Ne me quitte pas escrita por Alexandra Ferreira


Capítulo 1
Que venham mudanças. E que seja pra melhor.


Notas iniciais do capítulo

Eu não lembro exatamente de cada dia dessa época, então vai ser bem um resumão de tudo isso. Mas vou dar um jeito de vocês entenderem tudo.



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Entrei naquela escola em 2008, logo depois de sofrer um acidente de carro com a minha mãe e irmã. Graças à Deus ninguém se feriu gravemente. Eu tinha 10 anos, e tinha acabado de me mudar pra uma cidade pequena, meu pai tinha montado uma loja de carros junto com meu tio.

Era domingo e minha melhor amiga estava dando uma festa de aniversário. Minha mãe queria ir embora, mas a nossa casa era em outra cidade, e eu implorei que ficássemos na casa da minha avó, que era ao lado da minha amiga, e fossemos embora no dia seguinte bem cedinho, direto pra escola. Depois de tanto insistir, ela aceitou.

Na segunda acordamos super cedo, e meu tio nos levou para casa, deixamos ele na loja e minha mãe assumiu o volante. A pista estava cheia de areia, e num retorno minha mãe perdeu o controle do carro e entramos de baixo de um caminhão.

Eu e minha irmã, de 8 anos, não entendemos direito. Estávamos meio que dormindo no banco de trás. Ela caiu por cima de mim, e acabou machucando minhas costelas e minha cabeça. Ficamos as duas sem ar na hora, e ainda mais nervosas quando o caminhoneiro e outras caras queriam bater em nossa mãe. Não que ela fosse velha, ela tinha apenas 24 anos, e duas filhas pequenas. Ficamos com medo. Ela ligou pro meu tio, e ele foi de bicicleta até o local. Até ele chegar, passou um amigo do meu pai, reconheceu o carro e nos prestou socorro. Assim que meu tio chegou, o cara nos levou ao hospital.

Estava tudo bem, mas a médica me pediu para não dormir durante 24 horas. Porque a pancada na cabeça foi muito forte. E se eu passasse mal, era para ir ao médico imediatamente. E adivinhem? ganhei um olho roxo quando bati com o rosto nos ferros do banco (aqueles que fazem o banco correr, sabe?).

Não pude ir ao colégio durante uma semana. E quando fui, meu olho ainda estava super roxo. Eu não era muito bonita. Na verdade, nem um pouco. Me apelidaram de E.T. Sempre me perguntando como estava Marte e quanto tempo eu levava para chegar na escola.

Naquele ano, eu fiquei amiga de umas gurias da sala. Muito frescas e metida, eu não sei como eu conseguia ficar perto delas. Talvez por que eu ainda fosse assim. Elas ainda faziam o meu tipo de grupo.

No ano seguinte, já me enturmei mais um pouco uns garotos, mas nada tão forte, era mais pra fazer trabalhos e tudo mais. E no outro ano, com uma rockeira/emo, a melhor guria que eu já tive como amiga, e com  outras pessoas muito diferentes das metidinhas irritantes.

Em 2011, eu só andava com os meninos, e até hoje, prefiro amizade deles. Não sei, são mais leais, e não ficam fofocando pelas costas da gente, entende?

Bem, eu mudei muito de 2008 para 2011, não só mentalmente, mas fisicamente também. Eu não parecia mais um E.T, e estava começando a ficar bonitinha. Meus amigos acabaram se apaixonando por mim, pelo menos eles diziam isso, não to aqui me gabando, até porque não acho que era verdade, eu era normal como qualquer outra menina. E eu era totalmente doida pelo irmão da minha melhor amiga. Então, não rolaria nada. Além de um lindo fato, eu era BV.

Naquele ano, minha irmã entrou na escola, e ela SEMPRE chamou atenção de TODOS. Enquanto eu era branquela, com cabelos castanhos e cacheados, não me maquiava e não era nem um pouco vaidosa. Ela era loira, cabelos lisos, sempre linda e arrumada, suuuper vaidosa. Então, todos os olharem foram pra ela. Ela não era mais a minha irmã. Eu era a irmã dela.

Eu não me importei muito com isso. A não ser nas festas, onde todos me pediam pra ficar com ela. Eu sempre dei a mesma pergunta: "Você tem pernas e boca. Graças à Deus. Então, faça bom uso: ande você até ela e pergunte. Se é capaz de beijar, é capaz de desenrolar" É, eu nem era irônica.

As coisas mudaram bastante no final de 2011, quando um babaca, otário, filho de uma boa moça, me chamou de homem. Simplesmente por que eu não me maquiava. Sim, eu era a única menina da escola que não me arrumava para ir pra aula, mas o que ele tinha a ver com isso? Cheguei em casa e chorei, chorei muito.

Naquela noite teria festa na escola. Mas minha irmã não ia, estava de castigo por causa das notas. Eu iria com a minha amiga rockeira. Contei pro meu pai o que o babaca tinha dito. E então deixei a minha mãe me arrumar.

Salto alto, vestido curto, cabelo liso, maquiagem. Eu estava usando tudo que eu mais detestava. Mas era só pra calar a boca de um babaca sem coração.

Assim que cheguei na festa, todo mundo ficou me olhando. Alguns nem me reconheceram. 9 garotos vieram pedir pra ficar comigo. Eu neguei todos. E cada vez que eu negava, meus amigos iam a loucura, gritando e rindo da cara de cada coitado.

Até que.. Adivinha quem veio pedir? O babaca, otário, filho de uma boa moça. E claro, eu não fui nem um pouquinho sarcástica em dizer não pra ele. HAHA.

Então veio 2012. Eu estava louca pra fazer 15 anos. Prometi a mim mesma que aquele ano seria diferente. Que eu iria mudar. Cuidar mais de mim. E foi o que fiz. E também disse que; "seria mais um ano sem me apaixonar de novo" mal sabia eu como estava errada. Muito errada.


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Notas finais do capítulo

É, acho que deu um bom resumo. Pulei os barracos femininos, as brigas loucas, e discussões entre eu e algum cara. Porque sempre tinha. Mas não acho que seja muito importante. Caso seja, eu explico num próximo capítulo.



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