Teignmouth, interior da Inglaterra.

O conselho teria que se reunir para importantes decisões; Stephen estava preocupado com o futuro de seu comando, pois seu tempo se esgotava e ele teria que cobrar a promessa que, há muitos anos, ela havia feito. Ela, a mulher que dominava seus pensamentos há anos, mesmo com a distancia; aquela que ele não poderia ter de novo por sua natureza, que ela detestava; ela que havia lhe dado talvez seu maior tesouro. Ao mesmo tempo, Stephen sabia de seu dever e não deixaria que o desejo estragasse seus planos; ele podia contar com Damon, seu fiel pupilo, caso algo falhasse.

- Damon, eu estava esperando por você – ouviu-se a voz rouca e forte de Stephen.

- Meu senhor – disse o rapaz fazendo leve reverência – solicitou minha presença e aqui estou, a seu dispor.

- A reunião está próxima, eu preciso encontra-la, minha herdeira. Infelizmente não sei onde estou pisando, então você deverá se aproximar dela; eu não sei se ela seguiu os passos da mãe, porque se seguiu você terá certa dificuldade, mas deixo isso em suas mãos Damon. Quero que vá ao centro da cidade, quero que se aproxime deles, de todos, e descubra tudo que puder sobre ela – Stephen se sentou, olhou para Damon e aguardou a resposta do jovem.

- Como queira, meu senhor – respondeu o obediente pupilo.

Stephen foi até seu quarto, onde uma surpresa o esperava. O ancião maior do conselho o aguardava ansioso e não tardou a explicar o motivo de sua inesperada visita.

- Stephen, sabe que eu admiro sua capacidade de controle e seu imenso poder, mas não posso evitar que lhe tirem o posto caso você não apresente um sucessor – disse Heliot Summerville.

- Eu sei Heliot. Você sabe que tenho uma sucessora, mas para ela vir demanda tempo. Damon cuidará disso.

- Não, você cuidará disso. Vai cobrar a promessa que ela fez, ela disse que você teria liberdade para se aproximar ao 21º aniversario da sucessora. Damon não pode ser envolvido nisso, mas no outro plano.

- Está certo Heliot. Farei do meu jeito.

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21º aniversário de Alana Thompson.

Finalmente chegara o dia que Alana tanto esperava, seu 21º aniversário. Não era apenas um aniversario, seria O aniversário; quando ela ganharia de seu mentor a nomenclatura de Caçadora Sênior, o que significava que ela poderia agir sozinha em suas caçadas, sem supervisão. Pela enésima vez ela conferiu a lista de confirmações e ficou feliz em saber que Haveena Strauss e seu pai tinham confirmado presença; ela ia aproveitar a festa pra tentar convencer Haveena que Robert valia a pena; enquanto pensava nisso a campainha tocou e logo que abriu a porta foi envolvida por um abraço apertado e conhecido: Robert Wright.

- Robert, eu estava mesmo pensando em você... Não, espera, isso pegou mal – disse Alana entre risos – Quero dizer, eu estava olhando a lista de pessoas que confirmaram presença na festa e vi o nome da Haveena...

- Ela vem então? – apressou-se ele a dizer – Encontrei com ela outro dia no antiquário; acredita que ela nem disse um OI ou algo assim! – visivelmente indignado.

- Eu avisei a você sobre a Haveena, por mais que vocês tenham tido aquela noite incrível que você disse que tiveram... ela não faz o tipo que se apaixona né. Com tanta mulher nessa cidade, você se apaixona pela mais difícil, ai Robert. – Disse Alana dando um tapa confortante no braço do amigo.

- É, você me avisou sobre ela. Enfim, ansiosa pela festa? Eu quis vir antes pra te dar os parabéns – disse ele abraçando novamente a amiga – e pra te dar um presente pra você usar na festa – ele entregou um pequeno embrulho pra ela.

- Deixe-me ver – ela abriu o embrulho e dentro um belo colar com pingente que formava um par de asas – que lindo Rob, muuuito obrigada – ela abraçou de novo o amigo, quando ouviu passos na escada – mãe, olha o colar liiindooo que o Rob me deu.

- Realmente querida, é lindo – disse Susan. Ela sorria, mas sua voz transparecia preocupação. Susan se lembrou do acordo que fez e sentiu uma vontade imensa de chorar, mas ela tinha que se manter forte – Robert, você tem bom gosto. Se me dão licença agora, vou terminar os últimos detalhes da festa da mocinha aqui – disse dando um beijo na testa de Alana.

A festa estava quase pronta, o salão arrumado para a grande festa da noite. Enquanto a aniversariante se arrumava, bem longe dali, Haveena se olhava no espelho com o decimo vestido experimentado, ainda sem saber com qual ir. Alguém bateu à porta de seu quarto e logo que ela disse ‘Entre’ seu pai apareceu pelo espelho.

- Ainda não escolheu o vestido Haveena? – perguntou divertindo-se Haakon, pai dela.

- Não consigo escolher, já experimentei dez dos meus vestidos novos e nenhum parece bom o suficiente pro aniversario da Alana – disse Haveena, bufando.

- Você não acha que está exagerando na escolha? Olhe esse, rosa, eu gostei desse; veste esse pra eu ver.

 - Ok. Chame a Thábata também, preciso de duas opiniões pelo menos – disse a garota rindo. Enquanto o pai foi chamar Thábata, ela se vestiu; se olhou no espelho e até gostou do vestido; colocou a sandália de salto alto cor prata; gostou do resultado. O pai dela voltou com a governanta.

 - uaaau – disseram os dois em coro.

 - Gostaram desse? – perguntou a moça.

- Claro, se você colocar o colar de sua mãe, vai ficar ainda mais bonita – disse Thábata.

- e ainda mais parecida com ela – completou Haakon, abraçando a filha. Ela realmente era muito parecida com a mãe, porém não tinha o mesmo brilho no olhar; a maldição lançada em Haveena a impedia de amar e por isso seu olhar era sombrio.

- tá bom, já chega dessa melação papai, tenho que terminar de me arrumar ou chego no final da festa – disse a moça impaciente. Haakon se retirou, mas Thabata continuou ajudando Haveena a se arrumar.

- O tal rapaz que você saiu outra noite vai à festa? – perguntou Thabata fingindo seriedade na voz.

- Provavelmente. Ele é amigo da aniversariante; Thabata, você quer fazer alguma pergunta mais direta? – falou Haveena, visivelmente incomodada com o jeito que Thabata falara.

- Não, deixa pra lá – disse a governanta, encerrando o assunto.

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E a festa começara, quase todos estavam presentes aguardando a entrada da aniversariante; primeiro ela receberia o bastão de Caçadora Sênior, das mãos de seu mentor; depois a festa começaria de verdade. Então Alana entrou, um vestido lilás, longo, liso, com algumas pedrarias na parte do colo, o colar que o amigo dera mais cedo e a tiara que a mãe dera anos atrás. Ela foi recebida ao final da escadaria por Bowman Wright, seu mentor, amigo, confidente e leal colega de caçada; todos se calaram para que ele falasse.

- Alana Thompson, neste seu 21º aniversário, receba seu bastão de Caçadora Sênior; nem preciso dizer a alegria que sinto em fazer isso, porque mais que uma aluna, é minha amiga, e é o orgulho do acampamento. Parabéns Alana – terminou Bowman, emocionado e abraçou Alana, sob aplausos de todos. Mas algo sobrepôs os aplausos e eles ouviram palmas mais fortes; todos se sobressaltaram e assustaram ao ver quem estava ali.