Eu escrevo nesse caderno o que penso e o que acontece ao meu redor, na minha vida não tenho espaço para dizer abertamente as coisas que quero, hoje será meu ritual de passagem, cheguei a idade em que minha aparencia não envelhecerá mais, estou com medo, mas minha sociedade não permite que demonstramos isso, se temos medo devemos guardar isso com nós mesmos, apesar de tudo, gosto daqui. Se eu olhar para janela agora, verei um forte chuva cair, o que já era esperado, esparavamos ela, sem isso nosso ritual não poderia acontecer.

Fecho o caderno e o escondo em um compartimento secreto na minha cama, é uma local pequeno debaixo do colchão da minha cama, a uma tampa com uma fechadura, está obviamente está trancada. Escuto batidas na minha porta, então arrumo minha cama rapidamente para não desconfiarem e abro a porta.

- Oi Luke. – Falo me escorando na porta.

- Oi Pandora, bela roupa. – Examino minha roupa preta quase toda de couro, uma calça e um blusa de alça, com as minhas quase  inseparaveis botas sem salto.

- Não está muito diferente das roupas que as outras pessoas usam e as roupas que normalmente uso.

- É só que você está diferente, deve ser a idade. – Dou de ombros. – Vamos, me pediram que viesse lhe buscar, está na hora.

Passo por ele, descemos algumas escadas e chegamos ao corredor que leva ao patio sagrado, lá estão os mais velhos da sociedade, que me aguradam, me aproximo, Fenix, a mais velha de todos coloca uma capa em mim.

- Coloque o capuz! – Faço o que ela pede, enquanto isso os anciões vão acendendo as tochas, olho ao redor procurando Luke, mas ele já se foi, deve estar se preparando para sua parte no ritual. Sou encaminhada pelo corredor, cercada por anciões, todos com capuzes assim como eu. Os rituais são individuais, para que toda a energia transmitida seja especialmente para uma só pessoa, por isso quando chego ao patio, há somente eu no centro do circulo, os tambores começam a tocar, tiro o capuz, o ritual começou, cinco pessoas das mais habilidosas da nossa sociedade começam a dançar ao meu redor, durante a dança ele vão desenhando uma estrela no chão, quando terminam o simbolo, a musica, assim como a coreografia, param. Fenix vem até mim, se aproxima do meu pescoço, diz umas palavras em uma lingua estranha que só os mais velhos sabem e então a sensação de queimação na nuca começa, não sabemos como eles fazem isso, só sabemos que ganhamos como se fosse uma tatuagem a cada ritual, cada um tem uma imagem, alguns sem significado aparente, o local da marca também é meio aleatório. Logo a dor passa, assim como a chuva que faz do ritual algo sagrado, então a musica festiva começa, finalmente não sou o centro das atenções, me perco pelo meio de pessoas, uma nova roda se abre, mas para ver as pessoas dançarem.

Sinto uma mão puxar meu braço e por instinto acabo jogando a pessoa no chão.