Hirari, Hirari escrita por Lyssia


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu pretendia realmente fazer algo com inspirado na música, mas no fim das contas acabei não conseguindo... e estava ficando sem tempo XD então... o que importa é a intenção..? =x feliz aniversário, Lu-chan! XDDD espero não receber nenhum comentário agressivo XDDDDDDDDDDDDD



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         Ele poderia revelar sua presença quando quisesse. Poderia ir até lá e mostrar para a irmã que estivera todo esse tempo a observando. E isto parecia realmente tentador. Ir até lá, perguntar por que ela pegara sua tablatura e a escondera, mesmo depois de vê-lo revirar toda a sala de música da casa para encontra-la. Porém, graças ao modo como Miku deslizava seus dedos finos e longos, de uma pessoa que tocava piano desde muito pequena, pelas teclas, Mikuo apenas sentia vontade de observá-la.

         Porque, por mais que fosse difícil de admitir, estava tão bonito. Era tão mais sincero e triste do que quando ele tocava. Embora possuíssem a mesma técnica e ele fosse o criador, era como se ela entendesse a melodia melhor, como se estivesse conectada a ela. Isto fazia Mikuo se sentir, ao mesmo tempo, bem e extremamente frustrado. Afinal de contas, seu objetivo era criar uma música que tocasse as pessoas... mas, com aquela que achava não ter alcançado o objetivo sendo tocada por sua irmã mais nova, sentia sua garganta fechar-se e seus olhos arderem levemente.

         Ele, contudo, não esperava realmente chorar, até que ela se pôs a cantar. E sua voz soava mais rouca que o normal, mais triste do que o normal, mais séria, mais madura, ela estava tão diferente da menina gentil e agitada que ele costumava ver que, não fosse por ter lágrimas sinceras, assim como as suas, descendo em um rastro quente pelas bochechas, ele juraria que estava interpretando um personagem.

         Ela já havia acabado de tocar quando Mikuo finalmente saiu do armário, onde entrara para pegar os aparelhos que o ajudariam a afinar um violão. A outra Hatsune lhe encarou com aqueles olhos azuis, levemente avermelhados e inchados, fazendo o rapaz se perguntar se estava como ela. Não demostrou surpresa ou espanto, porém, enquanto ele se aproximava, abaixou a cabeça, deixando os cabelos que pouco passavam dos ombros e a franja caírem sobre seu rosto, talvez constrangida por sua expressão. Mikuo riu. Ele não estava fazendo uma parecidíssima?

         Sentou-se ao lado da irmã no banco do piano, fazendo com que esta se afastasse, ainda de cabeça baixa, para lhe dar mais espaço. O garoto a observou em silêncio por alguns instantes, percebendo, finalmente, que Miku entendia tão bem aquela melodia por se sentir daquela forma. Passou um de seus braços pelos ombros dela, atraindo-a mais para perto, até que com a mão a fizesse recostar a cabeça na curva entre seu pescoço e seu ombro.

         Se passaram alguns minutos sem que nenhum dos dois falasse qualquer coisa. As mãos de Mikuo passavam pelos cabelos azuis de Miku, embora ela não mais chorasse. Um sorriso gentil, que o garoto não pôde ver, surgiu naqueles lábios que a pouco cantavam. Ela se separou devagar, fazendo o outro a olhar, finalmente percebendo aquele leve levantar de lábios.

         - Obrigada por tentar me consolar, nii-san. – disse, com uma voz que mesclava a leve rouquidão de pouco tempo com seu habitual tom agudo e alegre, como em uma tentativa de voltar ao normal.

         - É um agradecimento por ter interpretado tão bem a minha música. – retrucou, também desejando de volta aquela atmosfera descontraída que sempre os envolvia. – Eu não estava conseguindo fazer isso direito. – a garota o olhou surpresa, porém logo o sorriso voltou ao seu rosto e ela balançou a cabeça negativamente.

         - Eu não teria pensando em uma letra para ela se não tivesse me sentido emocionada na primeira vez que ouvi, nii-san. – contestou, vendo Mikuo tocando com calma uma das teclas, sem fazê-la produzir qualquer som, parecendo pensativo. – Deveríamos dar um nome, não? – o garoto concordou com a cabeça e pegou um lápis que sempre deixava por lá, escrevendo, rapidamente “Hirari, Hirari”. Miku sentiu o sorriso se alargar quase imperceptivelmente.

         Apoiou sua cabeça no ombro do garoto, quando este voltou a tocar, e fechou os olhos, acompanhando a melodia com sua voz, permitindo que toda aquela mesma melancolia transparecesse, embora, a pouco, parecesse que estava lutando contra ela. Sorriram entre lágrimas ao acabarem e o mais velho deixou que seus lábios tocassem na testa da irmã, mesmo que esta estivesse encoberta pela franja. Enquanto suas mãos eram unidas, Miku se perguntou se aquele também seria um laço que se enfraqueceria com o passar das estações. Um olhar gentil lhe tirou as dúvidas. Dessa vez, ela seguraria com todas as suas forças.


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