Um casal incomum anda pelas ruas desertas. Já passam da meia-noite, mas um brilho suave emana da brancura surreal dos dois seres mais perfeitos do lugar. Eles não falam muito, apenas andam. Não há tensão no ar, nem mesmo ansiedade. Tudo está calmo e tênue. Quase como se a vida não encontrasse tempestades, ou morte.

Um parque cheio de árvores é um bom lugar para um encontro secreto, mesmo que eles saibam que ninguém pode vê-los agora. Ninguém procura por eles. Ninguém se importa, pois a beleza ainda é maldição nesses tempos. 

Ela se encosta numa árvore antiga, enquanto ele se mantém como uma estátua de frente para ela. Alice não quer dizer nada, mas ele é ainda mais bonito de perto, a apenas um palmo de distância. Ele se recusa a dar a primeira palavra, mas é difícil não contar a ela que acha bela como um anjo. Não que ele acredite em anjos.

Minutos, talvez horas se passam antes que ela lhe dirija a palavra. Mas quando ela o faz, é como um deja vu para Jasper.

- Você acredita em mim? 

- Por que acreditaria?

- Porque estou aqui por você. Somos parte de algo maior, duas metades que agora se unem. Pode sentir, não pode?

- Se pudesse, o que eu faria então? - Jasper tem um olhar vermelho e brilhante, mas ela não se importa, estão no lugar certo e no momento certo.

- Você faria algo impróprio, mas não neste tempo. Hoje você apenas me ouve e confia em mim.

Ele está perdido. Precisa dela e decide ouvi-la antes de ir. Ele não planeja ficar, mas uma dúvida lhe assola, fazendo com que espere e ouça. Apenas ouça.