Três vozes e o Mistério Dos Ocultos escrita por Fran Carvalho


Capítulo 5
dia qualquer / Feriado / Passeio no parque




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28 de fevereiro de 2005.

Foi um dia qualquer.

Estava em casa, a chuva tinha caído forte e eu não resisti em matar aula. O friozinho de Santa catarina era normal, mas não em pleno verão.

Fazia algo como quinze graus. Eu estava sentada na cama com um lençol em cima de mim.

Um pouco de exagero, eu sei.

Ellen apareceu no meu ombro como mágica. O pequeno ser de três centímetros estava alvorotado, maluco como se tivesse bêbada.

– O que foi? - indaguei.

Um outro ponto surgiu no meu ponto de vista, em meu ombro, soltando fumaça negra. Larissa, a única fada no mundo ue eu não gostava, vveio na forma de borboleta. Ela não gostava de ser uma fada, ntão aparecia assim ou como humana.

Ver as duas primas princesas me deixou confusa. Elas se detestavam. E bom, Larissa também não me curtia muito, porque eu tinha medo daquilo que ela mais amava: os vamliros.

Isso não é irônico. Porque fadas são inimigos dos seres da noite. Tá, é irônico.

– Que fazem aqui? - foi a primeira pergunta que me veio a mente.

Larissa voou até o meio do quarto e assumiu a forma humana, uma careta para mimos braços cruzados.

– Por que não tem uma representação minha aqui? - ela enrugou a testa - Sou a fada da música, se não me tratar com o devido respeito, eu tiro o talento dos seus Boys. - Ela riu do nome da minha banda favorita - Ou os mato - e sorriu.

Eu stremeci. Tocar nos sentimentos de uma fã é covardia.

Ellen revirou os olhos.

– Ela só tá ameaçando. Nem mesmo pode fazer isso. - disse - Fadas não podem matar, mesmo se quiserem.

Suspirei, aliviada.

– Mesmo assim ainda quero a pintura - ela sorria - Pela informação.

– Do que ela tá falando? - olhei para ela.

Ela fez sinal para que eu a olhasse a prima.

– Vocês humanos têm internet para quê, ein? - ela revirou os olhos - Não tem tido notícias da sua irmã mais velha?

Fiz que não com a cabeça, quase pronta a chorR. Na verdade, desde que fora embora, Marcia estava sumida. Minha mãe e Suzana já estavam choramingando de preocupação.

– Sua irmã é uma vampira.

– O que? - alto demais. Ouvi ouvi passos. Suzana não demorou a a parecer.

– O que faz em casa? - ela disse do outro lado da porta, espiando. Por sorte ela não via fadas.

– Desculpe, não quis ir - falei a minha madrasta - Vai contar ao papai?

Ela fez que não, sorrindo. Suzana era legal.

Saiu rapidamente, sem mais perguntas. Larissa estava com meu notebook no colo, sentada no chão, sem nem se desculpar por pegá-lo sem autorização.

– Vai ver ou não? - ela disse.

Olhei o blog que ela acessava, onde Marcia contava desde a formatura até o primeiro assassinato como vampira. Choraminguei.

– Mas que droga!

– Calma, Mel, ela é boa, não vê? - Ellen me sorriu.

– Minha irmã se transformou em algo que eu odeio - eu disse - Mas que droga, mamãe e Suzana vão pirar!

Larissa revirou os olhos de novo.

– Ninguém precisa saber de nada agora. Tranquiliza elas, diz que está bem, que tem uma família.

– Família - ironizei.

– Como você é preconceituosa, garota - ela ralhou.

Meus pensamentos giravam, sem saber o que fazer.

– Como ficou sabendo disso? - eu perguntei - Quer dizer, fadas não internet, tem?

As duas fizeram que não.

– Larissa tem um dom - Ellen falou como se isso fosse a coisa mais chata do mundo - Quem é transformado, ela sempre sabe.

– Ah - falei.

As duas sumiram.

Fiquei ali. Sem saber o que fazer.

♥♥♥

Cuteworld, 28 de fevereiro de 2005.

A garota é uma mala, tanto quanto minha prima.

Eu garanto que não ficaria tão dramática se minha irmã mais velha se tornasse uma vampira.

Tirando o fato de fadas não se transformam em vampiros, e que eu não tenho uma irmã mais velha.

Era feriado no meu mundo. Na época em que o dia 30 de fevereiro existia, a rainha Vitória (então ainda com quinze anos) amaldiçoara o dia só porque perdeu o namorado (e pai da minha tia) na data. Desde então, os humanos retiraram esse dia. Até hoje é considerado o dia de glória das fadas.

Saco.

Cara, vocês tem de entender que amo minha vó e meus pais, eles são tudo pra mim. O problema real é nossa estrutura de mundo. Ficaria tão feliz em ter nascido humana. Alguém bateu na porta.

– Que foi, mãe? - gritei, sem me mexer.

Meu quarto ficava em algum lugar do último galho da arvore onde vivia minha família. Melhor que morar num castelo.

– Abre a porta, Larissa.

Eu abri, meio contrariada. Minha mãe vinha em forma humana, os cabelos cor-de-ouro puro brilho prata, sua cor padrão. Eu esperei - Sabe bem que tem que passar a noite com alguém que não conviva muito.

Revirei os olhos. Depois ri, maldosamente.

– E quem é a vítima esse ano?

Minha mãe fez aquela expressão que as mães fazem quando querem que você se comporte.

– Ciça e Sandra Cool - - advertiu.

Fechei a porta, bufando. Que ótimo. As guerreiras malas que lutavam contra vampiros para proteger os humanos deles.

Ciça tinha dezenove anos, era fofinha e até um pouco menos fada que a maioria. Não gostava de matar vampiros, era só sua função como membro da família Cool.

Era a incrível fada protetora das florestas, e por isso mesmo, sua cor era o verde. Mas ela usava o vestido rosa com uma saia feito de folhas por cima. Seus pés estavam sempre descalços e ela usava uma coroa de folhas na cabeça. O cabelo curto e cacheado lembrava o cheiro das arvores.

Já Sandra... Ela era fada do amor e das donzelas, a inimiga número um de Matilde. Tem vinte e um anos e é a fada mais conhecida no mundo dos humanos, pelo menos entre as crianças. Talvez nãobse lembre, mas já viu alguém vestido ou uma imagem qualquer de uma fada com vestido e pó mágico rosa e uma varinha de condão. A função dela, além de guerreira, era proteger o amor puro e meninas virgens.

Que careta.

Toc toc.

Droga.

– Lari, as meninas chegam em duas horas.

Sorri, com o tempo livre. Coloquei o fone e deixei que Evanescence me fizesse esquecer das garotas malas.

***

Não foi de todo mal, afinal. Ciça era legal, me trouxe um vestido preto com estampa de música, que seria perfeito pra mim, se eu não odiasse vestidos. Não quis magoá-la, então apenas disse que era lindo.

Sandra era legal também, só que absurdamente santa. Era diferente, confesso, nada fada. Mas era irritante.

Ciça veio de vestido verde estupidamente curto e um short quase do mesmo comprimento. Vê-la de short fez com que ela parecesse mais humana. A irmã, em compensação, usava um vestido rosa armado, salto alto e uma coroa (ein?) que a deixaram tipicamente infantil.

Conversamos, formalmente no início, mais soltas de madrugada. Ensinei-as a jogar cartas, fizemos cachorro-quente na cozinha (minha mãe estava com Tude Pool, mas falo delas outra hora), assistimos filmes humanos e Sandra insistiu em fazer minha unha e sobrancelha.

Foi uma expêriencia afinal.

LARISSA ¤¤¤

Mariluz, 3 de março de 2005.

Estou em casa, finalmente. Com minha família.

Pelo menos é o que é minha família agora.

Tive em Luzíada. Cheguei em paz, tentando fazer tudo certo. Já tinha me alimentado o suficiente - de animais, não quero ser uma assassina.

– Você o quê? - Melissa chorava e gritava, eu não sabia bem o porquê - Não quero ir a lugar algum com você, o que quer de mim?

Enruguei a testa, confusa. O que eu tinha feito a essa garota?

– Eu queio ir com voxe, Macia - Bel falou, me abraçando, a chupeta na boca.

Levei-a ao parque aquático. Manu tinha me dito que dias nublados não nos afetavam.

Na metade do dia, um garoto caiu na piscina infantil e corri sobrenaturalmente até a reserva local. Um veado pastava, e tentou correr quando me viu

Instinto de sobrevivência.

Mordi o pescoço e o suguei por completo o sangue quente do animal. Era o preço que tinha que pagar por ter me tornado imortal.

Voltei logo para o parque e consegui aproveitar por um bom tempo até que houve um grito.

O cheiro de sangue ao longe me atingiu. Larguei Bel e corri.

postado por Marcia, a vampira.


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