Chorei em silêncio, sem saber o que fazer/dizer. Era muita coisa que eu ainda precisava processar.

– Quero vê Edward. - Falei.

Tive que esperar – sem um pingo de paciência – o médico para vim verificar como eu estava. Charlie havia tentando falar comigo, porém eu estava decidida que não iria conversar com ele antes de falar com Edward. Contei os segundos para que o doutor viesse logo, e assim eu pudesse ir logo até ele.

O médico veio e me explicou o que eu tinha: Contou-me que eu havia ficado sem acordar por dois dias, e que se o chute que eu havia levado, fosse mais forte, talvez eu não tivesse sobrevivido.

Tirando a fraqueza em que eu me encontrava, eu estava bem.

Ele havia sugerido que eu fosse até o quarto de Edward usando uma cadeira de rodas por eu estar tão debilitada. Eu teimosa, neguei. De qualquer forma eu precisava esticar um pouco as pernas.

Quando saí do quarto, logo me dei de cara com Emmett e Rose ao seu lado. Eles estavam de mãos dadas, caminhando em minha direção. Não pude evitar um sorriso ao vê-los, e algumas lembranças atingiram minha cabeça:

•••

– Não acredito que vocês vão ir assistir ao jogo de beisebol de novo! – Rose reclamou observando eu e Emmett devidamente vestidos para ir até o estádio.

– É claro que vamos amor!

– Mentira que eles vão de novo? – Edward perguntou aparecendo na sala, me encarando. Desviei o olhar para o outro lado.

– Porra, vocês são um saco! Vamos Bellita! – Emm me puxou pela mão, indo em direção a porta.

– São mesmo! – Concordei.

– Vocês são insuportáveis juntos!

– Ótimo! Minha namorada me trocando pelo o meu próprio irmão...

Dei língua para Edward que ainda me encarava emburrado.

Depois de muita discussão, no final, Edward e Rose acabaram indo conosco. Enquanto eu e Emmett pulávamos animados torcendo pelo nosso time, os outros dois assistiram o jogo sentados de caras fechadas.

Por fim, fomos a um restaurante e jantamos juntos. Como fazíamos todo final de semana.

•••

– OK, Emm. Eu me lembro de você. – Falei quando fiquei de frente para eles.

Ele suspirou como se tivesse prendido o ar ao me ver e sorriu de uma forma tão...familiar, que foi impossível não sorrir de volta. Agora eu podia entender porque ele ficava tão tenso quando me via.

De repente fui esmagada pelos seus braços, em um abraço muito apertado. Ri baixinho, abraçando ele de volta.

– Senti a sua falta. – Ele falou me abraçando com carinho.

– Acredito, eu também.

– Onde você está indo? Você não devia estar deitada? – Rose me perguntou, tomando o lugar de Emm e me abraçando. Antes de voltar para ao lado dele, sussurrou em meu ouvido: - Nunca mais me assuste desse jeito! E me desculpe por não ter falado sobre Edward e...

– Ei. Está tudo bem. – Respondi abrindo um sorriso para ela. - Estou indo ver Edward.

– Acabamos de sair de lá. Estávamos indo ver você. – Emmett comentou com um sorriso no rosto – Tenho certeza que ele está louco para lhe ver.

Corei com os sorrisos maliciosos que eles deram, despedi-me rapidamente e então fui.

Ao ficar de frente para a porta do seu quarto, respirei fundo algumas vezes, tendo a certeza que a nossa conversa de alguma forma iria mudar as nossas vidas para sempre.

Dei uma leve batida, e abri a porta lentamente, colocando a cabeça para dentro do quarto. Fiquei surpresa ao vê-lo totalmente acordado, olhando para mim.

– Oi! – Ele sussurrou, parecendo feliz e ao mesmo tempo surpreso. Estava sentado na cama, e percebi que ele tinha um olho roxo.

– Hey! – Entrei no quarto, fechando a porta atrás de mim. – Como está o seu olho?

– Não sinto mais dor. Então acho que está bem. – Ele riu, mas de forma tristonha. – Como você está?

– Agora estou bem. – Sorri envergonhada. Aproximei-me da sua maca, reparando que ele também tinha uma perna machucada.– A coisa lá foi feia, não é? Sinto muito, mas acabei desmaiando. – Ri sem graça.

– Eu tinha tudo armado. – Ele sorriu como se tivesse orgulhoso dele mesmo - Você tinha sumido e eu logo imaginei o que podia ter acontecido. Encontrei-me com Rose e bolamos o plano. Ela estava com a polícia esperando por Jacob... Havia feito um pedido com ele, e por ele conseguimos as informações de onde você estava. Não pensei duas vezes e fui até a você. Nem esperei pela a polícia. Levei uma grande bronca...

Rose também estava nessa?

– Sinto muito. – Me desculpei me sentindo imensamente culpada. Eu não valia tanto esforço.– E Tânia?

– Mas valeu apena. – Ele falou como se tivesse o dom de ouvir meus pensamentos. Sorriu, dessa vez foi um sorriso mais feliz. – Tânia me pegou e quis atirar em mim. Tive que lutar com ela e mais um homem. Sorte que havia apenas uma arma e eu consegui pegá-la. Estou até pensando em virar policial – Piscou achando graça – Ok. É brincadeira. Mas a polícia não demorou muito... O homem foi preso. Ela acabou tentando fugir, e levou um tiro dos policiais. A levaram para algum hospital.

– Meu Deus Edward! Não gosto nem de imaginar o risco que você passou – Falei assustada - Não sei se esse esforço valeu tanto apena. – Ri, tentando fazer graça.

– Acredite. Valeu sim. Eu salvei a minha vida. – Falou sorrindo. E pude perceber que ele não falava realmente da sua vida. E sim, de mim.

Eu não sabia o que dizer.

– Pedi para meus pais trazerem isso. – Ele pegou uma caixa roxa, um pouco grande, que havia na mesinha ao lado. Aproximei-me mais um pouco, tentando descobrir o que era. – Olhe. – Ele pegou uma foto e me entregou. Ao olhá-la, fiz um grande esforço para não chorar.

Na foto havia eu e Edward no dia do nosso ‘’ rápido casamento’’. Eu usava um simples vestido branco, que batia um pouco abaixo dos meus joelhos e Edward vestia um terno preto.

– Você se lembra? – Ele perguntou baixinho. Concordei com a cabeça. Eu me lembrava um pouco, mas lembrava.

Ele me ofereceu a caixa e receosa eu a peguei. Coloquei-a em cima da cama, e observei que dentro dela, havia milhares de outras fotos nossas: Na cama, deitados juntos, algumas nós apenas vestíamos roupas intimas – e eu não pude evitar corar – e havia fotos tiradas enquanto eu estava distraída.

Havia uma folha com diversos nomes, e vários rabiscos. Peguei-a, não conseguindo me lembrar o que significava.

– Esses seriam os possíveis nomes que daríamos para os nossos filhos. – Ele falou percebendo que eu parecia um pouco perdida. Riu, mas não era um riso feliz – Tentamos muito. Apesar de sermos jovens, esse era um dos nossos maiores sonhos. Mas nunca conseguimos ter um.

Filhos?! Parecia difícil de acreditar.

Havia também bilhetes, colares iguais e também as nossas alianças.

– Rose me entregou a sua quando você sofreu o acidente. Deixei de usá-la para me aproximar de você.

Olhei para elas por alguns minutos, sem dizer nada.

– Eu conversei com a minha mãe hoje. E ela me contou tudo, mas...Por que você fez isso? – Perguntei, segurando-as com força. Eu tinha que perguntar. Eu precisava escutar a história de Edward. – Por que fingiu não me conhecer?

Ele suspirou, antes de começar a falar.

– Eu tinha medo que seus pais descobrissem e me tirassem de você. – Começou a dizer me olhando intensamente - Eu sabia que tinha que resolver as coisas com Jacob e Tânia. Tinha prometido a mim mesmo que só ficaria longe. Apenas observando. Jamais me aproximar, por mais que torturante e doloroso aquilo fosse... Era para o seu bem. Para o nosso bem... Mas, naquele dia você quase acabou sendo atropelada... Então eu tive que fazer algo. E quando vi Jacob conversando com você na biblioteca... Tive certeza que eu não podia tirar os olhos de você. Prometi a mim mesmo que eu não deixaria nada acontecer com você de novo.

Assenti com lágrimas nos olhos. Era horrível e maravilhoso ouvir aquelas palavras. Horrível por perceber que ele havia sofrido por tanto tempo, e maravilhoso por saber que aquele homem incrível me amava, e não havia desistido de mim.

– Foi horrível enquanto eu estava na cadeia – Disse cautelosamente. Assenti para que ele continuasse, e ele entendeu que eu já estava sabendo desse outro lado da história - E Rose veio me contar que você havia acordado, porém, não se lembrava de nada. A médica havia dito que era uma amnésia traumática, que por meio de uma espécie de mecanismo de defesa, bloqueia as lembranças relacionadas ao trauma... Naquela hora senti meu mundo desmoronar. – Ele balançou a cabeça. Senti que ele estava segurando aquelas palavras por muito tempo. – Não sabia quanto tempo aquilo poderia durar. Seus pais fizeram a minha vida um inferno, me deixando naquele lugar, colocando a culpa em mim... E o meu único desejo era que você voltasse a se lembrar. Lembrar de mim. De nós... Eu só precisava disso.

Minha maior vontade era que nada daquilo tivesse acontecido. Queria que tivéssemos vivendo a nossa vida antiga juntos, sem todo esse sofrimento.

– Em nenhum momento eu lhe deixei. - Parecia emocionado ao dizer isso - Eu te amei por todas as manhãs, sentado naquele banco. Por todas as tardes que você saia para ir às compras e ficava com olhar perdido quando ia à livraria. E por todas as noites, quando eu te via na sacada do seu quarto... Mesmo longe, sempre tentei me manter perto de você.

– Não precisa dizer nada. – Ele falou sorrindo angelicalmente, obviamente percebendo o estado em que me encontrava: Angustiada. Assustada.

– Me desculpe por tudo Edward. Por fazê-lo sofrer tanto e por tratá-lo daquela forma quando descobri. Eu fiquei desesperada e...

– Hey! – Me interrompeu sorrindo – Deixe disso. Por favor. Você não tem o que se desculpar. É totalmente compreensivo.

– Você é incrível, sabia? – Perguntei sorrindo também vendo seu sorriso aumentar. - Não sei se mereço você.

– Sim. Você merece alguém melhor. Você sempre disse isso. – Respondeu soltando uma leve risada.

– Que mentira! Eu nunca disse isso...

– É verdade. Não disse não, mas eu sempre soube disso.

Aproximei-me dele rindo, e acariciei o seu rosto, sentindo a sua barba por fazer. Ele me fitava de uma forma tão intensa que eu não pude me controlar, e me inclinei até encostar meus lábios nos seus.

Não foi um beijo longo. Foi apenas um encostar de lábios que durou apenas alguns segundos, mas que me fizeram ter certeza do todo amor que eu tinha por aquele homem.

– Obrigada – Agradeci encostando a minha testa na sua. Ele tinha os olhos fechados e um sorriso no rosto, como se estivesse saboreando aquele momento - Obrigada por não ter desistido de mim.

– Eu jamais desistiria de você.

Segurei as nossas alianças em minhas mãos, já tendo em mente o que fazer.