Voltei ao carro, e liguei o rádio, para ter alguma forma de me distrair. O acidente. Sangue. Carro estraçalhado. Victor. Aquele beijo. Era muita coisa para digerir e a minha cabeça latejava. Após algum tempo, a ambulância chegou, e o trânsito foi liberado.

Consegui chegar em casa, de algum jeito, pois passava tanta coisa na minha cabeça no momento que não sei como conseguia manusear o carro (e que carro, meu Deus). Estacionei na frente de casa, e depois de algum tempo, percebi que já não passava mais tanto tempo em casa. Não dava mais a mesma atenção aos meus pais, como quando eu só estudava.

Estranhei ver as cortinas fechadas, pois meus pais não estavam trabalhando hoje, e não eram muito fãs de passeios ao ar livre. Entrei e vi uma cena, qu enão esperaria nem em um milhão de anos:

Victor, com um sorriso no rosto, e uma xícara de chá na mão, batendo papo com meu pai. Eles pararam de falar, e se viraram para mim.

– Amber, chegou cedo! - Meu pai disse. Não consegui respondê-lo, pois só encarava Victor, não acreditando no que eu via. - Esse é Victor, ele é gerente de uma agência que trabalha com Engenharia. Veio falar com você, querida.

Abri a boca para falar algo, mas a minha voz sumiu. Que cara de pau. Não sabia absolutamente tudo sobre ele, mas sabia que não era um cara legal. E sabia também que era perigoso e poderoso.

– Acho que deixei meu celular no carro - falei, e saí rapidamente pela porta. Não era boa ideia deixar meus pais sozinhos com aquele cara, mas eu precisava avisar o Johnny, e rápido.

Entrei no carro e me tranquei lá dentro. Disquei rapidamente o número do Johnny, e então ouvi um toque dentro do porta luvas. É claro, ele TINHA que ter deixado o celular no carro. Se não iria queimar na hora que ele foi para o hospital. Sem pensar 2 vezes, liguei para Reed.

– Reed, pelo amor de Deus, vocês estao bem? - perguntei, assim que ouvi seu "alô".

– Estamos sim, Amber, o que aconteceu? - ele perguntou, com tom preocupado na voz.

– Preciso urgente falar com o Johnny. Me desculpe ligar para seu celular, mas é que ele deixou o dele no carro, e eu não sabia o que fazer.

– Calma Amber, está tudo bem. Só um momento - ouvi ele chamando Johnny, e então respirei fundo quando ouvi sua voz preocupada.

– Johnny, Victor está aqui, na MINHA CASA. - falei, meio sussurrando, meio gritando. Totalmente desesperada.

– Estou indo aí agora! - ele disse e desligou. Tentei perguntar como ele sabia onde eu morava, mas ele já tinha desligado. Ótimo, depois eu me preocupo com isso.

Saí de casa, e dei de cara com meu pai e minha mãe com cara de espanto. "Perfeito," pensei, "além de ter que me cuidar porque tem um homem mais que perigoso dentro de casa, ainda tenho que explicar daonde surgiu esse carro."

– Você COMPROU essa carro, Amber? - Meu pai perguntou. Não consegui entender na sua expressão se ele estava feliz ou triste. Minha mãe estava totalmente surpresa (não da forma boa). 

– Não pai, é o carro do Johnny. O cunhado do meu chefe. - respondi, tentando não gaguejar. - O porque dele estar aqui, Johnny precisou que alguém cuidasse do carro por um tempo. Ele logo deve estar aqui.

Passei por eles e entrei em casa. Victor estava de pé, olhando algumas fotos penduradas na parede. Me encarou enquanto entrei e segui direto para meu quarto. Joguei minha bolsa em cima da cama, tranquei a porta, e troquei de roupa na velocidade da luz, e saí do quarto. (roupa)

Quando cheguei na sala, minha mãe havia se juntado à Victor no mesmo sofá, e eles assistiam a televisão, como se fossem velhos amigos.

– Amber, você devia escutar a proposta de Victor! - Minha mãe disse, com sua voz mais doce do que nunca.

– Não aceito um não como resposta - Victor se intrometeu na conversa. Sorriu como se tudo aquilo fosse verdade. Abri a boca para responder, e então ouvi a batida na porta. Corri até lá, esperando encontrar Johnny. Mas não foi o que vi.