The world is ours escrita por Toruna


Capítulo 2
Um dia inesperado




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– Toruna? Está aí? - Chamou-a uma voz atrás da porta de seu quarto.
Imediatamente levantou-se, séria e triste, recolocando a cadeira em seu lugar, arrumando os cabelos e saindo, sabendo quem estava esperando-a e para onde deveriam ir. Sim! Era o primeiro dia de aula na faculdade. Começava mais uma fase desconhecida na vida de Toruna. Não que achasse ruim, mas respirar novos ares, imaginar por um momento que aquilo poderia ser bom... era uma das possibilidades em sua mente. Mas, lá no fundo, sabia e entendia que não seria assim.
– Hai, hai, estou indo. - Respondeu. Enquanto abria a porta do quarto, um olhar fixava-se em seus olhos, como se o garoto soubesse o lugar exato onde poderia encontrá-los.
– Você está bem? - Perguntou.
– Estou, por que? - Ironizou.
– Mas que saco, Toruna. - Respondeu chateado com a expressão da amiga, pois muito já sabia de sua personalidade e dos porquês de suas diversas faces.
– HAI HAI HAI HAI - bradou apressadamente empurrando-o com o próprio corpo para fechar a porta do quarto. - Vamos logo.
– Mas que pressa é essa? - Olhou, virando-se para ela, um tanto brincalhão.
– Pressa? Watashi? Está de brincadeira comigo Kyoichi? HUEHUEHUEHUE - Gargalhou levemente, ironizando o garoto.
– Baka. - Sussurrou sem que a menina percebesse, soltando uma pequena risada adiante.

Enquanto iam descendo as escadas até a saída da casa de Setsuko Toruna, uma voz ecoou aos fundos, na cozinha.
– Já está indo, filha? Quer levar algo para comer, ou algum dinheiro? À propósito, Kyoichi está com você? Ele havia subido. - Perguntava sem nenhum intervalo, o que parecia ser que nem mesmo para respirar abria espaço entres as indagações, continuando, desta vez, gritou. - Está me ouvindo, Toruna? Hein?
– Oh Lord... - Falou baixinho, tão baixo que nem Kyoichi, mesmo tentando escutar, não o conseguiu. - EU SEI MÃE, EU JÁ ESCUTEI, OBRIGADA POR TUDO, EU TE AMO! - Gritou de volta. Aproximou-se da cozinha que ficava logo abaixo das escadarias e virou-se para ela. - Poderia me emprestar algum dinheiro? Vou comprar algo lá.
– Hai, hai, filha. Aqui está. Tome cuidado. Bons estudos.
– Hai, arigato! - Saiam os dois garotos rumo à faculdade.
Não era muito longe de onde os dois moravam, eram apenas quatro quarteirões da casa de Toruna. Sete da de Kyoichi. Eles iam calados por todo o trajeto, até que quando estavam prestes a chegar, Kyoichi arriscou uma quebra total do gelo.
– Diz aí, como acha que vai ser? - Olhando para o outro lado, com rabo de olho, um pouco corado e as mãos dentro dos bolsos, o que deixava-o com os ombros levantados junto ao corpo: esta era a expressão do rapaz.
– Eu acho que vai ser diferente.
– M-Mas é claro, baka. - Falou revoltado. - Não foi isso que perguntei.
– E que tipo de resposta você quer? Eu não acho que vai ter algo de especial. Mas... pode ser que um momento bom venha disso, né?
– Depende, eu não sei o que está pensando, mente pervertida.
– Sinceramente, de onde tirou isso? - Fitou-o maldosamente.
– De nenhum lugar. Imagino você assim. - Corou.
– B-BAKA, eu não sou assim. Eu só acho que você está lendo muita revista de mangá pornô. - Sarcástica, olhou-o com rabo de olho, querendo provocá-lo como vingança pelo que lhe havia dito. - Esta é minha resposta: você vai fazer amigos pervertidos e eles vão comprar mangás para maiores de idade e você vai ficar tão ERO que não vou te reconhecer. - E a cada palavra que Toruna pronunciava, Kyoichi espantava-se cada vez mais com o grau de vingança caída sobre ele, ficando totalmente inerte em seus próprios pensamentos insanos, querendo não estar ali ou, como último recurso, ter uma sombra para pôr-se sobre. Ou ainda, enfiar a cabeça embaixo da terra.
– S-S-Sua idiota! Eu-Eu não sou assim!
– Isso é o que você g-.. - Sendo interrompida pelo amigo, que dizia:
– PARE COM ISSO! E TAMBÉM, EU NÃO VOU FAZER NENHUM TIPO DE AMIGO. NÃO SUPORTO, NEM VOU DURAR DOIS DIAS. E, ALÉM DO MAIS, SOU UM DEPRIMIDO DA VIDA. - Frisou, com palavras firmes, mentindo sobre o último ponto.
– Sei, sei, eu entendi. - Sorriu maleficamente. - Sr. Deprimido da Vida, chegamos.
Realmente haviam chegado, e a conversa pareceu mais longa do que esperavam, apesar do pouco tempo que teriam do segundo quarteirão à faculdade.

Foi inesperado! Nunca haviam presenciado nada parecido com o que estavam vendo frente ao portão principal da Universidade de Tokyo. Mal podiam respirar, estavam boquiabertos com tamanha violência. E todos os alunos, que já estavam no local antes deles chegarem, contemplavam a mesma cena, que mais parecia de um filme. Era mais ou menos assim: um garoto ruivo, de olhos cor de fogo, tão vermelhos quanto o próprio cabelo, sangrava no canto da boca. Caído no chão, sendo ajudado pelos parceiros a levantar-se, estava outro garoto, agora mais machucado do que o primeiro. Estampava vários ematomas em seu rosto, o que conferia-lhe um visual daqueles de dar medo, que os adultos costumam ver na TV, nas lutas de gaiola. O que todos pensavam da cena? Provavelmente que estavam com muito medo para tentar passar por aquele portão. Nem mesmo olhar nos olhos do ruivo, que foi o que deixou o de cabelos castanhos caído no chão, eles queriam. Estavam aterrorizados. E uma questão pairava sobre todos: onde estavam o corpo docente, ou pelo menos o próprio diretor dali? Os seguranças e tudo e todos que deveriam estar ali para dar fim à este terrível cenário? Só sabiam que queriam sim passar, mas para dentro da sala e rezavam para que não ficassem na mesma classe que o estranho rapaz que havia espancado gravemente seu antagonista. O motivo, ninguém sabia, nem tinham ideia do que poderia ser, mas um coisa era certa... deveria ser algo muito grave.
– Vamos sair daqui. - Sussurrou Kyoichi, mas alto o suficiente para somente Toruna escutar.


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