If I Die Tomorrow escrita por Tcrah


Capítulo 12
Apanhando da realidade.


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está um pouquiiiiiiiinho confuso, eu admito. Então, leiam com calma. O capítulo é autoexplicativo, por isso, se você ler rápido e sem prestar atenção, pode ser que perca alguma parte importante, sei lá. Enfim, boa leitura [: Leiam as notas finais.



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Liguei novamente para todos os convidados, para a surpresa de muitos. A festa realmente aconteceria. Liguei para mãe de Renata, ficou tão animada que acabou me contagiando com toda a animação.

_ Thamires, Mark acabou de chegar. – Disse Renata.

_ Já vou, eu só estou... – Continuei lendo a lista de convidados e acrescentando algumas comidas. – Terminando aqui. – Renata se aproximou e tirou o papel da minha mão. – Não, não, espera. Se eu não terminar agora, depois eu vou esquecer.

_ Nós chegaremos atrasadas. – Ela repetiu pela 50ª vez.

_ Meninas está tudo bem ai? – Perguntou Mark, entrando no nosso quarto do hotel.

_ Está tudo ótimo. Nem ouse entrar no meu quarto, Mark. – Disse Renata, fazendo-o recuar. – Eu sei lidar com a minha namorada. – Mark concordou.

Ainda não entendi direito o plano de Renata. Ela não esperneou nem recusou nada que eu disse, consegue passar mais de 10 minutos no mesmo cômodo sem matar ou xingar o Mark e eles já tiveram mais de duas conversas sem nenhuma discussão. Ela não é disso. Normalmente, ela recusaria na hora. Na verdade, nem olharia na minha cara. Ela só voltaria para Seattle comigo se eu resolvesse (no pior dos casos) abortar essa criança, ou era só o que eu achava. Quer dizer, é a primeira vez que nós estamos lidando com um bebê. Com alguém que depende 100% da nossa atenção e cuidados, talvez ela tenha se sensibilizado por causa disso. Enfim, não sei direito e talvez eu nunca descubra.

Larguei a lista e segurei a mão de Renata, que me guiou até a porta. Chegando lá, Mark inclinou-se para me cumprimentar com um beijo no rosto, mas Renata me puxou forçando-me a recuar. Mark assentiu com a cabeça e fez sinal para que entrássemos no elevador, pedindo permissão para entrar também. Pensei que Renata diria não, mas ela apenas olhou para o chão e ficou calada. Temos cinco andares para descer, segurei mais forte a mão de Renata e, mentalmente, pedi para que ela não avançasse no Mark. Ela continuou em sua posição, parada, olhando para o chão e sem dizer nada.

_ Estão animadas? – Perguntou Mark, inquieto. Sem resposta, ele continuou. – Eu estou. – Ele riu sozinho. – Saber se é menino ou menina. Meu filhão! – Meu Deus, esse elevador não chega nunca? Ele só pode estar de brincadeira com a minha cara, porque esse elevador está demorando mais do que o normal.

Sem que Renata perceba, segurei a mão de Mark. Ela estava tremendo, deu para perceber que ele estava bem nervoso. Mark olhou para baixo e eu para cima, - já que ele é um pouco maior que eu – e nossos olhos se encontraram. Mark sorriu e se aproximou. Sua mão passou pela minha cintura num abraço gostoso, mas continuou com sua outra mão no bolso do casaco.

Movi meus dedos que estavam entrelaçados com os de Renata e ela percebeu o que estava acontecendo. Seus olhos, que ainda fitavam o chão, olharam discretamente para mão de Mark em minha cintura, em seguida, ela ergueu a cabeça e fitou Mark com um olhar vazio, frio, fazendo-o se afastar.

Graças a Deus o elevador chegou. Nós saímos, Renata continuava apertando minha mão e Mark, agora, andava um pouco distante da gente e um pouco atrás de mim.

Chegamos ao hospital e Mark me ajudou a deitar na cama. Renata ficou sentada em uma cadeira, apenas observando.

_ Olá Senhora Flerch, pode me chamar de Doutor Chris, serei seu médico hoje. – Ele sorriu simpatizando. Mark apertou a mão do doutor e se juntou a mim, segurando a minha mão. Chris olhou para Mark e sorriu, depois olhou para Renata e ficou um pouco confuso. Segurei a risada. – Com licença, mas você é a irmã ou...

_ Ela é a mãe. – Disse Mark. Renata continuou calada.

_ Ah sim, barriga de aluguel. Isso é muito comum hoje em dia. – Disse Chris. Mark olhou para ele e balançou a cabeça negativamente. – Ah, vocês vão adotar? Me desculpe, eu achei que os pais fossem a senhora Flerch e você. – Ele riu sem graça.

_ Ela é a mãe do meu filho porque ela é a minha mulher. – Disse finalmente. Eu sabia que o doutor sabia, mas ele estava evitando falar. Fiquei impaciente. Ele olhou para baixo.

_ Então, vamos ver como está o bebê? – Ele sorriu sem graça e colocou um gel na minha barriga. – Ótimo... Aqui está ele. – Ele apontou com um dedo.

_ Rê, vem ver. – Disse. Olhei-a, mas ela continuou sentada. Chris estava sorrindo, mas percebeu que Renata estava estranha e olhou para mim sério. – Ela não gosta muito de médicos. – Sorri falsamente, ele concordou com a cabeça. – Vem Rê, ele também é seu filho. – Renata levantou e segurou minha mão. Olhou para o monitor e sorriu, e olhou para a mão de Mark que segurava a minha.

_ Que foi? Eu também gosto dela. Não tanto quanto você, mas eu posso tocá-la antes de sumir pra sempre. – Falou Mark, nervoso.

_ Calma Mark. – Falei, apertando sua mão. Em seguida, me dirigi à Renata. – Está tudo bem, ele só está vendo o filho dele.

_ “O filho” – Repetiu Chris. – Ainda não dá pra saber o sexo, mas parece que vocês querem menino, certo?

_ Bom, Mark está ansioso por um menino. – Revirei os olhos, Mark riu entre os dentes. – Renata está ansiosa por uma menina. – Renata continuou séria, foi a vez de Chris rir. Senti um pouco de deboche em sua risada, mas achei melhor não comentar.

_ E a mamãe quer o que? – Perguntou ele. – A outra mamãe. – Ele limpou a garganta, um pouco desconfortável com a situação.

_ Qualquer um dos dois para mim está ótimo. – Chris continuou passando aquele aparelhinho na minha barriga, quando franziu a testa e encarou o monitor.

_ Espera ai... – Disse ele, quase sussurrando. Ele começou a passear pela minha barriga com o aparelho, franzindo cada vez mais a testa. Mark segurou mais forte a minha mão e começou a suar.

_ Algum problema, doutor? – Perguntou Mark. – O bebê está bem? – Chris continuou sem responder.

_ Esperem um pouco, ok? – Dito isto, Chris saiu da sala. Olhei para Renata e percebi que ela encarava o monitor do mesmo jeito que Chris.

_ Que houve Renata? – Perguntei. Ela soltou minha mão e continuou a encarar o monitor. Minutos depois, Chris apareceu com outra mulher. Ela pegou o aparelho e começou a passar novamente pela minha barriga. Mark parecia estar a ponto de um colapso nervoso. – O que está acontecendo? O bebê está bem, né doutor? Você disse que estava.

_ Dá pra um de vocês dizer alguma coisa? – Mark estava tão nervoso que não sabia se olhava para Chris, para mulher ou para Renata. Nenhum dos três disse nada. Depois de passar o aparelho por todos os cantos da minha barriga, a mulher sussurrou alguma coisa para Chris.

Sabe quando você é pequeno e está andando no shopping com a sua mãe e encontra um homem vestido de Papai Noel? A necessidade que você tem de sentar no colo de um estranho e convencê-lo de que, ao longo desse ano, você foi uma menina comportada. Dizendo a ele todas as vezes que você arrumou o quarto, emprestou o lápis de cor da sua cor preferida para algum amiguinho, contando a ele que esse ano você não brigou nem uma vez com seu irmão... Ok brigou só uma ou duas vezes. E ai, você diz ao Papai Noel o que você quer e, num passe de mágica, ele tira o seu presente de dentro do saco vermelho. Foi combinado. Sua mãe havia comprado o presente e deixado para você, o “Papai Noel” apenas lhe entregou, mas você não sabe disso. A felicidade quase que imediata invade o seu corpo, suas bochechas começam a queimar e a doer de tanto que você sorri. Você abraça o estranho enquanto controla cada fibra do seu corpo para não sair correndo e arrancar o embrulho do presente. E você não sabe a quem agradecer, apenas quer ter o seu brinquedo nas mãos o mais rápido possível.

Depois disso, pelo resto da sua vida, você não encontrará mais aquele homem que te deu o presente que você esperou o ano todo, mas ele te proporcionou mais felicidade do que seu corpo pode aguentar. Felicidade por coisa pouca. Felicidade por um objeto. Quando você cresce, você percebe que, por muito tempo, sua felicidade não foi exatamente feita pelos presentes que ganhou, mas sim, foi feita por quem lhe entregou o presente. Pelo tempo em que você esperou para ganha-lo. E, depois que cresce, por mais que você aprenda que os objetos não lhe proporcionam tamanha felicidade quanto antigamente, você mal consegue lembrar do tamanho da felicidade que sentiu ao ganhar seu presente do “bom velhinho”. A felicidade instantânea que não cabe no peito. Pela segunda vez na vida, eu pude senti-la quando o médico disse as seguintes palavras:

_ Não é um bebê que está crescendo dentro de sua barriga. – Disse Chris. Ele deu uma pausa.

_ São três. – Disse Renata, antes que o médico pudesse dizer qualquer coisa. – Três bebês. – Ela repetiu. Mark começou a chorar e abraçou Chris. Me inclinei na cama e puxei Renata pelo braço, forçando-a a me abraçar pela primeira vez desde que saímos de casa. Ela riu por trás do meu ombro enquanto firmava seu corpo contra o meu. Nos separei por um segundo para olhar seu olhos.

_ Você está feliz? – Perguntei. – Três bebês. – Repeti.

_ Estou. – Ela disse. Em seguida, começou a chorar. – Eu acho que... Pela primeira vez em anos.

_ Eu achei que você mal quisesse um bebê, mas três? – Comecei a rir, Mark não parava de chorar. – Mark, deixa de ser mulherzinha. Quer um absorvente? – Mas ele estava feliz demais para me zoar. Ele deu a volta na cama e agarrou Renata pelos braços. Se abraçaram pela primeira vez, e ela não recuou. – Só eu estou desesperadamente assustada com isso? – Perguntei, caindo na real. – Três bebês? Nós sequer sabemos lidar com um, teremos que lidar com três?

_ Eles escolheram uma boa família para nascer. – Disse Mark, com o braço envolta do pescoço de Renata e segurando a minha mão. – Nós somos três.

_ Você não está feliz, Thamires? – Perguntou Renata, rindo.

_ Pera gente, pera com essa felicidade toda. Claro que eu estou, mas... São três bebês! Esqueceram a regra? Mark não vai morar com a gente. Rê sou só eu e você. EU E VOCÊ, CARALHO! Pensa nas noites sem dormir, e ainda vamos precisar de mais um par de mãos para o terceiro bebê. Ai meu Deus, o que a gente vai fazer? – Eles continuaram delirando de felicidade e isso estava me deixando muito nervosa.

Posso citar milhões de coisas que eu odeio em Mark, uma delas é o que ele vê o lado bom de todas as coisas. Outra é que ele está sempre sorrindo e cantarolando. Eu, sinceramente, não sei como criar três crianças com alguém tão positivo assim. Eu quero a Renata de volta. A antiga Renata. A Renata que acharia que isso é uma loucura e citaria todos os pontos negativos disso, mas que me apoia sempre que eu peço. Eu apenas quero a minha Renata para me ajudar a lidar com três mini deuses gregos.


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Notas finais do capítulo

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