School Of Rock III escrita por Snapelicious


Capítulo 22
Love Is The Prize


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu acabei de contar nos dedos aqui, e descobri que FAZEM CINCO MESES QUE EU NÃO POSTO. SÉRIO, ALGUÉM AÍ POR FAVOR COMECE UMA PETIÇÃO PRA ME BANIR DO NYAH, JURO QUE ASSINO DE BOAS
EU SOU UM LIXO
E o capítulo estava pronto há uns dois meses. Pra completar.
Eu realmente não tenho uma desculpa. Tenho? Se tinha, não lembro mais. Sei que o colégio tá me fazendo arrancar os cabelos de estresse (Meu primeiro fio branco. No segundo semestre de aulas. E eu tô no primeiro ano.), e quando eu tenho algum milagroso tempo livre, uso ele para me atirar no sofá e pensar em como eu estou cansada.
Eu escrevia fanfics para fugir da minha realidade. Era um refúgio. Mas agora, pela primeira vez na vida, eu estou gostando da minha realidade. E isso é inacreditavelmente confuso e irreal.
Eras isso, pessoal. Eu realmente sinto muito. Mas como as notas de todos os capítulos de School Of Rock III se resumem em pedidos de desculpas, acho que isso não deve fazer muita diferença.
A única coisa que peço é que não me abandonem.
Me adicionem no Facebook. Mandem mensagens privadas. Os links estão no meu perfil, bora conversar, eu respondo (Okay, Mark, eu sei que visualizei sua mensagem no Facebook há tipo uns dois meses mas ainda não respondi. Eu to até agora pensando em como responder. Eu fiquei absurdamente envergonhada mas ao mesmo tempo me atirei no chão de felicidade. Desculpe?). Inclusive uma leitora minha se tornou minha esposa (~abana~ OE TG). Duas, na verdade (~abana~ OE FERNANDOCA).
Bora socializar.
Ok, taí o capítulo ~atira na testa dos leitores pra chegar mais rápido~
Vejo vocês lá em baixo.



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Ted Lupin

Toquei a campainha, e dei um passo para trás. Subitamente comecei a me sentir levemente tonto, e me perguntei se aquilo realmente era uma boa ideia.

Tudo poderia dar brilhantemente certo, ou imutavelmente errado. As duas possibilidades eram como um soco na cara.

Ouvi alguns passos abafados do outro lado, e logo a porta se abre e Victoire sorri para mim.

–Hey - diz ela, levemente ofegante, parecendo brilhar mais do que nunca.

–Oi - respondi, baixinho, tentando mais do que tudo não parecer estúpido. - Você está li...

Ela ergueu as sobrancelhas ao ver eu interromper-me na metade da palavra. Não poderia continuar. Definitivamente ia me fazer parecer estúpido.

–Legal - terminei. Ela riu, parecendo embaraçada, e foi o som mais belo que eu poderia escutar.

–Obrigada. Você também está legal. - disse Victoire, pegando uma echarpe vermelha no cabideiro ao lado da porta, e a colocando displicentemente sob os ombros.

–É assim que eles flertam? - resmungou alguém do lado de dentro, antes de Victoire bater a porta com força atrás de si, me lançando um meio sorriso envergonhado.

–Então - começou a garota, quando saímos para a calçada - Quais são os planos?

–Nós vamos alugar um filme na locadora no fim da rua, ir para minha casa e nos afogarmos em pipoca enquanto assistimos alguma comédia americana sem sentido. O que acha?

–Hm, parece interessante - respondeu Victoire, pensativa. Ela se virou pra mim, com um sorriso enorme no rosto - Vai ter balinhas? Por favor, diz que vai ter balinhas!

Soltei uma risadinha pelo nariz, tentando não parecer idiota demais. Que coisa, como ela conseguia ser tão linda?

–Claro que vai ter balinhas - respondi, enquanto ela jogava os braços para o alto em uma comemoração, gritando "YEESH!".

Durante o percurso até a locadora, enquanto eu pensava em algo interessante para falar, fiquei observando-a pelo canto do olho, ao mesmo tempo que fazia de tudo para não dar indícios que a presença dela me desorientava. Não que isso fosse uma coisa ruim, muito pelo contrário. Na verdade, estar com Victoire era algo assustador e fantástico ao mesmo tempo, e eu ainda estava tentando descobrir como isso era possível. Não era como se eu não soubesse o que eu estava sentindo; isso era a única coisa que eu tinha certeza. Eu gostava dela, gostava dela demais para meu próprio bem.

E me sentia fraco por isso.

–Então, o que você tem em mente? - perguntou ela quando entrávamos na locadora de vídeo da rua de trás. Victoire seguiu direto para a prateleira dos lançamentos, e analisou as capas com a mão na cintura e a cabeça levemente inclinada para o lado. - Que tal esse? - ela apontou para um.

–Já vi - comentei, espiando por cima do ombro da garota - É um saco.

–Tsk - fez ela, e se afastou para olhar as outras prateleiras.

–Poderíamos fazer uma maratona de Jogos Mortais - sugeri casualmente.

–O quê? Não!

–Ou algum filme do Tarantino.

–De quem?

Olhei para Vicky, que me encarava como se eu fosse doido. Naquele momento, mais do que nunca, eu quis beijá-la.

–E esse? - ela apontou para um filme de terror.

–Você gosta de terror? - perguntei, franzindo o cenho.

–Se eu gosto de morrer de medo? Adoro.

–Sei não - comentei, analisando a sinopse - Os filmes de terror de hoje em dia são muito retardados. Não tem pé nem cabeça.

–Vamos levar esse - disse Victoire, tirando o DVD de minhas mãos e indo para o caixa.

Sorrindo, a segui.

Ginny Weasley

Primeiro, só se ouvia o silêncio. Eu olhei pra Harry, que olhou para Rony, que olhou para Harry, que olhou de volta pra mim. E aí eu comecei.

–CAUSE IT'S NINE IN THE AFTERNOON!

–YOUR EYES ARE THE SIZE OF THE MOON! - continuou Harry, levantando-se de um salto.

–YOU COULD 'CAUSE WE CAN SO WE DOOO! WE'RE FEELING SO GOOD JUST THE WAY THAT WE...

–VÃO DORMIR!

–DO CAUSE IT'S NINE IN THE AFTERNOON! - berramos em coro, de pé na cama de Harry.

–I DON'T CARE IF MONDAY IS BLUE, TUESDAY'S GRAY AND WEDNESDAY TOO - Rony trocou de música de repente, e Harry logo acompanhou - THURSDAY, I DON'T CARE ABOUT YOU

–Hey, eu não conheço essa - reclamei, baixinho, me sentando desanimada na cama de braços cruzados, mas eles não prestaram a atenção em mim.

–IT'S FRIDAY, I'M IN LOOOOOVE!

–Aaargh! - resminguei. - E nem ao menos é sexta-feira. Deixa eu ver... Ah! - pigarreei, olhando para os garotos, ofegantes, pensando que música cantar a seguir - Where are the eyes that looked so mild? When my poor heart you first beguiled, why did ya run from me and the child?

Harry franziu o cenho, se concentrando. Sorri.

–Johnny I hardly knew ya... - cantei, baixinho.

–AH - exclamaram os dois ao mesmo tempo, lembrando da música. Me levantei, e comecei a pular.

–WE HAD GUNS AND DRUMS AND DRUMS AND GUNS HARROO HARROO! WE HAD GUNS AND DRUMS AND DRUMS AND GUNS HARROO, HARROO! WE...

A porta se abriu com um estrondo. Rony soltou um gritinho apavorado e caiu de costas da cama, o que ele provavelmente negará depois. Eu olhei apavorada para a porta do quarto, como se tivesse sido pega no flagra, bom no momento em que eu caía de um pulo, tropeçava em meus próprios pés e agarrava na cabeça de Harry para me equilibrar. Ele gritou. Eu gritei. E Lily Potter levou um susto.

–Mas que merda é essa? - perguntou ela, parecendo emburrada e levemente exaltada. Larguei os cabelos de Harry e caí sentada na cama ao lado dele. - Sabe que horas são? Vocês sabem? - ela olhou para o pulso vazio e pareceu ficar mais emburrada ainda - Tá tarde pra burro, e vocês gritando assim! O que os vizinhos vão pensar? Harry não ouse falar que os vizinhos estão aqui ou vai dar pra sua bola! - Lily apontou irritada para Harry, que nem ao menos tinha se mexido. - Isso aqui não é Glee, não. Mais um pio e eu vou chamar a polícia! E não quero nem saber se a casa é minha, vocês...

James surgiu do nada ao lado dela, segurou os ombros da esposa, a puxou para fora do quarto com uma firmeza delicada e puxou a porta, sussurrando algo no ouvido dela. Antes da porta bater, ainda pudemos ouvir um "MAS EU NÃO QUERO NUGGETS!" da ruiva.

Olhei para Harry, levemente envergonhada, mas ele parecia mais confuso que eu. A cabeça de Rony surgiu lentamente do lado da cama, nos observando.

–Tem nuggets? - perguntou, baixinho.

–Se tivesse a mãe já teria comido tudo - respondeu Harry, incerto.

–Eu acho que a gente deveria jogar video game - disse Rony, fazendo o amigo resmungar algo inteligível enquanto tentava se desenrolar dos cobertores e sair da imensa bagunça que era sua cama - Ainda está com aquele jogo do explorador?

–Não, já devolvi pro Sirius - falou Harry - Mas era um saco.

–Você não conseguiu passar do monstro?

–Você sabe que não.

–Hm.

Observei em silêncio Harry ligar a televisão e o video game. Rony se levantou cambaleante e arrastou um dos puffs pra frente da cama.

–Vocês são uns nerdões, sabiam disso? - perguntei, por fim. Os dois me olharam por cima do ombro, pouco se importando. - Eu não quero jogar video game.

–Isso porque você simplesmente não sabe jogar - comentou Harry. Verdade.

–Vamos fazer outra coisa - continuei.

–Tipo?

–Vamos adotar um cachorro.

–Não, obrigada - respondeu Harry prontamente - Padfoot já dá trabalho o suficiente. E olha que ele nem é meu.

–Vamos plantar alguma coisa. - sugeri.

–Na última vez que você plantou feijãozinho no algodão, não deu muito certo - lembrou Rony rindo, escolhendo as opções no menu do jogo.

–Eu já disse que não sabia que álcool era inflamável - resmunguei baixinho, deitando de bruços e me abraçando em um travesseiro. Respirei fundo, apreciando por alguns segundos seu perfume. - Podíamos dominar um país.

–Qual?

–Dinamarca.

–Já fizemos isso.

–Oh.

Fiquei um tempo em silêncio, apenas observando os dois, lado a lado na frente da cama, olhando fixamente para o personagem bugado que Rony controlava. Suspirei.

–Canadá? - sugeri, por fim.

–O que é um Canadá? - perguntou Rony.

Maggie Black

Quando entrei na cozinha, meu pai esperava ansiosamente por algo no micro-ondas. Observei por alguns segundos ele bater o pé franzindo o cenho, até que o aparelho apitou. Ele o abriu e pegou o que parecia ser um copo de sorvete derretido e voltou para a sala alegremente. Decidi não perguntar.

Suspirei e peguei uma Coca na geladeira. Já passava das nove da noite, e eu não tinha nem começado a me aprontar para ir dormir, sendo que eu tinha que acordar as sete da manhã. Ao invés disso, assistia meus pais e tios assistirem um jogo de basquete na televisão, enquanto tentava me segurar para não pular com o excesso de cafeína. Tinha alguma coisa naqueles bolinhos da Tia Lily, e com certeza não era canela.

–Mas que...! - logo quando voltei para a sala fui recebida com um grito de palavrão de papai. Ele olhou rapidamente para mamãe sentada na poltrona ao lado dele, mas ela parecia exausta demais para o repreender.

–Isso foi falta! - exclamou Dorcas, tentando entrar no clima. - Ele tem que voltar uma base.

–Querida, isso não é baseball. - respondeu Remus calmamente, olhando ternamente para a esposa. Ela o olhou confusa.

–Eu sei que jogo estamos assistindo - ela revirou os olhos e se voltou para a tela justamente quando o time fez uma cesta - GOOOL!

Mamãe soltou uma risadinha, olhando para a amiga. Sentei no tapete aos pés do sofá, segurando minha Coca-Cola como se minha vida dependesse disso (mas não sem antes lançar um olhar irritado para Padfoot, que alegremente sentava no último lugar vago no sofá e os adultos não pareciam se incomodar. Ou desistiram de tentar fazer ele sair de lá.)

–EI! - gritou papai, alguns minutos depois. Ele levantou rapidamente de onde estava sentado, sem querer dando uma joelhada na minha cabeça, me fazendo respingar refrigerante nas roupas - Desculpe, Mags. ESSES CARAS SÃO CEGOS, POR ACASO? AQUELE BAIXINHO! DA ONDE FOI QUE ELE SAIU?

–Ele estava aí desde o início do jogo - respondeu mamãe calmamente, reprimindo um bocejo. - Você que não viu.

–Ele não fez nada decente o jogo todo. Por que não tiram ele? - perguntou Dorcas.

–Vocês não viram? Ele que passa a bola para o ás. Tipo, o tempo todo. - afirmou mamãe, como se fosse óbvio. Todos olharam confusos para ela.

–Você é uma ótima observadora, mulher - disse papai, olhando fixamente para a esposa. Ela apenas deu de ombros e voltou a assistir o jogo.

Mamãe tinha chegado em casa há meia hora, exausta, mas só não tinha ido direto para a cama porque "tinha visitas". Sim, as visitas eram os melhores amigos dela que estão sempre aqui e que entendem perfeitamente que ela chega cansada do trabalho e que não se importariam se ela fosse descansar. Mas mamãe não quis. Apesar dos ataques de pelanca ocasionais, ela é uma boa pessoa. Marlene é uma mulher leal.

–Quem tá ganhando? - perguntei, sem realmente querer saber.

–É só olhar o placar, criatura - resmungou papai, sem tirar os olhos da tela.

–Tá, mas você acha que eu sei decifrar essas siglas? - respondi, fazendo uma careta - O seu time está perdendo ou ganhando?

Logo que eu terminei de fazer a pergunta, papai gritou com raiva quando um jogador marcou uma cesta meio segundo antes do alarme de final de jogo soar. Ele caiu pra trás no sofá, gemendo e parecendo deprimido.

–Deixa pra lá - murmurei, tomando um gole do refrigerante.

–Acho que eu devo vinte libras pra James. - suspirou papai. Tio James não gostava de basquete. Mas gostava de dinheiro.

Remus olhou para Dorcas.

–Vamos? - perguntou, e ela, meio deitada no ombro do marido, assentiu. Mamãe soltou um bocejo do outro lado da sala.

Quando os dois se levantaram, a lembrança me veio como uma pazada na cara. Ted. Não podia deixar eles irem para casa. Ia arruinar tudo.

–Aaah, mas porquê? - perguntei, fazendo minha melhor expressão de garota manhosa. - Tá tão legal aqui. Podíamos assistir um filme.

–Maggie, já está tarde. Temos que trabalhar amanhã - respondeu Remus, sempre calmo - E que eu me lembre, você também tem escola.

–Por favooooor? - pedi, juntando as mãos e fazendo beicinho. Literalmente implorando. Ted me paga. - Olha, vai dar aquele programa das sereias no History Channel. Dorcas, você não queria assistir?

A loira arregalou os olhos, olhou para o marido, e sem falar nada se atirou de volta no sofá, ao lado de Padfoot. Remus apenas suspirou e a seguiu. Aumentei o volume da televisão e fingi que estava animada por estar assistindo o documentário mais retardado da face da Terra.

Mamãe tinha pego no sono, toda encolhida na poltrona.

Ted Lupin

–AH! TEDDY!

Quando Victoire se agarrou em mim, tentei não hiperventilar. Não estava apavorado com o monstro do filme. Mas sim com o fato de Victoire estar perto. Perto demais.

–É só um filme - comentei, tentando a acalmar, mas a merda já estava feita. Ela apenas soltou um gemido e tentou enfiar ainda mais a cabeça entre meu braço e o encosto do sofá. As balinhas, há muito esquecidas, tinham caído para o chão logo no primeiro susto.

–Eu não quero mais! - gritou ela, quando a personagem começou a gritar. Sorri, ignorando a dor que as unhas dela causavam ao rasgar minha pele.

–Olha, já passou - falei - O bicho saiu. Pode olhar agora.

Relutante, mas sem questionar, Victoire saiu do seu esconderijo e olhou apreensiva para a tela. Nesse exato momento, a retardada da protagonista deu um grito, e Victoire gritou também. Peguei o controle ao meu lado e, o mais rápido possível, desliguei o filme.

A sala ficou em silêncio, exceto pelos soluços de Victoire, parecendo traumatizada.

–Você está bem? - perguntei, baixinho. Ela olhou em meus olhos, e começou a rir.

–Vinte e cinco minutos de filme. Acho que alcancei um novo recorde. - riu ela.

–Oras, você disse que gostava de filmes de terror - resmunguei, me sentindo meio perdido. O que faríamos agora?

–Mas eu gosto. São poucas as coisas que fazem eu me sentir assim. Viva. - por um segundo Victoire me encarou intensamente. Mas tão rápido quanto aconteceu, a garota desviou os olhos e o momento acabou. Engoli em seco.

–Você quer assistir outra coisa? - perguntei, com a voz fraca.

–O quê você tem aí?

–Alguns filmes velhos - dei de ombros. A maioria dos filmes eram de Dorcas, e eu não estava muito animado em assistir comédias românticas retardadas. - E alguns filmes franceses, acho. Mas provavelmente você já deve ter assistido todos.

–Okay, na França nós não assistimos só filmes franceses - respondeu ela com uma careta, mas logo me encarou séria - Mas se você tiver alguma coisa do Jean-Pierre Jeunet, eu não vou me importar de assistir.

–Nunca ouvi falar - falei, me erguendo do sofá para catar algum filme na gaveta em baixo da televisão - Ele é bonito? É tipo um Leonardo DiCaprio da França?

Victoire deu risada, e me chutou nas costas com a meia.

–Bobão.

Maggie Black

–Okay, Maggie, muito obrigado por nos mostrar seus desenhos da quarta série, tenho certeza que foi uma experiência inesquecível para todos nós, mas realmente precisamos ir.

–NÃO! - gritei.

Eu não tinha a intenção de gritar. Não mesmo. Quando você está tentando esconder alguma coisa e se exalta (com um grito, por exemplo) fica na cara que você está tentando esconder alguma coisa. E isso sempre leva á perguntas incovenientes.

–Maggie, o que você está tentando esconder? - perguntou Remus, erguendo uma sobrancelha.

Viu?

–O quê? Nada! Não estou tentando esconder nada! - exclamei esganiçada.

Remus e Dorcas se entreolharam, e logo eu percebi que estava ferrada.

Era dez e meia da noite, e a única coisa que eu tinha certeza era de que Ted Lupin me devia uma. Me devia uma bem grande. Por mais de uma hora eu tinha enrolado e atazanado meus tios, só para dar mais tempo pra ele com a vizinha loira e bonitona. Se ele não aproveitasse esse tempo e agarrasse logo a moça, eu ia literalmente dar na cara dele com o Padfoot. E olha que não seria a primeira vez. Natal de 2004. Bons tempos.

–Maggie... - suspirou Dorcas, me analisando com os olhos cansados. Era isso. Era meu fim. Dorcas tinha o inacreditável dom de conseguir me entender como um livro aberto, o que era estranho, já que eu era a adolescente revoltada dos pãnque rósque. - Remus, nos dê licença. Vamos ter uma conversa de garota pra garota.

Antes que eu pudesse gritar de pavor, Remus saiu do quarto rapidamente, provavelmente imaginando algo com absorventes.

–Okay, me conte - começou a loira, quando a porta se fechou. Ela pegou minhas mãos, e me puxou para sentar na cama ao lado dela - Quem é o garoto?

–O quê? Não! - respondi, sentindo meu rosto queimar, sem poder acreditar que aquilo estava acontecendo. Dorcas ergueu as sobrancelhas.

–Okay, então quem é a garota?

–Dorcas! - gritei.

–Mas criatura, você tem que se decidir! - gritou ela de volta, fazendo um gesto impaciente com as mãos. Eu gemi de frustração e escondi o rosto entre os joelhos, me perguntando se meu cabelo razoavelmente curto seria o suficiente para esconder meu rosto vermelho.

Mas eu ainda precisava de tempo.

–Tem um garoto - comecei, ainda encolhida - Eu... Eu não sei. Eu acho que gosto dele... talvez? Ele... argh.

–Hm. E qual é o problema? - perguntou Dorcas, agora com a voz calma.

–Eu não sei se gosto dele. Se eu gostar, é um problema. Se eu não gostar, sinto que estou perdendo algo. Eu mal falo com ele. Ele é um mistério. Um desafio. Ele é exatamente o tipo de pessoa com quem eu não deveria me meter. Mas por que eu não consigo...?

–Oh, eu te entendo - falou ela, e eu entendi que não tinha dito nada compreensível o suficiente para ela entender. - Você sabe, Sirius era um lindo canalha quando sua mãe o conheceu, mas isso não a impediu de correr atrás dele. Acho que foi ele que correu atrás dela, na verdade. Mas ela deu uma chance. E aqui estamos.

–Exatamente, olha onde eles estão agora - murmurei, azeda. Dorcas me lançou um sorriso triste, e eu soube que não era coisa só da minha cabeça.

–Querida, você nunca vai saber se nunca tentar. - continuou ela, escolhendo bem as palavras. - Talvez você apareça com o coração machucado, e não tem nada que chocolate não resolva, mas talvez você possa gostar do que vai conseguir.

Minha garganta se fechou e eu imediatamente me arrependi de ter começado a conversa. O que era para ser um plano para deixar Ted feliz acabou me deixando deprimida pra caramba. Boa, Maggie.

–Obrigada, Dorcas - falei com a voz fraca, erguendo os olhos para ela. - Acho que preciso pensar.

Ela assentiu levemente, me lançou um sorrisinho compreensivo e se levantou. Não tinha percebido o quanto estava cansada.

–Boa noite, Mags - disse ela, beijando minha testa e saindo sem fazer barulho.

Olhei para a porta fechada por alguns segundos antes de chegar á conclusão de que eu me sentia miserável.

Antes de me afundar na cama, peguei o celular. Precisava avisar Ted.

Ted Lupin

"Segurei os dois o máximo que pude. Eles estão voltando para casa. Boa sorte, garanhão."

Tentei não surtar com a mensagem de Maggie. Okay, Ted, respira. Victoire está ao seu lado, o filme está na metade e seu pai está voltando para casa. São dez e meia da noite. Você não avisou que iria trazer uma garota para casa, e muito menos pediu permissão.

Deuses, eu estava ferrado.

–O que foi? - perguntou Victoire baixinho, notando minha inquietação. Ela sentava próximo demais de mim no sofá, e tinha a atenção agora voltada totalmente para mim. - Teddy?

–Meu pai está voltando para casa - falei, culpado, levantando os olhos em sua direção.

–Oh - fez Victoire, erguendo as sobrancelhas. Dois segundos depois, ela se ergueu do sofá. - Entendo.

–Vicky... - chamei, baixinho, enquanto ela pegava o controle e desligava o filme. Ela não olhou para mim, e senti um aperto no coração.

No hall de entrada, ouvi o barulho da porta, de passos e da risada de Remus. Em segundos, os dois chegariam à sala de estar. Sem pensar, me levantei de um salto, e puxei Victoire pelo pulso.

–Vem - falei baixinho, e corri para a cozinha com a garota agarrada em mim. Passamos pelo porta que dava para a garagem, e, sem olhar para trás, entramos no carro.

Tenho certeza que Remus e Dorcas ouviram o portão da garagem abrir, mas eu não me importei. A risada de Victoire, dentro do carro, era só minha.


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Notas finais do capítulo

Não vou dar comida pra quem comentar porque eu não tenho tempo de cozinhar. É.
Próximo capítulo está em andamento. E é um especial.