Blank Page escrita por Itaka
“Olha bem para você, acha mesmo que tem condições de ter um futuro, garoto? Você é um fracassado!” E essa foi a última coisa que Henry ouviu antes de dormir noite passada de seu pai.
Henry é um menino com 7 anos de idade, branco, olhos escuros, com uma estrutura menor que a comum, nasceu com um problema de audição, mora num bairro isolado e com apenas um amigo.
- Mãe, eu vou para a casa do Mark para jogarmos Damas... Tudo bem? – pergunta o menor para a sua mãe que estava jogada no sofá com um aspecto de cansaço e com uma caixa de antidepressivos ao seu lado.
- Vá, vá... Divirta-se. – disse a mãe dele limpando as lágrimas que escorriam pela sua face.
E então Henry caminhou por 3 bairros até chegar na casa de seu amigo; chegando lá o mesmo toca a campainha e quem o recebe é a mãe de Mark.
- Ah, Henry! Quanto tempo! Como está, rapaz? – a senhora tinha um aspecto oposto da mãe dele e que até hoje Henry não compreendia o porquê disso já que para o pequeno, todos os pais eram iguais.
- Ah, olá, senhora... – coça a cabeça procurando entender a situação. – Eu, eu estou bem! – sorri de uma maneira ingênua e logo entra entra na casa de seu amigo que o esperava na sala com o tabuleiro de Damas montado.
Os amigos então se cumprimentam e começam o jogo com pausas para comer biscoitos com leite que a mãe de Mark havira preparado.
- Henry você emagreceu mais que da última vez que te vi. – diz Mark um tanto que assustado com o físico de Henry.
- Ah, bem... É que... São os problemas de sempre, Mark. – coça a cabeça.
- Seus pais, não é?
- Sim. – responde ao amigo num tom de voz baixo.
- Ah amigo, as coisas vão melhorar. Sempre melhoram! – sorri e brinca com os cabelos do menor.
- É... Foi o que o homem me disse no meu sonho. – coça o queixo lembrando do sonho.
- Hum, um sonho? Que sonho? E que moço?
- Não posso te contar, é segredo. – ri. – O moço disse que se eu contar para alguém do sonho, as coisas iriam piorar. – coça a nuca.
- Estranho isso...
Então passaram-se cerca de 3 horas e Henry volta para a casa e lá encontra sua mãe do lado de fora fumando um cigarro e com uma expressão facial intimidadora.
- Aonde você estava até essa hora, garoto?!
- Eu... Eu fui até a casa do Mark, mãe... – responde à sua mãe olhando para baixo.
- E por que não me avisou?! – grita e logo em seguida dá um tapa no rosto do filho que o faz cair no chão.
- M-mãe...? – o pequeno fica sem reação ao ser agredido e fica pelo chão.
- Agora vá para seu quarto seu merda! Quando seu pai chegar você vai levar o corretivo que merece! – exclama.
- Ok, senhora... – caminha lentamente até seu quarto e deita na sua cama em silêncio se cobrindo até a cabeça.
Não demora muito e o pai de Henry chega em casa e logo a mãe dele dispara:
- Seu filho, aquela peste, ele está fora de controle!
- O que aquele moleque fez agora?! – entra em casa tirando a gravata e pondo sua maleta sobre a mesa.
- Ele fugiu, foi para a casa de um tal de Mark aí e chegando em casa gritou comigo! – exclama.
- Onde aquele desgraçado está? Ele vai levar um corretivo agora! – o tom de voz do homem chega até aos ouvidos do menor que já se encole na cama e lá começa a chorar em silêncio.
- Está no quarto dele; sabe sei lá quem o que está fazendo!
- Vou para lá agora, pode deixar.
E então o homem de 40 anos chega chutando a porta do quarto de Henry que faz o menor gritar de susto.
- Ah, então o que sua mãe falou é verdade, né?! Tu fica gritando aqui em casa. Você não faz nada garoto, nem para ajudar a por um arroz nessa casa tu serve. Agora levanta e vem até aqui!
- S-sim senhor... – o menor fica em frente de seu pai, um homem de quase 2m de altura.
- Agora toma isso pra tu criar jeito! – o homem dá um soco na barriga de Henry.
- ... – o pequeno recebe o soco e se apoia na parede para nao cair e fica em silêncio.
- Agora vá dormir. Você está destruindo nossa família, não vê isso?! – o menor então obedece ao mais velho e deita em silêncio.
- Toma jeito! – bate a porta e sai do quarto.
Henry espera o pai sair e cospe o sangue debaixo de sua cama e com a surra que levou dorme rapidamente. O homem que aparece nos sonhos de Henry aparece novamente, porém, mais escuro.
- Henry meu amigo, quanto tempo. Ah, por que está chorando e está ferido? – caminha em direção do pequeno.
- Foi meu pai... De novo... – o responde sentado no chão abraçando os joelhos.
- Mas o que houve dessa vez? Parece que ele está se tornando cada vez mais agressivo.
- Ele simplesmente entrou no meu quarto e me bateu...
- Oh, meu pequeno, não fique assim. Isso irá passar rápido. Mais rápido do que imagina. – desce até a altura do pequeno e limpa as lágrimas que escorriam no rosto fragilizado do de Henry.
- Eu só queria que isso acabasse logo... – começa a chorar.
- Vá para a casa de seu amigo amanhã. E se não percebeu... Ele te ama – abraça o menor por trás. – Ele vai te consolar. – abre um sorriso perverço.
– Ok... Eu irei... – cora e fica sem reação.
O dia então amanhece e Henry começa a fazer suas tarefas de casa e quando termina vai até sua mãe novamente que aparentava estar mais calma e de repente escuta em sua cabeça “Não, não vá até ela.” E então o menor resolve ouvir a voz e vai direto para a casa do amigo; chegando lá percebe que havia um caminhão de mudança lá. O pequeno corre em direção da casa e vê Mark carregando as caixas e as colocando no caminhão.
- M-mark...? – os olhos de Henry estavam prestes à jorrar as lágrimas que o pequeno guardou por todos esses anos.
- Me desculpe não ter te avisado, mas é que isso foi repentino... – olha para baixo. – Meu pai recebeu uma proposta de emprego e agora vamos nos mudar para o exterior... Me desculpe...
- Você... – o pequeno começa a chorar e tremer. Você é igual à todos! – Henry corre até em casa.
- Henry espere! Eu tenho isso... Para você... – Mark deixa cair no chão uma carta se confessando todo o amor que ele escondia pelo Henry e uma lágrima escorre no rosto dele.
Henry ao se aproximar de casa vê a mesma coberta por uma sombra e logo entra procurando pelos pais.
- Mãe? Pai?! Cadê vocês?
- Todos se foram, Henry. – o homem dos sonhos surge no canto da sala.
- Mas... E agora?
- Agora meu amigo. – ri. – Agora é onde tudo termina...
- O que você quer dizer com isso...? – fica assustado.
- O que eu quero dizer com isso? – sorri. – Quis dizer que tudo termina agora; você é sozinho, sempre foi e agora está completamente só.
- Achei que você fosse...
- Sim, sou seu amigo e é por isso que vou te livrar de tudo ruim que está acontecendo. Ou você quer continuar nessa vida, Henry?
- Eu... Eu só quero ficar em paz... – se encolhe no abraço.
- Então... Gostaria de vir comigo? – sorri o olhando gentilmente.
- Sim... – e então o corpo do menor é coberto pela sombra e ambos somem da casa.
Em um hospital ali perto:
- Senhora... – o doutor retira as luvas e se aproxima da mãe de Henry.
- Doutor, por favor, me diga que meu filho está bem, por favor!
- Lamento em lhe informar mais... Fizemos de tudo e ele não suportou a cirurgia; seu corpo estava muito fraco.
- Não! Não tire meu filho de mim! Por favor, você é o médico, dê seu jeito! – a mulher senta na cadeira e chora aos prantos.
- Senhora? Você é a mãe de Henry? – um policial se aproxima e a encara.
- S-sim... Por que? – o responde ainda em estado de choque.
- Recebos a denúncia do hospital e você está presa. Me acompanhe por favor.
- Presa?! Mas por que?! Eu não fiz nada! Quem deveria ir preso é esse médico de merda que nem para salvar a vida de meu filho teve capacidade!
- Mas senhora, as agressões que você e seu marido causavam no seu filho prejudicou vários orgãos e quebrou inumeros ossos. Por que acha que o mantivemos em observação por 2 meses?!
- Venha, agora chega de papo.
- Mas... E meu marido?!
- Ah, sim. Fomos atrás dele e o encontramos morto. Ele se enforcou na cozinha.
- Não! Minha família ela está... Destruída...
- Não, ela estava nas mãos do filho de vocês, o menino era um anjo... E você, pode deixar que vou cuidar de tudo para você pegar prisão perpétua.
E acabou que a mãe de Henry pegou prisão perpétua, sendo espancada todos os dias pelas prisioneiras; pois elas acharam um absurdo o que ela havia feito e a nóticia circulou por todo o país.
- E então... Como está?
- Acho que... Finalmente posso descansar em paz agora... – Henry responde ao homem o abraçando.
Henry descansa agora. Para sempre. Em paz e com sua solidão.
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