Os Mistérios Do Amor escrita por Evelyze Nunez


Capítulo 4
Vai encarar?


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas escrevi o quarto capítulo... u.u Boa leitura à todos!!! ;D



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Afrodite acordara cedo ao ouvir alguém o chamar lá no fundo. Foi então que um tapa forte no ombro esquerdo, o despertou. Ele abrira os olhos assustado.

– Minha santa mãezinha, como foi que você conseguiu entrar? – Perguntou ao mirar Alex o encarando.

– “Minha santa mãezinha” digo eu! Como você dorme com a porta destrancada, Afrodite?

– A porta estava destrancada?

– Não. Sou eu que consigo atravessar paredes agora... – Disse sarcasticamente. Ele se levantou tentando ajeitar os cabelos bagunçados.

– Você poderia dormir aqui, assim cuidaria melhor de mim, estando mais perto... – Ela o mirou semicerrando os olhos.

– Nem que me pagassem um milhão de dólares!

– Nossa Alê! É tão ruim assim ficar perto de mim?

– Quer que eu diga a verdade?

– Tá parei...! – Disse ele rapidamente já esperando uma bomba como resposta.

– Se arrume... Quero te levar a um lugar. Olhei a sua agenda, você terá a manhã livre, então...

– O que você vai fazer comigo?! – Perguntou quase saltando da cama.

– Isso não interessa... – Mil coisas passaram na cabecinha de Afrodite, e ele rira de algumas. – Vai logo, Daley!

– Tá, tá! – Ele saíra às pressas para se trocar. Alex não pode deixar de sorrir, era engraçado como conseguia fazê-lo obedecê-la... Não era tão durona assim, era?

Fazia pouco que o sol nascera, e a cidade já estava apinhada de gente. Na medida que andavam por Nova York, algumas pessoas reconheciam Afrodite. Umas acenavam, outras pediam assinaturas e fotos com ele. Alex é claro, ficava atenta a tudo e a todos. Sabia que ele era conhecido, mas não sabia que era ao ponto de pedirem autógrafos... Como o ser humano era vazio.. Pensava ela.

– Alê!!! Olha isso!!! – Ele parou em frente a uma banca de revistas, em que na capa de uma delas havia uma foto sua. – "Androginia: Os Gêneros Realmente Importam no Mundo da Moda?" – Lera ele o título, sorrindo de ponta a ponta.

– Quer saber a minha opinião? – Perguntara Alex.

– Não! – Disse ele devolvendo a revista.

– Achei que fosse comprar...

– Alê querida, não exagere! Eu me amo, mas não ao ponto de comprar coisas que ganho!

– Uau! Um ponto positivo: não gasta dinheiro com revistas de si próprio...

– Sim, mas só porque as ganho quando saem... – Disse sorrindo. Ela não discutira. Continuaram a caminhada.

– Certo, e porque temos que ir à pé? Porque não pediu ao Rosembell para nos levar onde quer que seja que pretende que eu vá?

– Você está mal acostumado, precisa caminhar...

– O quê?! Mas faço exercícios, sabia?

– E que tipo de exercícios?

– Ora... Eu ...pulo em camas elásticas! – Alex o mirou rindo daquela frase.

– Belo exercício... Sem querer desmerecer as camas elásticas... Você precisa de muito mais para se manter em forma. Só é magricelo assim porque não come, mas poderia comer normalmente se fizesse exercícios regulares.

– Ok. Eu não malho. E também me alimento mal, mas isso são detalhes...

Detalhes que podem te levar a morte se não forem levados em consideração. – Afrodite arregalara os olhos.

– Credo, Alex!

– Não estou mentindo... – Ele se calara, sabia que ela tinha razão. Caminharam por cerca de quinze minutos até chegarem a uma casa pequena em uma ruazinha estreita. Era bonitinha, sua fachada era de tijolos a vista, uma pequena escadaria levava até a porta branca.

– Sua casa? – Perguntou Afrodite.

– Sim. Porquê?

– O que vai fazer comigo?! Você não me disse que ia...

– Não se preocupe Afrodite, eu não vou matar você, se é com isso que está preocupado... Mas é claro, isso vai depender de você também...

– O quê?! Como assim?

– Entre. – Disse a ele abrindo a porta. Eles entraram. Afrodite reparara na casa. Era simples, mas muito organizada e limpa. Logo na sala via-se duas estantes repleta de livros. Duas cadeiras em cana da índia, rodeavam uma mesinha de centro também em cana da índia. Havia um corredor mais a frente. Ela o chamou para o fundo da casa. Ele a seguiu, passaram pela pequena cozinha, até chegarem à garagem, que não parecia bem uma garagem... Constatara Afrodite ao ver Alex acender o Interruptor.

– Alex... O que..?

– Minha área de treinamento. – Definitivamente aquilo não era comum de se ver. Era uma área coberta. Haviam sacos de areia para luta dependurados a uma certa distancia uns dos outros. O chão era um tatame preto, placas de alvo “adornavam” as paredes. – Vista isso. - Ela jogara a ele um kimono branco.

– Tá de brincadeira?

– Acha que eu perderia meu tempo de trazê-lo aqui para brincar? – Ele viu o quanto ela estava séria, se bem que era difícil vê-la sorrir...

– Ok... – Disse vencido. Amarrando os cabelos em um rabo de cavalo baixo, e em seguida tirara as calças, substituindo-as pelas do kimono. Alex se surpreendera com tamanha falta de pudor.

– Poderia ter feito isso no banheiro se quisesse... – Disse ela.

– Não precisa... E porque eu faria isso? Só porque tem alguém me olhando?

– Seria o mais sensato...

– Pra mim não... Tenho que fazer isso a todo instante quando desfilo, troco de roupa várias vezes em cada desfile, e faço na velocidade da luz, e não me importo com quem está ao meu redor, até porque não dá tempo de ter vergonha.. e olha que são muitas pessoas! Então já me acostumei com isso... – Ela não o questionara, podia imaginar como era a vida de um modelo. Ela o ajudara a se vestir, o tamanho dera certo nele. - Previu que eu viria e comprou um kimono do meu tamanho? – Perguntou Afrodite ajeitando a faixa.

– Não. Eu já treinei muitas pessoas... Tenho vários tamanhos aqui...

– Ahhhh, quer dizer que isso aqui já foi usado por “muitas pessoas”? – Falou esticando um pedaço do próprio kimono.

– Sim... – Disse ela tranquilamente. Ele a mirara boquiaberto.

– Alex!

– É o meu nome... – Ele se calara enfim, dando-se por vencido. Ela vestira também um kimono, porém preto. - Ok... – Disse estralando os dedos. Afrodite já imaginava o que estaria por vir.

– Sabe que não pode acertar meu rosto, certo? – Perguntou o modelo temeroso.

– Sim Afrodite, não sou covarde ao ponto de bater no rosto de alguém... É claro, tem uns que pedem isso... – Disse ela pensativa. – Ok, vamos começar. Me acerte.

– O quê?

– Quero ver como é seu soco, venha. – Ele fechara as mãos, mas não tinha ideia de como fazer aquilo. – Vamos Afrodite!

– Certo... – Ele avançara para cima dela, mas antes que ele pudesse chegar perto, ela desvira os braços dele facilmente desequilibrando-o.

– Não estique os braços dessa maneira, eu poderia quebrá-los desse jeito... – Ele não gostara de ter sido facilmente desviado. Avançara novamente, tentando pegá-la desprevenida, mas Alex parecia ter olhos nas costas, entornara as mãos agarrando o pulso do loiro, jogando-o no tatame.

– Como...?

– Reflexo... – Disse ela sorrindo, esticando as mãos para ajudá-lo a se levantar, coisa que ele negara e fizera sozinho. Ela fingira ignorar o mal humor estampado na cara dele. – Ora, Afrodite... Acha que pode me derrotar facilmente?

– Não, mas você não ensina, você já parte pra cima!

– Engano seu. É assim que ensino, e vai ser assim que você aprenderá. – Ele avançara de novo. Alex rira e o prendera entre os próprios braços. – Errado. Feche as mãos dessa maneira. – Ela o afastara, segurando suas mãos e as fechando firmemente. – Não deixe os braços muito soltos, mantenha-os juntos ao corpo dessa forma. – Juntara os braços dele para que ficassem juntos ao tronco. – Esquerda, geralmente é usada para proteger seu rosto, se você não for canhoto. Direita é usada para socar. – Alex o rodeara segurando seu braço esquerdo, levando-o para frente do rosto de Afrodite, conduzindo-o. Então fizera no ar o movimento correto de soco com a direita dele. – Viu só? Não é tão difícil... Esquerda, direita... Esquerda, direita... E assim por diante... – Ele repetira os movimentos que ela conduzia-o. Então soltara-o, indo para sua frente. – Esse é apenas o movimento mais básico... Agora vou tentar acertar você, quero que se defenda...

– Meu rosto!

– Eu sei, Afrodite!

– Ok... – Ela se movera tão rápido que Afrodite não pode respirar, quando deu conta de que seria socado, tentou levantar o braço de defesa.

– Muito lento... Tem de ser mais rápido! – Ela avançara de novo, e novamente ele quase fora acertado. Ela sabia que ele era mole, mas sentia que devia treiná-lo, nem que ele soubesse pelo menos o básico, tinha que aprender, afinal, sua beleza muitas vezes o poria em apuros, e nem sempre ela estaria por perto para defendê-lo. Ela continuou nas tentativas de fazê-lo se defender, até que em um impulso ele segurara o pulso de Alex trazendo-a para perto de si, ela se surpreendera pela reação rápida dele, pois nem esperava que ele conseguiria se defender, quanto menos segurá-la. - Muito bem... E agora? – Disse ela. Notando o quanto ele estava encarando-a. Alex, talvez nunca havia reparado na profundidade dos olhos azuis oceânicos a sua frente. Ele estava muito perto, e sem que o próprio esperasse, ela passara uma rasteira jogando violentamente ao chão.

– Você podia ter tentado me socar, sabia? – Disse ela mirando-o ao chão.

– Quando foi que se interessou por luta? – Perguntou ele se sentando no tatame. Ela sentou ao seu lado.

– Desde criança, tive uma grande influência que me ajudou..

– Entendo... Não vejo mulheres como você por aí... Espero que me perdoe por ter dito aquelas coisas à você ontem... Não era minha intenção ofendê-la. – Disse ele sério, mirando a frente, sem realmente focar-se em algo. Ela respirou fundo.

– Tudo bem... Eu até entendo você, e também tenho que lhe pedir desculpas por às vezes tirar sarro no seu jeito... É que também não vejo garotos iguais a você por aí... – Ele sorriu olhando-a.

– Eu sei que sou único! – Disse jogando o rabo de cavalo para trás.

– Seu mala! – Eles riram, pela primeira vez, juntos. – Mas e você, o que o levou a ter “essa vida”. – Perguntou ela sarcasticamente, detalhe que ele ignorou.

– Venho de uma família humilde, sou o mais velho de três irmãos. Apesar de ter nascido na Suécia, por minha mãe ser de lá, ela decidiu morar na França, para acompanhar meu pai. Porém a vida lá era bem mais difícil, a falsa ilusão de um país estrangeiro lhe trazer riquezas... – Disse ele tristemente... - Vi minha família empobrecer após a mudança de país, e um certo dia, quando estava saindo da escola, fui abordado por uma mulher que se surpreendera com meu rosto, e então convidou-me para uma visita a sua agência. Eu não pensei muito, e já fui aceitando... A verdade é que eles estavam atrás de belezas andróginas, e eu sempre fui bem a cara disso... Não demorou para que eu tivesse mais oportunidade de empregos como uma campanha aqui, outra ali, depois parti para os desfiles e finalmente pude ajudar minha família. Minha mãe se separou do meu pai, e pude ajudá-la a voltar para a Suécia junto com meus irmãos que ainda são adolescentes. A vida lá é muito mais fácil, sem contar que a família dela está toda lá... – Disse por fim, afrouxando o cinto do kimono. Alex não imaginara que sua história fosse aquela, sabia que ele era sueco, e por esse motivo sempre imaginara que ele viera de família boa financeiramente.

– E como sua mãe está?

– Muito bem! Fala comigo sempre pelo computador... Ela está feliz...

– E o seu ...pai? – Ele pigarreara por um instante.

– Meu pai continua na França. Se casou novamente, faz pouco tempo... Mas não falo muito com ele... Acho que ele tem algumas coisas contra mim... Sempre achou que eu fosse gay, e é totalmente contra eu me vestir com roupas femininas e pousar em revistas de moda... – Falou Afrodite sorrindo, porém sua tristeza ao mencionar o pai era clara.

– Entendo... – Disse Alex. Não sabia muito o que dizer, talvez nem havia o que ser dito...

– E então? Não vamos continuar? – Perguntara o loiro bagunçando os cabelos curtos de Alex.

– Ah! Sabia que ia tomar gosto por artes marciais! – Falou ela sorrindo e se levantando.

– Com essa minha professora é meio difícil não ter interesse... – Disse ele. Alex porém parara de sorrir abruptamente.

– O que está insinuando?

– Nada! Só estou dizendo que você ensina bem! – Dissera ele às pressas para esclarecer sua frase.

– Sei... – Respondeu ela desconfiada. As vezes tinha certeza de que Afrodite era homossexual, as vezes não... certa dúvida pairava em sua mente. Talvez ele fosse o tipo perfeito de dualidade, completamente impossível de decifrar... – Sabe Afrodite, você ficou até mais masculino com essa roupa...

– Sério?! E olha que isso é realmente difícil! Mas não posso dizer o mesmo de você, Alex-sensei... Você ficou três vezes mais máscula do que o normal!

– Ah seu! – Ela avançara para ele, enquanto o mesmo ria tentando se defender. Ambos entrando novamente no ritmo do treinamento, porém cada qual com uma nova visão a respeito do outro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido... Até o próximo, minna!!! =D



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