Earthquake escrita por Nancy Boy


Capítulo 1
Oneshot;


Notas iniciais do capítulo

Escrevi isso tão rápido e de repente '-' Se tiver erros, desculpem. Foi uma inspiração súbita.
Aliás, essa é a música: http://letras.mus.br/the-used/995626/traducao.html
o/



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Ela tinha um terremoto em sua mente.

E isso sempre me expulsava.

Não importava quantas vezes eu entrasse, a bagunça geral me jogava para fora. Ela me jogava para fora, mesmo que não quisesse. Mesmo que nem percebesse.

Será que não via o quanto era difícil? Para mim, e para ela também? O amor nos assusta! Toda essa necessidade de proteção, de cuidar, de ser cuidado, de aceitar e ser aceito, tudo isso sempre nos assustou, por mais que nos entregássemos. Porque sim, nós nos entregávamos; mas qualquer coisa era motivo para retrocedermos.

Ciúme assassino, solidão, pura falta de confiança, qualquer coisa. Eu queria estar lá por ela, mas eu não podia! Eu não podia sofrer por ela, nem ela por mim. Os dramas de nossas vidas não eram interligados, como era a felicidade. Dividíamos tanto, tantas alegrias e satisfações, e o amor era tão puro, mas o sofrimento... esse nunca conseguíamos dividir.

Eu me escondia, e ela se abria demais. Eu fugia, ela desistia, e então uma das duas tentava voltar ao que era antes, mas nunca era o mesmo. Sempre havia uma ferida a mais.

Era óbvio que em algum momento haveria uma ruptura. Ambas sabíamos. E eu quase pude ouvi-la chorar enquanto a deixava para trás... e sabia que o mundo estava desabando ao seu redor.

O erro sempre foi o de não conhecer: pois eu sei que ela imaginava que eu estava bem, o que era mentira, e eu tinha a impressão de que ela estava bem, o que possivelmente também era mentira. Nós nos conhecíamos perfeitamente, mas não conhecíamos o amor uma da outra muito bem. E isso somente por não conhecermos a dor uma da outra. As duas coisas estão misturadas, entende? Não se pode ter acesso total a um coração se não houver como conhecer o lado sombrio dele.

Era como estar em uma casa, não, uma mansão; uma linda mansão, cheia de portas e janelas e pessoas. E eu conhecia todos os cômodos, exceto um: uma porta tão afastada que muitos nem sabiam que existia, e que eu não tinha a chave para entrar. Eu não fazia ideia do que tinha lá dentro, e é esse o problema. Sem saber o que há lá, como eu poderia saber o que poderia sair de lá?

Por isso nós acabamos por desistir. Achamos que era mais fácil se livrar do amor do que dos muros, porque ela tinha aquele terremoto em sua mente... aparentemente do tipo que nos enterraria vivas, ao colocar todo aquele peso em nós para sempre. E sim, era mais fácil, disso não há dúvidas; mas menos doloroso? Eu não contaria com isso. 

No fundo, sempre a culpei pela impossibilidade de ficarmos juntas. Porém... quando se está sozinha, quando se pensa tanto na mesma coisa, acaba-se vendo-a por outros ângulos.

Eu afundei para o fundo do oceano com todas as dúvidas que surgiram, porque eu sei que nós éramos mais do que aquilo, mas eu fiz essa bagunça, eu construi esse fogo... talvez a culpa fosse minha.

Sim, minha. Por não deixá-la entrar, e por não entrar quando ela permitia. Por não deixar os muros caírem, por achar que tínhamos de continuar com eles.

E a saudade, a saudade estava me matando!

Eu precisava dela.

Por isso não controlei o impulso de dirigir até sua casa. O conhecido caminho, parando dois quarteirões adiante e correndo até o jardim mal-cuidado, mas ainda verde, da casa que eu visitei clandestinamente tantas vezes. Não me importei com a garoa que caía ao meu redor e fui direto para o lado da construção, batendo com força na janela.

Ela se assustou e correu até mim. Abriu a janela com os olhos arregalados.

- V-você... o que você...?

- Você ainda é minha? - perguntei de uma vez.

Ela não respondeu. Não conseguia.

- Isabella, responda. Por favor – senti as lágrimas voltarem a escorrer, misturando-se ao molhado leve em minha pele por causa da garoa. - Porque eu não fico bem quando você vai... eu não estou bem! Por favor, seja toda minha. Por favor.

Ela ficou me olhando por segundos incontáveis. Piscou e deu um sorriso leve.

- Carol, você está invertendo tudo – ela riu baixinho, o riso que eu sempre adorei provocar. - Eu deveria estar dizendo isso. Eu nunca quis que você fosse, porque eu sou toda sua. Então, por favor... você seja toda minha.

Eu estremeci. Sim, toda dela. Isso significava deixá-la me conhecer, e mais ainda, conhecê-la também. E todas as dores, as lágrimas, os medos e os erros, nós finalmente teríamos de conhecê-los.

Será que ela ainda me amaria se soubesse de tudo? Será que eu ainda a amaria?

No momento, nada doía mais que a saudade. Eu me inclinei para a frente ao mesmo tempo em que ela fazia isso, e trocamos um beijo demorado, de boas-vindas. Senti sua mão vir automaticamente para meu cabelo, longo como ela gostava que ficasse, para que ela pudesse acariciar bastante. Para que sentisse que estava abraçada e dando proteção à uma mulher; e eu entendia esse sentimento pois também o tinha.

Nossas bocas se afastaram, apesar de ainda ávidas por mais. Eu ainda demorei bastante para falar. Mas a escolha certa acaba vencendo... no fim.

- Posso entrar?

Ela sorriu.

- Pode. E não saía mais.


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Notas finais do capítulo

Acho que essa foi a primeira vez que postei algo em perspectiva feminina... hm. Espero que tenham gostado, apesar de ter ficado bem simples e mega curto :)