Blue Cookies escrita por thirlwall


Capítulo 1
capítulo único




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– Percy.

– Não.

– Percy.

–  Não.

– Perseu Jackson, é melhor você vir agora, ou eu vou te arrastar pelas drogas das algas da sua cabeça.

Percy grunhiu com a delicadeza tão característica de Thalia. Mas, por favor, que tipo de garoto gosta de ser visto entrando em uma floricultura? Não este aqui, muito obrigado. Porém, os olhos tempestuosos da filha de Zeus diziam que ele não teria escolha.

Tudo bem, talvez Percy fosse quem a filha de Zeus mais pudesse chamar de amigo no Acampamento. Mas ela tinha pessoas mais próximas. Provavelmente, ela faria esse tipo de coisa com Luke… Agora ela poderia chamar uma das Caçadoras. Ou Annabeth. A loira estava no Olimpo, supervisionando pessoalmente a reforma do templo de Ártemis. Como a deusa queria também participar na obra, ela mandou suas Caçadoras para o Acampamento Meio-Sangue, e, bum, Percy acabou numa floricultura. Ele não negaria um favor a Thalia, no entanto. Ela era legal. Mas também o estrangularia, então…

Então havia a dor nos olhos de Thalia. Ela perdera Luke recentemente. Percy, porém, achava que tinha algo a ver com algo que ela dissera anos atrás. Sua mãe morrera num acidente de carro… Talvez fosse aniversário da morte dela ou algo assim. Talvez fosse a vez de a avó de Thalia encontrar seu caminho para o Elísio. Percy não era burro nem sem coração, e não negaria esse favor a ela.

Um sininho acima da porta tilintou quando Thalia a abriu. Era um lugar não muito longe do Acampamento. Pequeno, mas aconchegante. Cheirava àquelas flores que Annabeth gostava… Rosas. Percy percebeu várias delas, brancas, rosas, vermelhas e duas azuis. (Ele guardaria referência. Azuis. Annabeth gostaria.) Ele também percebeu todos aqueles temperos de cozinha. Manjericão, alecrim e etc… Sua mãe saberia nomear todos. O lugar era abarrotado de plantas e flores de todos os tamanhos e tipos e cores, e, embora Percy não gostasse muito de admitir, era extremamente bonito.

Uma das flores congelou Percy em seu andar. Era uma florzinha simples, pequena, de pétalas caídas… E prateada.

– Oi! Posso ajudar? – Uma voz tremendamente familiar soou detrás deles, do balcão. E Percy virou-se para encontrar a dona do timbre, seu maior e se. Calipso não mudara nada. Olhos amendoados, cabelos cor de canela, caindo trançados sobre seu ombro direito.Ela usava jeans e uma camiseta de flanela com um avental, com bolsos repletos de pazinhas e instrumentos de jardim.

É, ela ainda era linda.

Calipso pareceu reconhecê-lo. Seus olhos ficaram brilhantes, parte por estar feliz, talvez, mas parte pelas lágrimas que os encobriram. Como o bom filho de Poseidon que era, Percy ficou ali parado, mudo. Thalia olhou da garota para Percy, e de Percy para ela de novo. Talvez Calipso não quisesse ninguém perguntando, pois forçou um sorriso para Thalia.

– Sou Calipso. Procurando algo especial? Alguma data?

Thalia moveu-se, parecendo desconfortável. – É. Você conhece o Percy?

Calipso assentiu e disfarçou. – Okay, venha comigo até os fundos. Tenho buquês lindos lá atrás, você vai adorá-los.

 Assim foram-se as duas. Percy puxou uma cadeira. Como Calipso podia estar todo esse tempo tão perto do Acampamento? Ele se lembrou que ela mesma era uma semideusa  – ou semi-titã, no caso – e que podia também precisar de proteção. Percy tinha certeza do que sentia por Annabeth, mas Calipso era Calipso. Ele só esperava que ela ainda o considerasse como amigo.

Percy estendeu a mão e arrancou uma florzinha do ramo de enlances lunares. Girou-a na mão, observando o brilho que emitia na luz fraca da tarde.

– Você o fez? –  A voz de Calipso voltou, fazendo Percy pular.

– Érm… Fiz o que?

– O jardim, lerdinho. Você o plantou? Você prometeu. – Ela disse, de braços cruzados, pulando o balcão e indo de encontro a Percy.

– Sim, ah… Minha mãe plantou lá em casa. Ainda está vivo. Quase do tamanho do seu.

Ela deu um sorrisinho, puxando outra cadeira e sentando-se, ao lado de Percy. Era engraçado, pois ela estava vestida com roupas normais, mas não parecia nem um pouco menos incrível desde dois anos atrás, quando Percy a encontrara em Ogígia.

– O que tem feito desde… Você sabe…? – Percy soltou. Calipso baixou a cabeça.

– Eu fiquei em Ogígia depois que você saiu, claro. Eu soube da guerra logo depois. Eu… Eu fiquei louca de preocupação. Achei que fosse morrer, pois sabia da profecia. E então, quando os deuses ganharam, Hermes apareceu e disse que eu estava livre. Ainda seria imortal, porém livre.  – Ela pausou, fungou e continuou. – Deixei Ogígia com relutância, porém Deméter e Perséfone, assim como algumas ninfas, cuidam de lá para mim. Ainda posso voltar quando quero, mas gosto daqui. – Percy assentiu. – Eu vi meu pai.

– Sério? – Percy se lembrou do último encontro com ele. Bianca, Zoë, Annabeth carregando o céu, ele sentindo o estranho tato das nuvens em seus ombros… Estremeceu.

– É… Você sabe, toda aquela coisa de amor, blá blá blá, você me traiu, blá blá blá. Eu mandei ele ir caçar passarinhos no Tártaro. – Ela sorriu, e Percy riu de verdade.

– Então você não me odeia? – Faziam dois anos que Percy queria perguntar isso a ela. Ele não gostara de partir o coração daquela garota tão doce. Ela olhou para suas botas sujas de terra.

– Eu acho que não sou capaz de te odiar, Percy.

Percy pensou naquilo por alguns segundos, e não percebeu que ela tinha a intenção de continuar.

– Sabe, eu obviamente queria que você ficasse lá em Ogígia, comigo. Mas, sinceramente, eu fiquei orgulhosa por você ter ficado ao lado do que acreditava… De quem acreditava. Eu só chorei quando você estava bem longe.

 Ele fez menção de interromper, mas ela sacudiu a cabeça. – Não, deixe-me falar. Não parece mais certo assim, Percy? Você ainda é o herói que conheci, queimado e meio morto, na praia lá em Ogígia, mas me parece que cuidar desse lugar, com minhas plantas e um cachorro nos fundos, é certo para mim. E você, Percy? Não sente que o Acampamento é seu lugar?

Sim, ele sentia isso. Mas ali, conversando tão facilmente com Calipso… Ele também achava aquela sensação certa.

Percy ficou atônito. Ele nunca pensara que as ideias de Calipso fossem essas. Ficou ainda mais surpreso quando ela murmurou:

– Espero que tenha ficado com Annabeth. – Ele quase engasgou.

– O quê?

Agora Calipso realmente riu. – Ah, por favor. O jeito como você dizia o nome dela quando dormia… Olhe, Percy, eu normalmente sou ciumenta, mas eu realmente espero que as coisas se acertem pra você.

Thalia passou pela porta com um buquê nas mãos, e Calipso levantou-se. – Oh, nem pense! Para você, é cortesia da casa. E, Percy… –  Ela foi até o balcão, enfiou a mão pela parte de dentro e tirou de lá uma sacola, que jogou para Percy.

– São polvilhados de ambrosia, mas só como um tipo de confeito… Pode comê-los à vontade. –  Percy nem olhou a sacola. Ele se levantou, também, e abraçou a garota. Ela não pareceu desconfortável com isso.

– Obrigada, Percy. – Ela sussurrou.

– Eu que agradeço.

Abraçou-o de volta, e, por alguns segundos, Percy apenas se concentrou no cheiro de canela de seu cabelo. Então ela se soltou, fez uma reverência com as mãos em direção à porta e sorriu.

– Até uma próxima, vocês dois.

Quando passaram pela porta, era Percy quem não queria dar satisfações à Thalia. Ao invés disso, enquanto entravam na van do Acampamento, ele deu uma olhada no conteúdo da sacolinha que Calipso lhe dera, e seu queixo quase foi para o chão.

Biscoitos azuis.


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Notas finais do capítulo

AE ISSO FOI RANDOM ESPERO QUE TENHAM GOSTADO. ♥♥♥
Bye bye bye, deixem reviews.



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