Parada, sentada na cama e com as mãos no rosto, fico pensando na minha própria vida. Essa vida sem sucesso, sem brilho. Nunca fui muito excepcional nas coisas, sejam esportes, arte... Bem, eu sei que eu me esforço, faço o possível para poder ser considerada especial... Mas, incrivelmente, parece que eu me converti em um ser humano invisível. Nessas minhas falhas tentativas na vida, vou tentando capturar minha glorificação. O que será que eu tenho que fazer? Não é isso, não é isto... o que será? Qual será a causa de toda essa vida fosca? Sigo a especular. Minhas lembranças de toda essa vida falha são tão boas que chegam a assustar... Não é nada agradável... Mas o que eu irei fazer? Não há nada a se fazer.

Porém... meu instinto defensivo é muito grande, não vou deixar-me ser atacada pela desistência. Dane-se todos os pensamentos e a ética nessas horas. Todas essas e aquelas coisas... são apenas obssessivos desejos mundanos. Para quê se importar?

Nesses últimos dias, tive mais tentativas de destaque, falhas, claro. Muita coisa aconteceu... As coisas do dia-a-dia e fofocas. Eu não queria escutar todas aquelas fofocas. E quando eu saí do colégio, passando pelo beco, acabei vendo uma cena de beijo. Ficou gravada em minha mente... Eu não quero ver isso. Eu bem que poderia dar um "reset" na vida, mas já é uma história diferente.

AAAAAAH!! Minha cabeça dói tanto!

Eu realmente odeio, ODEIO, ODEIO TUDO ISSO!! Parece que nada que eu faça é suficiente para me dar brilho. Você aí, pode me ver?

~~RUNPPAPPA~~

Eu consigo ver a expressão de indiferença em seu rosto. Claro, parece que eu me tornei invisível. Me apoiar em alguma coisa, até mesmo uma diagonal, é o que eu mais queria para poder ter uma base para continuar seguindo em frente. Claro que eu irei continuar, de forma ou outra, mas seria menos doloroso. Como eu devo ver toda essa cena? De forma otimista? Filosófica? Otimista? Filosófica? Acho melhor uma visão otimista. Se bem que... eu sou um humano invisível. Não ser visto pelos outros é ruim... sigo deixando para trás essas duvidosas palavras... que não possuem sentido nenhum.

Na estação de metrô, fico olhando para os lados, mas não vejo ninguém retribuir o olhar. Assim que o meu metrô chega, entro e sento. Ah... em toda essa desordem e contato, condutor, por favor... me mostre o caminho. Toda isso em uma refinada situação em uma barreira de Selkirk. Ah, não é este nem aquele, aquela ou outra coisa que eu quero. São muitas. He... parece que isso é um complexo e abusivo argumento sentimental.

Pelo visto as veias de meu amigo de tráfico estão saturadas. Nessa vida fosca, essa situação noturna é muito perigosa. O melhor do mundo é inofensivo. Além de tudo, eu já me acostumei a viver em todo esse lixo. Parece que eu nem ao menos existo, mesmo procurando me destacar, ninguém parece notar minha presença. Parece que eu só percebi agora. Que caminho eu queria trilhar desde o começo se ele nem existia?! Isso era muito óbvio!

Eu realmente odeio, ODEIO, ODEIO TUDO ISSO!! Ninguém tenta me ver ou segurar minha mão. Será que você aí consegue lembrar de mim?

~~RUNPAPPA~~

Eu novamente vejo a expressão de indiferença em seu rosto. Óbvio. Você tem uma ótima e agradável vida, duvido que a renunciaria. Estou certa ou errada? Como eu devo ver toda essa cena? De forma otimista? Filosófica? Otimista? Filosófica? Acho melhor uma visão otimista. Mas eu ainda sou um humano invisível. Ficar mordendo as unhas é ruim, pare logo, pare agora mesmo. Pois isso não faz sentido nenhum.

Em toda a minha fosca, acho que já tenho que começar a pensar no fim. Antes de morrer em paz, um velho senhor riu loucamente. Já entendi. Não tenho com o que me preocupar. Seja comigo, seja com os outros.

Não adianta eu rir estando sozinha.

Eu realmente odeio, ODEIO, ODEIO TUDO ISSO!! Não aguento mais todo esse teatro de vida, estou a ponto de explodir.

~~RUNPAPPA~~

Eu não consigo alcançar você, nem ninguém. É isso que a vida tem para me dar? É uma brincadeira de muito mau gosto. De certa forma, secretamente insulto:

Obrigada.

Eu realmente odeio, ODEIO, ODEIO TUDO ISSO!! Se você lembra de mim ou não, viu ou não, mesmo que seja impossível, por favor, não me esqueça. Não esqueça que eu existi. Sinto muito, ainda assim, está tudo bem em me deixar sentar pelo menos na borda. Mesmo que não seja a base que eu queria, é melhor que nada.

Apressados, os trabalhadores atravessavam o cruzamento, com suas rotinas diárias, juntos a multidão de pessoas, uns passando pelos outros. O que será que eu espero? Óbvio, eles e você, todos vocês me evitaram.

Mas mesmo assim, agora mesmo eu estou aqui!!!