- Então? Pronta? – Pietro perguntou

- Não

- Ah Ju, lembra o que combinamos?

- Parecia fácil ontem, mas agora tá sendo pior do que imaginei.

- Você vai conseguir

Juliana e Pietro desceram para o café, encontrando os amigos e sua tia na cozinha. Ao vê-los, uma lagrima teimosa desceu pelo seu rosto e ela não fez questão de enxuga-la. Sorriu para todos e logo cada um recebeu um abraço apertado da menina.

- Fiz o melhor café da manha que pude, querida

- Obrigada tia, mas não precisava

- Sem modéstia ok?!

- Tudo bem dona Graça

- Vamos comer agora? Eu estou com muita fome – John disse fazendo os demais rirem logo em seguida.

- Vou me lembrar dessa cena sempre que tomar café sozinha

- Amiga , falando assim até parece que você vai para o campo de concentração

- Nossa Larissa, obrigada pela comparação – ironizou – Odeio esse expressão.

- Desculpa!

-Enfim... Que horas sai o seu voo

- Daqui três horas – disse olhando para o relógio –Três horas...

- Dá tempo de tomar um belo café da manha com os amigos – Bruno sorriu para a menina que fez o mesmo

Durante o café,  risadas e conversas sem sentindo foram trocadas. A tensão que estava fora diminuindo aos poucos, até Juliana esquecer o porquê daquele café especial. Mas ao olhar para o relógio, vendo que já era 10h00min horas, lembrou-se do motivo novamente.

- Excelente café dona Graça – Bruno elogiou – Não conta para minha mãe, mas ela nunca fez um café da manha dessa forma.

- Nunca! – concordou Larissa

- Vou buscar minhas malas – Juliana levantou-se da mesa e foi para o quarto.

Ao abrir a porta, viu as malas prontas ao lado da cama. Seu criado mudo sem nada, guarda roupa vazia, penteadeira sem suas coisas, sua cama arrumada... Seu quarto sem a Juliana. Lagrimas percorrerem  pelo seu rosto quando sentiu dois braços envolveram sua cintura e um beijo sendo depositado em sua nuca.

- Tudo bem?

- Pergunta sem sentindo – riu fraco – Vou sentir falta do meu quarto

- Você é a adolescente mais desanimada e triste que eu já vi indo pra a faculdade

- Verdade – Juliana se virou para Pietro – Promete que se você se apaixonar por outra pessoa, você vai me avisar?

- Juliana...

- Quatro anos é um bom tempo para se apaixonar por outra pessoa Pietro e eu não vou estar aqui, então as chances de outra garota entrar na sua vida é bem grande, além do mais você... – Pietro calou Juliana com um selinho

- Para de dizer tanta bobagem, por favor – brincou – Escuta, eu não vou deixar de ter amar ok? Eu vou estar com você

- Apesar de te odiar – brincou- eu te amo muito. Eu lembro quando eu estava no cemitério e você me abraçou porque eu dizia que era a culpada pela a morte dos meus pais, quando você dormiu comigo porque eu tive pesadelo, quando você me salvou daquele tarado na festa; quando você se tornou o dono dos meus pensamentos. Você pode ser chato, idiota muitas vezes, mas eu fico apaixonada a cada dia mais. Obrigada por não me deixar

Pietro beijou Juliana e sentiu as lagrimas da garota molhando seu rosto. Apertou ela com mais força e permaneceram assim por alguns minutos.

- Se não saímos agora, você vai perder o voo

- Ótimo então

- Ju...

- Ok, estamos indo.

Pietro partiu o abraço e pegou as malas de Juliana. A menina olhou para seu quarto, se despedindo mentalmente e então fechou a porta. Ao caminharem pelo corredor, Juliana parou de frente a porta do quarto dos pais. Pietro parou junto com a menina e a observou.

- Pietro?

-Sim

- Promete que vai cuidar desse cômodo pra mim?

- Prometo Ju, ele vai está exatamente do jeito que está  quando você voltar

- Obrigada

Juliana e Pietro desceram as escadas e todos já estavam no carro. Olhou mais uma vez para todos os cômodos de sua casa, gravando cada objeto, para não se esquecer de nada durante os próximos anos.

- Tchau casa!

Os dois saíram da casa e foram para o carro. Como tinha malas e muitas pessoas, Bruno pegou a van que o pai usava como transporte escolar há alguns anos atrás.

-Ótima ideia Bruno – Juliana disse entrando na van

-Ela tinha que servir para algo

- Vamos?

- Vamos!

Bruno deu partida na van e foram em direção ao aeroporto.

- Posso pedir uma coisa? – Juliana perguntou e todos olharam para ela – Nossa gente, que isso?!

- O quê?

-Antes de ir, posso ver duas pessoas?

Bruno mudou o percurso um pouco, indo em direção ao cemitério. Ainda tinham tempo antes do voo de Juliana sair. Ao chegar ao local, todos  ficaram em silencio observando Juliana sair, que preferiu ir sozinha.

Caminhando pelo cemitério, a menina já sentia as lagrimas saírem sem parar e ao parar de frente aos túmulos dos pais, caiu ajoelhada. Juliana nunca iria se acostumar ir aquele lugar falar com seus pais que estavam debaixo da terra.

Depois de muito choro, Juliana se acalmou e começou a conversar com os pais.

- Eu sei que vocês vão se orgulhar de mim. Prometo não decepcioná-los, nunca mais. Sinto muita a falta dos seus gritos pai e dos seus conselhos e  mãe, ultimamente o colo da senhora é o que mais eu venho precisando. Porque vocês me deixaram? Eu não sei viver sem vocês, não consigo...

Juliana começou a chorar novamente e depois de quase dez minutos ali conversando com seus pais, levantou-se para ir embora.

- Eu amo vocês, sempre e pra sempre

Juliana virou-se e fez o caminho de volta, encontrando a van depois de uns minutos de caminhada. Entrou sem falar nada. Sentou-se e Pietro a abraçou forte sentindo as lagrima da garota molharam sua blusa.

Depois de meia hora, chegaram ao aeroporto. O voo de Juliana sairia em quarenta minutos. A fila para o check-in  estava pequena, o que Juliana agradeceu mentalmente. Depois de feito,  Graça se aproximou para começar as despedidas

- Não é o fim do mundo ok querida?! Temos feriados, férias... Você vai está de volta antes de perceber – Graça abraçou a menina – Comporte-se mocinha e faça bonito lá

- Obrigada tia

- Ju... – Guilherme se aproximou – Se cuida garota e boa sorte lá

- Você vai cumprir o meu desejo? – brincou o abraçando

- Só se você cumprir o meu

- Sem chances – riu e o abraçou novamente

- Jujuba... Minha esposa – John a abraçou – Qualquer coisa, por menor que ela seja, me ligue que eu vou voando pra lá, literalmente haha

- Ai John!! – Riu e o abraçou – obrigada por tudo. E pede logo a Larissa em namoro – sussurrou

- Vou tentar- fez o mesmo – Te amo

- Te amo também John

- Branquela – Bruno foi o próximo – Você vai arrebentar lá, tenho certeza disso. Vou sentir falta da minha confidente

- Sempre serei sua – Juliana sorriu triste e o abraçou forte – Te amo barrigudo

Larissa caminhou até Juliana e sem dizer nada, a abraçou forte.

- Volta logo, por favor

- Se cuida Lary e olha, vou te ligar todos os dias e teremos aquela amizade virtual que sempre desejamos  ok?!

- Verdade – sorriu – Eu tenho um presente para você

Larissa tirou da bolsa um porta-retrato com fotos deles durante todo aquele tempo. Juliana ao ver o presente, sorriu para todos e abraçou o quadro.

- O presente mais lindo do mundo

- Se cuida coisa feia e tapada!

- Obrigada amiga, você e seus elogios, sempre vou guarda-los comigo- ironizou dando um ultimo abraço na menina

 Quando Juliana terminou de guardar o quadro, o seu voo foi chamado.

- Então é isso meus caros amigos – brincou – até logo. Amo vocês e por favor, não vão a baladas estúpidas, com vadias, corredor da putaria e nem arrumem confusão. John e Larissa, da próxima vez que eu ver vocês, quero que sejam um casal, Bruno que você esteja namorando, Guilherme sem a puta da Isabela e tia uma gatona que sempre é

- E você menos chata – disseram em uníssono

- Eu sei que vocês me amam e vão morrer de saudades

- Vamos Ju? – Pietro segurou a mão da menina que assentiu.

Ao chegaram ao portão de embarque, Juliana encarou Pietro, que sorriu de forma incrivelmente linda.

- Você é tão lindo – disse afinando a voz

- Ju, serio que é assim que você quer se despedir?

- Não quero nem me despedir

- Vamos nos ver antes que você perceba

- Promete? – fez bico e o abraçou forte – Eu te amo

- Mostra como é que se faz minha encrenca – Pietro sussurrou – Eu te amo

Juliana fez carinho no rosto de Pietro antes de beijá-lo, e quando fez uma tristeza com emoção, juntos com outros milhões de sentimentos tomou conta de ambos. Pietro apertou Juliana mais firme contra seu corpo, como se quisesse afunda-la em si mesmo.

Pietro partiu o beijo, pois se não fizesse, seria ele quem pediria para Juliana ficar e não podia fazer isso. Sentiria a falta dela, mas não poderia ser egoísta daquela forma.

- Se cuida

- Você também – Juliana deu mais um selinho em Pietro e acenou para os amigos que observavam a cena a poucos metros de distancia.

Ao poucos as mãos entrelaçadas de Juliana e Pietro foram se soltando até ficarem totalmente livres. Juliana sussurrou um ‘‘te amo’’ para Pietro antes de embarcar e ele fez o mesmo.

- Boa sorte minha encrenca – Pietro disse para si mesmo enquanto Juliana sumia de sua vista.