“Sou como você me vê.

Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania.

Depende de quando você me vê passar.”

Clarice Lispector

Lílian estava almoçando tranquilamente na mesa da grifinória após dois tempos extremamente entediante de História da Magia. Ela observava a tapeçaria que sempre ficara atrás da mesa da grifinória. Era linda, de um vermelho vivo com um leão dourado bordado caprichosamente no centro.

Enquanto a garota distraída admirava a beleza da tapeçaria, sua visão foi impedida por um rosto bem familiar.

Um garoto com ar rebelde, olhos azul-acinzentado como o mar quando está de ressaca, cabelos pretos e anelados na altura do ombro. Sirius Black.

Lílian olhou para o lado e viu que Tiago Potter se sentara ao seu lado. Remo Lupin estava sentado ao lado de Tiago, enfiado atrás de um livro. Pedro Pettigrew estava sentado ao lado de Sirius e sem perder tempo já estava lotado o prato com toda comida que via a frente.

A raiva queimou no sangue de Lílian.

– O que vocês pensam que estão fazendo? – perguntou Lílian olhando com raiva para Tiago que parecia ter achado algo muito interessante em suas batatas. Mas quem respondeu foi Sirius.

– Almoçando. Sabe cara Pimentinha, eu hoje acordei e pensei... – mas ele foi interrompido pelo comentário irônico de Lílian.

– Uau! Você pensa Black? Achei que o seu nível de deficiência mental não permitisse que você fizesse esse tipo de coisa. – ela disse com um sorriso irônico. Tiago engasgou com o suco, provavelmente reprimindo uma risada, no que Remo teve que dar tapinhas em suas costas.

Sirius fez uma careta e continuou como se Lílian não o tivesse interrompido.

­– E pensei: “Nossa, estou com uma vontade de almoçar em baixo da tapeçaria da grifinória hoje!” Sabe Pimentinha é que eu fico ainda mais lindo, se é que isso é possível, com o leão da grifinória ao fundo. – ele terminou dizendo isso em tom de confidência. Tiago revirou os olhos, Remo pigarreou se concentrando ainda mais em seu livro. Lílian ficou vermelha de raiva. – Não vejo mal nisso. – ele disse dando de ombros.

Quando Lílian ficava muito nervosa ela contava de cinco ao um e nesse momento foi isso que ela começou a fazer. Ela respirou fundo, fechou os olhos e começou a contar lentamente. Os garotos a olharam como se ela fosse louca.

– 5... 4...3... 2... 1. – respirou fundo de novo e quando abriu os olhos olhou de forma ameaçadora para Sirius e disse:
– Sabe Black...
– NÃO, me chame por esse nome! – Sirius a interrompeu Lílian lhe lançou um olhar assassino por ela a ter interrompido.

– Sabe Black, esta vendo como a mesa da grifinória é grande? – ela fez um gesto como que para provar que o que falava era verdade.

– Realmente Pimentinha, é muito grande. – disse ele olhando a mesa como que pela primeira vez desde que na escola, Remo lançou olhar de repreensão para ele.

Lílian sorriu para Sirius e prosseguiu.

– Black, está vendo o tanto de lugares vazios na mesa? – ela disse com uma calma ameaçadora.

Ele olhou novamente e disse:

– Realmente, sabe que eu ainda não tinha reparado? – ele disse debochado.

– Tenho certeza de que não. Mas, agora que você já viu... Por Morgana, saia daqui ou eu juro que vou lançar uma azaração pra te deixar tão feio que menina nenhuma vai querer ficar com você! – ela disse entre os dentes.

– A me desculpe Pimentinha não sabia que você gostava tanto de se sentar aqui. – ele disse com ar de inocência.

– É mesmo Black? Eu me sento neste lugar desde o primeiro ano! – ela disse com a voz alterada quase gritando.

– Ah! Mil perdões querida Pimentinha, não pensei que a nossa estada aqui fosse criar algum tipo de desconforto para você. – ele disse pomposamente, numa tentativa clara de provocá-la. – e se eu soubesse que você gostava tanto de sentar aqui, eu... Bem, eu teria me sentado aqui mais vezes. – ele sorriu debochado.

Uma garota da corvinal estava passando pela mesa da grifinória neste momento, Lílian se levantou e a parou dizendo:
– Ah, querida, meus pêsames. – e abraçou a garota que confusa retribuiu o abraço. Os marotos olharam para Lílian como se ela fosse louca.

Lílian se separou da garota, passou as mãos no cabelo da menina de forma consoladora e se sentou novamente de cabeça baixa e começou a brincar com a comida.

– Lílian? V Remo perguntou cauteloso com medo da reação dela.

– Hum? – respondeu Lílian ainda de cabeça baixa.

– Quem morreu? – Remo tornou a perguntar solidário à garota.

Ela levantou a cabeça e sorriu de forma sinistra.

– Ah, Remo, você não ficou sabendo da novidade? – ela perguntou empolgada.

– Não! – ele respondeu assustado.

– Agora só vão ter três marotos em Hogwarts. – os garotos arregalaram os olhos. – Sabe por quê? – ela fez teatral em que os garotos fizeram não com a cabeça. A voz de Lílian era tão doce e inocente que causou arrepios na espinha de quem ouvia. – Porque EU VOU MATAR ESSE DESGRAÇADO! – ela terminou a fala gritando e avançou para cima de Sirius. O garoto deu pulo fugindo do alcance das mãos da garota. Tiago segurou Lílian antes que ela realmente matasse o seu melhor amigo.

– ME SOLTA! ME SOLTA! EU QUERO MATAR ELE! – ela gritava e se debatia, mas Tiago a segurava com firmeza. – ME SOLTA! Me deixa matar ele! – ela disse quase implorando.

A professora McGonagall vendo a confusão, veio ver o que estava acontecendo.

– Mas o que... Srta. Evans... –a professora começou, mas foi interrompida por Lílian.

– O QUE É? – Lílian gritou, mas quando viu que era a professora ficou paralisada. – Ah, me desculpe professora, não vi que era a senhora... Eu... Desculpe-me... Eu – Lílian gaguejou, mas ela se calou com um olhar da professora.

– Srta. Evans controle-se! Eu quero ouvir mais nenhum grito da senhorita hoje, está me ouvindo?

– Sim, professora. –ela disse amuada.

– Eu não quero ter que por a monitora-chefe, que inclusive deveria dar exemplo, de detenção. – e saiu resmungando. – Por Merlim, será que não podemos ter ao menos um almoço sossegado?

Lílian estreitou os olhos para Sirius como se dissesse: “A culpa é toda sua.” Foi então que ela percebeu que Tiago ainda a segurava e agora que ela não estava mais se debatendo mais parecia que os dois estavam abraçados. Ela corou e tentou se desvencilhar dele, mais ele mais o maroto a seguro firme para que ela não conseguisse se soltar.

– Me solte Potter. – ela disse constrangida. Ele a olhou desconfiado em dúvida se ela ainda tentaria bater em Sirius. – Eu não vou tentar matar ele, eu prometo. – ele então a soltou. – Pelo menos não agora. – ela disse baixinho e Tiago segurou o riso.

Depois de alguns minutos Sirius considerou seguro voltar à mesa, mas continuou olhando para ela desconfiado, Lílian revirou os olhos.

– O que você pensa que está fazendo? – Lílian disse pela segunda vez no almoço. – Será que você ainda não percebeu que eu não quero você sentado perto de mim? – ela perguntou irritada.

Sirius sorriu marotamente não resistindo à chance de irritá-la mais uma vez disse:

– Sabe cara Pimentinha... Está vendo como a mesa da grifinória é grande? – ele perguntou imitando o gesto que ela tinha feito há poucos minutos.

Lílian sentiu seu rosto esquentar sinal que estava corando, mas desta vez de raiva. Remo revirou os olhos, Tiago balançou a cabeça e Pedro continuou comendo. Sirius prosseguiu:

– Está vendo quantos lugares vazios esta mesa possui? – ele disse levantando uma das sobrancelhas.

Lílian tremia de raiva enquanto encarava o Maroto. Tiago olhou assustado para ela, ele nunca a tinha visto com tanta raiva. Lançou um olhar alarmante para Sirius que apenas sorriu.

– Então me diga minha cara Pimentinha... Porque você tinha que se sentar justo neste lugar? – ele terminou com um sorriso provocativo nos lábios.

A respiração dela estava acelerada, ela tremia e seu rosto estava vermelho tamanha era a raiva da garota.

Lílian considerava um desaforo ter que mudar de lugar só porque o “idiota do Black” queria se sentar no lugar que ela gostava de ficar apenas para irritá-la.

– Estou pensando em sentar aqui a partir de hoje. O que a partir de hoje. O que acha Pontos? – ele continuou sem esperar uma resposta. – Não sei não, mas, gosto muito deste lugar. – ele disse piscando para Lílian.

Lílian estava se preparando para berrar com ele mandando ele dá o fora dali quando Maria chegou, ela se sentou ao lado de Lílian e cumprimentou os companheiros de casa animada;

– Eiii meninos, tudo bem? – ela disse alegremente para os marotos, – Ei Lily! – ela olhou para a amiga e ficou assustada. – Ta tudo bem com você Lils? – Maria perguntou alarmada.

Lílian segurava o garfo de forma que parecia que sua intenção era enfiá-lo no pescoço de Sirius, e era as juntas dos dedos da garota estavam brancas de tão forte que ela apertava o garfo, tinha uma expressão assassina no rosto. Sirius, entretanto, continuava com sua postura folgada e o sorriso debochado estampado no rosto.

Os segundos se arrastavam e Maria ainda não tinha conseguido uma resposta da ruiva. A raiva dela aumentava cada vez mais. Até que chegou ao auge.

– Lily, você ta be...

Maria foi interrompida quando todos os vidros do salão se quebraram, desde jarras e taças até o vidro das janelas. Maria soltou um gritinho assustada, até Sirius pestanejou, seu sorriso irônico dando lugar uma expressão de espanto.

Lílian se levantou da mesa e saiu do salão pisando duro, ainda furiosa. Os murmúrios tomaram conta do salão.

– O que aconteceu? – perguntou Maria assustada.

– O Almofadinhas provocou a Lílian. – disse Remo dando de ombros.

Tiago tinha uma expressão concentrada e ainda olhava as portas do salão quando uma viu uma figura alta e magra sair do salão.

– Eu não fiz nada minha cara MM’s, e não olha assim pra mim Pontas eu não tenho culpa se a sua ruivinha é esquentadinha.

– Você não tem jeito mesmo Sirius. – disse Maria balançando a cabeça e sorrindo. Então Remo começou a contas os detalhes do que havia acontecido a Maria que começou a rir juntamente com os marotos menos Tiago que continuava com uma expressão preocupada e pensativa.

Enquanto isso...

Lílian Evans seguia por um corredor sem saber muito bem para onde ia, a raiva ainda a dominava e o seu corpo ainda estava tomado pela adrenalina que a possuiu no momento em que quebrou os vidros do salão.

Ela percebeu que alguém a seguia, e se essa pessoa não fosse Maria sofreria as consequências.

– Lily, será que eu poso falar AAGRRH! – era Severo Snape, seu ex melhor amigo, Mas o garoto foi interrompido por Lílian que tinha lançado o feitiço Levicorpus em Snape.

– Não, não pode Snape, e é Evans pra você. – ela disse nervosa. Lílian virou as costas e continuou andando.

Depois de alguns minutos andando ela parou derrepente, tomando consciência de seus atos e ficou espantada consigo mesma. Mas depois começou a gargalhar lembrando-se da expressão horrorizada de todos, principalmente de Sirius e de ter conseguido fazer magia sem utilizar a varinha.

Sorrindo consigo mesma seguiu para a próxima aula feitiços.

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