Avalon's Guardians escrita por LordeCronos


Capítulo 5
Capítulo 5




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/326496/chapter/5

Quarta feira, sinceramente o pior dia da semana pra Vanessa. O mais torturante, para ser exato: Estava muito no intermédio entre o início da semana e o seu fim, e o simples fato de quarta existir era terrível. Bom, pelo menos ainda havia a Educação Física.

-Vamos lá, todos numa fileira aqui! E vocês ali! - Técnico falava, sua voz forte ecoando na imensa quadra. Vanessa posicionava-se na atacante do time de futebol feminino, enquanto os outros alunos apenas brincavam com a bola ou conversavam na arquibancada. Ela gostava muito desse esporte, pelo menos em alguma coisa ela se sentia boa. O técnico apitou, e o jogo começou.

O time ia bem, Vanessa conseguia esquivar-se com velocidade, mesmo sendo só um amistoso ela levava a sério. Então, ela se aproximou do gol. Conseguiu driblar a atacante do outro time, e com um simples chute, enfiou a bola dentro do gol! 
Ela comemorou com suas amigas e colegas do time, e foi seguindo assim até o final da aula. Após tomar banho, ela vestiu novamente a farda e foi colocar o uniforme de futebol na bolsa.

Então, ela as viu. Vanessa suspirou de raiva e exaustão ao ver as três garotas mais chatas e exibidas da sua sala vindo em direção ao time feminino. Brenda, Flávia e Julia, fúteis, magérrimas, nojentas, falsas, oferecidas... Enfim, totalmente o tipo de menina que Vanessa desprezava. Ela pensou em simplesmente ignorá-las mas...

-Olha amigas, elas fizeram um ótimo jogo hoje, né? - Julia comentou, a mais irritante e briguenta das três.
-É, né... Jogar futebol sabem, mas ser mulher ai é outra coisa. - Brenda falou, fazendo suas duas amigas rirem à beça ( risadas forçadas, é claro.)

Vanessa sentiu uma raiva tão grande inflar dentro de si, e se aproximou enquanto elas passavam.
-E desde quando ser piriguete significa ser mulher? - Vanessa perguntou, em alto e bom som, querendo que elas ouvissem e fossem vaiadas pela escola toda. Assim que fez a pergunta, as meninas do seu time fizeram sons de" Aee " e "Toma!"

-Rá! Piriguete, nós? Pelo menos a gente pega homem, meu bem. E vocês, com esse jeitão de quem gosta da outra fruta nunca vão pegar ninguém! - Brenda falou, balançando o cabelo enorme, que com certeza era uma enorme combinação de apliques e extensões. As outras meninas do time se calaram, e algumas delas xingaram as três baixinho, mas Vanessa não se deu por vencida. Se por argumentos elas não cederiam...

Ela começou a andar lentamente atrás delas, e depois ergueu o dedo, fazendo círculos discretamente com ele no ar. Na mesma hora, um vendaval vindo do nada começou a circular as três, que começaram ao gritar ao ver os cabelos ficarem todos assanhados e as roupas amarrotadas. Vanessa sorriu e passou por elas sossegadamente.
- Que foi? Acabou o dinheiro pra chapinha? - Ela perguntou. Ainda conseguiu ouvir Brenda e Julia grunirem, enquanto Flavia choramingava.

A aula de física já estava quase no fim, e pouquíssimas pessoas prestavam atenção. Vanessa ainda se esforçava um pouco, e só o que via ao seu lado nas últimas cadeiras eram alunos dormindo com os rostos enfurnados nas bolsas. Ela foi pegar um lápis no estojo dentro da bolsa e viu algo se mexendo dentro dela. Abriu com cuidado e viu... Sua fofinha pixie Lirali lhe olhava de dentro da bolsa com seus imensos olhos azuis.
- Cuidado com o meu cabelo, sua hipopótama! Odeio ficar com frizz! - Ela resmungou.
-Lirali, o que pensa que ta fazendo aqui?! - Vanessa perguntou sussurrando, esforçando-se para que ninguém a visse falando com a bolsa.
-Eu resolvi dormir aqui dentro, é escuro e bem confortante. Mas ficou dificil quando alguém começou a me levar de um lado pro outro nessa escola imensa! - Lirali exclamou.
-Shhh!! Fala baixo! - Vanessa sussurrou.
-Vanessa, o que você tem ai? - O professor Donny perguntou. Ela engoliu em seco. Agora todo mundo estava olhando pra ela, com a bolsa no colo bem perto do rosto. Precisava inventar uma mentira rápida!
-Eu? Nada, professor... - Vanessa falou.
-Jura? Não é o que parece! Por que você estava conversando com a bolsa, então? - Ele perguntou, guardando o pincel momentaneamente para ouvir a resposta dela. Vanessa começou a suar frio. E agora? Ela deu uma última olhada para a bolsa, pedindo que Lirali a ajudasse nessa. 
-Vamos, mostre! - O professor falou.
-Mas professor, eu não...
-Mostre! - Ela falou, num tom mais firme.
Sem jeito, Vanessa pôs a mão na bolsa e pegou Lirali pela cintura.
-Ei, ei, o que tá fazendo, sua louca? Me solta! - Lirali começou a exclamar. Assim que saiu da bolsa, Lirali ficou imóvel, imitando uma boneca. Vanessa a ergueu para que o professor e o resto da sala vissem. Alguns começaram a rir, e o professor Donny abriu um sorriso debochado.
-Bela boneca, Vanessa. Estava falando com ela?
-Err... Sim, ela... Fala. - Vanessa disse, apertando Lirali, fazendo-a falar.
-Ahn... Sua jegue!! - Lirali falou, numa voz robótica.
Todos os alunos riram a beça, da cara de Vanessa e da boneca esquisita que ela tinha. Ela olhou para os lados e viu todos lhe olhando e rindo, inclusive Brenda e suas amigas.
-Tem gente que não cresce mesmo, né? - Ela perguntou, e as amigas falaram um "É!" bem debochado. Vanessa ficou vermelha como um pimentão.
-OK, guarde a boneca e preste atenção na aula, sim? Muito bem, se um corpo celeste encontra-se a aproximadamente... - Donny falou, continuando a aula.
Vanessa jogou Lirali na bolsa e fechou o zíper. Ainda conseguiu ouvir a pixie reclamar de dentro, mas ela não ligou.

O resto do dia se passou como um borrão. Vanessa foi passando pelos corredores silenciosamente, enquanto ouvia alguns idiotas perguntando:
-Ei, cê brincar de médico também ou só de boneca?-
E saiam rindo, fazendo pouco da cara dela. 
Ela ficava com um ódio tão grande, tão insuportável, que sentia vontade de chorar de tanta raiva.

Foi andando para casa, e subiu até o seu andar sem pressa.
Tirou a chave do bolso e abriu a porta preguiçosamente, quando foi recebida pelo pai.
-Oi, meu amor. - Ele disse, dando aquele sorriso fofinho que deixava seus olhos rodeados de rugas.
-Oi, pai. - Ela falou, desanimada. 
-Ei, tem dois jovens ai que chegaram perguntando por você! Estão na sala- Ele falou. Vanessa fez uma cara de confusa. Foi para a sala sem deixar a bolsa na mesa e...

-Nessaaaa!! - Ela ouviu sua prima Astrid gritar, com sua voz fina e melodiosa. Ela e Aristelin estavam na sala de estar, juntos no sofá, e se levantaram de supetão. Ela vestia um lindo vestidinho cor de rosa e tinha os longos cabelos loiros-claros em uma trança enorme. Já Aristelin estava um gato com camisa polo azul e calça jeans folgada. 
-Gente! Mas... O que... Como?! - Vanessa não conseguiu falar direito, de tão chocada e ao mesmo tempo feliz de vê-los ali.

-Pensamos em fazer uma visitinha básica! - Astrid falou.
-É, queríamos ver se o lugar onde você mora é digno de uma princesa. - Aris falou, sorrindo.
-Ai, vocês são um barato... Vem, vamos lá pro meu quarto.
-Um momento ai! - Vanessa ouviu seu pai falar, de dentro da cozinha. Ele apareceu na sala, tentando fazer cara de pai raivoso.- Vocês vão pro seu quarto? Os três ? Duas meninas e um MENINO?
Ele fez questão de dar enfase no fato de Aristelin ser um garoto.
-Ah pai, me poupa, ele não é esse tipo de cara. Né, Aris? - Vanessa falou, e olhou para seu amigo tritão em seguida.
-Não. Pode confiar em mim, senhor. Tem palavra de tri...
Antes que ele falasse a palavra com T, Vanessa o olhou e fez um "Não! Não!" silencioso.
-Palavra de...?
-Palavra de... Estudante Treinado! É, na minha escola eu sou treinado em educação física básica e avançada! - Aris falou, simpático.
-Hmm... Qual o nome dessa escola? - O pai de Vanessa quis saber.
-Err... - Aris olhou para Astrid e Vanessa, pedindo ajuda - É na...
-É numa escola militar ai, dessas que um monte de garotos ficam se agachando, ui, ui! - Astrid falou, pondo a cabeça no ombro de Aris. - Agora licença, tio!
-Tio? - O pai de Vanessa perguntou.
-É, pai! Todo mundo fala isso. Agora, tchau! - Vanessa falou, fechando a porta do quarto na cara dele.

Os três entraram e se sentaram na cama, suspirando aliviados.
-Essa foi por pouco. - Aris falou.
-Ai, que quarto fofinho! - Astrid falou, começando a olhar as prateleiras, armário, banheiro.
-Astrid, deixa de ser tão xereta! - Aris resmungou.
-Ah, se aquieta, seu bacalhau! Olha só, que coisa linda esses desenhos! - Ela falou, olhando uns desenhos no mural que Vanessa tinha posto alguns dias antes. Todos eram desenhos que ela fizera quando pequena e literalmenet TODOS tinham desenhos de fadas.
-Nossa, quando achei esses desenhos fiquei espantada! Eu não me lembro de ser tão obcecada por fadas assim quando pequena! - Vanessa falou.
-Talvez alguém queria que você esquecesse disso. - Aris falou. Ela ficou calada, ponderando o que ele havia dito. E se sua mãe tivesse feito tudo aquilo? E se ela tivesse feito Vanessa se esquecer de tudo o que sentia sobre fadas e magia, precisamente para que ela nunca a procurasse?

-Gente, preciso perguntar uma coisa. - Vanessa falou. Astrid ajoelhou-se no tapete do quarto e Aris se aproximou, os dois atentos ao que ela estava disposta a perguntar. Vanessa já tinha a pergunta na ponta da língua, quando eles ouvirma um barulho vindo da mochila. 
-Ai, ai... - Vanessa se esticou até ela e puxou o zíper, liberando Lirali, que saiu esbaforada e de olhos esbugalhados.

-Tá querendo me matar, é, sua louca! Eu, sua própria pixie?! - Lirali exclamou. - Pois saiba que eu quase sufoco dentro dessa joça que você chama de... Aaahh!! Ariiiiis!!
Lirali mudou completamente de expressão e voou velozmente até Aristelin, fazendo-o cair deitado na cama. A pixie beijava a bochecha do tritão incessantemente.
-Também é bom te ver, Lirali... - Ele falou, constrangido.
Astrid e Vanessa começaram a rir da situação. Depois, quando Aris já estava sufocando, Vanessa pegou Lirali no colo, que ainda reclamava baixinho.

-Então, continuando... Eu queria perguntar: Como faço pra conhecer a minha mãe? Ainda não tive a chance de vê-la! - Ela falou. Astrid e Aris se entreolharam e sorriram.
- A gente pode ajudar, prima! - Astrid falou, sorrindo.
-Nós meio que sabiamos que você iria pedir algo do tipo. - Aris disse.
-Então, trouxemos esse mapa de Avalon. - Astrid falou. Vanessa pegou o papel amarelado e viu o tamanho da terra em que sua mãe morava. O papel desdobrou e quase tocou o chão, de tão grande que era.
-Meu Deus, isso é quase...
-É um planeta, querida! Esperava o quê? - Astrid perguntou, piscando.
-Então é isso. A gente almoça e depois vai. Vocês gostam de macarronada? - Vanessa perguntou.
-Macarronada? - Astrid perguntou.
-O que é macarronada? - Aris perguntou.
-Ah, vai gente... Macarronada!

Depois do almoço, muito satisfatório por sinal, os três voltaram ao quarto de Vanessa. 
-Ok, eu acho que vou precisar levar meus tênis, caso tenhamos que correr, minha calça caqui, minha jaque... Ah, não! - Vanessa começou, mas se desanimou.
-Qual o problema? - Astrid perguntou.
-Eu lembrei que tenho uma lição de casa enorme de Física! E meu pai não vai me deixar sair sem terminar. - Vanessa falou.
-Deixa eu ver. - Aris pediu. Ela lhe deu seu caderno. O tritão riu. - Isso é muito fácil! Vetores... Aprendi isso na quinta série!
-Err... Então, você pode fazer pra mim, por favor? - Vanessa pediu. Aris pegou o lápis ansioso e foi fazendo as questões do exercício como uma criança pinta desenhos em branco.
-Nossa! Ele sabe mesmo! - Vanessa se espantou.
-É, sempre que me passam tarefa de casa eu peço ajuda dele. Mas só quando realmente nescessito. - Astrid falou.
-Ou seja, sempre. - Aris falou, com os olhos fixos no exercício.
-Ai, seu bobo, para com isso! - Astrid disse, rindo.
Um minuto depois, ele entregou o caderno.
-Muito obrigada, sério! - Vanessa falou.
-De nada! Mas não se acostuma, fazer lição de casa é importante pra vida.- Aris falou.
-Ai, tá tá tá, vamos logo com isso! Avisa ao seu pai que vamos sair!- Astrid disse, ajeitando os cabelos.

-Pai, nós vamos dar uma saída! - Vanessa falou.
-Você não tem lição de casa não, Vanessa? - Seu pai perguntou.
-Ah, sim. Mas já fiz. É fichinha, vetores! Eles dois me ajudaram. Pode olhar, em cima da cama. - Ela falou.
-Aonde vocês vão? 
-Só dar uma volta, tio! A gente queria conhecer esse bairro, é tão bonito! - Astrid falou, dando piscadinhas.
-Certo... Cuide delas viu, err... - O pai dela falou, apontando para Aris.
-Aristelin. - O tritão respondeu. 
-Saúde. - O pai disse. - Cuide bem delas.
Astrid e Vanessa começaram a rir e Aris fez cara de bravo.

Quando eles já haviam descido até uma parte escondida do pátio, Vanessa ergueu a mão e criou uma fumaça azul fina, e moldou uma porta com ela. Abriu o trinco de fumaça e os três foram transportados para Avalon.

Porém, ao olharem ao redor, no lugar onde tinham saído, perceberam que não havia a linda grama macia e verde no chão, nem as árvores grandes e majestosas, nem mesmo o céu azul. Haviam árvores, sim, mas eram altas, tortas e pareciam pessoas empalhadas na madeira. O chão era repleto de ervas daninhas mortas, e havia um forte cheiro de enxofre em todo lugar.

-Isso é... Avalon? - Vanessa perguntou.
-Acho que chegamos a uma parte bem distante. - Aris falou.
-Argh, como alguém pode morar aqui? Um cemitério seria mais agradável!- Astrid falou.
-Vocês sabem onde estamos? - Vanessa perguntou.
-Não, nunca vim até aqui. E tô vendo agora o porquê! - Astrid falou, tossindo com o cheiro de enxofre.
-Eu não reconheço nada aqui, só... - Aris olhou pro lado e viu que ao longe corria um rio. Um rio que jazia sujo e coberto de lodo e troncos de árvores.- Ah não!
- O que foi, Aris? - Astrid perguntou.
-Nós temos que sair daqui! Abre um portal para a Terra, rápido!!- O tritão falou, apreensivo.
-Espera, mas o que tem de errado com esse...
Antes que Vanessa terminasse de ouvir a pergunta, sentiu o chão tremer atrás de si. Astrid e Aris olharam para trás dela com cara de pavor. Vanessa se virou e se deparou com um imenso monstro, algo parecido com um homem, mas com a pele cinzenta, ressecada e cheia de varizes.
-Ogros!!- Aris gritou. Os três tentaram correr, mas outro ogro surgiu na frente deles, e mais outro por entre as árvores. Estavam encurralados.

CONTINUA


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Avalon's Guardians" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.