Noite Escura escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 7
Domando o Mar


Notas iniciais do capítulo

A história já passou da metade, logo escreverei o final que já tenho totalmente planejado e acho que vai agradar bastante.



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Cruzei a praia em poucos instantes, já não conseguia mais ver Rebecca e o ciclope; porém sabia que estavam lá, sabia também que não havia muito tempo e que tinha de agir rápido.

Tirei os sapatos, pois me atrapalhariam e pulei na água, nadei e chapinhei velozmente pelas águas revoltas. Por um momento entrei em desespero pensando que não acharia Rebecca.

Então a vi, ela lutava ferozmente com o ciclope, mas claramente perdia a luta. Ele tinha marcas de arranhões pelos braços e no rosto, mas ela estava pior, lutava para respirar e tinha um olho começando a inchar, mas se agarrava a qualquer resquício de vida e lutava para permanecer consciente enquanto o monstro lutava para afogá-la.

Então intervi, pulei para a frente e joguei meu peso contra o ciclope que se afastou de Rebecca com o impacto. Então, procurei o chaveiro-espada em meu bolso e percebi que não estava lá. Não me preocupei, pois a espada sempre voltaria para o seu lugar. Não restando opções saquei Sabedoria e ia usá-la, quando Rebecca se chocou contra mim. Ela estava perdendo a consciência e ia se afogar se não a segurasse e, no momento em que me preocupei com ela o monstro fugiu.

Carreguei-a de volta a praia e fomos recebidos por uma multidão de curiosos.

- Ai meu Deus o que aconteceu com ela? - uma mulher acompanhada de uma criança perguntou.

- Ela morreu, mamãe? 

E, vários murmúrios preencheram a praia ao mesmo tempo. Mas naquele instante só conseguia me preocupar com Rebecca.

-  Alguém chame uma ambulância. - uma voz masculina gritava.

- NÃO precisa! - Rebecca voltou a si e olhou ao redor exasperada. Então direcionou o olhar a mim e sua expressão mudou, de confusão para um misto de alegria e gratidão. - Você me salvou. Obrigada Marcos, eu nem sei como...

- Não agradeça,fiz o que qualquer um faria caso visse que você estava se afogando. - as últimas palavras, um aviso para que ela dissesse exatamente isso.

- Er... eu lembro de ter pisado em um buraco na areia e torcido o tornozelo, então... Ah, está tudo tão confuso! - ela mentiu de maneira que até mesmo eu fiquei admirado.

- REBECCA! - as amigas de Rebecca que a trouxeram à praia chegaram. - E... E... Marcos! O que está acontecendo?

- Uma longa história, eu quase me afoguei, mas já fui salva - ela direcionou o olhar para mim. - Vamos embora daqui. Não foi nada de mais.

Ajudei-a a se levantar e, acompanhei de bicicleta ela e as amigas na volta até o colégio.

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Segunda, novamente, mas essa semana seria melhor, tinha certeza que Rebecca não me ignoraria mais. Fiquei satisfeito ao notá-la no mesmo lugar de antes, já estava me cansando de Lucas.

Ela parecia um pouco envergonhada quando me viu, talvez não gostasse do fato de ter precisado ser salva.

Apesar de  não haver nenhum ressentimento entre nós, também não disse nada. E, então subitamente durante a explicação entediante da professora Marta, ela falou:

- Me desculpe por ter agido mal durante aquela semana... Quando disse que as pessoas que nos atacaram eram más não acreditei. Depois do que aconteceu ontem eu percebi quem é o "herói" da história. Obrigada.

Não disse nada por um momento, não sabia o que dizer, então sussurrei de volta:

- É mesmo difícil entender algumas coisas, mas é só ficar longe dos mares que você não vai se afogar novamente.

Ela me olhou com ar cético. Finalmente, uma expressão que combinava com ela. 

- Ambos sabemos que eu não me afoguei! Tentaram me afogar. Você estava lá na hora e viu. Eu só não entendo o motivo. - então ela mudou um pouco a linha de raciocínio  -  Como sabia que eu estava lá, estava me seguindo?

- Não claro que não, eu só... Estava passando e vi você se afogando.

- SENDO AFOGADA! PORQUE INSISTE QUE EU ME AFOGUEI, QUANDO SABE DA VERDADE? - ela se exaltou e falou um pouco alto demais, todos na classe se viraram. A professora levantou uma sobrancelha por trás dos óculos.

Quando o silêncio prevaleceu na sala, Marta pigarreou e disse para ficarmos quietos; e, em seguida, voltou a explicar, ainda que direcionasse o olhar para nós algumas vezes.

Não tornamos a falar durante aquela aula.

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No intervalo, Rebecca me puxou para um canto e ficamos olhando as pessoas passarem até que o fluxo diminuísse a alguns poucos atrasados.

- Não me diga que imaginei coisas, pois sei que não foi isso. Tentaram me afogar, não é mesmo? 

Derrotado assenti e vi Rebecca estremecendo.

- Por quê? O que eu fiz de tão errado para que alguém queira minha morte?

- Provavelmente, é por minha causa. - admiti.

- Por sua causa? O que quer dizer com isso? - ela me olhou desconfiada.

- Eles estiveram atrás de mim o tempo todo, e como você estava comigo aquela noite no parque, temo que eles a  vejam como um novo alvo a ser atingido.

- Se eles querem me matar por estar perto de você, creio que vale a pena correr perigo. - ela disse em tom baixo, quase um sussurro.

Olhei em sua direção e fui surpreendido com um beijo, retribuí. Mas ao mesmo tempo em que estava contente, pois ela era a garota que amava, estava infeliz; éramos de mundos diferentes e agora ela corria perigo, tudo por minha causa.


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