Athena estava sentada em um dos espaços para leitura de sua gigante biblioteca no Olimpo. Ao seu redor havia uma pilha com uns 10 livros aproximadamente. A biblioteca era seu local preferido, pois era o único onde ninguém ousava perturbá-la e porque era muito aconchegante; tinha estantes repletas de livros sobre os mais diversos assuntos, de todos os países, em todas as línguas e todas as épocas... Um paraíso para os bookaholics e para a linda deusa da sabedoria. Havia também um belíssimo lustre de cristal clássico no hall de entrada e espalhadas pelos cantos da biblioteca, poltronas confortáveis e solitárias acompanhadas por uma mesinha e um abajur... Elas geralmente eram ocupadas por deuses menores, alguns Olimpianos que queriam passar um tempo fora de seus palácios, alguns semideuses autorizados  e pelas ninfas autorizadas em seu tempo de folga. Também havia um espaço para a realização de pequenas reuniões e o escritório oficial de Athena, onde ela criara vários de suas mirabolantes estratégias.

Contudo, excepcionalmente hoje, a biblioteca estava deserta. Nem mesmo as ninfas ajudantes ou as que ficavam andando por ali para descobrir as novas fofocas do Olimpo apareceram; silêncio; vazio. Aparentemente todos ainda estavam se recuperando dos efeitos da guerra. Sim, você deve estar pensando “Ora, eles são deuses! Não precisam de tempo para se recuperar!”. Não se engane. Até o mais poderoso dos deuses tem seus limites. Athena estava ali porque está é a sua maneira de relaxar e recuperar suas energias, mas parece que dessa vez não estava funcionando.

A deusa estava com seus cabelos loiros presos em uma trança lateral que estava caindo para frente de seu ombro; vestia uma camiseta regata verde água e um short jeans curtinho para os padrões certinhos da deusa casta da sabedoria.

Sua pilha de livros estava bem diversificada hoje. Ela lera desde livros sobre matemática pura e aplicada até romances moderninhos, passando pelos clássicos como o amor impossível de Romeu e Julieta. Contudo, algo estava estranho. Athena sabia disso. Ela lia com a mesma rapidez de sempre, mas não absorvia nada daquelas palavras. Era como se estivesse apenas foleando as páginas de um livro em branco.

“Deve ser o estresse”  pensou . ”As cenas da batalha não param de passar em minha mente”.

Terminou mais um livro e resolveu parar um pouco. Precisava achar outra maneira de se distrair, pois essa não estava dando certo. Levantou de sua cadeira e foi até uma das grandes e luxuosas janelas que dava para o mais novo jardim do Olimpo (planejado por Annie com o auxilio e a elegância de Perséfone). Athena chamou uma das ninfas ajudantes de Dionísio e pediu que lhe trouxesse a melhor garrafa de vinho que pudesse. Num piscar de olhos, a ninfa Diana trouxe uma garrafa de vinho tinto feito com as mais suculentas uvas italianas e uma taça de cristal com borda de ouro, e como acompanhamento um pratinho com queijos finíssimos. Athena bebericava vagarosamente o vinho apreciando seu sabor enquanto as cenas da batalha passavam em seus olhos. Ela pensava no perigo que suas crianças sofreram, nos semideuses perdidos, nas várias baixas que sofreram para obter essa vitória... Também refletia se deveria aprovar ou não o namoro do cabeça de alga júnior com sua preciosa Annie (estava bastante inclinada para o sim... O menino era prestativo e se importava realmente com sua filha), mas a lembrança que era mais forte da guerra contra os Titãs que a perturbava. Um fato ocorrido durante a batalha não saia de sua cabeça e a deixou curiosa ao ponto de não conseguir se concentrar para ler um livro (milagre!).

Flash back on

Athena estava defendendo o flanco norte do Olimpo junto de Apolo, mas devido a grande quantidade de feridos o deus foi requisitado para dar uma forcinha na enfermaria de guerra.

Durante um tempo Athena estava conseguindo dar conta do recado e acabando com os membros do exército de Cronos, mas logo suas forças começaram a diminuir, pois além de lutar ali, ela tinha que formular estratégias relâmpagos e repassá-las para os outros deuses por “telepatia”, pois eles haviam feito um vinculo para que estivessem conectados para melhor sua defesa. Além disso, a deusa ainda tentava reforçar as benções que havia dado a alguns semideuses secretamente.

A essa altura a armadura de Athena já estava avariada e icor escorria por seus braços e rosto. Ela sentia que não aguentaria por muito mais tempo quando viu um Minotauro correndo com um machado de ferro estígio em sua direção. Ele desferiu um golpe do qual ela conseguiu escapar por uma questão de centímetros, mas seus reflexos já não eram os mesmos e ela estava caída no chão... Então, no momento em que o Minotauro ia desferir seu golpe final, o deus mais improvável de todos surgiu para defendê-la... Poseidon.

- Como ousa atacá-la? Quem pensas que é ser insignificante?

Sim, Poseidon berrou isso a plenos pulmões antes de decapitar o Minotauro na frente de uma surpresa Athena.

- Hey, durona, precisando de uma mãozinha? – falou o deus piscando para Athena

- Não preciso da SUA ajuda, Poseidon. – falou friamente

- Acho que você precisa de um tempo... – ele falou avaliando o estado da deusa

- Ora, isso é um ultraje! Veja bem como fala comigo! Eu... – ela começou indignada

- Hey, Athena, não quis te ofender, mas você realmente precisa descansar! Olhe para você!

- Estamos em guerra se você não percebeu Poseidon?! – falou acidamente – Não posso me dar ao luxo de descansar enquanto semideuses morrem – falou determinada tentando se levantar- Aiii!

Havia um machucado horrível em sua perna, pois ela havia caído sobre os cacos de um jarro das musas de Apolo e um deles havia entrado em sua coxa já desprotegida. Poseidon a olhou sério e disse:

- Me escute pelo menos dessa vez, dona da razão. – ele a olhou com uma  preocupação antes inexistente – Querendo ou não você vai à Enfermaria. Tome um pouco de ambrosia e néctar. Quero que você fique bem logo... – falou e ao perceber a confusão nos olhos da deusa completou – os outros não sabem se virar sem você.

Ele a pegou no colo, pediu para que um de seus generais assumissem a situação durante a ausência deles e aparatou para a enfermaria.

Apolo deu um jeito nos ferimentos de Athena, que por ser uma deusa se curou rapidamente, mas foi obrigada por Poseidon a descansar por mais 10 minutos que para ela pareceram eternos. Depois os dois voltaram juntos para o campo de batalha onde lutaram lado a lado, como não faziam desde Tróia, até que o último monstro caísse.

Flash back off

Desde o fim da guerra que os dois não se viam. Mesmo tendo vencido a batalha, ambos estavam muito fracos e Athena admitia que ficara muito preocupada com o estado do deus dos mares após a batalha.

A deusa jamais iria esquecer a fúria que viu nos olhos do deus antes de decapitar o Minotauro e manda-lo direto para o Tártaro. Ele estava possesso. Athena soltou uma risadinha.

Ela ainda estava perdida em seus pensamentos e já sob o efeito da terceira taça de vinha que acabou por não perceber que um certo deus se aproximou sorrateiramente dela e disse com um sorriso maroto que ela não pode ver , pois estava de costas :

- Perdida em seus pensamentos Athena?

A voz do deus estava rouca e sexy e fez com que Athena se assustasse e derrubasse a taça de vinho no belo tapete persa que Artémis lhe dera.

- Ah! Poseidon! Veja só oque você fez!- ela falou forçando irritação em sua voz – O que faz aqui? Não deveria estar cuidando do seu povo e de seu reino?

- Desculpe-me... Não era minha intenção – ele fez surgir uma garrafa d’água e a colocou no tapete.

Assim que o liquido entrou em contato com a mancha, esta desapareceu como mágica deixando a deixando a deusa surpresa.

-Uau... – ela falou

- Obrigado... – ele sorriu – e respondendo a uma de suas perguntas: eu já deixei tudo encaminhado no meu reino, já visitei e providenciei ajuda para meu povo assim que cheguei da batalha.

- Nossa você teve forças para isso? Você estava tão abatido...

- Eles dependem de mim Athena... Não posso me dar ao luxo de colocar meu bem estar à frente de meus súditos...

- Nunca consegui te ver como um rei tão sério e bondoso... – ela falou enquanto fazia surgir duas novas taças de vinho – Aceita?

- Sim, obrigado... Na verdade, obrigado duas vezes – ele falou com um sorriso perfeito – E respondendo a sua primeira pergunta: Vim ver como você está. Fiquei preocupado sabia?

Ele se aproximou da deusa e colocou sua taça ( já vazia) sobre a mesinha. Eles ficaram se encarando. Athena séria e sem ação e Poseidon apenas esperando uma resposta, afinal Athena SEMPRE tem uma resposta.

- Eu estou ótima, Poseidon. Obrigada... – ela falou olhando para a própria taça – você é quem está... Estranho.

O deus repentinamente ficou sem graça e corou... Essa conversa estava muito calma para uma conversa dos dois. Mesmo assim ele se aproximou um pouco mais da deusa.

- É... Estou estranho sim... Já faz um tempo.

Ele encurtou um pouco mais a distância entre eles e encarava os sinceros olhos cinzentos de Athena que refletiam toda sua surpresa e confusão devido ao comportamento diferente do deus dos mares, afinal eles eram praticamente inimigos declarados... Viviam em pé de guerra.

- Athena.

- Poseidon - falaram juntos; fato que fez Athena corar.

- Você primeiro senhorita...

- Não, pode falar... – e se é que é possível, ela corou um pouco mais e colocou a taça também na mesinha para disfarçar seu nervosismo e quebrar um pouco o contato visual com o deus.

- Ok... – ele parecia nervoso – Athena, se eu tentar uma coisa... Você é... Você jura que não me mata?

- Depende... – ela falou desconfiada, mas logo se arrependeu ao ver algo que parecia ser tristeza nos belos olhos verdes do deus do mar.. Logo agora que estavam se dando bem... Humm – Ok! Ok! Vou te dar essa chance. Mas antes, sem carinha de gato do Shrek! Isso é chantagem! Hahaha

Ele deu uma gargalhada acompanhando a da deusa e seu rosto se iluminou novamente. Ele se aproximou de verdade da deusa agora e a prendeu contra a parede. Eles podiam sentir e ouvir suas respirações aceleradas. Athena parecia assustada.

- Poseidon... Não... – ela falou o encarando

- Você prometeu me deixar tentar loira... Juro que não vou te machucar... Não conseguiria nem se quisesse.

Athena estava atônita com esse novo Poseidon... E com ela ainda em estado de choque, ele encostou seu nariz no dela, deu selinhos em seus lábios macios causando arrepios na deusa que não soube como reagir. Finalmente encostou seus lábios nos dela e a beijou como já devia ter feito há éons! Ele sempre a amara, mas mascarava com as brigas, pois Zeus nunca aceitaria e a havia feito odiá-lo, mas nessa guerra, a mera possibilidade de perdê-la o fez tomar coragem. Athena se entregou ao beijo, levou suas delicadas mãos para o cabelo já bagunçado do deus que apertou levemente sua cintura bem definida. Ficaram ali pelo que pareceram horas e quando finalmente se separaram ambos estavam sem folego, descabelados e com um sorriso bobo no rosto. Athena estava corada e escondeu o rosto no pescoço do deus que estava explondindo de alegria e não resistiu em dizer:

- Então, valeu a pena me deixar tentar? – ele sussurrou acariciando os cabelos já soltos da deusa.

- Você sabe que não preciso responder isso... – ela deu uma mordidinha de leve no pescoço do deus.

- Porque você me privou disso por tanto tempo , pequena? – ele falou baixinho

- Acho que eu é quem fui privada, Poseidon – ela riu – Tenho meu voto esqueceu?

Ela pareceu triste.

- Acho que Afrodite ficaria contente em dar um fim nele, afinal acabo de encontrar o amor da minha vida e eu sou o titio favorito dela. Hahahaha

- Sou o amor da sua vida? – ela perguntou fazendo charme

- Sempre foi loirinha... – ele falou roubando um beijo dela – E sempre será.

Eles deram um beijo que deve ter feito Afrodite dar pulinhos de alegria! Depois ficaram abraçadinhos vendo o sol se pôr indo dar lugar a lua que estava caprichosamente cheia e cercada de estrelas... Artémis parecia estar feliz e todos suspeitavam do motivo... Mas isso é outra história.

Poseidon finalmente deixou seu orgulho de lado e pediu a mão de Athena para Zeus. Ele não pôde recusar quando viu todos os deuses ao lado do novo casal. A dama de gelo finalmente viu seu coração ser entregue a alguém. E oque sabemos até agora é que os dois saíram em lua de mel e até agora não deram notícias... Hummm! Novos deuses a caminho? hahahaha

“All I know since yesterday is everything has changed”