Faminto escrita por ro_dollores


Capítulo 1
FAMINTO !




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Ele ligou a TV, ainda bastante sonolento, olhou ao redor, procurando algo para fazer, além de assistir ao seu desenho favorito.

Seus pais estavam dormindo e ele estava com uma fome imensa.

Por uns instantes, uma preguiça lhe bateu e ele se esticou no sofá, mas estava inquieto e sua barriga parecia tão vazia.

Tudo naquela casa era alto demais, a lata de biscoitos com cara de urso, a geladeira, com alguns números em sua porta, iguais ao do telefone, impedindo que ele tivesse acesso.

Ele morava ali, mas o acesso era tão limitado que ele ficou com vontade de protestar.

Ai … que fome !”

Uma vontade enorme de chorar tomou conta dele.

Precisava fazer alguma coisa, senão morreria sozinho naquela sala enorme com a televisão como testemunha.

Ele viu a foto de seus pais, eles estavam trocando um beijo e alguém havia clicado. Talvez o bando de tios que ele tinha. Todos pareciam gostar tanto dele. E se ligasse para sua tia Cath ? Ela sempre estava acordada. Talvez ela não precisasse tanto de sono.

Não !

Da última vez, teve que de arranjar um jeito de sua mãe não ficar brava com ele, havia dormido um tempo grande ao lado do seu pai, apenas para ela não olhar para ele daquele jeito zangado.

Ele se levantou carregando seu homem aranha, e esfregando os olhos.

E se sua mãe tivesse esquecido alguma comida nos armários de baixo ?

Se seu pai estivesse ali, com toda certeza adivinharia que sua barriga parecia oca.

Talvez seu pai, por ser igual a ele, ter as mesmas coisas que ele, conseguisse saber suas vontades.

Papai ?”

Ele chamou, mas sabia que ele estava longe. Trabalhando.

E se ele ligasse e pedisse para não contar para sua mãe.

O telefone também estava no alto e ele bateu o pezinho com força, sentindo dor.

Imagens de um copo bem grande de leite branquinho ou com chocolate e aquela espuminha que só seu pai conseguia, depois de um barulho horroroso de uma geringonça redonda que também ficava além de suas mãos.

Mamãe ?”

Ninguém respondeu.

Ele estava sozinho no mundo e ninguém queria ouvir sua voz.

Ele chorou de pé na cozinha, olhando para seu homem aranha mais uma vez.

Ninguém apareceu.

Onde sua mãe guardava mesmo seu leite ?

Ah … na caixa da vaquinha azul com um brinco muito feio no nariz.”

Também muito longe, n armário com porta de vidro.

Se o leite era dele, porque nunca estava ao seu alcance, ele avaliou novamente.

Ele resolveu agir em vez de ficar pensando, mas permanecia chorando.

Abriu porta por porta, tudo vazio.

De repente tudo sumiu.

Todas as fotos deles, a TV, os móveis e até seu boneco preferido.

Desta vez, ele encheu seus pulmões e gritou sentido.


_Filho ? - Era a voz de sua mãe.

Ele abriu os olhos com um esforço enorme e viu seu pai esticando os braços para pegá – lo no colo.

Aquela imagem lhe trouxe um alivio tão grande que ele suspirou profundamente, depois de fungar.

_Você me deixou sozinho ! Eu … eu … estava com fome ! Tudo ...sumiu !

_Foi só um sonho ruim … - O pai massageou suas costas pequenas, usando um tom de voz que o acalmou.

_Não … eu fiquei na cozinha, sozinho.

_Olha … - Grissom levantou com cuidado sua cabecinha do ombro forte. _Nos estamos aqui e … sempre vamos estar.

Foi então que ele viu que estava em seu quarto, com seus pais olhando preocupados para ele.

_Eu chamei, ninguém … ouviu … e minha barriga ..

_Está doendo ?

_Não ! Ela parece oca.

Eles riram um para o outro e ele fechou a cara. Não tinha graça nenhuma sentir fome. Gente grande tinha cada coisa ! - Eles perceberam imediatamente.

_Ah … - Sara se sentou na cama em forma de carro, e pediu ao marido que o colocasse em seu colo, depois ele também se sentou ao lado dela.

_Você teve um sonho ruim porque está com fome, dormiu antes de seu leite ficar pronto … por que não chamou a mamãe ?

Ele havia dormido muito cedo, naquele dia, suas aulas de natação foram um pouco puxadas, e ele estava agitado.

_Eu chamei … você não ouviu.

_Hum … - ela beijou sua cabecinha, sentindo os cabelos encaracolados. _ Agora está tudo bem, o que acha do papai preparar um grande copo de chocolate cheio de espuminha para você.

_Eu quero … você faz, papai ?

_Agora mesmo.

Ainda estava meio escuro e eles foram para a cozinha.

Sua mãe estava com cara de sono e seu pai com a bermuda do pijama listrado e chinelos, e seus cabelos estava todo fora de lugar. Tinha que avisar para ele que ele estava engraçado.

Ele sorriu, sentado em cima da mesa, com os braços da mãe o segurando.

_Do que está rindo, meu amor ?

_O papai tá engraçado … o cabelo.

Ele apontou para seu próprio, tentando fazer sua mãe entender.

_Ah … ele estava dormindo também, nós acordamos quando você gritou.

Ele olhou para a sala, tudo no lugar, nada parecia diferente.

Ter acordado trouxe tudo de volta para seu lugar.

_É …os armários … são … vazios ?

_Não ! Estão cheios.

_Ah …

Ele viu o pai pegar a caixa com a vaquinha e jogar o pó na geringonça.

O barulho.

E um cheiro gostoso tomou conta cozinha.

Um copo enorme e sua fome parecia ter ido embora, só deixando um bigode de “Leôncio”, igual ao desenho antigo do pica pau. Seu pai havia lhe explicado que leões marinhos tinham mesmo enormes bigodes.

_Hum … isso é muito bom.

_Vamos voltar para a cama ?

_Tá.

Seus olhos pareciam pesados, mas antes que chegassem ao quarto ele disparou.

_Papai … quero UMA COISA … você me dá ?

_QUE COISA, filho ? - Eles disseram juntos.

_A caixa de vaquinha no armário de baixo !


FIM









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