Matthew, Love And Life escrita por lamericana


Capítulo 1
O início


Notas iniciais do capítulo

EU SEI. O título do capítulo tá piegas, mas não consegui imaginar nome melhor. Esse texto ainda não foi nem concluído na minha cabeça, quanto menos no computador. Espero que tenham paciência comigo, já que estudo na UFPE e to tendo aula em pleno janeiro.



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Bem, por onde começar? Sou Matthew, tenho 27 anos, estou terminando o curso de medicina, mas preciso que o fresco do Leonard apareça com a parte final do trabalho da gente pronta pra poder entregar pro professor. Por um lado, é justificável o atraso dele, já que está chovendo canivetes e deve estar um desastre andar lá fora. Mas por outro lado, eu não moro tão longe do alojamento estudantil da universidade (eu moro numa área residencial perto do hospital universitário).

Para todos os efeitos, eu moro só, já que meus pais morreram quando eu ainda era um moleque. Fui criado pela minha tia até entrar na faculdade. Não tenho do que reclamar da educação que a minha tia me deu nem do que os meus pais me deram antes dela. Principalmente dos meus pais, que me aguentaram na minha fase mais estúpida (dos meus 7 aos 9 anos, quando eu me recusava a receber todo e qualquer conselho deles) e que me mostraram que dinheiro não é tudo na vida.

Mas tudo que mais me interessa agora é entregar logo esse maldito trabalho pra receber a minha nota o mais cedo possível. Decido esperar mais meia hora pra ver se essa chuva passa e Leonard vem. Se não acontecer algum dos dois (ou mesmo os dois) eu vou pro alojamento estudantil e vou pegar aquele maldito trabalho.

Cinco, dez, vinte minutos e a chuva já acabou. Só mais dez minutos e eu passo lá pra falar com aquele imbecil...

Antes que me questionem sobre namoradas e tal, quero deixar claro que a última namorada que tive se suicidou poucos dias depois que ela terminou comigo. E na carta de suicídio dela, ela meio que me redimiu da culpa, dizendo que terminou por achar que conseguiria viver sem mim quando pediu pra terminar, mas quando percebeu que não conseguiria, era muito tarde por que eu já estava na faculdade. Depois dela, fiquei chateado demais comigo mesmo durante muito tempo, por isso não me relacionei com nenhuma outra garota.

Quando se passou todo o tempo que eu decidi esperar, fui atrás de Leonard. Peguei meu carro (Sim, eu tenho um carro. É tão grande, luxuoso e moderno quanto um fusca) e fui atrás daquele miserável. Que fique claro: eu xingo Leonard por que ele meio que merece os insultos. O professor nos botou como parceiros de trabalho nessa cadeira. Mas, como esse é o último projeto antes da formatura, aceitei ter aquele imbecil como dupla.

A verdade é: eu quase não fiz amigos no curso. Podem me chamar do que quiser, não ligo. Mas o caso de Leonard consegue ser pior que o meu. Além de ele não ter feito nenhum amigo, ele fez questão de desfazer qualquer forma de simpatia. Foi o típico sanguessuga o curso praticamente inteiro (teve uns raros rompantes de boa-vontade) e ainda fazia corpo mole nos trabalhos.

Nesse trabalho em especial, ele teve que trabalhar porque ele meio que tem medo de mim, já que tenho uma aparência de delinquente irlandês que já tem uma ficha recheada de passagens pela polícia e crimes ainda não descobertos. (Vale ressaltar que a imagem que eu passo não corresponde à realidade)

Em todo o curso, as únicas amizades verdadeiras que fiz foram duas. Gina e Maxwell. Juntos, parecemos três pessoas que não têm nada em comum, afinal cada um tem traços de etnias muito diferentes, além de estilos de vida quase que opostos. Mas o que mantêm o trio unido são as palhaçadas e o ânimo que dispomos pra discutir os casos bizarros que caem nas nossas mãos (que ainda são poucos).

Chegando no corredor do apartamento de Leonard, quase caio. Uma mulher tinha caído em cima de mim. Ajudei ela a se levantar.

– ‘Cê tem que tomar mais cuidado, moça. – parei um pouco pra perceber que ela chorava – O que aconteceu? Te machuquei?

Ela negou com a cabeça e falou alguma coisa tão baixo que não pude ouvir. Levei ela até uma cadeira que tinha no corredor e a sentei ali.

– Olhe, se aconteceu alguma coisa, pode falar, moça. Sou formando de medicina e posso tentar te ajudar.

– Não tem nada que você possa fazer. – ela sussurrou – O problema é meio pessoal.

– Adoro ouvir problemas pessoais. Normalmente são os melhores. – falei dando um sorriso torto

Ela levantou o rosto e, pela primeira vez consegui ver o rosto dela. Ela tinha um rosto fino, mas harmonioso, olhos claros, lábios grossos. Uma mulher bonita. Ela enxugou as lágrimas com as palmas das mãos.

– Mas você não quer ouvir os meus, eu posso garantir isso – ela falou

– Fui meio rude. Desculpe. – ela me olhou sem entender – Eu sou Matthew Cooper.

Ela soltou um riso sem graça.

– Sou Sophie Evans. E você realmente não quer saber o que me aconteceu. Falo sério.

– Sophie, qual é? Pode me falar.

– Quem é você, afinal? To começando a achar que você quer saber demais da minha vida.

– Olha, eu sei que minha aparência não inspira muita confiança, mas eu realmente sou formando de medicina. Eu estou aqui pra pegar um trabalho pra depois me formar. Se você quiser, a gente pode ir tomar um café. O que você acha?

– Você não desiste, né?

– Minha profissão não permite isso.

Ela deu o primeiro sorriso sincero desde que a vi.

– Tá bom. Mas só um café. – ela disse

Ela se levantou e foi no sentido das escadas.

– Ei, qual seu telefone? – chamei e ela voltou alguns degraus

– Eu pensei que a gente ia se encontrar no Starbucks do campus às três. – e desceu

Consegui abrir um sorriso largo, mas logo me lembrei de que eu tinha que pegar o trabalho com Leonard. Assim que levantei a mão pra bater na porta, uma mulher seminua a abriu e me olhou espantada.

– Leonard! Tem um delinquente aqui na porta! – ela gritou pra dentro do apartamento

Logo vejo Leonard correr pra porta.

– Deixa que eu falo com ele, Susie. – e abriu um daqueles sorrisos cafajestes pra ela antes de se virar pra mim – O que você quer? – ele perguntou meio grosseiro

– A porra do trabalho. Entregue agora e nada acontece com você. Caso contrário... – nem precisei terminar a frase pra que ele empalidecesse

– Só um instante.

Quando ele voltou, ele me entregou umas cinco folhas de papel meio sujas e com uma caligrafia horrorosa (tava ruim até pros padrões médicos). Olhei pras folhas e depois pra ele.

– Você realmente quer que eu acredite que esse lixo é o que você tem a contribuir com o trabalho? Você tem certeza? – falei

– Cara, entenda... Minha impressora quebrou e eu tive que fazer tudo à mão, além de ter tido uns probleminhas pessoais.

– Lembra o que eu te disse logo que esse projeto foi passado? Para refrescar a sua memória, aqui vai: eu disse que mancharia a tua reputação se você não colaborasse e quebraria a tua cara se você não fizesse um serviço decente. Você chama isso de serviço decente?

– Bem... Não.

– Pois é. Você tem até às seis horas de hoje pra entregar pro professor esse projeto completo, digitado e impresso. Ou então, você não se forma, tem reputação manchada e a cara quebrada. Eu tenho meus meios pra conferir se isso foi feito.

Joguei os papéis no chão e me viro.

– Matthew, espera! Aqueles não são os certos!

Fingi que não tinha ouvido e voltei pra casa. Fiquei meio deslumbrado com Sophie, admito. A imagem dela ainda povoava a minha mente. O cabelo e a pele escura contrastavam com os olhos claros dela.

Eu mal podia esperar pelo encontro que eu teria com Sophie. Poucos minutos depois, meu celular tocou.

– Alô? – atendi

– Matt? O que você vai fazer hoje à tarde? – Max perguntou

– Vou sair com uma menina que eu conheci. Por quê?

– Por nada. Eu ia te chamar pra sair comigo e com a Gina, mas pelo visto você tem um programa mais importante.

– Olha, dependendo do horário, eu posso até ir com vocês. E eu até chamaria vocês pra se juntarem, mas é a primeira vez que eu saio com ela...

– Ihhh, rapaz. Não vai se enroscar, hein? Ou pelo menos se certifique que ela é louca o suficiente pra se tornar mulher de médico.

– Maxwell, não começa.

– Fosse falar com o puto do Leonard hoje, foi?

– Foi. Aquele fresco queria me enrolar.

– Qual foi a armação da vez?

– Ele me entregou uns papéis nojentos com qualquer besteira escrita e queria que eu acreditasse que aquele era o trabalho. Mas eu obriguei ele a fazer uma merda decente e enviar pro professor ainda hoje.

Olhei pro relógio. Eu tinha meia hora.

– Bicho, agora vou ter que desligar. Marquei com ela as três no Starbucks.

– Me diz qual o nome da menina.

– Sophie.

– Rapaz, toma cuidado, viu?

– Pode deixar.

Desliguei o telefone, troquei de roupa. Chegando na Starbucks, vejo Sophie sentada numa mesa perto da janela lendo um livro. Quando cheguei perto da mesa, pigarreei.

– Cheguei tarde? – perguntei

– Não, pode ficar tranquilo. Eu realmente cheguei mais cedo. – ela falou, já se levantando

–Não precisa se levant... – antes que eu pudesse terminar a frase, ela me deu um abraço

Eu devo ter feito uma cara muito estranha, porque ela começou a gargalhar.

– Desculpa se te assustei. É que a minha mãe é indiana e a minha avó paterna é espanhola. Por isso o abraço. – ela se explicou

– É que eu não estou muito acostumado a receber abraços como cumprimentos. Normalmente é só um aperto de mão, quando muito. – me sento na cadeira à sua frente.

– Eu acho que eu devo uma desculpa por hoje mais cedo. É que eu peguei meu ex me traindo e eu realmente estava chateada. – Sophie falou

– Sem problemas. Acho que é totalmente entendível. – Ela me olhou com uma cara de descrença – É sério.

Ela sorriu.

– Então, você conseguiu pegar o trabalho que você precisava? – ela perguntou

– Não. O filho da puta que eu fui obrigado a fazer parceria nesse trabalho fez um lixo completo e tentou me passar a perna, querendo que eu acreditasse que aquele era um material decente. Mas eu sei que agora ele vai fazer alguma coisa que preste.

– Como você tem tanta certeza disso?

– Ele acha que eu sou um delinquente irlandês que já teve uma série de passagens pela polícia.

– Desculpa, mas a sua aparência meio que passa essa impressão. E o teu sotaque não ajuda nem um pouco.

Não tive como não rir.

– É que eu fui criado pelo meu tio, que é irlandês. E, mesmo se eu tivesse sido criado pelos meus pais, não teria escapado. Meu pai é irlandês também, então...

– Porque você foi criado pelos seu tio?

– Meus pais morreram num acidente quando eu tinha uns 10 anos. Como meu tio era o parente mais próximo que eu tinha, eu fui morar com ele e com a família dele.

– Você tem irmãos ou primos?

– Tenho dois primos. Holly e Malcolm.

– Sem irmãos?

– Nem irmão nem irmã.

– Nunca teve vontade de ter?

– Ter vontade, eu tive, mas minha mãe ficou estéril pouco depois do meu nascimento, então não pude ter irmãos. E você?

Ela fez uma cara pensativa antes de começar a falar.

– Tenho um irmão mais velho, que tá morando com a família da minha mãe lá na Índia. Ainda moro com meus pais, mas só porque eles têm muito medo de que aconteça alguma coisa comigo.

– Sério?

Ela assentiu. Antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, Max e Gina aparecem.

– Ai, meu Deus. – falei

– O que foi? – Sophie perguntou

– Dois amigos meus.

– Onde?

– Ali. – apontei na direção que os dois estavam

– O negro e a asiática?

– Esses mesmos.

– Desculpa, mas porque todo esse nervosismo?

– Eles são meio palhaços e gostam de fazer graça comigo. E acho que você vai se tornar um motivo.

– E porque eu me tornaria um motivo?

– Desde quando eu entrei no curso de medicina, não tive uma namorada nem um rolo com ninguém.

– Desculpa a pergunta, mas você é gay?

– Não, não. Sou hétero, mas não me relacionei com ninguém porque a minha última namorada se suicidou pouco tempo depois da gente terminar.

– Desculpa. Deve ter sido difícil pra você.

– Tudo bem. Então, você quer ir na livraria amanhã à tarde? Vai ter uma exposição sobre o Vietnam.

– Pode ser.

Ela tirou um bloco e uma caneta da bolsa e anotou um telefone e um endereço.

– Quando você for, me liga.

Olhei pro endereço. Me lembrava vagamente de onde era.

– É perto de um parque infantil. A minha casa não é difícil de achar depois que você chega na rua. É a amarela.

Ela se levantou e me deu um abraço.

– Agora eu tenho que ir, antes que meu pai vire o campus pelo avesso atrás de mim.

– Seu pai é ciumento assim? – me espantei

– Não, não. Ele só não confia no Leonard, meu ex.

– Espera um pouco. O Leonard que você tá falando é o Leonard Gustin?

– Esse mesmo, por quê?

– Ele é o filho da puta que tá me devendo o trabalho. Por isso que eu achava que tinha alguma coisa estranha nele hoje.

– Como assim?

– Ele normalmente se gaba por estar com uma mulher ou outra, mas quando eu apareci na casa dele, ele não se importou em se gabar.

– Aquele... – ela começou a se exaltar

– Calma.

– Calma nada. Vou matar aquele filho da puta.

Segurei ela pelos ombros e olhei nos olhos dela.

– Você não está em condições de ir falar com aquele puto agora. Vou te levar pra casa e depois você resolve esse problema. Por favor, se acalme.

Ela começou a respirar fundo e pareceu se acalmar consideravelmente.

– Desculpa pela cena. É que eu fico realmente estressada com esse tipo de coisa. Acho que não estamos começando muito bem, estamos?

– Bem, acho que não. Mas acho que isso meio que emociona as coisas. Vamos lá, que eu te deixo em casa. Não quero ter que enfrentar a ira do seu pai logo no dia que eu te conheço.

Sophie me guiou até onde estava o carro dela e eu levei-a pra casa. Não era muito longe do campus, o que, de certa forma era bom. Assim que eu parei o carro na frente da casa dela, uma mulher saiu na porta.

– Sophie Evans! Já pra dentro! – gritou a mulher – Nunca mais faça isso.

Sophie baixou a cabeça e deu um riso sem graça antes de sair do carro.

– Calma, mãe. Não aconteceu nada de mais. – ela falou

– Se não aconteceu nada de mais, o que esse rapaz está fazendo no seu carro? – retorquiu a mãe dela

– Mãe, esse é Matthew, um amigo meu.

– Entre logo em casa, menina. Rapaz, pode vir aqui que eu quero falar com você.

Saí do carro e entrei na casa. A mãe da Sophie me indicou o sofá e eu sentei. Sophie sentou no braço da poltrona que a mãe dela sentou.

– Qual o seu nome, rapaz? – a mãe de Sophie me inquiriu

– Matthew Cooper, senhora. – respondi, tentando conter meu nervosismo.

– O que você faz da vida?

– Sou formando de medicina. Assim que passar a formatura já começo meu trabalho no hospital universitário.

– Alguma especialidade?

– Pediatria.

– Qual o seu interesse na minha filha?

– Somente amizade, senhora.

– De onde você é?

– Daqui mesmo. Meu pai era irlandês e a minha mãe era daqui.

Antes que a mãe da Sophie fizesse mais alguma pergunta, Sophie interrompeu.

– Mãe, o Matt só é meu amigo. Não precisa de todas essas perguntas.

– Com essa aparência, minha filha? Claro que precisa.

Sophie me soltou um olhar que pedia desculpas pela atitude da mãe.

– A senhora tem todos os motivos para estar preocupada, senhora Evans. Mas posso garantir que a minha aparência é enganosa. – falei

– Então explique-se.

– Eu mantenho o cabelo comprido por causa de uma promessa que eu fiz ao meu pai pouco antes dele morrer. Prometi a ele que eu só mudaria o corte de cabelo quando tivesse o meu primeiro filho. Quanto a barba por fazer, é que eu estive ocupado nos últimos dias e acabei não fazendo.

Assim que eu terminei de falar, a porta da sala se abriu e o pai da Sophie. Ela se levantou e foi em direção a ele.

– Pai, esse é o Matt, meu amigo. Ele veio me trazer.

Me levantei e apertei a mão do pai dela.

– Prazer, senhor. – falei

– Só preciso saber de uma coisa de você, rapaz. Você é amigo do Leonard Gustin?

– Não senhor. Ele é só um colega de classe meu, mais nada.

– Ótimo. Ruma, vamos lá pra dentro. Acho que Sophie quer falar com o amigo dela. Rapaz, cuidado com a minha filha.

Os pais da Sophie saíram da sala.

– Tá vendo? Meu pai não é ciumento. Minha mãe é só superprotetora e acha que todo e qualquer cara com quem eu me relaciono é um estuprador em potencial.

– Mas acho que a minha aparência não ajudou muito. Na cabeça de muita gente eu sou apenas um delinquente aproveitador, não um pediatra.

– Se você fizer a barba ajuda um pouco a melhorar a sua aparência.

– Prometo que amanhã eu já estarei com a barba feita.

– Que tal, ao invés de irmos a exposição, irmos pra praia? – ela sugeriu

– Praia? – fiz uma careta – Não sou muito fã de praias.

– Se tiver alguma coisa a ver com a sua ex, a gente pode ir pra exposição, sem problemas.

– Não, não tem nada a ver com a minha ex. Anita odiava praia. Eu não gosto muito de praia por que sempre saio queimado, não importa o quanto eu me cuide.

– Sério?! Nossa, eu sabia que a pele de ruivos era mais sensível, mas não tanto. Se você quiser, eu posso te ajudar. Meu pai é farmacêutico e volta e meia tá trazendo produtos novos pra casa. Muitas vezes são desses protetores especiais com fatores de proteção lá em cima.

– Acho que eu vou aceitar a sua oferta. Amanhã as oito eu venho te pegar.

Ela ergueu a sobrancelha.

– Você acha que vai ser assim tão fácil, é? Eu vou te pegar, senão minha mãe te esfola vivo. – ela pausou – Ou melhor, venha. Meu pai vai poder ajudar a gente. A praia não é muito longe daqui e com o consentimento dele, minha mãe não vai negar. Só um instante. Espere aqui.

Ela entrou em casa antes que eu pudesse protestar. Não muito tempo depois ela volta com o pai.

– Pai, a situação é o seguinte: amanhã eu e o Matt vamos passar o dia na praia. Mas eu sei que mamãe não vai deixar. Será que o senhor poderia dar permissão?

O pai dela se virou para mim.

– Matthew, seu nome, não é? – ele começou

– Sim senhor.

– Minha mulher disse que você é formando de medicina pra pediatria. Não acredito que alguém que aprenda a tratar crianças seja ridículo ao ponto de ofender uma mulher, apesar de haver exceções, como Leonard. Tudo o que eu espero de você, rapaz, é que trate a minha filha com respeito e que não a desrespeite ou a ofenda. Estamos entendidos?

– Estamos.

– Fora isso, eu deixo vocês irem à praia amanhã. Falarei com Ruma pra que ela não tenha um chilique. – ele se levantou, mas pouco depois parou – Sophie, leve o protetor 100 pra esse menino, senão ele vai morrer tostado no sol.

Sophie abriu um sorriso. Acho que, assim como eu, ela não achou que seria tão fácil de receber uma permissão do pai dela.

– Quer apostar comigo que amanhã, quando você vier, meu pai já vai pedir pra que você chame ele pelo primeiro nome? – ela falou

– Eu to em desvantagem nessa aposta. Você conhece ele a mais tempo do que eu. – isso fez ela rir ainda mais – Já que amanhã eu vou ter que chamar seu pai pelo primeiro nome, eu preciso saber qual é, não acha?

– Meu pai se chama Jorge, mas ele vai mandar você usar a mesma pronúncia que se tem em George, já que ele odeia quando falam o j como se fosse um r.

– Jorge. Certo. Acho que não vou ter problemas com o seu pai, mas já com a sua mãe...

– A minha mãe é só questão de tempo. Daqui a alguns dias ela vai estar dizendo que você é quase como um filho. Garanto a você.

– Como assim? Você não parece ter tantos amigos homens assim.

– Realmente não tenho, mas dos poucos que tenho, ela agiu da mesma maneira. Primeiro ela diz que o cara não presta, que não vai ter futuro fazer amizade com o cara. Dias depois tá dizendo que o cara é quase como um filho. É sempre assim. Era assim com as amigas do meu irmão. Ela primeiro diz que elas são vagabundas pra depois dizer que são santas.

Eu ri. Então a mãe dela não é tão ruim assim.

– Sophie, acho melhor eu voltar. Tenho que conferir se o trabalho foi entregue e tudo mais. Mas amanhã eu apareço.

– Fique com o meu carro até amanhã. É mais barato do que um táxi.

– Pode deixar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Bom? Ruim? Ótimo? Um lixo? prometo tentar postar o próximo capítulo o mais cedo possível.