Amor Platônico escrita por Lizzy Salvatore


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo cinco: Amando?

-Isso pode funcionar? – questionou Hermione mastigando mais uma unha,

fazendo um barulho irritante de alguma coisa se partindo a todo o momento

em que Draco tentava se concentrar.

-Eu não sei, Granger. Talvez se você parar de agir como uma idiota, eu

consiga me concentrar o suficiente para fazer uma mágica sem varinha, e

alcançar o dito objeto que estava na biblioteca no mesmo momento em que

nós dois estávamos.

Ela corou. Não sabia que estava atrapalhando. Mas depois teve vontade

de se lançar um avada. Um feitiço com varinha já era uma coisa avançada

para a maioria dos bruxos, até mesmo os sangues-puros. Nem ela, uma

das melhores alunas de Hogwarts em termos de inteligência, havia se

exposto de forma a fazer isso, embora o professor Flitwick houvesse lhe dito

inúmeras vezes durante as aulas que uma magia sem varinha necessitava

de equilíbrio entre os quatro elementos: fogo, água, terra e ar.

Desde que lera sobre essa forma de mágica, não se arriscara mais a sair

do lado de sua varinha, tamanha era a complexidade de um feitiço feito

dessa forma. Tentou sentir a pressão do ar contra seu rosto, ou a terra

tremendo sob seus pés, mas a única coisa que conseguia sentir era medo, e

a concentração do loiro.

Dessa forma, ela reparou, ele parecia ainda mais bonito. Tinha os olhos

fechados, o que não lhe dava um ar tão cruel. Os cabelos caíam no rosto

enquanto uma ruga se formava entre suas sobrancelhas, mostrando toda

a concentração e força que estava aplicando no momento. Ele jogava os

fios louros para trás em uma atitude irritadiça, mas era apenas esse curto

movimento que fazia para não perder a deixa.

A garota não conseguia ficar imóvel. Analisava tudo o que ele fazia em

vários ângulos. Tentou compreender qualquer coisa, até mesmo tentou ficar

imóvel, mas era inútil, seu cérebro trabalhava muito rapidamente.

-Droga Granger! – praguejou o outro, assustando-a. – Não sabe ficar

quieta? Eu estava quase conseguindo!

-Desculpe- sussurrou e aquietou-se.

Em alguns minutos ele bufou, derrotado.

-Desisto. Não consegui nada.

A grifinória baixou a cabeça.

-Pelo menos você tentou- disse quando ele se levantou e andava descrente

pela sala de um lado para o outro.

-Ficaremos presos para sempre aqui- ele falava cabisbaixo. A cada minuto

estava mais desesperado.

-Não existe outra saída, Draco?

****************************************************************************

O dia estava lindo. Fazia frio, mas um sol brilhava mais forte no horizonte. É um daqueles momentos em que você troca o agito das ruas pela sua cama quente e confortável, o abraço da brisa do vento, por uma boa caneca de chocolate quente. Fazer bonecos de neve nos dias gelados não é uma opção; é um fato. 

Porém, cansada dessas banalidades com as quais já convivia há algumas semanas, Hermione preferiu ir para a biblioteca fazer um trabalho de feitiços. Pegou sua mochila, lembrando-se de colocar um par de luvas extras, e alguns itens mágicos que precisaria para colocar no trabalho. Pegou também suas anotações que fizera em sala de aula, fez rapidamente sua higiene, vestiu-se e foi andando até um de seus lugares preferidos na escola. 

Livre de Malfoy, ou qualquer outro tipo de incomodo, a morena se viu livre para espalhar seus materias por cima de uma das mesas da biblioteca. 

Enquanto lia uma pequena nota sobre os "Feitiços de agilizações nos processos de cultivo de plantas", alguém chegou no lugar. Malfoy. Ele sentou-se em uma mesa próxima à da morena, e espalhou também seus livros. 

Involuntariamente, a garota fechou os olhos e lembrou-se do beijo que a libertara de seu subconsciente. Mandou que seu corpo se controlasse, e nem percebeu que o loiro falava com ela. 

Virou-se para ele, mas ainda não entendia nada do que lhe era dito. Só via os lábios habilidosos que ela tanto gostara de beijar, se movendo suavemente. A boca carnuda parecia desfilar no rosto dele, de uma forma tão convidativa, que ela teve de lamber seus próprios lábios para se conter. Os cabelos loiros... Oh como ela gostaria de puxá-los por entre os dedos, ou arranhar aquela pele pálida. 

-Granger! - chamou ele, audivelmente, o que foi suficiente para que ela despertasse. Se viu olhando para ele. Havia pego no sono. 

"Graças a Merlin, foi só um sonho... Ou melhor, com Malfoy lá, se tornou um pesadelo" . 

-O que foi, doninha? Digo, Malfoy. 

Ele ergueu a sobrancelha com o apelido. 

-Pare de sonhar comigo! Você sabe que nunca vai me ter. - antes que ela pudesse responder alguma coisa, ele continuou - Eu perguntei se você teria mais um pouco de tinta. 

Ela olhou para cima da mesa, e viu o pote remexido. Ela sempre o fechava. Era sinal de que mesmo sem pedir ele havia pego o material dela. 

-Claro. Pegue na minha mochila. 

Voltou os olhos para seu trabalho. Ouviu uma música ao longe. 

-Que barulho é esse? -perguntou. 

Malfoy pegou a mochila dela, encarando o objeto com desdém. 

-Música. -respondeu.

-Oh, conte-me uma novidade, senhor óbvio! 

"Não pode ser tão perigoso assim", pensou, e colocou a mão dentro do primeiro fecho. 

-Foi você que perguntou. 

Ela não reconhecia a letra, ou a melodia. 

-Que música que é? - ela questionou ao perceber um pequeno equipamento trouxa, MP3, em cima da mesa de onde ele estava sentado. 

Malfoy finalmente encontrou o que procurava. Deu de ombros para ela. 

-Lonely Day. 

Ela olhou-o estupefata. 

-Conhece músicas trouxas? 

-Granger, Granger - disse ele - há uma série de coisas que você não sabe sobre mim, que daria até um livro. 

-Até parece que alguém leria um livro sobre a sua vida. 

-Você leria. É a rata de biblioteca. 

Ela o ignorou. 

-Quem canta essa música?  

-System of a Down. 

-Como... ? 

-Granger, quer mesmo falar sobre isso? Olha, se você quer falar comigo, é só falar. Mas depois, porque agora eu estou ocupado. 

Ele voltou para a sua mesa. A morena cruzou os braços, o encarou indiferente, e depois voltou a atenção para o livro que tinha nos braços, e que tinha lhe servido de travesseiro. 

Hermione ficou observando-o por uns momentos, por cima do livro. Já tinham sido três beijos, e a ida ao subconsciente deles próprios. Ela não poderia arriscar ainda mais seu namoro com Rony. 

Malfoy estava cantando alguma coisa sem sentido enquanto lia repetidamente algumas linhas do livro de feitiços. 

"Merlin", ela pensou " nem estudando eu consigo privacidade". Tentou forçar em sua mente algum momento em que tinha permitido que Malfoy fosse até a biblioteca estudar com ela. Sua mente não encontrou nenhuma lembrança de tal fato. 

Mas foi quando ele chegou no refrão da música que ela se estressou de verdade. Fechou o livro grosso, velho e empoeirado, fazendo um barulho oco, e o jogou contra a cabeça do loiro a sua frente. 

-Ei! - ele reclamou enquanto ela se acabava de rir. 

-Bem feito! Ni-ningué-em o cham-mou aqui, Malfoy! 

Ele levou a mão na testa, e depois olhou para os dedos, como que para conferir se não havia nenhum sangramento ou ferida.  A última coisa que ele queria naquele momento era ficar parecendo o Cicatriz... 

-Não teve graça, Granger. 

-Pois eu achei. 

Ele bufou por alguns minutos, até que um sorriso surgiu na ponta de seus lábios. 

-Vejamos se você vai achar isso engraçado, Granger. 

E sem avisar, ele simplesmente se aproximou dela em dois passos largos, derrubando a cadeira em que anteriormente ele estivera sentado, e começou uma sessão de cócegas sem fim. 

-Mal-foy! KKK PÁ-RA, KKKKKKKKKKKK! 

Ficaram assim por alguns minutos. Ela se contorcia na cadeira enquanto ele se divertia fazendo cócegas nela. 

-Hermione? - perguntou uma voz conhecida, vinda do lado oposto ao que os dois estavam. Logo eles se separaram, como se uma corrente elétrica tivesse passado de um pelo outro. - MALFOY? O que vocês estão fazendo aqui? 

-Hey Rony, ela não está lá nos fun...Malfoy? - perguntou Harry, incrédulo e ofegante por ter corrido por quase toda a extensão da biblioteca atrás da amiga. 

A morena se levantou rapidamente, e olhou para o namorado. Seu rosto estava sério, mas um tom sapeca ainda estava mergulhado em seus olhos castanhos. 

-NINGUÉM VAI RESPONDER? FALEM! - esbravejou o ruivo. Quase não havia diferença entre seu rosto e seu cabelo. 

Malfoy bufou. 

-Não é óbvio, Weasley? - perguntou. Nesse momento, a morena gelou. Sentiu a exata sensação de ter a vida passando diante dos olhos. E não gostou do que viu. As únicas visões que cobriam sua mente, era do tempo que passara com Malfoy. O loiro prosseguiu: - Estamos trabalhando. 

-TRABALHANDO? NO PROJETO "COMO CHIFRAR O RONY", SÓ SE FOR. 

-Ron... - ela tentou argumentar, mas foi interrompida por Malfoy. 

-Não, seu pateta. Estamos trabalhando no projeto do baile. 

-DESSE JEITO? RINDO, TODOS MUITO ANIMADINHOS, OBRIGADO?! 

-Qual é o problema de descontrair um pouquinho? Sua namoradinha aqui estava muito chateada. E eu, como um bom monitor que sou, e estou sempre disposto a ajudar, contei uma piada e ela começou a rir. 

-PIADA? 

-É, WEASLEY, VOCÊ NUNCA OUVIU UMA PIADA? ALIÁS, VOCÊ É UMA PIADA! - exaltou-se. 

-O que é que está acontecendo aqui, cavalheiros? - questionou Madame Pince, que vinha a passos firmes pelo corredor. - Este lugar ainda é uma biblioteca, e não sei se vocês sabem, mas biblioteca é um lugar para se estudar, e não fazer consensos amigáveis ou amorosos. Para fora, agora! E EM SILÊNCIO! 

Rony e Hermione saíram primeiro, a morena conversando com o ruivo que a olhava realmente magoado. 

Draco seguiu, Harry logo atrá dele. 

-Malfoy! Eu sei o que você está fazendo; e não vai funcionar. Você está querendo reacender o lado das trevas, e está usando a Mione para nos distraír: a mim e ao Ron. Mas saiba que isso não vai dar certo. Voldemort está morto, e se você continuar agindo assim, também o será. - e dizendo isso, ele prosseguiu para fora da biblioteca a passos mais violentos. 

Draco olhou para o moreno a sua frente. Sacudiu a cabeça e disse num sussurro: 

-Patético. 

-Rony, por favor, me escuta! - o loiro ouviu as vozes de Hermione e do Weasley pelo corredor. Escondeu-se atrás de uma gárgula, e ficou os observando. 

-Eu não quero ouvir. Eu não sou idiota, Hermione. 

-Por favor! Eu não estava fazendo nada. Estávamos brincando, foi o Malfoy que começou. Confia em mim! Rony, quando foi que eu menti para você? 

Draco nem prestava atenção no que eles falavam. Apenas olhava. Viu que minutos depois ela tocou na mão dele, e os olhos do ruivo, que antes estavam escuros de raiva, se iluminaram. Ele sorriu para ela, abraçou-a, e eles se beijaram ali no meio do corredor. 

-Patético... - ele repetiu, vendo os dois saíndo de mãos dadas, e ainda conversando. 

-Sabe, você deveria falar para ela que a ama...  

Draco olhou para todos os lados, mas não encontrou a voz que lhe falava. 

-Aqui em cima, rapaz - repetiu a voz. Primeiro ele achou que pudesse ter sido Pirraça, mas então percebeu que a gárgula falava com ele. 

-Ótimo. Agora, sonserinos amam, gárgulas falam, pessoas morrem, inimigos viram amigos, eu voltei a ser o vilão... O que mais falta acontecer? Merlin vai ressurgir? 

A gárgula olhou-o carinhosamente. Tinha apenas um olho, as costas abertas e deformadas, uma corcunda enorme, os joelhos cortados, mas a boca realmente se mexia. O homem ali retratado fora um dia um grande soldado; usava uma armadura pesada de ferro, e carrregava uma espada, que, infelizmente, estava cravada em suas costas. Era uma coisa horripilante. 

-Eu vejo o seu coração, Draco Malfoy. E ele está ferido com o que acabaste de ver. 

O loiro olhou para o objeto, e saiu rindo. 

-Eu? Amando? Fala sério... 

-Eu também dizia isso, meu filho - sussurrou a estátua. Seu pequeno olho virado para frente enquanto encontrava outra gárgula mais a frente: uma mulher robusta, jovem e bela, que segurava um longo vestido de rendas. Carregava na cabeça, uma linda coroa de prata, com as mais belas pedras preciosas, e nos pés, uma linda sapatilha. Poderia ser mais bela, se não estivesse esmagando as lindas flores que nasciam sob seus pés. O fazia a sangue frio, assim como fizera com o coração do nobre soldado. - O amor muda as pessoas. É uma das jóias mais preciosas que você conseguirá. A fornalha dos apaixonados queima incessantemente, até que sua bela donzela se interesse por coisas mais preciosas que o seu puro e eterno amor. O ser humano é demasiadamente hipócrita, meu jovem. Não consegue distuinguir a ambição da realidade. E quando isso acontece, você pode ir para a guerra por uma mulher que mais tarde cravará uma espada em suas costas. 

Quando o objeto percebeu, o jovem já estava longe. Suspirou, e voltou a sua formação inicial. A donzela continuava lá. Fria como pedra... 

A aula de história da magia daquela quinta-feira estava mais chata do que

Rony podia suportar. Olhou para o relógio mais de uma vez, esperando não

dormir. Ao seu lado, sua dupla roncava baixinho, mas ele tinha que mostrar

uma boa postura, dar bom exemplo, afinal, era um monitor daquela escola!

“Só cinco minutinhos...” pensou semicerrando os olhos e pegando no sono

logo em seguida. Sua testa que antes estava apoiada em sua mão, caiu em

cima dos livros abertos, e sua mão foi para dentro do tinteiro, jogando a

pena que estava li repousada, no chão.

Não se sentia realmente dormindo. Os olhos estavam pesados e não

abriam, mas ele sentia a presença de todos a sua volta na sala de aula.

Acordou-se sobressaltado, quando o professor fez uma citação de seu nome

e ele não a escutou. Hermione revirou os olhos atrás dele, e deu um puxão

nos cabelos ruivos, fazendo com que ele se despertasse completamente

gritando “Não fui eu” para todos os lados, sem saber realmente do que ele

estaria falando.

-Obrigado pela explanação Sr. Weasley. Tenho certeza que irá apreciar

muito mais as nossas aulas no lado de fora. Retire-se da minha sala-

brandiu o professor Binns. E naquele momento mais do que nunca, Rony

desejou que o professor morresse. Mas era impossível, aquele velhote já

estava morto, e por isso queria concluir sua tarefa assassinando todos seus

alunos, fosse de tédio ou de alguma outra coisa desconhecida pelo Weasley.

Bufando depois de esfregar os olhos, ele catou sua pena que estava no

chão, tampou o tinteiro e guardou os livros e os rolos de pergaminho dentro

da mochila antes de sair a passos pesados da sala e indo se postar do lado

de fora. Bateu a porta com uma força desnecessária, e apoiou-se na parede

enquanto ouvia o professor retomando seu monótono discurso.

Aproveitou para catar os pergaminhos de poções, e começar sua

dissertação sobre a importância das escamas do dragão Norueguês dourado

na fabricação de poções, e como um erro no preparo com uma poção

utilizando esse ingrediente poderia afetar a vida de trouxas e bruxos.

A maior parte de seu texto foi completamente retirado do livro, mas

algumas coisas ele realmente sabia. Tinha vantagem por ter um irmão que

trabalhava com dragões, e só sabia falar sobre os mesmos.

Quando fez uma conclusão meia boca, guardou os papéis e olhou para

o relógio no pulso esquerdo. Ao fazer isso os sinos tocaram liberando os

alunos das salas para as próximas aulas.

Hermione saiu ao lado de Harry da sala, bufando audivelmente. Quando

se aproximou de Rony, tirou a mão de dentro do bolso da capa da escola,

e deu um tapa na cabeça dele que fingiu um choramingo e teve a astucia

para proferir um pequeno “ai” quando ela o fez.

-O que foi que eu fiz dessa vez? – perguntou tentando se defender da

namorada super-brava.

-Rony, pelas cuecas verdes fluorescentes de Merlin, você está no último ano

e ainda age como se estivesse no primeiro!

-Dá um desconto pra ele, Mione. É o último ano, isso tinha que ser divertido

pra gente. Não há ameaça de morte para nenhum de nós, e isso é ótimo no

meu ponto de vista. – disse Harry rindo da careta que o melhor amigo fez

antes de abraçar a morena pela cintura e a acompanhar até a escadaria,

seguindo seus outros colegas de casa.

-Não ache que eu não estou brava com você, porque eu estou.

-Mas está assim só porque temos a sua “aula preferida agora” – riu-se

Harry. Sabia que a garota odiava as aulas de Treawloney, e, mesmo que

com sua experiência fracassada alguns anos atrás em tentar se enturmar

com a professora, tivesse diminuído depois da guerra, ainda era existente.

Ainda mais depois que a bruxa mais velha havia pego o cargo de defesa

contra as artes das trevas.

-Sinceramente, não sei o que está se passando na cabeça da professora

McGonagall em colocar aquela monstrenga pra nos dar aula. – comentou

brava enquanto subiam em direção à sala.

-Tente entender, o lado dela, Mi. Perdeu o professor Dumbledore e o Snape

com muito pouca diferença de tempo entre uma partida e a outra. E o ano

letivo logo começaria, ela teve que agir rapidamente. – falou Rony.

-PROFESSOR Snape, Rony. Será que você não vai aprender a respeitá-lo

nem mesmo depois de morto?

Seguiram conversando sobre as “maravilhosas aulas proporcionadas pela

professora de adivinhação e DCAT”, que de maravilhosas não tinham nada.

Entraram na sala alguns segundos antes de tocarem os sinos pela segunda

vez, indicando que já terminara o curto intervalo entre uma aula e outra.

Sentaram-se, e começaram a prestar atenção na aula. Mas não eram os

únicos.

Ao correr os olhos pela sala, Hermione encontrou não muito longe de si,

Draco Malfoy a encarando com o sorriso mais sonserino que conseguia por

naqueles lábios nojentos de serpente.

“Odeio aulas duplas”, pensou.

Blaise estava ao lado do melhor amigo, e percebeu sua agitação

inconveniente enquanto o trio de ouro cruzava a porta.

-Cara, sai dessa. Logo a Granger? Por favor, cara, me diz que não é a

Granger a dita garota misteriosa da qual você tanto fala.

Considerando o silêncio sofrido como um sim, Blaise jogou a cabeça de

um lado para o outro, querendo negar o que estava evidente. A professora

entrou na sala, pisando no próprio xale, o que lhe deu um motivo para tirar

os pensamentos de Draco com a sangue- ruim.

Quando a professora chegou na frente da mesa, começou a falar sem parar.

Draco aproveitou essa oportunidade para falar com Blaise.

-Ficamos presos com AQUELE feitiço. – falou dando ênfase exagerada na

palavra “aquele”. Blaise deveria saber o significado de tal termo, pois não

falou nada, apenas assentiu fracamente com a cabeça, como um sinal para

que o amigo loiro continuasse a falar. Aparentemente, por ser um Zabini

e sua família ser de uma linhagem inteira de comensais da morte, ele

entendeu rapidamente o significado do que o outro falou. – Você sabe que

só existem três maneiras para sair de lá.

-E posso até imaginar qual a que você escolheu, sendo quem você é –

ironizou.

-Tem razão. Aquela idiota que tava por perto nunca ia saber o que fazer, e

nem reconhecer duas pessoas desmaiadas.

-Quem era? Espera, eu sei... - fingiu fazer um esforço- Aquela morcega

velha da biblioteca? Ah cara, eu sou um gênio!- completou quando o outro

acenou em concordância.

Do outro lado da sala, Hermione estava sentada ao lado de Rony, ainda

resmungando audivelmente sobre a maldita aula, a maldita professora, e

idéias de jerico da professora McGonagall. A maioria dos bruxos não sabia o

que significava “jerico”, mas preferiram não mencionar nada para a morena

irritada.

Apesar disso, ela anotava todas as poucas coisas úteis que a professora

monstra falava.

-Eu sinceramente preferia a Umbridge.

-Merlin nos livre – respondeu Harry. Só de ouvir o nome proibido, a cicatriz

de ‘não devo contar mentiras’ ardeu em seu pulso esquerdo tão forte que

quase acreditou que sua cicatriz em forma de raio - que agora já estava

quase invisível- nem fosse tão ruim como pensava.

-Srta. Granger! – chamou a professora lá da frente da sala – Tenho certeza

de que gostaria de compartilhar seu assunto com a classe inteira.

-Não tenho nada a declarar – afirmou depois de alguns segundos.

Elevando uma sobrancelha, a professora se voltou para ela.

-Então acredito que você ficará melhor não declarando nada em uma

detenção.

Hermione se exaltou. Levantou-se e empurrou a classe para frente. Era a

segunda vez que seus amigos a viam daquela maneira.

-Você não pode fazer isso comigo sua cobra cascavel maldita!

-É muito bom saber o que pensa sobre mim, senhorita. O Sr. Malfoy

aplicará a detenção. Agora gostaria que se retirasse, por favor.

A aula havia chego ao fim. Draco se negou a ir para o salão principal pra

almoçar. Não teria aulas a tarde e pensava em descansar um pouco, mas

Blaise parecia não querer a mesma coisa. O moreno seguiu o loiro por entre

as masmorras até que chegassem no salão comunal, onde o Zabini se jogou

no sofá mais próximo e colocou as mãos atrás da cabeça.

-E então. Vai me contar o que aconteceu?

Draco olhou-o com o rabo do olho. Sua intenção era seguir até o dormitório

privado e a cama quente a acolhedora, mas aparentemente isso teria que

esperar mais algumas horas. Rolou os olhos e sentou-se de qualquer jeito

no sofá.

-Sabe Zabini, você está parecendo uma garotinha cheia de hormônios

querendo saber uma fofoca da vida pessoal da melhor amiga.

Blaise riu e deu de ombros.

-Tanto faz, bff. Agora fala antes que eu mande o Barão Sangrento te lançar

uma imperdoável.

Suspirando, ele começou seu relato.

-Bem, aconteceu o seguinte... - foram necessários 30 minutos para Draco explicar tudo para o amigo, tendo que explicar e repetir algumas vezes o que havia acontecido, para atraír a atenção de Blaise de volta para o assunto -Então ela me perguntou se não teria outra maneira de sair daquele lugar,

e eu falei que poderia ter, já que não encontramos o objeto, só que eu

reforcei que ela não ia gostar nem um pouco, o que não é ao todo verdade.-

falou lançando um sorriso para o amigo que o compreendeu rapidamente.

-Ela não hesitou nem um pouquinho?

-Meu caro – o sorriso de Malfoy aumentou – Quando se está prestes a beijar Draco Malfoy e fazer as pazes com ele, ninguém hesita.

-Menos a Granger, eu suponho. A namoradinha fiel do Weasley. Tsc tsc,

sempre disse pra você que chifres combinam com o cabelo ruivo deles. Você sabe disso. Foi assim quando eu fiquei com a Delacour uns meses antes dela se casar.

-Não acredito que você se rebaixou a isso.

-Não acredito que VOCÊ se rebaixou ao nível de uma sangue-ruim, Draco. Isso é um ultraje para a sua família. Você usou aquele feitiço de propósito, porque sabia que vocês dois só iam conseguir sair de lá depois que ela te beijasse, ou que vocês fizessem as pazes.

-Não foi bem assim.

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-Pode ser, Granger. Mas como eu já disse antes, você pode não gostar.

-Ah, qualquer coisa é boa pra me livrar da sua presença, Draco. – ela sorriu quando ele levantou a sobrancelha esquerda em um ângulo que só ele conseguia, e tinha na face uma expressão que deveria dizer algo como “e que papo era aquele de alguns minutos atrás sobre sermos amigos?”-

Calma, eu só queria fazer você provar do próprio veneno.

Malfoy não sorriu. Não esboçou expressão nenhuma. Estava mais

preocupado com o que seu estômago – que parecia ter vida própria –

estava fazendo. Iria acontecer de novo!

Aproximou-se do sofá em silêncio. Sentou com um joelho, e seguiu com

o outro, e deu um passo naquela posição. A mão foi para trás da orelha

dela, e acariciou os cachos bem feitos e sedosos, macios como um maço de

algodões. Encarou seus olhos amendoados que se esforçavam para não se

fechar com o toque inesperado.

Ele sorriu por um instante. Ela estava vesga, acompanhando com os olhos

o movimento que o rosto do loiro fazia em direção ao seu próprio. A boca

abriu por uns instantes para que sussurrasse alguma coisa ruim para ele,

um impropério qualquer, mas seu vocabulário estava nulo.

E antes que pudesse perceber, seus lábios se tocaram rapidamente, para

se soltar logo em seguida. Foi ela que resolveu retomar os lábios dele para

cima dos seus, segurando-o pela cabeleira loira. O beijo foi mais longo que

os outros que haviam dado.

Quando se separaram para pegar um pouquinho de ar, ele falou:

-Geralmente quando acontecia um problema com esse feitiço, e as pessoas

ficavam presas, tinham que se conciliar antes de poder a voltar a vida

normal. Nem que fosse só para terem que se matar mais tarde. É uma

espécie de relutância por uma ou ambas as partes interessadas por apenas

algum curto período de tempo.

E em seguida, fechou os olhos, e quando os abriu estava na biblioteca.

****************************************************************************

Hermione sentiu-se confusa. Olhou para os lados e arriscou a chamá-lo uma

vez. Quando viu que não havia outro jeito, repetiu o gesto dele. Fechou os

olhos firmemente, suspirou, e quando se acordou, estava na biblioteca, do

outro lado da sala onde o loiro se encontrava.

O primeiro gesto que fez, foi pegar sua varinha e sair correndo. Estava

fraca, com um ferimento na cabeça e uma dor infernal nas costas, mas não

poderia hesitar.

Duas vezes! Havia traído seu namorado DUAS VEZES, e pior: com Draco

Malfoy. O mesmo que a chamou de sangue- ruim tantas vezes. O mesmo

que infernizara a vida do deu melhor amigo e de seu namorado por todos

esses anos, e que inclusive, ajudara no assassinato de Alvo Dumbledore,

que só acabou entrando na história porque ninguém conseguiria tornar

aquilo tudo mais fácil para Harry.

Dumbledore se sacrificara, junto com tantos outros. Por Harry. Pelo seu

amigo, pelo seu namorado. E ao invés de fazer o mesmo, Hermione se

sentia se aliando ao inimigo cada vez que traía Rony. Era completamente

diferente a relação que tinha entre um com o outro, mas ainda amava

o ruivo. O amou no primeiro ano, e chorou de raiva quando achou que

tivessem tendo uma boa amizade, e ele a desprezou.

Sentiu falta dele no segundo ano quando foi petrificada. Queria ele na

beira de sua cama para sempre, velando seu corpo e sempre próximo de

seu leito. Apesar de não se lembrar muitas coisas que aconteceram nesse

meio tempo, ouvia sempre a voz dele ressoando na sua cabeça como um

mantra, dizendo-lhe “você vai ficar bem, Mione, e vai voltar pra gente”.

Infelizmente, não saberia dizer se isso realmente acontecera.

Já em seu terceiro ano, segurara em sua mão, tão forte, que achou que

seu próprio estômago explodiria, e seu coração rolara tanto de felicidade!

Apesar de Harry ter estado em perigo, é claro. E quando ele machucou

o pé, ou brigou com seu melhor amigo no quarto ano, ela sempre queria

estar perto dele, sempre protegendo-o e verificando se ele estava bem,

apoiando-o sempre que preciso.

Lutara contra ele nos tempos da AD. E o vira balbuciar seu nome enquanto

se despregava de seu sono no sexto ano por causa do hidromel envenenado

e os bombons com poção do amor. E tudo o que passaram no ano passado

– a guerra, a relutância entre eles de aceitá-la tão próxima, todas as

descobertas feitas, as horcruxes, os beijos, a sala precisa, TUDO- os havia

levado até ali, até aquele relacionamento.

Não sabia a que conclusão chegar. Draco fora carinhoso com ela, mas por

um momento. Voltaria a chamá-la como sempre, a tratá-la com indiferença.

Por um instante as palavras dele soaram em sua cabeça: “Só que nossa

relação mudou. Já não temos a necessidade de brigar. Poderíamos tentar

pelo menos sermos amigos.”

Será mesmo que conseguiriam ser amigos depois do dia de hoje? Depois

de todos os beijos? O que estaria acontecendo com eles? Draco estaria

gostando dela? E ela dele? Mas e Rony? O que ela sentia por Rony não

havia mudado, porém seus sentimentos estavam confusos.

Sacudiu a cabeça, limpou uma lágrima discreta que caía

imperceptivelmente pelo seu olho com a manga da blusa, e foi até a ala

hospitalar, e Madame Pomfrey cuidou de seus ferimentos físicos. Mas a

confusão em seu coração, nem ela própria saberia como curar.

Sexta-feira chegou para assustar a todos com a proximidade da festividade e a falta de vestimentas para todos os alunos. A primeira aula da manhã de DCAT estava realmente chata. Hermione nunca reclamava das aulas, geralmente, mas depois que aquela monstrenga velha das torres fora chamada para ocupar o cargo, nada mais agradava a morena. 

A maioria dos alunos dormia, só Hermione estava acordada. A velhota falando sem parar sobre um feitiço não verbal que eles aprenderam no sexto ano. Aqueles conteúdos que ela estava passando, provavelmente não serviriam para ajudá-la a passar nos NIEM's, que estavam cada dia mais próximos. 

Hermione permitiu-se bocejar; era a única acordada ali naquela sala, com excessão da professora. Quando estava quase fechando os olhos, o sinal finalmente tocou. 

-A professora Minerva deseja vê-los no Salão Principal imediatamente - disse a professora para os alunos alvoroçados que guardavam seus pertences e iam em direção à porta. -Srta. Granger! - chamou a professora, enquanto Hermione se juntava com seus colegas na  saída da sala. 

-Sim, professora Treawloney? 

-Eu apenas gostaria de avisar-lhe, que és a monitora desta escola, e portanto não pode se portar da maneira que o fez hoje em sala de aula. Tenha certeza de que Minerva saberá disto. 

Hermione respirou fundo, e contou até dez, antes que pulasse no pescoço daquela maluca. 

-Professora, não sei se a Sra. percebeu, mas eu era a única acordada em sua sala de aula. 

-Exatamente, minha cara. Tens de servir de exemplo para os outros alunos. Agora, deixe-me chamar o Sr. Weasley antes que ele se ... - neste momento, Hermione foi forçada a olhar para trás quando Rony bateu com o queixo na pesada porta da sala de DCAT, e caiu duro no chão. Os sonserinos riam da cena enquanto Hermione e a professora corriam em socorro do garoto. 

-Ah, minha querida - lembrou-se a vidente - Não se esqueça de sua detenção na semana seguinte, sim? Logo após o baile, com o Sr. Malfoy. 

-Sim, senhora professora. - respondeu entre dentes, e foi saíndo pela porta principal seguindo Harry e outros alunos Grifinórios que carregavam um Rony adormecido. 

Já no Salão Principal, todos os alunos se postaram nas mesas de suas Casas enquanto a diretora falava. Hermione sentiu um par de olhos cinzas a encarando da mesa da Sonserina, mas preferiu prestar atenção na professora, e ao mesmo tempo segurar a bolsa de gelo na cabeça de Rony. 

Um passeio de última hora para Hogsmeade foi aprovado pela diretora durante a tarde, para que os monitores pudessem começar a preparar o salão principal para o baile com ajuda mágica dos

professores, que haviam sido dispensados do resto das aulas assim como os alunos.

A tarde estava fria, e as carruagens saíam de Hogwarts a cada 15 minutos

levando em cada uma pelo menos 3 alunos. Harry e Rony hesitaram antes

de ir para o passeio, porém foram incentivados por Hermione, que os viu

atravessar a pequena distância entre o povoado e os portões da escola

sendo acompanhados na carruagem por Gina Weasley.

Desde o último ano, Gina e Harry estavam namorado, e eram considerados

o casal mais fofo de todos os tempos em Hogwarts, sendo seguidos por

Rony e Hermione. Mas ela havia o traído. Já não eram mais um casal

como antes. E a culpa era dela.

Retirou esses pensamentos de sua cabeça, e se concentrou. “O que eu não

faço pra não reprovar em Transfiguração”, pensou enquanto acenava para

uma carruagem fechada onde o namorado se afastava.

Voltou-se para dentro e no salão principal, as caixas com as coisas que

havia comprado com Malfoy eram carregadas pelos elfos. Ergueu as mãos e

prendeu o cabelo encaracolado em um coque. Depois arregaçou as mangas

da blusa que usava, e se pôs a trabalhar.

Observou o salão e encontrou a professora Minerva acenando para que ela

se aproximasse. Draco estava junto com a professora. Chegou mais perto,

e antes de poder escutar o que falavam, o professor Flitwick aproximou-se

sorrateiro.

-Gostaria de falar comigo, Srta. Granger?

-Oh, claro, claro- esboçou um sorriso falso – Queria lhe perguntar se irá nos

ajudar com os feitiços.

-Todo o ano eu ajudo, senhorita. Apesar de estar completamente exausto

de tudo o que anda acontecendo, tenho que fazer isso. É meu dever para

com a escola.

Quando ele se afastava a procura da varinha, Hermione atacou-o.

-Professor... Há mais uma coisa. – ele assentiu para que ela prosseguisse –

Qual é a diferença entre magia involuntária e a mágica sem varinha?

Olhando-a surpreso, o professor ajeitou os óculos no rosto pequeno e

gorducho, e começou a falar.

-A mágica involuntária, além de acontecer quando há uma mudança de

humor entre um ser mágico, é descendente da mágica elementar. Os

feitiços mais antigos aconteciam por acidente para com os bruxos, que

sem se compreender eram quase sempre queimados na fogueira durante o

tempo medieval, por exemplo. Mas já existiam pessoas capazes de dominar

elementos naturais como a água, o fogo, a terra e o ar. Por isso em alguns

rituais antigos que sobreviveram até hoje, é extremamente necessário pedir

e chamar pelos quatro elementos básicos, nossa principal fonte de poder.

“Já a mágica sem varinha acontece quando o bruxo está muito concentrado.

Já estudamos isso creio eu, senhorita. Quando um bruxo tem tal poder,

invoca todos os poderes elementares, mas em proporções maiores, já que

é proposital. É fato que qualquer bruxo é capaz de uma magia sem varinha,

mas são poucos os que realmente treinam a mente para fazê-lo, tamanha

sua complexidade. Sanei sua dúvida, senhorita?”

-Claro, professor. Obrigada.

Afastou-se em direção aos sinais desesperados da professora Minerva. A

notícia que a professora lhe deu quase fez seu coração falhar, e se pudesse

teria cavado um buraco na terra tão profundo, que derreteria no núcleo do

planeta. Muitas respostas – a maioria indelicadas- surgiram em sua cabeça,

mas ela só conseguiu dizer uma. -O que disse?

A noite seguinte ia ser longa, pensou enquanto a professora McGonagall

repetia para ela o que havia acabado de dizer.


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Notas finais do capítulo

Pronto gente, terminei COMPLETAMENTE as cenas da sala precisa.
Weee q
Então assim, o próximo capítulo é o do baile, e vou confessar que eu
dei uma viajada legal nele. Terão uns shippers novos, mas apenas
uma citação deles, sim? Tipo, eles não serão retratados novamente
no futuro, ficarão só como eles tão agora. KKKK Eu sei que ficou
confuso, mas vocês vão entender melhor quando lerem ele, okay?
Beijo pra quem lê. COMENTEM MAIS, por favor, eu to postando bastante né?! I s2 u !