“Querida amiga,

Depois de ter te escrito, eu fui dormir, pois teria aula no dia seguinte e fazia tempo que eu não ia, por causa da minha estadia no hospital. Enfim, tive que ir ao consultório também. Mas te contarei tudo desde quando eu acordei. [...]”

Acordei com muita preguiça. Isso é possível? Troquei-me de roupa rápido, fiz minha higiene pessoal. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo alto e fui caminhando lentamente até a escola.

(...)

Chegando lá. Foi um caralho todos as aulas, realmente. Eu não aguento mais aquela escola. No intervalo, para variar, fiquei sozinha.

Assim, foi o resto das aulas: eu sozinha.

Ao bater o sinal da ultima aula, guardei minhas coisas rápido e fui correndo sair para ir ao consultório do Oliver, mas a professora me impediu.

– Caroline Jones. Pode esperar um pouco.

– Não, tenho que ir.

– Por favor, sente-se, não vai demorar.

– Tá. – disse, revirando os olhos.

Sentei-me e ela começou:

– Vi que você faltou cinco dias seguidos. Perdeu muita matéria. Provas.

– Eu sei. Estava numa confortável estadia no hospital. – disse irônica.

– O que aconteceu com você Caroline? Você era uma ótima aluna. Desde a morte de Kristin...

– SABE O QUE ACONTECEU? KRISTIN ME DEIXOU, MINHA ÚNICA AMIGA. O RESTO DESSA PORRA DESSA ESCOLA SÓ SABE ZOMBAR DE MIM. VOCÊ ACHA QUE EU ME SINTO BEM? ACHO QUE SÓ ESTÁ ACONTECENDO COISAS BOAS COMIGO? NÃO, NÃO ESTÁ. AGORA SE ME DER LICENÇA, A LOUCA AQUI, COMO TODOS DESSA MALDITA ESCOLA ME CHAMA, TEM UM CONSULTA COM UM PSICÓLOGO. – aumentei mais ainda o tom no “psicólogo".

Sai correndo e chorando. Eu não aguento mais.

(...)

Cheguei ao consultório ainda chorando. Disse meu nome para a recepcionista e ela disse:

– Ele está atendendo uma paciente. Em seguida, é você. Quando ela sair você já pode entrar.

– Ok! – disse tentando parar de chorar.

Sentei-me ao lado de um menino muito bonito. Não sentei de propósito. Estava chorando ainda e nem reparei nele. E também era a única cadeira sobrando.

– Por que está chorando, minha princesa? – disse o menino com um suave sotaque britânico.

– Por acaso você é o Dr. Oliver? Não, então, tá. – disse rude e virei a cara.

– Sinto muito. – disse o menino olhando para o chão.

Senti mal por isso. Estou passando por muito mal e não consigo ser legal... Sei lá. Só o Oliver me ajuda.

– Me desculpa, eu não sou uma pessoa legal. Estou mal a anos. Só o Dr. me ajuda. Aliás, meu nome é Caroline. Caroline Jones. – estendi a mão

– Tudo bem, eu te entendo. Me chamo Andrew. Andrew Thomas. Prazer conhecer-te.

– O prazer é todo meu! Me diz... ou não. Porque está aqui? Você não parece ser o tipo de garoto com problemas.

– Não pareço, mas problemas é o que eu mais tenho.

Hm, engraçado, então somos dois.

– Perdi minha família em um acidente de carro. Fui o único sobrevivente. – ele continuou. – Atualmente, moro com meus avós.

– Meus pêsames. – disse olhando para baixo lembrando da Kristin.

Comecei a chorar e ele viu.

– Você também perdeu seus pais?

– Mais ou menos. – ri pelo nariz ainda chorando.

– Como assim? – ele disse em um toque divertido e confuso

– Meus pais biológicos, me deixaram, eu acho. Aí, atualmente, moro com duas pessoas que se passaram por meus pais durante 16 anos. E eu perdi minha melhor amiga. A única amiga. Aquela que sempre me ajuda quando eu mais precisava. Estou aqui por isso.

– Oh, sinto muito.

– Tudo bem. – vi a mulher saindo. – Tenho que ir. Minha consulta será agora.

– Ok, a minha é depois da sua. Eu gosto de ficar aqui. Me faz melhor. Ar puro. – ele sorriu.

Seu sorriso era lindo. Ele era loiro. Tinha os olhos castanhos. Pela camisa polo azul escura que ele vestia dava para ver que era um pouco forte. E era muito cheiroso.

Entrei na sala do Oliver. Fechei a porta rápida e sorri ao lembrar da imagem de Andrew.

– Ih, que carinha é essa dona Caroline?

– Nada. Eu hein. Tá me estranhando, gostosão?

– Fala baixo, estou em trabalho.

– Ui, desculpa.

– Pronta?

– Pra dormir uma hora aqui? Com certeza!

– É claro... que não. Vamos. Temos muito para conversar.

– É eu sei. – disse me perdendo nos olhos do Oliver.

Ah, será possível eu estar afim do Oliver? Ou até mesmo amando-o? NÃO, É CLARO QUE NÃO.

Lembrei-me de Ashley. Ela é tão perfeita. Me faz sorrir sempre que a vejo.

Meu deus, o que está acontecendo comigo.

– Car, acorda. Sente-se.

– Calma. – disse me sentando.

Ele começou com as perguntas e eu respondia todas com toda a sinceridade do mundo. Não tinha muito o que falar. Ele sabia de quase tudo já.

(...)

Passou-se 40 minutos. Estava quase acabando quando ele fez a ultima pergunta. Sim, seria a ultima porque ia dar num belo discurso.

– Você está, atualmente, apaixonada? – ele disse abaixando a cabeça.

– Olha, eu não sei. Acho que estou com problemas com a minha sexualidade.

– Como assim?

– Olha, eu vou ser bem curta e rápida. – disse sentando naquela confortável caminha, ou seja lá o que for. – Quando estou com a Ashley eu sinto coisas inexplicáveis. E quando estou com você, sinto as mesmas coisas.

– Car...

– Tá, eu sei. Não, não sei. Isso é tão diferente. Nunca aconteceu isso comigo.

– Car, eu sei o que são essas “coisas”. – ele disse fazendo aspas no coisas. – E eu também sinto o mesmo por você... E pela Ash. Conversei com ela a um tempo. Ela disse que me amava.

– Sejam felizes estão. – disse levantando-me

– Não, espera. Eu tenho uma solução...

– Qual?

Ele sorriu com malicia. Eu acho que tinha entendido o que ele queria.

– Menage a trois?

– Eureca! – ele disse rindo. – Bom acabou o nosso horário, nos vemos outro dia! Minha.

– Sua? Não sei... – sorri e sai da sala.

Andrew ainda estava esperando, agora ele lia uma revista.

– Ei Andrew, sua vez. – disse sorrindo. – Mas, espera. Passa seu numero? Você é um garoto legal. Precisarei de sua ajuda.

Ele sorriu e passou o numero. Sai do consultório toda feliz. Não sei o porquê.

“[...] Voltei para minha querida casa, só que não. E aqui estou eu, escrevendo para ti. Agora, vou descansar. Talvez te escreva amanhã, ou hoje ainda não sei. Tchau meu anjo.”