P.O.V- Merida

Acordei com o sol batendo no meu rosto, adoro o verão, mas não esse sol no meu rosto de manhã cedo.

-Merida, levante-se.

-Só mais dez minutos Maudie.

-Nada disso a senhorita tem aula de musica daqui a uma hora.- Disse a mulher peituda se retirando do meu quarto.

Na boa tem horas que eu odeio a Maudie, quando eu mais preciso dela, ela some e quando estou na boa, ela aparece para me perturbar, ai como odeio ser princesa! Olho um pouco o meu quarto antes de levantar da cama, como está bagunçado, livros espalhados por todo lugar e amontoados, flechas presas na parede, alguns vestidos nos cantos, como sou desorganizada. Sem falar que pra que tantos livros no meu quarto? Eu nem se quer os abro!

Ah é! Antes de a minha mãe viajar ela me mandou ler eles, até parece, prefiro lutar com crocodilos, mas acho melhor dar uma “organizada” nessa zona de combate antes de a Maudie aparecer e reclamar comigo.

Levanto da cama e começo, pego os vestidos e jogo no guarda-roupa, tiro algumas flechas da parede e coloco na sacola, pego alguns livros que me parecem ser chatos e escondo debaixo da cama. Pronto acho que ta bom. Melhor que nada.

Troco de roupa, pego a harpa e desço as escadas, vou para a cozinha e roubo duas maçãs, e vou a sala de estudo, abro a porta devagar e vejo o senhor Amadeu sentado lendo um livro, ele era o melhor musico da Escócia e a rainha o havia contratado para me dar aulas enquanto estivesse fora, ele era um senhor já, magrelo, olhos pretos e grandes,  uma barba mal feita e tinha uma verruga preta e enorme no meio da testa, as vezes me dava a impressão de que ela estar me olhando.

-Bom dia lady Dunbroch.- Eu odeio esse termo, principalmente na voz melosa dele.

-Bom dia senhor Amadeu.

-Bem, então vamos começar com as aulas de canto. Uma princesa precisa saber cantar.

-Aula de canto? Arr! Mais uma vez? Estamos nisso a dias e o senhor sabe que não sei cantar.

-Como não sabe? Eu te ensinei não foi?!

-Foi, mas a minha voz é...

-Magnífica! Vamos cante!- Que cara chato! Eu não sei cantar, por isso a minha mãe desistiu de me ensinar canto.

-Mas que musica devo cantar?

-Cante o que vier na mente, vamos.

-Ta bom, eu canto.- Faço cara feia e começo.

“É  muito difícil ser eu, quando minha mãe controla toda a minha vida

Eu sou uma boneca pendurada em suas cordas

De repente eu sou uma princesa, com expectativas, regras e sem armas

Quem ela pensa que eu sou!

Ela não se importa se eu acho que não estou pronta para o casamento

A minha única opção é a rebeldia!

Ela nunca me escuta, agora o meu arco está quebrado

A tapeçaria rasgada e eu aqui estou correndo o mais rápido que eu posso

Agora eu me deparo com um feitiço, eu vou mudar a minha mãe

É hora de quebrar a tradição, é hora de algo diferente!”

-Pronto cantei.

-Perfeito! Você tem talento menina, no inicio era parecia uma pata choca cantando, mas agora está perfeita!

-Posso ir embora agora?

-Nada disso, vamos colocar acordes a essa sua musica, peque a sua harpa e vamos começar.

Ficamos nessa onda de canto e acordes por sei lá quantas horas, aquele velho só ficava me elogiando, dizendo que a minha voz era incrível e blá blá blá, aff! Até que uma das criadas entrou e falou que já estava na hora do almoço, graças! Me levantei correndo e nem olhei para trás, fui até a sala de jantar e comi o mais rápido que pude, queria ir ao lago para tomar banho antes que o Jack aparecesse, e essa era a melhor hora do dia para se fazer isso, pois os caçadores iam para as suas casas almoçar e descansar.

Peguei mais algumas maçãs e sai correndo, esbarrei em algumas pessoas que passavam, até cheguei no estábulo, dei uma maçã a Angus e saímos. O dia estava muito quente, parecia até que iria derreter, mas ainda assim era agradável, muito melhor que o inverno.

Cheguei ao lago e verifiquei se havia alguém por perto, não tinha ninguém, tirei o vestido e as partes intimas, acho que sou meio doida de nadar nua, mas idaí não tem ninguém olhando e se tivesse já teria morrido! Nadei um bom tempo, me sentia livre e calma até escutar uma risada familiar, que me assustou.

-Quem diria. A fogaréu gosta de água.

-JACK! SEU PERVERTIDO DOS INFERNOS!- Me deu vontade de socar a cara do infeliz, mas se fiz-se isso ele poderia me ver, sorte minha o lago ser meio escuro.- Deste de quando está ai?

-Ah a um bom tempo. Aliais amei as suas curvas, sem aquele vestido da para ver melhor.- Disse ele rindo, senti o meu rosto corar.- To brincando, acabei de chegar. Relaxa não vi nada. Mas bem que gostaria de ver.

-Ora seu...- Quase me levantei.

-Quase em?! Acho que vou nadar também.

-Não espera! Deixa eu me vestir primeiro.

Parecia que ele não estava me escutava, ele já estava desabotoando a camisa branca e o pior de forma lenta e me olhando, o que me deixava nervosa e cada vez mais corada, poxa ele adora me provocar, um dia eu mato ele. Quando desabotoo o ultimo botão pude ver o seu peitoral branco, não era tão definido igual ao jovem Macintosh, mas tinha umas leves definições de seus músculos.

- O que foi Merida? Parece que congelou.- Disse ele com um olhar de desentendido, mas estava entendo tudo.

-Acho melhor você se vestir. Pode ser picado por uma abelha.

-Falou a garota que está nua.- Disse ele.- E você fica muito engraçada quando está com vergonha! Haha!

-Para de rir! Não estou com vergonha, estou com raiva!

-Sei sei.- Disse ele pegando a minha roupa debaixo e olhando.

-Tire as mãos daí!- Arr! Que moleque irritante as vezes.

-Calma. Toma, se vista.- Falou ele jogando a roupa e se virando de costas.

Me vesti rápido.

-Pronto.- Disse me levantado e saindo da água.

-Quem disse que a senhorita podia sair da água?

Ele me carregou e me jogou no lago, depois se afastou um pouco, voltou correndo e pulou na água. Eu ri, mas a água ficar fria.

-Desculpe.-Disse ele.-Eu vou tentar não deixar muito fria.

-Ta bom assim.- Mentira, ta muito frio.

Ele corou um pouco, daí aproveitei a oportunidade e joguei água no rosto dele, ele me “retribuiu”, começamos a brincar de guerra, depois nadamos um pouco, até que ele parou na minha frente e pós as mãos gélidas no meu ombro e ficou me fitando, estranho...

-O que foi?- perguntei.

-Merida, você sabe que só você é capaz de me ver, não é?- Afirmo com a cabeça.

Ele se aproxima um pouco mais, a ponto de meus seios encostarem no seu peitoral, o meu nariz está a centímetros do seu, posso ouvir o meu coração e o dele baterem num ritmo acelerado porém igual, não sei o que estou sentindo agora, mas isso me incomoda e deixa o meu peito pesado, até que Angus faz um barulho e acabamos batendo testa com testa.

-Ai?! O que você ia fazer? Me transformar em gelo?- Digo passando a mão no local dolorido e saindo da água.

-Como você descobriu?!- Disse ele sorrindo e corado.

-Tenho que voltar, antes que venham me procurar igual da ultima vez.

-Vai me deixar aqui? Com as abelhas?- Falou Jack, saindo do lago.

-Vou.- Digo vestindo o meu vestido e logo em seguida jogando a sua camisa no seu rosto.

-Ei! Posso ir com você?

-Não, tenho coisas a fazer ainda.

Montei em Angus e voltei ao castelo.

P.O.V.- Jack

Cavalo ciumento esse! Mas o que deu em mim? Podia ter a impedido de ir e falado que gosto dela, não ficado com cara de taxo. Mas enfim um dia ainda vou falar o que sinto pra Merida.

Me deitei na grama áspera e fiquei olhando o céu ficar azul escuro, ainda podia sentir o seu calor no meu peito, era tão quente, fechei os olhos e fiquei imaginado como teria sido se eu a tivesse beijado... Abro os olhos, me sento e noto um certo volume na minha calça, droga! Tenho que para de ter esses pensamentos.