O inverno chegara, e nuvens cinzentas cobriam o céu. Era um clima horroroso para a maioria das pessoas, em algumas regiões nevavam, agredindo a lavoura, para muitos não tinha nada melhor do que passar o dia inteiro dentro de casa, com uma boa lareira, uma boa companhia e um bom conhaque.

A chuva caia fininha, batendo na janela, embora fossem 16 horas, parecia ser bem mais tarde. Sentindo frio nos pés, Orihime abriu os olhos lentamente, como se não os abrisse por semanas. A vista embaçada, ela piscou varias vezes ate se acostumar e viu que não fazia a menor idéia de onde estava.

_ Srta. Orihime, até que enfim! _disse uma mulher que estava quase cochilando na cadeira junto à cama.

Orihime piscou os olhos mais uma vez, olhando surpresa para a mulher de meia idade.

_ Leda? Como...? Onde estou?

_Calma princesa, não se esforce! A senhorita sofreu um grave ferimento!

Tentando levantar-se, Orihime sentiu uma pontada de dor na costela e viu que estava enfaixada. Então se lembrou... Parecia que fora um sonho!

_Leda, me conte tudo, por favor! Como vim parar aqui? E que lugar é aqui?

_Se acalme princesa... Por favor, não me assuste mais! _disse a mulher, com os olhos marejados.

_Leda...

Orihime pegou as mãos da mulher com ternura.

_Está tudo bem agora... _disse ela com um sorriso.

_Sim... Perdão, princesa... _gaguejou a mulher, esfregando os olhos _ então, passaram-se cinco meses desde que... a senhorita foi levada! Estávamos tão preocupados... procuramos em toda parte! O senhor Kurosaki sentiu-se bastante culpado... Ele liderou a sua busca, em todas as cidades, vilarejos, contatou vários bandidos... e nada! Estávamos quase perdendo as esperanças... _a mulher soluçou.

_Até que há três dias atrás um homem apareceu na cidade em que Sr. Kurosaki estava instalado! E ele lhe trazia na garupa do cavalo gravemente ferida...

_Ulquiorra! E como que ele achou Kurosaki-kun?

_Ele viu um dos pôsteres indicando onde Kurosaki estaria... Ele ofereceu uma recompensa, mas o moço não quis nada. Só que imagina, o reconheceu como um dos homens que a levaram, princesa!

Orihime levou as mãos à boca.

_E onde ele está Leda?

_Oh não se preocupe, ele está preso...

_Preso?? Onde!?

A mulher arregalou os olhos de espanto com a reação da princesa.

_Ele vai ser julgado por ter-te sequestrado.

O desespero ficou visível no rosto de Orihime, que obviamente não passou despercebido pela ama que a criou desde que nascera, e se tornara sua mãe depois que a rainha falecera.

_Aconteceu alguma coisa?... O que você sente por esse homem?

_Ele... ele cuidou de mim... ele não era como os outros... Eu...

Mas a mulher se debulhou em lágrimas.

Depois disso, a camareira lhe trouxe o jantar. Leda a ajudou a comer, e mais nada falaram. Chegando a noite, alguém bateu a porta. Leda abriu e um homem alto de cabelos curtos e alaranjados entrou.

_Vou deixá-los a sós. _disse Leda saindo.

_Kurosaki-kun!

_Inoue... fico feliz por estar melhorando! Você não imagina o susto que nos deu.

E então conversaram sobre o que aconteceram esses cinco meses, Orihime contou-lhe a história do casamento.

_Maldito! Imaginávamos que poderia acontecer algo do tipo... Mas não se preocupe, daremos um jeito, ele não ira se tornar rei.

_Kurosaki-kun... O homem que você prendeu... Se não fosse por ele...

Kurosaki a olhou com pena e afagou seus cabelos.

_Mas ele é um bandido Inoue, a lei é clara...

_Não é justo! _ela disse, retirando a mão dele. Tentou se levantar, mas se curvou de dor.

_Você ainda está muito fraca... Bom, vou deixá-la sozinha. Boa noite.

Ela não disse nada, nem o olhou, e ele saiu. Sozinha, ela começou a chorar.

Enquanto isso, numa cela improvisada no porão da hospedaria, Ulquiorra estava encolhido num canto, fazia muito frio, ainda mais lá embaixo, sem nenhuma lareira. Mas ele não se importava, já passara por frios piores. Ficou observando o céu nublado, sentia dor, sentia tristeza... Mas pelo menos ela estava a salvo... com a gente dela, num mundo que não havia lugar para um homem como ele...