A Filha Perdida escrita por ACL


Capítulo 21
O quarto de Jake


Notas iniciais do capítulo

Não vou dizer nada...



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Um mês se passou desde o dia em que chegamos ao hotel.

Não pensem que a missão foi cancelada ou algo assim. Só o que aconteceu foi que nós não recebemos mais nenhuma notícia do acampamento. Nos comunicamos apenas com o pessoal da equipe de segurança para informar onde nos hospedaríamos e, às vezes, para receber instruções.

Mas nada eu soube sobre meu irmão ou sobre meus amigos. Nada.

Nós ficamos pulando de um hotel para outro até que nos pedissem para nos acomodarmos em um lugar fixo. Jake nos ofereceu sua casa de veraneio, que é onde estamos há uma semana. E eu devo falar... que casa! Quer dizer, não esperava nada menos de alguém que veraneia nos Hampstons. O que quer dizer que Jake não é muito rico, ele é tipo, bilionário!

Mas enfim, questões financeiras à parte, não vou descrever a casa. Não vou porque fiquei tão impressionada que não sei exatamente como descrevê-la. Ela é grande e luxuosa. E branca. E a decoração, minimalista. Ah, não sei. É muita coisa para o meu cérebro debilitado pelo TDA.

Eu e Jake dormimos juntos no quarto dele. O quarto dele é, sem dúvidas, o melhor de toda a casa. Ok, o melhor de onde eu estive na casa. Preto e branco, totalmente minimalista (como eu amo) e, bom, eu também não vou descrevê-lo, mas tem mais a ver com a imaginação. Imaginem o quarto como vocês quiserem, eu dou essa liberdade a vocês.

Kyle dorme em algum dos outros trinta. Eu sei que deveria estar um clima estranho entre nós e tal, mas não. O que aconteceu foi que Kyle passou a conversar comigo sobre outras coisas, como Lisa e Elius (que ele sempre chama de Eliott) e sobre nossas famílias. Nós nunca falamos sobre Jake e, consequentemente, ele não me pediu mais para tomar cuidado com meu relacionamento, então, somos amigos.

Não sei se Jake sabe a verdade sobre Kyle, mas, como eu disse ali em cima, não perguntei a Kyle e nem vou perguntar a Jake.

A verdade é que está tudo muito bem. Parece que estamos de férias do acampamento. E, bem, eu não poderia pedir férias melhores. Estou no bairro mais luxuoso de Nova Iorque com meu namorado e um amigo (que serve de fotógrafo sem se importar). Não me preocupo muito com meu irmão, sei que se as coisas não estivessem bem, alguém me avisaria.

Conheci a família de Jake. Eles são gente boa para os padrões financeiros. O pai de Jake não é aquele cara que só pensa em dinheiro, como são os homens do Hampstons. Ele até disse que sente falta do filho, mas Jake foi bem desagradável com o pai, disse que ele não sente falta de nada e que está perfeitamente bem no acampamento. A madrasta é a típica pessoa que casa com o homem por causa do dinheiro, mas disfarça isso bem e Patrick (pai de Jake) finge que acredita. A irmã é uma patricinha típica, daquelas que só usa roupas de marca e pensa em garotos e quer uma festa incrível de dezesseis anos. Isso é normal, como eu disse, para o padrão de vida deles. Só que Penelope tem 12 anos e não deveria ser assim. Mas enfim, no geral eles são uma família normal.

Comento isso para Jake enquanto estamos sentados numa poltrona branca deliciosa que tem no quarto dele. Acabamos de tomar banho e esperamos o jantar. Pois é, aqui o jantar é anunciado e tem hora.

– Eles não são normais. Meu pai é falso e dissimulado. Você pode jurar que ele me ama e tal... Mas ele não se importa comigo. Ele não poderia ter ficado mais feliz quando eu decidi morar no acampamento. O filho anormal foi embora. Agora, ele pode fingir que a família é feliz e aproveitar o dinheiro no quinto dos infernos que é isso aqui.

Reviro os olhos e tento amenizar a situação.

– É normal para os padrões da classe social.

Ele dá aquela risada fraca que as pessoas geralmente dão quando querem mostrar que a outra pessoa não está falhando tanto na missão de animá-la.

– E sua mãe não se apaixonaria por alguém que não pode amar.

– Ela se apaixonou pela beleza do meu pai.

– Você acha que Afrodite é superficial assim?

Então, ninguém diz mais nada.

Jake me beija. Não da forma que nós normalmente nos beijamos, que é sedenta de paixão. Ele me beija de uma forma delicada, suave e apaixonada. É como se tivéssemos todo o tempo do mundo e apenas agora estivéssemos começando a aproveitá-lo.

Eu o acompanho. Sigo seu ritmo e por um momento parece que não existe nada além de nós e que realmente temos todo o tempo do mundo.

Eu me curvo por cima dele, minhas pernas no sentido contrário do seu corpo. Ele segura minha cintura com um dos braços e, com o outro, acaricia minha nuca. Meus braços estão ao redor do seu pescoço e meus dedos passeiam pelos seus cabelos.

Se você está pensando em algo erótico, eu estou sendo uma péssima narradora. Péssima mesmo, porque não tem nada de sexual nisso. O que acontece aqui é só uma manifestação do amor entre dois adolescentes, independente da manifestação dos seus hormônios. Certo, não tão independente.

Eu poderia dizer “eu te amo” agora, mas existe aquilo de não dizer isso muito cedo num relacionamento e um mês e meio é muito cedo. Além de que eu acho que não estou pronta para dizer e que ele não está pronto para ouvir. Também acho que não estou pronta para ouvir.

E o que não tinha nada a ver com hormônios passa, aos poucos, a ter. Eu deveria achar isso ruim, como o acordar de um sonho bom para a sua rotina, mas a nossa rotina de beijos quentes e amassos apaixonados não é nada ruim. Hoje ela está ainda melhor porque estamos felizes e está tudo bem.

E o que não tinha quase nada a ver com corpo passa a ser comandado por ele. Jake me deita na poltrona e se apoia nos cotovelos para não repousar seu peso no meu corpo magro. Ele continua me beijando e eu ponho minhas mãos nas costas dele, por dentro da camisa, sentindo seus músculos.

Meu corpo reage como qualquer corpo, mas não vou dizer mais nada sobre isso, não quero ser vulgar. E, assim como meu corpo, o de Jake também reage.

Então, eu seguro sua camisa e a tiro. E ele faz o mesmo comigo, dando um jeito de se equilibrar para não me sufocar com toda sua massa de músculos. Ao tirar minha blusa, ele roça os dedos na minha barriga, o que provoca calafrios e um sorriso cafajeste nele.

Ele olha nos meus olhos, fazendo uma pergunta. “Você tem certeza?” eles dizem.

– Sim – eu digo.

Ele nos senta no sofá de novo e passa suas mãos pelas minhas costas. Ele desabotoa o fecho do sutiã, mas eu não tenho chance de me sentir envergonhada por me mostrar para alguém.

Porque ele não chega a tirar meu sutiã.

– Meninos, o jantar está pronto – chama a voz de Goreth, a governanta.

Nos olhamos, envergonhados. Droga, dizemos silenciosamente. Sinto meu rosto enrubescer.

– Estamos indo – Jake grita de volta. E depois sussurra no meu ouvido. – Mais tarde a gente continua.


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Notas finais do capítulo

Então, como vocês imaginam a casa e o quarto de Jake?



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