermelhas

 Senti a respiração dele em meu pescoço e isso me arrepiava mais e mais, logo senti sua mão passar por minhas costas e depois estávamos nos beijando, tudo tinha acontecido muito rápido. O beijo era muito melhor do que tinha imaginado, sua boca era macia, tinha um gosto doce e refrescante, como se fosse morango e menta, sua boca encaixava perfeitamente na minha, tínhamos uma sincronia perfeita, só que não era certo e eu me afastei.

 Levantei com tudo e me afastei mais, mantive-me de costas sorrindo com a mão na boca e relembrando a sensação dos seus lábios no meu, mas eu tinha que me acalmar e voltar a pensar com clareza, ele estava noivo e logo ia se casar, só que antes de conseguir raciocinar direito, ele se aproximou tocando de leve minhas costas.

- Desculpe. - ele sussurrou

- Você não devia ter feito isso. - disse baixo

- Eu sei...

- Então por que fez? - me virei lhe encarando

- Não consegui me controlar. - ele passou a mão me meu rosto, me fazendo fechar os olhos

- Você esta noivo. - me afastei novamente antes que perdesse o controle

 Ele não estava ajudando e eu não estava conseguindo pensar direito, eu tentava me focar e pensar nas consequência, só que tudo o que vinha em minha mente era seu beijo e na vontade que eu tinha de pular em seus braços e provar do seu gosto novamente.

- Você não sabe como isso foi um erro. - ele disse e fez careta

 E nessa hora eu levei um balde de água fria, me senti a pior pessoa e tudo o que eu queria era sumir daqui, essa frase era a que eu mais temia e ele falou, ele conseguiu me quebrar em vários pedacinhos com apenas uma frase. Mas eu tinha que concordar com ele, tinha sido um erro mesmo, ele estava noivo. Inconscientemente eu fui me afastando e só fui perceber quando bati as costas numa parede.

- É... Foi um erro. - disse baixo com a visão embaçada

- Não. - ele se apressou em falar, se aproximando rápido - O beijo não foi um erro.

- Não entendi. - fiquei perdida no raciocínio dele

- O erro que eu digo, foi ficar noivo.

- Como assim? - ele sorria

- Você me desculpa ter te beijado? - ele mudou de assunto

- Não tem o que desculpar - eu disse sorrindo fraco e ele sorriu

- Okey, não vou me desculpar mais, por que adorei ter te beijado. - sorri envergonhada

 Voltei a me sentar e Damon se sentou ao meu lado, a chuva tinha diminuído, mas ainda não dava pra voltar. Não falamos mais sobre o beijo e nem sobre ele noivo, ao invés disso falamos sobre a minha vida.

- Você ficou triste quando eu perguntei sobre a sua vida, por quê?

- É.. - sorri triste

- Se não quiser falar, tudo bem. - ele passou o braço pela a minha cintura

- O problema não é contar, eu só não fico confortável me lembrar de tudo. - fiz uma pausa - Mas eu tenho que aprender a conviver com o passado.

 Respirei fundo e senti Damon se movimentar, ele estava se aconchegando melhor e com isso ele acabou me puxando mais pro seu peito e eu sorri, me aconchegando ali.

- Quando eu tinha dez anos meus pais sofreram acidente de carro, um motorista bêbado passou o sinal vermelho em alta velocidade e pegou em tudo o carro dos meus pais. Eles nem tiveram chance, morreram na hora e o motorista bêbado não sofreu nada.

- E você?

- Eu estava na casa da minha avó. - ele assentiu e eu voltei a contar - O cara foi preso, só que ele era rico e não passou nem uma noite na cadeia. No dia do julgamento ele só precisou pagar uma pequena fiança e pronto, no dia seguinte estava nas ruas novamente como se não tivesse acabado com uma família.

- Foi por isso que decidiu fazer Direito? Por isso quis se tornar advogada?

- Foi por isso mesmo. Fiquei revoltada com a nossa justiça, com o que o dinheiro faz.

- Também ficou revoltado com a nossa justiça.

- Então eu fiquei com a minha avó ate maus quinze anos, quando ela morreu.

- E ai?

- Ai eu fiquei num orfanato ate completar meus 18 anos.

- Você não tem mais família?

- Meu pai e minha mãe eram filhos únicos, meus avos maternos morreram quando eu tinha dois anos e meu avô paterno eu nem conheci.

- Agora entendo por que fica triste quando pensa em sua vida.

- Minha vida só foi sofrimento e tristeza, nunca consegui ficar muito tempo feliz.

- Você nunca falou isso pra ninguém?

- Só minha amiga sabe.

- Amiga?

- É, ela se chama Miley, conheço ela desde os meus dezesseis anos.

- Conhecei no orfanato?

- Não, na escola.

- Ah ta.

- Você deve conhecê-la.

- Ela estudou com a gente?

- Na mesma faculdade sim, só que em outra área.

- Então como posso conhecê-la?

- A empresa do pai dela esta organizando seu casamento.

- Miley? Uma loira de olhos claros?

- Ela mesma. - sorri

- Então me diga por que ela é contra meu casamento? - ele perguntou rindo

- Contra? Por que acha isso? - perguntei nervosa, imaginando o que Miley pode ter feito ou dito.

- Por que ela disse.

- Ela te disse? - perguntei mais nervosa

- Não, eu escutei sem querer ela falar pro pai dela.

- Ah. - eu ainda estava nervosa

 O que eu falaria agora? Como explicar isso? Eu ia matar a Miley quando visse, ela só me coloca em enrascada. Só que com muita sorte a chuva parou e eu consegui fugir da pergunta.

- Parou de chover, acho melhor irmos embora. - disse me levantando

- Okey. - ele fez muxoxo e levantou

 Comecei a colocar a minha roupa e ele também, fui ate a porta e abri, assim que sai Damon passou por mim e sussurrou:

- Você tem um corpo lindo - e sorriu torto

 Fiquei vermelha e fui andando de cabeça baixa, logo chegamos onde a moto estava escondida, montamos e voltamos pra casa. No meio do caminho fiquei pensando em tudo o que aconteceu e cheguei a conclusão que eu tinha que me afastar de vez do Damon. Ele parou a moto na garagem e eu desci, esperei ele descer e antes de sairmos, falei:

- Vamos esquecer o dia de hoje, okey? - disse um pouco ríspida

- Como? Por quê? Eu fiz algo? - ele estava com uma carinha que me deu dó, mas me mantive firme.

- É o melhor para nós dois. - disse saindo da garagem

- Espera - ele segurou o meu braço

- Não Damon. - disse olhando pra onde ele segurava

- Por que tudo isso? Estávamos nos dando bem

- Por que no fim quem vai se machucar sou eu. - disse segurando o choro

 E antes que ele pudesse falar qualquer coisa, escutamos as vozes de Stefan e Katherine. Afastei-me dele indo ate o Stefan:

- Fiquei preocupado com você.

- Eu estou bem. - sorri e o abracei

- Vamos entrar, você esta gelada.

 Assenti e seguimos pra casa, fui direto pro meu quarto, tomei um banho quente e fui comer algo, contei pro Stefan e pra Deborah mais ou menos o que tinha acontecido e depois voltei por quarto, arrumei tudo e dormi.