~E eu gostei de você~ Eu pensei. Não vou mentir, gostei desse garoto. Só pela camisa, e convenhamos que ele é um gato. Já disse que piro em caras assim, e esse é um pedaço de mal caminho, sério.

Fiquei sem resposta, sem saber como reagir às palavras dele, me senti até meio envergonhada pela minha falta de educação, mas tudo bem.

“Ah, claro, obrigada. Gostei da sua também. Desculpe pela grosseria, não estou acostumada com olhares em cima de mim.” – Agora eu corei de verdade.

"Eu sou Josh. Josh Mason. E você?”

“Janevive Montoia, mas pode me chamar de Jane.”

“Prazer em conhece-la, Jane.” – Ele estendeu sua mão em um cumprimento.”

“O prazer é meu, Josh.” – Apertei sua mão. Nos olhamos por um momento, até que o professor Brunner chama a atenção da classe, nos dispensando para o intervalo. Acho que alguém se esqueceu que faltava uma aluna para se apresentar...

O garoto da camisa me acompanhou até o refeitório, nós dois em silêncio. Um silêncio um tanto quanto desconfortável, pois eu sou tímida e ele parece que também é. Pegamos o lanche e nos sentamos em uma mesa afastada no fundo do refeitório.

Ele tentou puxar assunto.

“Então... De onde você é?”

“Sou de Oakland. Você é de Los Angeles, né?”

“Sou sim. Você gosta da sua cidade?”

“Na verdade sou indiferente. Acho que não é o lugar, são as pessoas que o fazem especial ou algo assim. E nunca tive nada que me prendesse lá. É claro que tem meus pais e meu cachorro, mas sei que eles vão estar comido sempre e em qualquer lugar, então tudo bem. Fora eles, não tenho ninguém que torne Oakland importante para mim. E você? Gosta de LA?”

“Na verdade tenho o mesmo pensamento que você. Nos últimos anos LA tem sido um lugar horrível pra mim, pra ser sincero. Perdi contato com meus amigos, tive um relacionamento conturbado que terminou mal... Então só me sobrou meus pais e minha guitarra.”

“Eu não acredito!!! Você toca guitarra? Eu amo guitarra!!!” – Estou gostando cada vez mais desse cara...

“É, eu arranho bem. Você toca alguma coisa?”

“Ah não! Já tentei vários instrumentos, mas não levo jeito pra nada. Só espero que me dê bem pelo menos na arquitetura, porque senão eu to ferrada”. – Nós rimos.

“Você é legal, Jane. Principalmente porque gosta de música boa.” – Eu corei? É, acho que corei. O que esse Josh quer de mim? Ai meu Deus!

“É, você também não manda tão mal.”

“Engraçadinha.” -  Ele sorriu. E eu derreti. Eu sinto que simplesmente derreti. Janevive Montoia, o que está acontecendo com você? Não se lembra do que aconteceu em Oakland? Não se lembra o que aquele canalha do Jimmy te fez? O quão desastroso foi seu relacionamento com ele? Já está se derretendo por outro cara? Se bem que faz tanto tempo que eu não me envolvo com ninguém... Será que eu iria me dar muuuuito mal se me envolver com alguém agora? – “Jane? Hey, Jane!”

“Hum...?”

“O que foi? Você ta com uma cara engraçada.” – Ele riu. Eu com uma cara engraçada?

“Hã? Como assim?” – Acordei dos meus devaneios. Ele estava rindo da minha cara. Que risada... Ai Janevive, para!

“Você tava suspirando, algo assim, sei lá. Estava pensando em que?”

“Em nada, deixa pra lá.” -  O sinal tocou. – “Ah, vamos.”

Preciso aprender a me controlar na frente do Josh, vai que uma hora eu acabo dizendo que to pensando em como seria estar com ele mais do que como amigo, sem perceber?

Fomos para a sala e ele ainda estava rindo de mim. Minha cara devia estar parecendo um pimentão, ou algo parecido.