Livin' On A Prayer escrita por Teruo


Capítulo 9
School Days


Notas iniciais do capítulo

Esta música dá nome ao título: https://www.letras.mus.br/chuck-berry/3838/traducao.html

Boa leitura!



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18/06/2012  

Os dois últimos dias foram tão longos que parecia que o espaço se dilatara enquanto o tempo se contraíra; tantos acontecimentos em tão poucas horas deveriam servir como comprovação da Teoria da Relatividade de Einstein.   

Porém, a loucura daquele final de semana finalmente se encerrara e eles poderiam, enfim, voltar à normalidade.  

Doce ilusão.   

A rotina de suas vidas foi alterada completamente e a antiga normalidade fora sepultada a seis pés debaixo da terra. Agora eles tinham em mãos uma dívida astronômica a ser quitada devido ao mais caótico início de carreira que o mundo musical já presenciara. Contudo, algumas reminiscências de antigos hábitos perduraram. As aulas, por exemplo, ainda continuariam por algumas semanas.  

O quarteto musical estava reunido na casa de Sasuke, no final daquela tarde, para mais um ensaio e para terminarem de acertar os detalhes dos próximos shows. Até o presente momento, eles decidiram que suas apresentações seriam temáticas, pois dessa forma eles conseguiriam descobrir a identidade sonora da banda, além de aumentar o alcance do público.  

— Deixa ver se eu entendi bem. – Suspirou Naruto de maneira fatigada. – Quer dizer então que a gente só tem que aprender, sendo bem otimista e chutando baixo, mais ou menos duzentas e cinquenta músicas para apresentar durante as férias?! Simples assim? – Com pesar ele indagou.  

— Sim, infelizmente será essa quantia de músicas. – Respondeu Shikamaru enquanto continuava a tocar seu instrumento que por hora estava com o volume desligado para não atrapalhar a conversa. – Vocês terão oito semanas de férias, o que significa que teremos, então, oito shows grandes nesse meio tempo. Já que queremos oferecer apresentações com duração média de duas horas, devemos ter novecentos e sessenta minutos de músicas, o que dá algo em torno desse número mesmo, se considerarmos que a duração média de cada canção é algo entre três e meio a quatro minutos.  

— Porra, não vai dar! – Sasuke resmungou enquanto repousava sua guitarra. – Se fôssemos tocar apenas músicas que já conhecemos talvez desse certo, mas como serão shows conceituais a gente vai ter que ralar pra aprender muitas músicas em pouco tempo. Além disso, a gente tem que trabalhar durante as férias, por isso não vai dar pra ensaiar direito.  

— Isso é verdade... Mas talvez conseguíssemos diminuir o número de músicas se conseguíssemos mais pessoas para se apresentarem lá conosco. – Disse Choji rodopiando uma de suas baquetas com a mão direita.  

—  Difícil! O imbecil lá do bar é tão mão-de-vaca que não vai nem pagar um pão com presunto pra gente depois de cada show, quem dirá pagar alguém para tocar naquela espelunca! Tipo, ele já tem a gente de escravos pra isso. – Sasuke pontuou em tom pessimista. – A única maneira de diminuirmos nosso trabalho seria arranjar mais pessoas que se dispusessem a tocar lá sem receber um puto tostão, mas, em minha humilde opinião, isso não vai acontecer porque ninguém é idiota para trabalhar de graça.  

— Mas essa ideia não é de todo o mal. – Shikamaru falou roçando seus dedos em sua barba por fazer. – Se conseguirmos algum benefício que não nos custe dinheiro, como por exemplo uma publicidade massiva, talvez possamos atrair pessoas para se apresentarem gratuitamente.   

— Já sei! – O Uzumaki  anunciou de maneira exaltada. – O Sasuke, que tem uma boquinha de veludo, poderia dar um agrado pro pessoal antes dos shows. – Concluiu em risos.  

— Enfia o planeta no cu, seu filho de uma puta! – O Uchiha retaliou o escárnio do loiro arremessando-lhe uma almofada no rosto.  

— Como você sabe que ele tem uma boca aveludada? – Choji questionou com um sorriso frouxo tentando conter uma profunda gargalhada.  

— Rapaz, nem te conto... – Naruto respondeu enquanto cutucava sua língua contra a parte interna de sua bochecha e ao mesmo tempo, de modo sincronizado, aproximava seu punho cerrado em direção à boca simulando a prática de sexo oral.  

— Será que ao menos hoje poderíamos manter o foco?! – O baixista repreendeu com tom sério. – Estou sem muita paciência hoje, será que poderíamos nos ater as nossas prioridades? Vocês já arranjaram empregos?  

— Cara, que bicho te mordeu hoje? – Naruto perguntou timidamente com os olhos arregalados.  

— Não é nada demais, só estou um pouco estressado com... ah... Algumas coisas do escritório do meu pai. – Respondeu ajeitando seu rabo-de-cavalo. – Me desculpem, mas daqui a pouco terei que sair.  

— Já sim, Shika. Eu e o Naruto vamos começar a trabalhar ainda essa semana lá na loja do calçadão da praia; já está tudo certo. – Choji respondeu calmamente e em seguida lançou uma pergunta com um olhar de preocupação. – Cara, está tudo em ordem com os empregos, mas tem uma coisa me incomodando: está tudo bem com você? Eu fiquei um pouco apreensivo quando você saiu do restaurante no domingo, você parecia bem agitado quando fomos embora.  

— Estou sim, não se preocupe. – Respondeu um pouco acanhado.  

— Cabeludo, relaxa. – Naruto tentou o acalmar. – Está tudo indo como os conformes, nós vamos passar por essa merda numa boa, por isso você não precisa ficar estressado. Veja só, nós pessoas produtivas – o loiro fez um gesto com o dedo indicador de tal forma que apontou a todos com exceção de Sasuke  –, já estamos empregados. Não precisa se estressar por causa do Sasuke, eu sei que ele é um inútil mesmo e não vai arranjar um trabalho, mas a gente ainda vai dar um jeito. – O Uzumaki novamente estava se divertindo às custas da zombaria do amigo.  

— Para sua informação, arrombado de merda, eu também estou empregado. A partir de hoje eu começarei a trabalhar como garçom no buffet de uma amiga de seu tio. Se não me engano, ela é quem fornece a comida para a maioria dos eventos que o Jiraya participa.  

— Ué, por que o tio nunca me ofereceu esse emprego? – O loiro ignorou a explicação que lhe fora dada e se voltara a indagar em voz alta um assunto que fugia do cerne original.  

— Porque você é um grande tapado! – O Uchiha vociferou. – Por isso, ele não ofereceu o cargo, afinal de contas amigo que é amigo não quer ver o buffet do outro fechado por causa da incompetência de seu sobrinho.  

— Gatinho, o Jiraya está te chamando. – Uma voz feminina surgiu pela porta da garagem interrompendo a discussão. – Boa tarde, meninos. – Karin os saldou de maneira sorridente.  

— Ela parece ser legal, nem parece que tentou castrar o Sasuke. –  Choji sussurrou para Shikamaru.  

— Valeu pelo aviso Karin, já estou indo ver o que o tio quer. –  Naruto respondeu.  

— Não falei com você, idiota! – A ruiva berrou fazendo sua pacífica feição desaparecer momentaneamente. – Eu falei com o Sasuke. – E novamente a feição alegre brotara em sua fisionomia.  

— Obrigado,Karin. – O Uchiha respondeu ressabiado. –  Galera, me desculpem mas tenho que acertar alguns detalhes com relação ao trabalho. Se vocês quiserem ficar ensaiando mais um pouco, fiquem à vontade, só fechem a garagem depois que terminarem. Falou, até mais. – Ele então se retirou com a pequena ruiva Uzumaki pendurada em seu braço direito.  

— Estou indo também. –  Disse Shikamaru guardando seu instrumento. – Vou deixar o amplificador aqui já que amanhã vamos ensaiar de novo. Vejo vocês amanhã. –  O moreno de rabo-de-cavalo saiu acendendo um de seus cigarros enquanto caminhava apressadamente.  

Naruto e Choji continuaram a ensaiar. Na realidade, o gorducho Akimichi estava tentando compor uma linha percussiva para a música que os dois guitarristas haviam criado. Para tanto, ele pedia que Naruto executasse a parte harmônica para improvisar um ritmo em cima das notas da guitarra. Entre uma tentativa e outra os músicos conversavam amistosamente sobre trivialidades do cotidiano. Porém, em um determinado momento, a conversa adquiriu um tom mais sóbrio.  

— Você descobriu o que aconteceu com o Shikamaru no domingo para ele sair daquele jeito? – O Uzumaki perguntou enquanto guardava sua guitarra. –  Desde aquele dia ele parece meio estressado.  

— Ele não falou nada a respeito, mas acho que ele esteja assim por causa do bar. Eu já estou mega-tenso por causa do dinheiro e olha que eu não tive que negociar com aquele armário quatro-por-quatro que nos apontou uma arma. – Choji respondeu enquanto repousava suas baquetas e em seguida saia de trás de sua bateria.  

— Mas sei lá, cara. Você não desconfia que algo mais esteja acontecendo com ele? Ele não fez nada fora do comum aquele dia enquanto vocês estavam voltando para casa?  

— Acho que não, só passamos na farmácia antes de voltarmos aquele dia e ele comprou um remédio para febre.  

— Só isso? Não tinha mais nada de relevante que você consiga se lembrar?  

— Ah, ele quis comprar a versão infantil do remédio; sabe aquele de frutas-vermelhas?  

— Infantil?! – Naruto exclamou perplexo interrompendo o amigo.  

— Calma. – Choji pediu rindo. – Ele comprou o remédio infantil porque, segundo ele, o gosto é um pouco menos insuportável.  

— Mas ele nem parecia doente, parecia?  

— Sei lá, acho que aquilo foi mais por precaução, porque na noite passada ao show tínhamos tomado chuva, lembra? – Choji disse se dirigindo à frente da garagem.  

— Acho que deve ser isso mesmo. – Naruto murmurou enquanto fechava a porta da garagem. – Tá afim de ir lá em casa jogar videogame ou você já tem que ir embora?  

Choji assentiu animadamente e então os dois se dirigiram para a casa de Naruto. Ao chegarem lá, a única pessoa ali presente era Karin, pois Jiraya havia saído para a continuar a maratona de comemorações de seu livro em um outro evento e levara Sasuke para apresentá-lo a sua amiga do buffet.  

A ruiva estava na sala folheando uma revista de moda quando os rapazes chegaram. Ela revirou os olhos quando Naruto ligou o console pois ela sabia que sua paz seria perturbada. Contudo, ela ainda continuou com os olhos fixos nas últimas tendências do verão de 2012. Repentinamente, tendo um estalo de ideia, a garota decidiu tirar proveito daquela situação perguntando informações de seu amado Sasuke para os companheiros de banda.  

— Naruto, primo querido, posso te fazer algumas perguntas enquanto você joga?  

— Pode, Karin. – O rapaz loiro respondeu ressabiado por causa do elogio. Mesmo assim ele continuou a apertar com vigor os botões daquele controle. – Caralho, Choji! Você é muito bom nisso, quero uma revanche!  

Choji apenas sorriu e continuou a jogar.  

— O Sasuke está saindo com alguém? – Karin perguntou.  

— Não. – Naruto respondeu de forma sintética.  

— Ele ainda está bravo comigo por causa... do acidente?  

— Não.  

— Ele já reclamou alguma vez sobre a época em que namorávamos?  

— Não.  

Após essa pergunta Naruto não prestou mais atenção às perguntas feitas pela prima, ele simplesmente entrou em “modo automático” e começou a responder "não" e murmurar "hum" para tudo que lhe era perguntado.  

O pseudo-diálogo continuou por mais alguns instantes até que, repentinamente, Choji deu uma leve cotovelada em Naruto, arqueando em seguida suas sobrancelhas em direção a Karin. O loiro, por sua vez, reagiu surpreso com uma cara de perdido ao ver o amigo tentar segurar o riso.  

—  Como assim "não"?! – A pequena ruiva esgoelou. – Eu perguntei qual o nome do colégio que vocês estudam e você me responde "não". Você está prestando atenção no que eu estou falando? – Karin indagou tirando-lhe o controle das mãos.  

— Devolve! – O Uzumaki exclamou tentando reaver o seu controle, porém Karin fora mais rápida e o escondera atrás das costas. – Porra, o que você veio fazer aqui na minha casa? – O loiro esganiçou levantando-se com um forte impulso.  

— Vai com calma. – Choji o advertiu segurando-lhe o pulso.  

— Não é óbvio? Ficar perto do meu amor, para reconquistar seu coração. – Karin respondeu com fervor.  

— Mas como você vai reconquistar aquilo que nunca foi seu? O Sasuke nunca te amou. A propósito, ele está comendo todo mundo por aí! Pra ele, caiu na rede é peixe; sentou no vaso e colocou o pezinho no chão já tá valendo; Deus perdoa, ele não; saiu no Sol e fez sombra o Sasuke já está descendo a pirocada! – Naruto estava irritado e disposto a continuar, porém fora interrompido.  

— Mentira! É tudo mentira! O Sasuke não é assim! O meu Sasuke, o verdadeiro, não é assim e você saberia disso se o conhecesse tão bem quanto eu. – A ruiva com dificuldade tentava a manter as lágrimas em seus olhos marejados.  

— Acalmem-se! –  Choji tentou apaziguar a briga entrando na frente dos dois.  

— Não o conheço?! – Naruto questionou indignado. – Eu cresci com o Sasuke, eu o conheço tão bem quanto eu conheço a mim mesmo. Por isso, eu te garanto uma coisa: ele não é essa fofura que você está imaginando. Além disso, eu duvido que ele vá te perdoar por ter tentado cortar o brinquedinho dele fora.  

— Aquilo foi um acidente! Aposto que explicando ele vai entender que aquilo foi só um mal-entendido e para a sua informação ele já me perdoou no dia em que ele me chamou para conversar. Eu o conheço melhor que você porque sou mulher; porque fiquei íntima dele de uma maneira que você nunca ficará. Eu já vi ele de... Eu o ouvi ele... Naquele momento ele deixou suas barreiras caírem e abriu seu coração por completo para mim. – Karin já não conseguia mais conter a emoção e suas lágrimas corriam pelo seu rosto.  

— Eu não consigo entender. O que o Sasuke tem de tão especial? – Naruto indagou um pouco desconcertado ao ver sua prima chorando.  

— Ele viu meus defeitos. As coisas mais horrorosas que eu escondo, mesmo assim viu pontos positivos e conseguiu gostar de mim. Ele me fez sentir protegida e querida. – Karin murmurava tentando controlar a voz trêmula.  

— Naruto, já chega. Deixe ela em paz! Vamos sair para comer alguma coisa? Me deu uma fome agora. – Choji tentou acabar com a discussão tentando levá-lo para longe.  

— Eu exagerei. Desculpa. – Naruto sussurrou enquanto saia com Choji.  

24/06/2012  

A semana fora conturbada para todos, por esse motivo durante os últimos dias os músicos se absteram dos ensaios vespertinos, porém o compromisso com a banda não fora negligenciado, pelo contrário, fora mantido com seriedade.  

Sasuke, desde que começara a trabalhar, não ficava mais em casa das 18:00 até as 23:00, pois seu trabalho no buffet não o permitia. Mesmo assim, o Uchiha continuava a aprender o setlist que eles executariam durante aquele verão nos momentos que podia. Apesar de estarem em época de provas finais, o moreno estudava pouco, pois a maior parte das matérias já estavam fixas em sua cabeça, já que ele se focava muito nas aulas e tentava otimizar seu dia utilizando o tempo livre dos intervalos para resolver as lições de casa.   

Choji e Naruto começaram a trabalhar como vendedores na loja de artigos musicais na quarta-feira daquela semana. Eles saiam das aulas por volta das 15:00 e trabalhavam lá até 18:30, mas só saíam por volta das 19:10, porque ainda tinham que limpar e organizar a loja para o dia seguinte antes de irem embora. Quando o movimento era fraco, os dois utilizavam esse tempo para estudar, ou ainda, praticarem com os instrumentos da loja. O incidente no bar de Ibiki foi em certo ponto positivo, pois o fato do loiro e do gorducho passarem muito tempo juntos acabou criando um laço forte de amizade entre eles em pouco tempo; ademais, os músicos tinham a possibilidade de explorar novas sonoridades com os equipamentos da loja, sob o pretexto de estarem estudando as funcionalidades de cada aparato para oferecerem um melhor atendimento aos fregueses.  

Por último, Shikamaru estava trabalhando no escritório de advocacia do pai, dava aulas de reforço e quando chegava em casa praticava contrabaixo. Apesar de cansativas, essas obrigações não eram as responsáveis pela sua mudança de humor, na realidade para ele essas tarefas eram a parte fácil de sua rotina. No entanto, ainda havia algo a mais que tornava seus dias desgastantes e que lhe exauriam a vitalidade. Algo que lhe tirava o sono e lhe preocupava muito mais do que o dinheiro que ele devia a Ibiki. O fruto de uma memória tenra lhe pesava os ombros e lhe martelava a consciência.  

Enfim era domingo e eles poderiam finalmente ensaiar novamente. Todos chegaram à casa de Sasuke por volta das nove da manhã. O ensaio seria matutino, pois Sasuke se comprometera a fazer hora extra no buffet onde começara a trabalhar no período da tarde.   

Os músicos ensaiaram parcialmente o setlist que eles haviam montado no ensaio passado, pois após a cada música executada eles discutiam como poderiam acrescentar um pouco mais de brilho às canções, introduzindo a elas um pouco da essência de cada um. Dessa forma, apesar de ser um show cover, eles tentavam dar uma sonoridade diferenciada a cada faixa. Por esse motivo, eles só conseguiram ensaiar uma dúzia das músicas, já que eles precisaram repetir várias vezes a mesma canção até estarem satisfeitos com suas modificações.  

O ensaio se encerrou ao meio dia, porém havia mais uma questão a ser discutida.  

— Acabei de perceber algo engraçado. – Choji comentou enquanto repousava suas baquetas sobre um dos tons de sua bateria. – A gente já tem a banda há algumas semanas, já nos apresentamos uma vez, temos dois meses de shows pela frente, mas ainda temos um nome para ela. – Disse com singelo sorriso.  

— Mas nós já não havíamos combinado lá no bar que seria "The great Naruto and his Sidekicks"(O grande Naruto e seus ajudantes)? – O Uzumaki perguntou alegremente.  

— Nem fudendo! – O Uchiha verbalizou sua indignação. – Se eu soubesse que o seu "deixa comigo que na hora eu penso em algo" seria essa bosta, eu jamais teria concordado.  

Na última apresentação, logo antes de subirem ao palco, Naruto e Sasuke estavam conversando a respeito do nome da banda. O moreno estava sem ideias naquele momento e para piorar a situação a plateia de marginais estava ensandecida com o atraso, por isso ele não questionara a fala do amigo. E, como a performance fora abortada logo no início, o Uzumaki não tivera tempo para lhes apresentar, já que ele só o faria após o término de "Only".  

— Poxa, por que não? – O loiro questionou.  

— Que tal... – Antes que pudesse prosseguir, Choji fora cortado por Sasuke.  

— Sem escatologias ou referências demoníacas, por favor.  

— Mas eu não iria sugerir nada disso. – O baterista murmurou emburrado.  

— "Anal Putrefaction"(Putrefação Anal) e "Worms of the Corpses"(Vermes dos Cadáveres) lhe são familiares? – Sasuke indagou fitando Choji que estava olhando para os lados tentando fingir desentendimento. –  Se você se esqueceu, tem a série filhos de alguém: "Children of Lúcifer", "Children of Baphomet", "Children of Lilith", "Children of Azazel", "Children of Belphegor"(Filho de...) Devo continuar?  

— Tá bem, já entendi. – Choji o respondeu. – Então que tal...  

A expectativa dos outros rapazes aumentara. O silêncio tomara conta daquela roda de conversar e prontamente três pares de olhos fitavam o Akimichi, que após alguns segundos se rendeu e admitiu que não  tinha ideias que obedecem as restrições impostas por Sasuke.  

— Pô, Sauske! Por que grosserias não? – Naruto questionou. – Ok, compreendo que um "Anal Giratório do Satã" da vida pegaria muito mal, mas e se o nome for sonoro para caralho, levemente retardado e que as pessoas não percebessem de imediato a putaria nele envolvida?  

— Prossiga. – Disse Sasuke arqueando a sobrancelha direita como se fosse um gancho.  

— "Pearl Jam"(Geleia Perolada), por exemplo, um nome sonoro para caralho, mas né. Vocês estão ligados que a "geleia perolada" é um apelido para porra, né? – Naruto disse rindo.  

— Na verdade, essa é só uma das versões que as pessoas contam. – Falou Shikamaru, que até então ficara em silêncio. – Há quem diga que o nome da banda faz referência a uma iguaria preparada com cactos pela bisavó de Eddie Vader. Contudo, há ainda outras pessoas que dizem que esse nome faz uma alusão ao próprio processo de formação de pérolas; de impurezas a joias.  

— Tá bem. – Naruto resmungou. –  Mas e o "KISS"? Algo meio aviadado, mas que na verdade quer dizer "Knigths In Satan's Service"(Cavaleiros em Serviço de Satã). Ia ser muito engraçado se enganássemos as pessoas com uma sigla dessas.  

— Dessa vez serei em quem vai se intrometer. – Disse Choji. – Bem, o Paul Stanley veio a público dizer que o nome da banda é só "Beijo" mesmo e ele disse que na época eles queriam algo que fosse sexy e fatal. Não sei como isso seria fatal, acho que só se alguém fosse beijar um cortador de gramas ligado. – O gorducho riu antes de continuar sua explicação. – Isso também aconteceu com o "AC/DC"; as pessoas até hoje acham que é uma sigla para "Antichrist/Devil' s Child"(Anticristo/Criança do Demônio), enquanto na verdade é "Corrente Alternada/ Corrente Direta". Enfim, as pessoas sempre inventam esses boatos estranhos a respeito de algo que está em evidência.  

— Tá bom! Dessa vez eu tenho certeza da história por trás desse nome. – Naruto esbravejou, pois estava cansado de ser contrariado. – Vocês sacam que a banda superfodona, Velvet Underground, é uma referência a um livro de putaria dos anos 60 né?  

Silêncio.  

—Ok. – O Uchiha suspirou e ignorou o que lhe fora contado. – Shikamaru, você, a outra pessoa sensata além de mim, tem alguma sugestão?  

— Por que vocês cagaram para o que eu acabei de dizer? – Naruto vociferou.  

— Porque você teve uma ideia de bosta. Aliás, por que você quer um nome escroto que ninguém levará a sério? – Sasuke questionou.  

— Eu quero surpreender as pessoas. Quero quebrar suas expectativas ao colocar lado a lado opostos! Sei lá, quero me vestir metaleiro-do-malzão e cantar musiquinhas mela-a-cueca; quero coçar o saco, falar "pobrema" e mesmo assim escrever um poema tão foda que chutaria o cu de Shakespeare para a Lua; quero fazer uma musica cuja parte instrumental pareça lazarentamente simples, mas que na verdade é uma releitura de Chopin. – Sem fôlego, o loiro pausou seu discurso acalorado por um momento, para que então pudesse prosseguir com mais calma. – Em resumo: eu gostaria de ser uma contradição com pernas, assim como foi o Barroco. – Naruto falou em tom jocoso enquanto pousava as mãos abaixo na cabeça levemente inclinada enquanto sorria, pois Sasuke estava boquiaberto com o desenrolar da ideia. – Tá achando que eu sou só esse rostinho  bonito?  

— Essa sim é uma boa ideia! – Exclamou Choji.  

— Interessante. – Shikamaru respondeu impassível.  

— É, acabei mordendo minha língua. – Disse o Uchiha à contragosto. – Essa ideia não é tão ruim assim. Você já tem algo em mente?  

— Cuidado para não morrer envenenado. – Naruto o ironizou. – Porra, assim você me complica! Eu não sou só esse rostinho bonito, mas também não sou o sábio que veio solucionar todos os problemas da humanidade.  

O baixista, então, fechou os olhos e massageou suas têmporas com os dedos tentando pensar em algo.  

— Que tal pegarmos referências de obras artísticas mais antigas? Podemos escolher nomes de filmes, como o "Black Sabbath"(Missa Negra), de livros como o próprio "Velvet Underground" ou então alguma referencia a algo que sintetize nossa sonoridade, mesmo não sendo ligado previamente à arte, como o "Megadeth"(Um milhão de mortes) fez... Eu sugeriria "Les Miserables"(Os Miseráveis), por minha adoração à escrita de Victor Hugo.  

— Nhé! Muito bicha. – Respondeu Naruto. – Que tal "Without a The"(Sem um(a) "o/a")? Saca que as bandas são tipo: "The"(o/a) alguma coisa. Que tal quebrarmos esse costume?  

— Não; muito aleatório. – Rebateu Sasuke. –  Que tal "The Heritage of Bach"(A Herança de Bach)?  

 –  Um pouco prepotente, não? –  Perguntou Choji.– Que tal "Sun of  Napalm"(Sol de Napalm)?  

—  Acho que não. Meio mórbido. – Contestou Shikamaru. –  Antes de continuarmos com isso, que tal definirmos primeiro o que consideramos um bom nome e qual gênero musical iremos abordar mais?   

Os outros rapazes acenaram a cabeça positivamente.  

—  Eu, pessoalmente, gosto mais de tocar funk, rock progressivo e jazz, mas não me importo de tocar outros estilos, contanto que me permitam inserir alguns desses elementos às musicas. Eu realmente não me importo tanto assim com o nome da banda, só gostaria ao menos que ela fizesse sentido no nosso cotidiano e que não possuísse caráter boçal.   

—  Eu! – Exclamou Naruto levantando o braço. –  Gosto de todos os tipos de rock e suas variações; do pop-rock ao exteme-brutal-fucking-demoniaco-black-metal!  

—  Escolha três que você goste mais. –  Sasuke ralhou.  

 – Cara eu não consigo. – Depois de se deparar com um a feição brava do Uchiha, o loiro decidiu escolher. – Ok, se fosse pra dar o top 3 seria: punk, hardrock e trhash metal. Bem, –  ele suspirou – com relação ao nome, eu diria que gosto de nomes compostos quer eles tenham muito sentido ou não, basta soarem bem tipo: Rage Against the Machine (Raiva Contra a Máquina) e Red Hot Chili Peppers (Pimentas Chili Vermelhas Quentes). – Naruto então se jogou no velho sofá que estava na garagem. –  Choji, sua vez.  

— Putz, eu gosto de nomes que mostrem força, sintetizem o que a banda quer dizer e tenham um "que" de violência, como por exemplo: Slayer(Assassino), Death(Morte) e Mayhem(Mutilação). E o tipo de música que eu gosto, acho que nem preciso dizer. – O Akimichi animadamente concluiu.   

— Só sobrou eu? – O Uchiha lançou a pergunta retórica antes de começar seu perfil musical. – Minhas preferências são músicas eruditas, rock old-school e ritmos estrangeiros, como bossa-nova e flamenco. A respeito do nome, gosto de nomes como "Nirvana": simples, sonoro e com um significado transcendental.  –  Sasuke concluiu.   

Antes que eles pudessem continuar a discussão, o celular de Shikamaru tocou e logo em seguida o rapaz cabeludo se despediu e foi embora. Não muito tempo depois os outros rapazes fizeram o mesmo, pois Sasuke precisava almoçar antes de ir para o buffet.  

Assim o encontro de domingo se encerrara e os quatro se separaram com uma pergunta comum em mente: qual deveria ser o nome da banda?  

27/06/2012   

Os dias se foram rapidamente e o final das aulas estava para chegar; só restava agora uma última prova que os separavam das férias. Suas rotinas foram reduzidas a somente: estudos, trabalhos e ensaios; lazer e descanso eram palavras que foram extirpadas de suas vidas. Todos estavam se esforçando ao máximo com suas obrigações, graças a isso o setlist de músicas já estava garantido para pelo menos duas de suas apresentações. Contudo, ainda haviam um outro empecilho.   

— Fodeu! – Naruto gritou arremessando seu caderno para longe.   

— Calma cara. Eu sei que matemática é uma matéria difícil, mas essa vai ser a última prova. Você consegue, mano, tenho certeza. Esses últimos dias você cagou sangue de tanto estudar e milagrosamente fugiu de todas as recuperações, só falta mais essa. Ânimo Naruto! – Choji tentou levantar o astral do amigo. – Eu também não sou bom nessa matéria, mas deixa eu dar uma olhada que talvez eu consiga te ajudar.   

— Não vai dar. Fodeu até o talo! Porra! O emo disse que ia me ajudar com essa bagaça, mas o desgraçado está sem tempo nem pra dormir depois que ele começou a trabalhar lá no Bistrot Je De Floop Flee. – O Uzumaki esbravejou. – Obrigado pelo apoio Choji, mas você tem que estudar para sua prova final de literatura e eu não quero te atrapalhar, porque se não serão dois de recuperação ao invés de um.   

— Deixa eu só dar uma olhada nos exercícios que seu professor passou, se eles não forem muito difíceis talvez eu consiga te ajudar. – Choji se levantou e pegou o caderno que Naruto arremessara para o outro canto da loja de instrumentos musicais, que no momento estava vazia. Ele então encarou aquelas páginas por um momento, rabiscou uma folha de rascunho durante um tempo e então concluiu. – É, não vai rolar. Me desculpe.   

— Você não conhece ninguém que consiga resolver essas coisas do demônio? – Naruto perguntou com voz de choro.   

— O Shikamaru.  – O Akimichi respondeu sem hesitar. – Ele certamente deve saber resolver esses problemas.    

Naruto então mandou uma foto de seu caderno para Shikamaru por meio do celular e em seguida perguntou se o cabeludo poderia ajudá-lo. Os minutos foram passando e a ansiedade do Uzumaki foi  crescendo. Cada volta do ponteiro no relógio era uma eternidade.   

Para a infelicidade do loiro não houve resposta. Por isso, Choji propôs que eles fossem ao a casa de Shikamaru após fecharem a loja, que muito provavelmente não havia visualizado a mensagem pois seu celular estava desligado naquele momento, já que ele estava trabalhando.   

— Tu é meu herói cara! Juro que te daria um beijo na boca agora se você não parecesse o Presuntinho. – Disse Naruto enquanto abraçava o amigo da mesma maneira como um bicho-preguiça se pendura em uma árvore.   

***   

Após fecharem a loja, os músicos se dirigiram à casa de seu amigo. Contudo, para a frustração deles, não havia ninguém em casa naquele momento. Naruto tentou ligar para o moreno de rabo-de-cavalo, porém todas suas chamadas caíam na caixa postal. Choji então presumiu que Shikamaru ainda estava no colégio trabalhando. Por isso, a dupla decidiu, como última tentava do dia, irem a escola tentarem encontrar o Nara.  

 – Quem é o seu professor de matemática Naruto? Ele parece ser bem exigente. - Perguntou Choji enquanto eles caminhavam.  

— É um arrombado chamado Mizuki Não-Sei-das-Quantas. Meu Deus! Esse cara é muito chato. – O loiro reclamou.  

— Eu acho que esse cara costumava dar aula para o nosso ensino médio alguns anos atrás, mas, por sorte, eu não tive aula com ele porque ele saiu enquanto eu ainda estava na oitava série. – O Akimichi disse aliviado. – Os veteranos costumavam dizer que esse professor era bem carrasco mesmo. Dizem que ele pedia que os alunos demonstrassem as fórmulas ao invés de só resolverem os exercícios.  

— Você não está me ajudando. –  Naruto murmurou. –  Como é que eu vou me tranquilizar com relação a prova se você está me dizendo que esse cara costumava colocar no rabo de geral? – O Uzumaki então suspirou fundo antes de perguntar. – Vamos mudar de assunto?! Quem é que te dá aula de literatura?  

— É uma mulher muito bonita chamada Kurenai...  

— Porra! Bonita é pouco, essa mulher é gostosa demais! Mano, na moral? Eu cagava e andava para todas as aulas de literatura até essa mina começar dar aula para gente; agora eu não tiro os olhos da lousa!  

— Nem vou perguntar se você já ouviu falar dela; muito menos no que você pensa enquanto assiste as aulas dela. –  Choji comentou enquanto ria da resposta eufórica de Naruto.   

— Rapaz, se eu fosse te contar no que eu penso durante as aulas talvez eu fosse preso.Essa mulher é maravilhosa! Eu juro, se ela estivesse aqui na minha frente agora eu iria colar na perna dela igual cachorro no cio e não desgrudava nunca mais.  

— Pelo seu bem, não olhe para frente agora, porque se não eu prevejo você utilizando uma aliança de barbante na penitenciária daqui uma semana. – Choji ria intensamente pois logo a frente estava o carro da professora da qual eles estavam falando.  

— Ah, nem dever ser dela... Mas se for. Rapaz! Eu juro que lambo até a maçaneta daquele carro.  

— É zueira né? – Choji perguntou incrédulo.  

— Claro... – Respondeu Naruto de maneira cômica, tentando caricaturar uma desculpa esfarrapada. Em outras palavras, o Uzumaki se fez de sonso para deixar claro que aquilo era um exagero.  

Os dois amigos gargalharam e continuaram a caminhar pelo estacionamento em direção a entrada da escola.  

Kurenai era realmente uma bela mulher. Ela era jovem, não devia ter mais de trinta anos, provavelmente se graduara recentemente; morena dona de cabelos castanhos levemente ondulados, olhos cor de mel que transbordavam felicidade, lábios carnudos tingidos com um vermelho provocante, um sorriso simpaticamente convidativo e cheia de curvas voluptuosas. Mas o traço que lhe conferia um charme singular era sua pintinha na maçã direita de seu rosto.   

 Sempre conversando amistosamente e rindo um das piadas sem graça do outro, eles seguiram em direção a biblioteca, pois a sala de Shikamaru ficava ao lado. Porém esse clima descontraído foi interrompido um pouco antes de virarem o corredor que os levaria para a biblioteca. Eles escutaram uma voz feminina chorando desesperadamente e uma voz masculina tentando a consolar.  

— Eu não sei o que eu estou fazendo! Não acho que nós vamos conseguir.  

— Calma, vai dar tudo certo.  

Do outro lado, o loiro e o gorducho se entreolharam espantados e perguntaram sussurrando em uníssono.  

— É o Shikmaru e professora Kurenai, não é?  

A dupla  balançou positivamente suas cabeças e então se esgueiraram lentamente pelo corredor.  

— Não vai! Estava indo tudo bem, mas a vida. Ah, vida. Ela não colabora.  

— Eu sei que as coisas nos últimos meses não tem ido do jeito que você planejou. Muitas coisas ruins aconteceram. Mas agora eu estou aqui para te ajudar. Por isso, calma. Vamos conseguir fazer tudo dar certo.  

Uzumaki e Akimichi pararam na esquina do corredor para que pudessem bisbilhotar sem serem vistos.  

Para a surpresa deles do outro lado estava Shikamaru recebendo um forte abraço de Kurenai, enquanto ela falava em seu ouvido.  

—Desculpa não aguentar a pressão. Ás vezes eu pareço tão imatura, enquanto você é tão adulto. Isso deveria ser ao contrário, não é mesmo? –  A professora disse com pesar em sua voz.  

Naruto estava histérico sacodindo o braço de Choji enquanto o encarava com indignação e tentava não fazer barulho.  

— Eu não acredito no que eu estou vendo. Shikmaru, seu filho da puta, você virou meu herói. Juro que vou fazer um busto de ouro em sua homenagem. – O loiro resmungou.  

— Eu estava certo no final das contas. O Shika voltou por causa de uma mulher. – O Akimichi balbuciou.  

Repentinamente o celular de Choji começou a tocar. Kurenai e Shikamaru desfizeram o abraço com o susto. Agora eles estavam alertas vasculhando apenas com os olhos em primeiro momento.  

Antes de que o casal pudesse se aproximar, Naruto puxou o braço de Choji, que no momento estava parado enquanto tentava desligar o celular, e os guiou a passadas largas para o exterior da escola.   

 


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Notas finais do capítulo

Por favor, deixe um comentário, pois isso me motiva a continuar escrevendo. Espero que vocês tenham gostado. Abraços e até o próximo capítulo.

Ps: estou pensando em criar um casting de como seriam as personagens se eles fossem de verdade, já tenho algumas ideias, mas preciso da ajuda de vocês. Se puderem, por favor, deixe um comentário do tipo "fulaninho seria um excelente Naruto" ou "se for escolher o Sasuke não escolha sicrano" haha.



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