Eu não fazia ideia de onde me encontrava. Estava escuro e muito frio. Pelo que meus olhos podiam ver eu estava em um bosque ou em uma floresta, mas não podia ter muita certeza.

A única certeza que eu tinha era que estava com muito medo e fugia de algo ou de alguma coisa. Eu estava ofegante e muito cansada, sabia que não aguentaria correr por mais tempo, sempre fui péssima atleta e sabia que um dia eu ainda iria acabar morrendo por culpa disso. Foi então que eu, pra variar, tropecei em algo e cai, literalmente, de cara no chão, ou melhor, na lama e acreditem a sensação foi horrível.

Quando me recuperei do susto e da queda me sentei no chão e assim que o fiz ouvi um barulho de galho seco sendo quebrado. Isso significava que quem estava me seguindo tinha conseguido me alcançar, o que era péssimo.

Levantei muito depressa e comecei a olhar para todos os lados possíveis e quando menos esperava ouvi algo atrás de mim e me virei, mas ao mesmo tempo em que fazia este movimento uma coisa enorme e peluda pulava em cima de mim e com isso eu caí novamente, mas desta vez de costas no chão enquanto o lobisomem ficava em cima de mim com sua boca a centímetros do meu pescoço. Eu me lembro de estar tremendo e morrendo de medo, mas quando o lobisomem se preparou para me matar eu me acordei.

Mais um pesadelo!

Que belo presente eu ganho. Hoje é dia 14 de Dezembro. Inicio da lua cheia e meu aniversário de 18 anos.

Assim que consegui me recuperar do pesadelo sai da cama e fui direto ao banheiro. Sabe possuo um banheiro enorme e com banheira no quarto. Ao me depara com minha imagem refletida no espelho quase enfartei. O reflexo do espelho estava com horríveis olheiras como que gritando: ”não tenho uma boa noite de sono a semanas”, o que pra ser sincera era verdade nem fazia ideia da ultima noite de sono tranquila que eu tive e minha pele parecia pálida demais. Como se eu não visse a luz do sol a dias.

Percebi que para a noite de hoje eu teria que usar meu tão temido quite de maquiagens. Antes que questione sim. Eu não utilizo maquiagem no dia a dia, mas de vez em quando eu sou obrigada a aderir a seu uso, como agora, e quando faço trabalho de campo, mas isso é assunto para outra hora.

Peguei minha toalha e meu roupão que estavam pendurados no gancho atrás da porta do banheiro e coloquei na bancada próximo a minha banheira. Hoje eu necessitava de um banho bem demorado e relaxante, pois hoje a noite seria realizada a minha festa de aniversário e como diz minha mãe eu precisava estar “apresentável”. Sem contar que é sábado e a festa não tem hora para acabar.

 [...]

Muitas horas mais tarde.

Estou pronta!

Neste momento me encontro descendo as escadas de minha casa e todos estão me olhando, desde minha família e amigos ate os meus empregados que estão servindo o Buffet.

Sempre gostei de chamar a atenção. Não importa onde ou de quem chamo a atenção. Claro desde que seja pela minha beleza e não pelo fato de me acharem louca, como tem ocorrido nos últimos encontros com meu psicólogo o Dr. J. K. Collins, que esta tentando me encaminhar a um psiquiatra, vê se pode?

Quando cheguei ao final da escada fui recebida por alguns parentes que estavam me parabenizando e alguns amigos da escola, na verdade colegas mesmo. E não parava de chover elogios pra cima de mim. Eu sei que estava arrasando, modéstia parte. Estava com meu cabelo castanho claro em um coque frouxo e onde escapavam alguns fios deixei que ficassem cacheados naturalmente para dar um charme ao rosto. E meu vestido não deixava a desejar era preto com algumas pedras era em formato tomara que caia e terminava um pouco acima do joelho, mas o melhor de tudo era minha sandália prata de salto, muito bonita.

Assim que eu cumprimentei todos da minha família que estavam no salão, ou melhor, em minha sala de estar, fugi um pouquinho para um canto para poder falar com minha amiga a Débora, mas para os íntimos, como eu, preferia que chamássemos ela de Debby.

- E então o que acha da minha ultima aparição em publico como a garota mais bonita e desejável de toda City Surprise? – perguntei a ela com um sorriso e analisando a roupa que ela estava vestindo.

Ela estava em um lindo tubinho rosa claro que ficou maravilhoso nela, seus cabelos loiros e sempre lisos hoje estavam ondulados e soltos e seu sapato preto com detalhes em pedraria era muito bonito. Eu devo admitir que sinto um pouco de inveja pela beleza da Debby, mas hoje eu tinha certeza de que querendo ou não eu era a mais bonita da festa.

- Esta maravilhosa. Mas não se esqueça de adicionar louca a sua lista de adjetivos. – ela falou com um sorriso cúmplice de quem queria me dizer algo que não poderia ser dito no momento. Rimos de seu comentário e demos os braços uma à outra e saímos a cumprimentar agora meus amigos - futuros colegas de profissão - e ex-colegas.

 Depois de muitos elogios destinados a mim e felicitações pelos meus 18 anos veio a temida hora do parabéns. Você agora deve estar se perguntando o porquê temida e eu respondo com uma simples frase: “após o parabéns vem a musica do com quem será?” tem algo pior que isso?

A sorte e que eu não tinha nenhum pretendente em vista, mas e se fizessem como haviam feito no ano passado e perguntassem se o Douglas não aceitaria se casar comigo. Que indelicadeza a minha, esqueci-me de mencionar meu melhor amigo o Douglas, ele é bonito, alto, forte, loiro e de olhos verdes, mas com um defeito: ele é gay. Sim o sonho de consumo de todas as garotas, com exceção de mim e da Debby, de City Surprise é gay.

 Assim que começou o parabéns eu sorri e comecei a rezar e  felizmente que minhas preces foram ouvidas, pois não houve o temido “com quem será?” o que é um progresso.

Eu devo admitir que bebi um pouco, mas não gosto muito de bebidas alcoólicas, dancei bastante com todos e ri muito com o Douggy, o apelido carinhoso quedemos ao Douglas,  e a Debby. A festa foi ate altas horas da madrugada e só terminou porque quando percebemos já estava começando há clarear o dia com a linda manha de domingo.

Debby iria dormir na minha casa e começaríamos a arrumar as coisas para sairmos à caça aos lobos, mas claro nossos pais acham que estamos saindo de férias para descansar do nosso cansativo ano letivo, o que era uma grande mentira, mas necessária.

Porém as malas ficariam somente para segunda, pois no estado que estávamos duvidava muito que conseguíssemos nos movimentar quando acordássemos ainda no domingo. Chegamos ao meu quarto e simplesmente nos atiramos em minha cama, possuo uma de casal, com a mesma roupa da festa e sem retirar a maquiagem caímos na inconsciência.