O sonho de Percy começou quando ele caminhava por um precipício.

Atrás dele, estendia-se uma caverna escura. De dentro dela, vinha um cheiro doce. Percy decidiu entrar.

Não demorou muito para que ele pudesse ver uma luz clara lá dentro. Continuou a caminhar, a caverna abrindo-se em um grande círculo, o teto ficando mais alto, até que encontrou uma grande fogueira alta, quase tocando o teto da caverna. Percy sentiu uma áurea de poder e magia vindo da fogueira.

Do outro lado, via-se um homem adormecido em uma cama feita de flores. Ele parecia estar tão confortável que Percy desejou experimentar o ninho de flores.

– Parece um belo lugar para um cochilo, não acha?

Percy virou abruptamente para trás e viu uma silhueta feminina se aproximando. Percy sacou Contracorrente.

– Quem é você? - perguntou.

– Oh, jovem semideus, isso não é necessário - disse a moça - Guarde sua espada. Vamos apenas conversar. Eu sou Selene, a deusa da Lua e da magia.

– Pensei que Ártemis fosse a deusa da Lua - comentou Percy.

Selene suspirou.

– Pois é, sempre sou confundida com Ártemis. Mas existem mais deuses da Lua, Perseu. Eu sou como uma antiga forma de Ártemis.

– Forma antiga de Ártemis... Então você é grega - concluiu Percy.

– Exatamente.

– Mas por que eu estou aqui?

Selene caminhou em volta da fogueira, e sentou-se em uma pedra. Percy pode distingui-la melhor agora. Tinha longos cabelos negros, pele branca e penetrantes olhos azuis. Vestia uma toga branca e tinha um bracelete prata.

– Eu sempre fui muito... Namoradeira nos tempos antigos. Tive cinquenta filhas, mas com um homem só.

– Cinquenta? - disse Percy, incrédulo.

– Como sou deusa da Magia também - disse Selene, ignorando-o - Sem querer, matei meu amado com o meu cetro de prata. Ele era um pastor, sempre vinha me contemplar. Seu nome era Endimion. Pedi ajuda a meu pai, Zeus, que fez meu amado jovem para sempre. Mas com uma condição: ele seria jovem, mas em um sono eterno.

– Mas que diferença faz ele vivo ou morto se só vai dormir? - comentou Percy.

Selene ignorou o comentário.

– Minhas cinquenta filhas viviam aqui com Endimion, mas como eu o matei, tinha de conseguir um lar para elas, então criei a Colina da Lua Cheia.

– Por que elas não foram para o Acampamento Meio-Sangue? Elas são semideusas gregas como nós lá.

– Assim como as caçadoras de Ártemis, como os romanos e até mesmo vocês gregos, cada um vive em um lar diferente, possuem modos de certa forma diferentes. Vocês criaram uma forte ligação mágica entre os dois acampamentos, mas continuam duas coisas diferentes. Minhas filhas também são assim. Elas possuem magia em seu sangue. Não seria bom misturar as coisas.

– Ótimo - disse Percy - E onde é que eu entro nessa história?

Selene mudou sua posição.

– Pouco antes de mandar minhas filhas para a Colina da Lua Cheia, presenteei uma de minhas filhas com um cetro lunar. Este cetro possui o poder da Luz da Lua. Mas algo terrível aconteceu: minha filha foi amaldiçoada.

Percy continuou prestando atenção na deusa, esperando que ela continuasse a contar.

– O cetro lunar foi roubado. Minha filha foi amaldiçoada. Preciso que você a encontre e a leve para seu acampamento.

– Certo... - disse Percy, processando a informação - Mas quem roubou o cetro? A mesma pessoa que amaldiçoou sua filha? Como que eu posso quebrar esta maldição?

– Reflita, Percy. A Luz da Lua. Luz. Nem todos clamam por luz. Apagando a lua, e em seguida, apagando o sol, o que mais irá nos iluminar? Os seres da escuridão dominarão o mundo.

– Então... Algum espírito da escuridão roubou o cetro lunar para que a lua não tivesse mais luz? - deduziu Percy - Mas ainda não entendo a maldição de sua filha.

– Espírito, não - disse Selene - Algo mais poderoso. Você entenderá. Só precisa encontrá-la. Está tudo conectado. Ela vive na Colina da Lua Cheia, mas não se preocupe, eu lhe guiarei até lá. Quero que você a leve para seu acampamento, e lá enviem semideuses para uma missão, junto de minha filha.

– Mas como eu posso saber quem é ela em meio à quarenta e nove garotas? - perguntou Percy.

A deusa balançou a mão no ar e uma imagem tremeluziu. Percy viu uma colina cheia de casinhas. A imagem deu zoom na casa mais afastada. Na janela, via-se uma garota de cabelos negros, olhos azuis e pele branca, muito parecida com a deusa. A garota olhou para o horizonte, deu meia volta e saiu, e Percy pode ver sua marca no ombro.

– Alexis - disse Selene - Seu nome é Alexis. A Escolhida. Colina da Lua Cheia. Encontre-a.

A visão embaçou, a caverna virou um nevoeiro, e Percy acordou.