Enjoy the Silence escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 41
Segundo livro. Capítulo XII - Memórias de um bom tempo.


Notas iniciais do capítulo

Eu seeeei que demorei, mas sei também que o sonho de várias pessoas irá se realizar nesse capítulo! hahah, leiam e comentem, sim? Beijos!



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POV BELLA.

Edward estava desesperado, andava de um lado para o outro sem sequer ter uma direção certa e eu ainda me perguntava como é que ele iria dirigir naquele estado. Comovida por sua preocupação normal a homens naquela situação, me ofereci gentilmente para levá-lo ao hospital onde Tanya estava. Era o mínimo que eu poderia fazer. Afobado, Edward aceitou e me entregou as chaves do seu volvo.

No carro, ele não parava quieto, seu cabelo estava espetado em várias direções e suas pernas se mexiam de modo nervoso e ritmado. Ele não parava de perguntar se já havíamos chegado e o porquê de ter tanto malditos sinais vermelhos a nossa frente. Eu pressionava meus lábios e de vez em quando, tentando não rir e o acalmava dizendo que iria dar tudo certo e que chegaríamos a tempo uma vez que o processo de ter um bebê demorava várias horas.

Ele não pareceu convencido e não parava de tagarelar sobre o quanto a porcaria do hospital era longe. Por que mesmo que ele havia escolhido um tão longe? E, merda, não viera preparado… esperava que Alice tivesse pensado naquilo antes de sair de casa com Tanya. Edward saltou do carro antes mesmo de eu o parar completamente, mas então se deteve, virando-se para mim e abrindo a porta do carro mais uma vez.

Seus lábios se pressionaram fortemente contra a minha testa assim como sua mão que mantinha a minha nuca cativa.

— Obrigado. — Sussurrou ele.

— Espera, você tem que ficar com a chave do carro.

— Entregue a Alice! — E, sem falar mais nada, saiu em disparada em direção à entrada da maternidade.

Suspirei, inclinando-me até que minha testa batesse contra o volante do carro.

Com toda a coragem que eu consegui acumular em dois minutos, levantei-me do banco de motorista e ajeitei meu cabelo antes de sair do carro. Eu estava… terrível, não havia cor nenhuma em meu rosto e minha roupa… bom, a minha roupa foi a primeira que eu havia encontrado pela frente. Quando Edward chegou a minha casa, eu estava de short e uma blusa de flanela que eu usava para ficar em casa. Só tive tempo de trocar o short e colocar uma calça em seu lugar.

Bom, Edward estava em dívida comigo pelo resto da vida. Não por eu ter dirigido para ele e sim por ter me arrastado de minha casa antes mesmo de eu procurar uma blusa decente. O hospital era grande demais para vestir uma blusa de flanela. Decidi, por fim, que eu entregaria a chave para Alice e sairia o mais rápido possível.

Assim que me avistou, a baixinha que estava com o rosto repleto de lágrimas, andou rapidamente até onde eu estava e jogou os braços ao redor de meu pescoço, chorando desconsoladamente.

— Ela estava sangrando, Bella… — Sussurrou e soltou um soluço estrangulado.

— Isso é normal…

— O líquido amniótico dela estava esverdeado.

Eu não precisava ser ótima em biologia para saber que quando aquilo acontecia era porque havia sofrimento fetal. Ou seja, o bebê estava em dor e precisava ser retirado antes que acarretasse algo pior.

— Fique aqui comigo. — Ela pediu. — Por favor, Bella, eu não quero ficar sozinha.

Eu assenti, por fim.

— O médico a fez escolher — Falou Alice, baixinho, agarrada a um de meus braços. Quando a olhei, ela tinha os olhos fechados e lágrimas novas caindo dos mesmos. — A gravidez dela é de risco… a placenta se deslocou e sei lá mais o quê aconteceu… Tanya escolheu a vida de Luna, é claro. Qualquer mãe faria isso, não é?

— Ela vai ficar bem.

Alice negou com o rosto, desvencilhando-se de mim para cobrir seu rosto com as duas mãos.

— Se ela morrer… se Tanya morrer… — Ela se parou, balançando mais uma vez o rosto.

Depois de algumas horas, ela se lembrou de ligar para Carlisle, mas não estava em condições de fazer isso, por isso me pediu para fazer mais aquilo por ela. Em apenas minutos, um Carlisle afobado assim como o filho, entrou pela porta do hospital. Alice se jogou nos braços dele, agarrando-se a sua cintura e enterrando o rosto no ombro dele.

— Eu… não sei o que estou fazendo aqui. — Falei assim que ela se desgrudou dele.

— Bella… — Alice não estava forte o suficiente para me repreender. Ela apenas me olhou com os olhos vermelhos, baixos e imploradores. — Fique.

Renée acariciou as minhas costas.

— Como veio parar aqui?

— Edward estava lá em casa quando recebeu a ligação de Alice — Minha mãe ergueu as sobrancelhas sugestivamente para mim. — Ele… ele só foi entregar umas Begônias para mim. Nada demais.

Mas ela não parecia convencida.

— Ofereci uma carona e Alice me chamou para ficar. Fim.

Renée não falou mais nada, apenas se conformou com a minha resposta e se sentou ao meu lado. Carlisle, assim como seu filho havia feito algumas horas atrás, não parou de andar de um lado para o outro, querendo entrar e dizendo ter direito para isso uma vez que era médico. Ele queria assistir ao parto, tirar a ansiedade que sentia. Não foi possível, no entanto. Àquela altura ninguém poderia mais entrar na sala do parto.

Horas depois Alice parara de chorar, afinal, tudo que ela fazia era fungar de vez em quando. Ela teria se levantado para ir à capela que havia no outro prédio, no entanto, quando ela ia finalmente se levantar, um Edward transtornado apareceu pela porta que levava a sala do parto. Eu nunca o vira daquele jeito e eu tinha certeza de que ele nunca se deixou demonstrar tamanho descontrole mental na frente de ninguém.

Edward era sempre forte, com o rosto límpido de lágrimas ou qualquer outra coisa que demonstrasse a fraqueza que todo ser humano evidenciava. Mas, naquela hora, ele também não chorava. Ou talvez eu estivesse longe demais para perceber as lágrimas transparentes, não sabia bem ao certo. Só sabia que seu rosto estava vermelho como se ele tivesse passado a mão muitas vezes pelo mesmo

Alice se inclinou em expectativa para tentar saber o que havia acontecido. Deduzindo pela expressão no rosto de Edward ou Luna ou Tanya havia falecido.

Permanecemos sem nenhuma informação durante os longos minutos que Carlisle passou abraçando Edward. Eles conversavam sobre alguma coisa que Alice estava ansiosa para saber. Tudo que eu fazia era desviar os olhos, dando-lhes privacidades. Entretanto eu ainda tinha a minha audição e podia escutar a voz de Edward soando orgulhosa ao mesmo tempo em que sofrida.

Ele falava sobre reanimação, saudável, dois quilos e meio. Juntando as peças, estava óbvio que Tanya havia sido quem havia morrido. E… céus, aquilo era tão terrível para Edward e para Luna…

Eu não sabia bem como eu me sentia. Na verdade, eu não tinha nada a sentir. Eu nem a conhecia direito, tudo que eu sabia sobre ela era o que Edward me contava e mesmo que a visão a qual ele me apresentasse não fosse tão boa, eu sentia muito. Pela filha deles que já havia nascido órfã, por Edward que teria que cuidar de seu primeiro filho sozinho. Eu sabia que Alice lhe daria uma força quando fosse preciso, mas nada se comparava a uma mãe de verdade.

— Eu sinto muito. — Alice falou ao se levantar a aninhar-se nos braços do irmão.

— É… eu também. — Ele suspirou e passou uma mão pelas costas dela, em um leve e terno carinho. — Você trouxe a bolsa de Luna?

— Sim…

Só quando Alice saiu da sua frente que ele desviou seus olhos para mim. Observei por alguns segundos — mais do que o necessário — o seu maxilar tenso relaxar e um quase sorriso aparecer em seus lábios. Senti minhas bochechas esquentarem quando ele colocou um dedo embaixo de meu queixo, levantando-o para que meu olhar subisse para ele.

— O que você está fazendo aqui? — Apesar da pergunta, seu tom não era áspero.

— Nossa, eu… já estou indo. Fiquei porque Alice pediu.

— Minha intenção não foi ser grosseiro. — Ele esclareceu, acariciando com o dedão a pele que ficava um pouco abaixo de meus lábios. — Você só é… a última pessoa que eu esperaria ver por aqui.

— Você não me conhece.

— Conheço. — Ele teimou, subindo o polegar para os meus lábios. Antes que ele pudesse me tocar afastei-me, acanhada. — Conheço, sim. Muito bem até. Você só… mudou um pouco.

— Sim. — Eu desviei meus olhos, sentindo minhas bochechas se esquentarem mais uma vez. Percebi com um tipo de terror explícito uma mão de Edward subindo para tocá-las até eu a deter, tentando ser gentil. — Sua filha precisa de você.

— Na verdade…

— Edward. — Repreendi, sussurrando. — Há pessoas olhando.

Ele suspirou audivelmente. Aquela havia uma das minhas terríveis desculpas uma vez que eu não o deixaria me tocar mesmo se estivéssemos sozinhos. E não estávamos. Eu podia sentir os olhares penetrantes de Alice, Carlisle, Renée e quase metade dos funcionários do hospital que estavam desocupados. A mãe de sua filha havia acabado de morrer e ele estava acariciando outra garota? Tinha certeza de que os pensamentos deles se assemelhavam a isso. Até mesmo eu estava pensando daquele jeito.

Fui embora alguns minutos depois, esquivando-me das perguntas de Renée. Ela queria saber se eu e Edward havíamos voltado e muito mais outras coisas. O que ele estava fazendo na minha casa? Havíamos dormido juntos? Todas as indagações eram absurdamente ridículas. Por favor, meu namoro com William havia acabado a menos de duas semanas e já estava me jogando para Edward. Eu não estava desesperada desse jeito. Muito menos era rápida.

Alice e Carlisle ficaram lá, queriam ver Luna antes de irem embora. Edward passaria a noite e todos os outros dias que precisasse lá. Pegara uma licença para cuidar de sua filha recém-nascida. Felizmente, ela havia nascido incrivelmente saudável e em dois dias teria alta. Perfeita. Tanya doou toda a sua saúde para o bebê quando ela ainda estava em seu ventre, doou tanto que não havia sobrado mais nada para ela.

Eu não conseguia me sentir indiferente àquela situação.

Renée havia se oferecido para pegar as roupas de Edward e como era eu que estava a levando para casa, também tive de ir junto. Eu não resmunguei muito, um pouco apenas.

Fiquei na sala com os meus braços cruzados sobre o peito, desconfortável ao extremo. De repente, com uma voz risonha e astuciosa, Renée me chamou. Revirei meus olhos e suspirei pesadamente ao dar passos pesados até o primeiro quarto do corredor, provavelmente o de Edward.

Por incrível que pareça, não estava bagunçado. Os poucos móveis que faziam parte da mobília tinham um aspecto masculino, sendo todos pretos e discretos.

— Ele ainda guarda uma foto de vocês! — Mamãe disse.

Senti minhas bochechas corarem.

— Pare de ficar mexendo nas coisas dele, mãe. Onde está a privacidade?

— Caiu quando eu estava pegando uma camisa. — Ela se defendeu, ainda sorrindo.

— Por que a senhora quer que eu fique tanto com Edward? — Me empertiguei.

— Quero que seja feliz. Apenas.

— Eu preciso de um tempo. — Confessei. — Não é tão simples como você faz parecer. Não posso pular de um namorado para outro como se… como se eu não gostasse nem um pouco deles. Eu gostava de William, o amava. O amo ainda.

— Eu sei, Bella. — Ela fechou os olhos e jogou sua franja para trás. — Eu apresso demais as coisas.

— Além do mais, eu não vou ficar com Edward de novo.

Ela ergueu as sobrancelhas, descrente e virou-se mais uma vez na direção do guarda-roupa de Edward. Rapidamente, peguei em minhas mãos a foto que minha mãe havia deixado em cima da cômoda e involuntariamente sorri. Os tempos eram tão bons, a vida parecia cor-de-rosa e eu não conseguia parar de suspirar de paixão. Agora, eu suspirava de pesar.

A foto que eu tinha em minhas mãos era da época em que Edward ainda tinha cabelos grandes e suspiráveis. Era a mesma que outrora decorava a minha estante da Inglaterra, a mesma que fora tirada em meu aniversário e estávamos sorrindo largamente para a câmera. Da época quando sorrir era tão fácil quanto respirar.

Senti falta daqueles tempos, senti falta de sorrir facilmente, de suspirar de alegria. Parecia que havia acontecido há mil anos, em um mundo diferente desse cheio de horrores que agora estávamos participando. Se eu pudesse voltar no passado e fazer as coisas diferentes, eu nunca teria me aproximado de Edward. Pouparia-me de bastante dor… e provavelmente de um dos melhores momentos da minha vida. Eu não podia ignorar essa última parte também.

Deixei a foto no mesmo lugar onde a havia pegado e saí do quarto.

Assim que finalmente cheguei a minha querida e ansiada casa, tomei um banho e desabei, exausta na cama. Sem me preocupar em comer nada porque o meu sono e cansaço era mais importante.

Passei o resto dos dias dentro do conforto de minha casa, ignorando o pedido de Alice para que eu fosse para o enterro de Tanya. Por que eu iria, afinal? Eu sequer a conhecia e… só iria mesmo se Edward me chamasse porque somente ele tinha a autoridade para fazê-lo. Vamos ser claros e óbvios aqui: Tanya e eu não tínhamos nenhuma proximidade e eu tive um caso com Edward enquanto ele era noivo dela ainda. Era isso. Esses motivos eram bons o bastante.

Naqueles dias eu nadei somente por diversão e lazer, no entanto parte de minha mente me dizia que era mentira. Eu estava nadando para aplacar a solidão e as saudades esmagadoras que eu sentia de William. Mas eu tive um avanço, sabia? Pensava nele com menos frequência e eu queria com ansiedade que chegasse um dia onde pensar nele não doesse e fosse normal. Seria um dos dias mais felizes da minha vida. Superá-lo.

— Bella — Alice praticamente berrou em meu ouvido assim que eu atendi o celular. — Onde você está, querida amiga?

— O que é que você quer? Pode parar de me amolar e dizer logo.

Ela soltou um riso nervoso.

— Eu estou na universidade renovando minha matrícula e vai demorar umas duas horas, Carlisle está trabalhando, Renée também, Jasper não pode ir agora. — Ela disparou e eu suspirei, pressionando meus olhos com o polegar e indicador. Eu já sabia o que vinha agora. — Edward precisa de alguém pra pegá-lo no hospital.

— Ele não pode pegar um táxi? Ou… dirigir?

— Ele está com Luna, Bella.

Como se aquilo justificasse algo.

— Droga, Alice, droga! — Exclamei.

Como uma criança mimada e birrenta, subi a escada pisando com força. Queria descontar a minha raiva toda num objeto inanimado que não tinha culpa nenhuma. Eu sabia que estava passando do limite de chatice, mas… eu queria ficar longe de Edward e todas as suas investidas que ele teimava de chamar de “amizade”. Amizade uma merda! Não dava para a gente ser amigo. Não dava mesmo!

Era a mesma coisa de dar um tiro no pé e querer que, depois de ter se arrependido, ele ficasse sem nenhuma cicatriz. Completamente normal. Ou seja, mais que impossível.

Passei uma escova em meu cabelo e vesti uma calça no lugar do short. Eu só estava indo por consideração a Alice mesmo porque senão eu… arrumava qualquer desculpa para não ir. Tudo bem que Edward era uma pessoa legal e eu estava sendo injusta, mas eu não conseguia impedir o sentimento de desconforto toda vez que ele sorria ou olhava para mim daquele jeito que ele fazia antes.

Porque eu não conseguia retribuir. E não conseguiria nunca.

Eu me senti quase culpada e uma criatura sem coração quando eu olhei para a garotinha que ainda estava deitada num berço hospitalar. Luna tinha olhos grandes e claros, era tudo que eu podia perceber pela pouca luz que o abajur oferecia, ela tinha cabelos iguais ao do pai e mãozinhas pequenas. Era um dos bebês mais lindos que eu já havia visto em toda a minha vida.

Suas pequenas luvas, sapatos e vestido eram rosa com algumas partes brancas.

— Ela não é linda? — A voz de Edward veio do meu lado, ele estava saindo do banheiro com os cabelos úmidos.

— Perfeita. — Eu sorri bobamente, estendendo uma mão para tocar a bochecha corada dela. — Ela parece com você… — O riso orgulhoso de Edward me fez parar e erguer uma sobrancelha, descrente.

— Você diz que Luna é perfeita. Depois diz que ela se parece comigo. — Ele inclinou o rosto, tombando-o no ombro. — Acho que isso são elogios discretos.

Revirei meus olhos.

— Tem um presente para ela dentro de minha bolsa, pode pegar.

— Pode segurá-la se você quiser. — Ele disse.

A garotinha, apreciando os carinhos em seu pouco cabelo e orelhas, fechou os olhos preguiçosamente.

— Não… — Eu recusei —, ela é tão… pequena.

— Bella. — Ele tinha um sorriso na voz. — Você não vai derrubá-la.

— Eu não sei como você pode ter tanta certeza disso! E, além do mais, ela está dormindo, prefiro não acordá-la. — Acariciei mais uma vez a bochecha dela e tirei minha mão de dentro de seu berço temporário.

— Luna é boa para dormir de manhã, nem se passar um trator pela rua ela acorda. — Ele se virou para mim com o pacote em suas mãos, olhando-o cautelosamente. — De noite já é outra história — Continuou. — Se uma pena cair no chão ela já abre o berreiro.

Eu ri.

— Ela tem dois dias, Edward. Se sente assustada com toda a escuridão.

Voltei meus olhos na direção dele quando o escutei abrindo o embrulho que enfeitava o presente que eu havia comprado para Luna alguns minutos antes. No caminho para o hospital tinha um sinal que parava bem a frente de uma loja de roupas para bebês recém-nascidos e eu sem hesitar muito, entrei para comprar uma roupa. Acabei, no final, comprando um conjunto de vestido e sapatinhos vermelhos.

— Obrigado. — Ele disse e observei ele dar, sem pensar, um passo para frente, já erguendo um braço para me abraçar. Felizmente, ele se parou quando viu que eu me encolhi e olhou para o berço. — Acho que temos de ir.

— Sim.

Luna parecia mil vezes menor nos braços habilidosos de Edward. Ele a segurava com uma delicadeza que me fazia ter vontade de sorrir e suspirar como acontecia quando eu estava vendo algum filme e tinha uma cena bonitinha. A roupa rosa dela contrastava com a camisa preta dele. Não pude deixar de perceber também o cuidado e o carinho que tinha no olhar dele. Como se ele a venerasse irremediavelmente.

Percebendo agora de perto, ela tinha todos os traços de Edward, exceto pelo maxilar que ainda não havia se desenvolvido completamente, mas eu tinha quase certeza de que seria fino e feminino como o de Tanya.

Eu não podia negar também que Edward iria ser um ótimo e atencioso pai, eu podia deduzir isso pela cautela e pelo olhar dele para Luna a cada dez segundos, checando sua segurança enquanto andávamos pelo corredor do hospital.

— Podemos parar numa farmácia? — Ele perguntou, de costas para mim.

Observei-o se inclinar no banco traseiro e colocar Luna deitada na sua cadeirinha que ele mesmo havia trazido. Edward ajeitou várias vezes os lençóis que a aqueciam, ajeitou seu rostinho e sua mãozinha. Desviei meus olhos, falhando ao reprimir um sorriso derretido que habitava em meu rosto.

— Bella? — Ele me chamou, virando-se para trás. — Não escutou o que eu te perguntei?

— Acho que não. — Estava perdida na minha percepção boba sobre o quão adorável Edward era com Luna.

— Tem algum problema para você se nós pararmos em uma farmácia?

— Não. — Franzi meu cenho. — Claro que não.

Eu nem iria fazer nada mais tarde, apenas me encher de besteira enquanto tentava afastar meu tédio cada vez mais crescente. Meus dias estavam ficando cada vez piores e eu até tentava afastar aquela sensação tomando banho de piscina ou dormindo. Tentava, apenas. Nunca funcionava. Por aquele motivo meu humor estava uma merda, estava ficando estressada por causa do tédio.

Depois de se certificar que Luna estava confortável e segura, ele finalmente entrou no carro.

— Bella? — Ele me chamou algum tempo depois.

— Sim?

— Obrigado por estar sendo tão gentil comigo. — Edward disse. — Hoje e antes de ontem.

Ele só estava agradecendo porque não sabia o quanto eu havia resmungado antes de sair para vir pegá-lo no hospital. Bom, o que contava era que eu havia vindo, não era? Talvez eu merecesse mesmo esses agradecimentos. Mesmo não tendo vontade nenhuma de sair de casa, eu havia feito isso. A minha ação poderia ser chamada de altruísta? Achava que sim, embora não soubesse nada sobre como ser altruísta.

Eu era egoísta e não enxergava nada.

— Por nada.

Não falamos nada até chegarmos à farmácia. Ele pediu que eu ficasse de olho em Luna enquanto ia e voltava o mais rapidamente possível. E a garotinha de dois dias, como se tivesse combinado, soltou um grunhido desperto baixinho quando Edward entrou pelas portas da farmácia. Em pânico, pensei em correr até ele e dizer-lhe que ela havia acordado e que eu não sabia o que fazer.

Mas não o fiz. Escondi o meu pânico ao olhar para trás e me deparar com seus lindos olhos verdes azulados que logo se fecharam por causa da claridade. Coloquei-me na frente do sol ao soltar meu cinto e apoiar meus joelhos no banco do motorista, inclinando-me para frente a fim de conseguir pelo menos tocá-la. Pegá-la ainda estava fora de cogitação, eu era desastrada demais para abrigar seu corpinho em meus braços.

Ela me olhou atentamente e abriu os lábios finos e rosados em um bocejo que me pareceu um sorriso lindamente desdentado. Eu sabia claramente que aquilo não era um sorriso voluntário, afinal ela nem tinha uma semana completa, mas não pude evitar um sorriso maravilhado de escapar.

Luna logo se entediou e fechou os olhos, voltando ao seu sono. E eu ainda estava a fitando quando percebi que um Edward com o cenho franzido me observava, colocando as coisas na mala. Minhas bochechas arderam de vergonha e, de imediato, voltei a me sentar normalmente na cadeira. Ora, por que eu estava envergonhada? Ele havia me pedido para ficar de olho nela e era aquilo que eu estava literalmente fazendo.

— Eu não sabia que você gostava de crianças. — Ele comentou.

— E depois ainda teima que me conhece… — Resmunguei com um tom cômico.

Ele riu.

— Como eu disse… você mudou.

Senti o olhar de Edward queimando a minha pele e não me dei o trabalho de retribuir, me concentrar na direção era mais importante.

— Por que pintou o cabelo?

— Deu vontade, apenas. Queria mudar e estava cansada do loiro.

— Ainda estávamos juntos quando fez isso?

— Acho que não. — Franzi meu cenho e o olhei ligeiramente. — Você nunca…

— Continue. — Incentivou.

Eu balancei meu rosto, pressionando meus lábios.

— Vamos, Bella. Por favor.

— Não. — Fui firme ao negar.

— Por favor… — Edward inclinou o rosto para o lado em sua melhor expressão de cachorro abandonado.

— Isso não funciona mais comigo. — Eu disse, rindo.

— Eu sabia de meios mais eficientes de fazer você falar, mas hoje eu realmente não estou a fim de levar um murro.

Não pude evitar a gargalhada que escapou por minha garganta.

— Falando em murros… você se lembra do primeiro jogo dos Lakers que fomos juntos? — Ele perguntou e riu, balançando o rosto incrédulo. — O final dele, para ser mais exato, foi mais interessante.

— É, eu tinha alguns problemas com o meu humor.

— Problemas? Acho que essa é uma palavra amena demais para se referir ao surto que te levou para o hospital com um pulso deslocado.

— Ele fez por merecer. — Eu sorri, lembrando-me do momento antes tenso. Agora era motivo de gargalhadas.

— Eram bons tempos. — Ele refletiu.

Observei, temerosa, a sua mão se encaminhando incertamente para tocar a minha que estava pousada na marcha. Para o meu terror, estávamos parados em um sinal vermelho que tinha a fama de demorar a abrir.

— Eu quero esses tempos de volta, Bella. — Quando eu desviei meus olhos para os seus, seu rosto estava isento de qualquer comicidade. — Eu quero você de volta.


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Notas finais do capítulo

pois é...
qual será a resposta da Bella? Aposto que alguém já sabe!



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