Noite Escura escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 5
Sonhos e Trevas


Notas iniciais do capítulo

Após um capítulo sinistro com narração alternativa,voltamos a narração do semideus Marcos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/325364/chapter/5

Tudo estava escuro, minha cabeça latejava e eu me encontrava totalmente desorientado, o ar cheirava a ozônio, e tudo parecia úmido ao meu redor, o que indicava que chovera recentemente. Mas onde eu estava? 

Foi então que senti um cheiro diferente, aquele cheiro, e instantaneamente fui dominado pelo pânico, corri e a certa altura senti que o solo mudou sob os meus pés, eu pisava em lama e podia ver algumas estrelas no céu; mas não havia luar naquela noite, que estava dominada pela escuridão.

Algo roçou em meus pés; senti formas se movendo atrás de mim e o cheiro agora era ainda mais forte, eles estavam me cercando eu sabia. Não havia mais escapatória. 

Então uma das bestas me atingiu, caí de costas. E enquanto o resto da matilha se aproximava senti o odor inconfundível de sangue.

Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ

Acordei com um sobressalto; olhei a movimentação ao meu redor e percebi que era mesmo hora de levantar. Ainda permaneci deitado por alguns instantes, tentando normalizar a respiração e os batimentos cardíacos acelerados. Quando me levantei senti leves dores no corpo; os pelos de minha nuca se eriçaram, pois percebi que doíam exatamente os locais onde as bestas me rasgaram no sonho.

Um sonho que fora real até demais.

Na hora do café, fui convidado a me sentar na mesa ao lado de onde me sentara no outro dia, a mesa onde vira a garota.

Discretamente, procurei por ela, sem obter sucesso, olhei rapidamente até mesmo para as outras mesas. Nada. Quando dei a procura por encerrada, ela entrou no refeitório. Usava uma camiseta preta regata com o desenho de uma caveira, um colar prateado no pescoço dava a ela um ar meio intimidador, ela usava uma calça jeans preta que combinava perfeitamente com o restante do conjunto, e seus olhos castanhos eram intensos. Ela olhava para tudo e para nada em especial.

Desviei o olhar antes que fosse pego de surpresa novamente e, tentei ignorá-la por um tempo, até que ela veio sentar-se conosco, trazia uma bandeja com algumas das coisas que eram servidas hoje e nem sequer olhou em minha direção.

O sinal tocou e todos foram para suas respectivas aulas, andei com a multidão até chegar a minha sala, onde me surpreendi, pois a garota do refeitório se sentava bem ao meu lado.

Ela me olhou intensamente e deu um sorriso torto.

- Me chamo, Rebecca - ela se apresentou.

- Marcos - respondi.

- Olha, amanhã já é sábado e os alunos ficam livres durante o dia. Então...como presumo que não deve conhecer a cidade muito bem...Se quiser podemos ir amanhã ao parque de diversões. - ela corou.

Olhei-a por alguns segundos, ela praticamente me chamara para sair; Quíron certamente não aprovaria, mas ele não precisava saber. E, também seria bom conhecer a cidade.

- Mas é claro, vamos sim! - respondi, tentando disfarçar um pouco a empolgação.

- Ok, nos vemos às três da tarde de amanhã, estarei esperando em frente à escola; temos que estar de volta às oito, mas creio que dará tempo de aproveitar o parque.

- Claro. Por mim está ótimo.

Rebecca deu um sorrisinho tímido e, passou a prestar atenção na aula de Matemática. 

Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ

Eram duas horas e cinquenta no meu relógio quando cheguei em frente à escola, estava um tanto nervoso, vestia uma de minhas melhores roupas e até tentara pentear o cabelo da melhor forma possível.

Me perdi em pensamentos enquanto observava o movimento da rua, me perguntei onde aquele diretor sádico guardaria os monstros dele, provavelmente haveria um canil, ou se ele fosse mais louco do que eu pensava podia até...

- Oi. - uma voz feminina me assustou e me interrompeu de meus devaneios.

Era Rebecca, não estava tão diferente assim do que era na escola, mas mesmo assim estava linda. Levava uma bolsa pequena a tiracolo onde devia guardar o dinheiro.

- Pronta? - respondi me recompondo.

- Eu estou, você que parece meio...surpreso - ela riu.

Estava perdido em pensamentos. - e ri também. - Então...vamos.

Andamos pelas ruas movimentadas da cidade, conversando sobre coisas triviais, como estilos musicais e etc.

- Chegamos. - disse Rebecca quando cruzamos o portão do parque. Era enorme, barulhento, mas mesmo assim era bem legal. - Vamos comprar alguns ingressos.

Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ-Ψ

Fomos em várias das atrações, Rebecca parecia não ter medo de nada, desde montanhas-russas a outros daqueles brinquedos loucos que giravam pra tudo quanto é lado.

O tempo passou rapidamente e estava quase escurecendo quando resolvemos encerrar o passeio indo na roda-gigante.

No alto da roda-gigante, percebi um homem de chapéu e sobretudo marrons nos observando. Minha mão inconscientemente foi até Sabedoria, que eu trouxera sob a jaqueta.

Labareda de Dragão também estava no bolso da minha calça, quando não estava em uso, ela assumia a forma de um chaveiro, mas bastava que eu apertasse-a com um pouco mais de intensidade para estar segurando uma espada de bronze celestial; escolhera aquele nome, pois a lâmina era adornada com um baixo-relevo ondular em alguns pontos.

Então todas as luzes do parque se apagaram. Vi os carrinhos da montanha-russa freando. E alguns dos outros brinquedos parando no meio da trajetória. Pessoas gritavam desesperadas e a própria roda-gigante em que estávamos, parou.

Rebecca soltou um gemido abafado.

Fiquei olhando pelo parque inteiro a procura de que tudo voltasse a funcionar imediatamente, mas isso não aconteceu.

Senti uma sensação estranha na barriga e os pelos da nuca se arrepiaram. Um hálito quente bateu na lateral do meu rosto. Olhei imediatamente e me vi encarando o homem de sobretudo e chapéu.

Como ele subira tão rápido? Ele obviamente havia escalado. Mas como?

Meu coração martelava furiosamente no peito, senti medo e comecei a me afastar dele, ficando ombro a ombro com Rebecca, sentindo minha tensão ela também se encolheu.

Rebecca gritou quando o homem atirou o chapéu longe, e por baixo dele, havia um rosto ondulando, como se eu olhasse um reflexo sobre a água.

E, então me vi encarando um ciclope, seu odor pungente me deu ânsia de vômito e talvez eu tivesse mesmo vomitado, se ele não tivesse atracado seus dedos peludos à minha garganta.

Comecei a sentir falta de ar e o grito de Rebecca começava a soar tão distante... Então, sobressaltado, voltei a pensar com clareza, estava em uma situação complicada para pegar Labareda, então, agarrei Sabedoria mesmo.

O ciclope presumindo que eu estaria desarmado, ficou chocado, começou a se afastar, mas não antes de eu cravar a adaga em seu peito desprotegido. Ele rugiu e se transformou em pó, enquanto o bronze-celestial penetrava ainda mais fundo.

E, agora Rebecca me olhava com um misto de choque e medo. Provavelmente, achando que eu matara um homem. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Adorando escrever essa fanfic, espero que gostem desse capítulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Noite Escura" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.