Jack estava brincando de congelar uns peixes no lago, faltava algumas horas antes do sol se esconder e dar lugar a lua, que por sinal estaria cheia aquela noite. O jovem escutou um barulho de folhas sendo reviradas vindo de trás e se virou lentamente.

"Uma garota?", ele viu uma adolescente de 16, não muito alta, cabelos vermelhos bagunçados e olhos azuis como o céu em uma manhã ensolarada de domingo, ficou um pouco encantado ao vê-la. Queria apenas ficar ali à admirando.

-Você...-Ela começou a falar mas não concluiu a frase e acabou caindo sentada ainda o olhando.-Não é possível.- ela colocou as mãos na cabeça sem entender. “Ele não envelheceu nada, já eu por outro lado.”-Quem é você?

-Eu que pergunto ruiva?-Disse o jovem se apoiando numa espécie de cajado.

-Você é real?

 -Claro que sou! Se não fosse a senhorita não poderia...me ver...-Ele abriu os olhos e a olhou mais atentamente.-Você é...- Se abaixou para poder ficar no mesma altura que ela, aproximou um pouco seu rosto ao dela.-Merida!- Disse ele com um largo sorriso.

A garota ficou vermelha e fez um sinal afirmativo com a cabeça, depois se afastou e levantou ainda andando para trás, porém não durou muito em pé, acabou tropeçando no arco e caiu sentada. O albino riu da cena e tentou ajuda-la, mas ela se recusou e levantou sozinha.

-Então... Como sabe o meu nome?- Disse ela tirando algumas folhas do cabelo e limpando o vestido.

-Uma garotinha de cabelos de fogo, me contou.- Ele pegou uma folha do cabelo dela e congelou a ponta.

-Aquele dia foi real! Haha. Você é o Jack Frost!-Disse ela um pouco animada e com um sorriso, o garoto só ficava olhando e achando graça, para ele a menina não havia mudado muito, a ruiva ainda tinha o mesmo brilho nos olhos.

-Quer ver uma coisa?

Merida fez cara de quem não está acompanhando o raciocínio, ele pegou a sua mão antes que se negasse a qualquer coisa. “Que fria.” Pensou ela.

Jack começou a correr pela florenta com a garota, até levantar voo, Merida deu um leve grito, mas esse logo se transformou em risadas. Ele passaram por todo o lago, depois por um penhasco, a cascata de fogo, o vilarejo do reino, o castelo, uma boa parte da floresta, enfim o reino todo. Até chegarem a uma pequena e deserta praia.

Em 30 minutos iria anoitecer e então o albino pousou devagar.

-Isso foi incrível! Como consegue fazer isso?

-Não sei, apenas deixo o vento me levar.- Respondeu o rapaz.

Ele se deitou na areia grosa apoiando a cabeça nos braços e começou a olhar o porto sol, Merida se juntou a ele, tudo aparecia estar em perfeita harmonia, o céu alaranjado com poucas nuvens, o mar um pouco agitado e brisa quente de verão batendo nos seus rostos, ao sentir a ruiva fechou os olhos, queria gravar cada momento daquele dia.

O albino por sua vez a olhou pensativo, como seria se ela fosse imortal igual a ele? Poderia sempre ter alguém com quem conversar e se divertir. “Não, isso ta errado! Não posso ser tão egoísta!”

-Sabe Jack, nunca tive realmente um amigo com quem me diverti.- Ao dizer isso, a garota acabou tirando o jovem de seus devaneios.- E valeu por me mostrar a minha terra de uma forma diferente, obrigada.

-Ah, não foi nada.- Disse ele com o rosto um pouco avermelhado e passando a mão na cabeça.

-Bom, agora eu tenho que ir sabe?! Já anoiteceu e se eu não voltar vou receber uma bela bronca da Maudie.- A ruiva deu um sorriso fraco.

-Ah é!

Os dois voltaram ao lago e ficaram alguns minutos em silêncio.

-Quando posso ver você de novo?- Ele perguntou.

-Amanhã as 9 horas, na... Cascata de fogo.

Ela sorriu e foi embora, não quis se despedir, pois não gostava muito, a deixava um pouco triste. Ele ainda ficou lá a vendo adentrar a floresta e sem acreditar no que havia acontecido naquela tarde. Seus pensamentos estavam confusos, para ele era um pouco surreal, havia falado com uma pessoa, voado com ela, pudendo senti-la e o visto. “Ela sabe que existo! E acredita em mim!” O albino começou a rir, correr e finalmente levantou voo.

Enquanto tudo isso acontecia uma garota de cabelos pretos, olhos amarelos, pele acinzentada  e lábios vermelhos como sangue, os observa com um leve sorriso maligno.

-Hum... Se não é o meu mais novo “brinquedinho”, quem diria que ele tem uma amiga, hora de acabar com essa felicidade toda.- Dizia ela a si mesma, passando a língua pelos lábios como se saboreasse algo muito gostoso.