Recordações escrita por Nekoclair


Capítulo 5
5. Sombras de um Sol de Outono


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos que ainda não desistiram! o/
Nossa, já faz mais de mês! Na verdade, quase dois meses... xD Mas eu juro que pra mim passou voando! Não me parecia tanto tempo! Bem, espero que eu ainda tenha alguns acompanhando... Senão vou ficar chateada... ^^'
Mas, enfim!!
Este capítulo está menor do que o anterior e menor do que eu pensava que ia ficar. Eu jurava que ia alcançar fácil a marca das 3500 palavras, mas não foi bem isso que aconteceu. De qualquer forma, capítulos grandes nunca foram minha especialidade, por isso nem me preocupei muito. Espero que não se incomodem. ^^
Bem, nos vemos nas notas finais!
Boa leitura!



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    Há quem diga que amizades apenas acontecem, de um segundo para o outro. Eu não pensava assim; longe disso. Minha linha de pensamento era totalmente diferente. Requeria esforço, coragem e aquele estranho frio na barriga ia inevitavelmente te acompanhar por um bom tempo.

A confiança também não surgia do nada. Tem que ser primeiro semeada, para depois florescer lentamente e, ainda assim, o risco desta depois vir a falecer será alto. Qualquer ventania mais turbulenta e as pétalas precipitarão sem grande resistência.

    Por isso que minha situação não era das melhores e mais confortáveis. Eu não estava sendo iluminado por raios de um Sol sorridente numa Primavera cantante, que assistia a mim e Gilbert nesse momento em que tentávamos, falhamente, arrumar um assunto em comum.

E era por essa razão que eu não comparava a amizade com o Sol ou com a Primavera. Comparava-a com o Outono. A estação das precipitações; aquela na qual apenas as folhas mais insistentes permanecerão vinculas aos galhos secos das árvores raquíticas. Aquela na qual os ventos gelados serão frequentes, mas dia ou outro seremos abençoados por breves visitas da Estrela Ardente.

Uma brisa gentil e gelada ultrapassou-nos, balançando os nossos fios de cabelo branco e negro. Lancei meu olhar violáceo ao albino que, sentado ao meu lado na raiz da árvore, fitava o vazio a nossa frente. Ao notar sendo-se observado, ele virou a cabeça em minha direção e sorriu de maneira confiante; nada mais. Nem mesmo uma única sílaba abandonou seus lábios finos e rosados. Ele nada tinha a dizer.

Sentindo-me constrangido com a situação que me envolvia, virei-me novamente à dianteira e envolvi minhas pernas com os braços. Mirei a porta que levava ao interior da casa, mas nada do loiro por lá se revelar. Por que motivo ele tanto demorava? Ele sabia o quanto era desconfortável para mim e para Gilbert, quando ficávamos sozinhos desta maneira! Já havia, afinal, quase uma semana de exemplos que comprovavam esse fato!

Sim! Pois mesmo que parecesse ter sido ontem, a tarde em que, nesse mesmo quintal, formei um pacto silencioso com Gilbert, já ocorreu faz vários dias! A nossa amizade já comemoraria aniversário de uma semana, mas não havíamos de forma alguma diminuído a distância entre nossas vidas!

Permanecíamos como completos estranhos!

Fechei os olhos por um momento, sentindo a estranheza da situação incomodar-me cada segundo mais. Ao que abri novamente as pálpebras, revelando as minhas brilhantes íris de um tom violáceo, deparei-me, de imediato, com uma pequena figura loira, que corria em nossa direção.

Ludwig vinha com um sorriso nos lábios, e o qual logo me contaminou; apesar de que eu pressentisse que esses se expunham ao mundo por motivos divergentes.

Quanto a mim… Bem, eu estava tomado por imensurável alívio. Somente isso.

 Desculpem a demora. proclamou o pequeno, ao que se sentava ao lado do irmão.

Tudo bem.

Mas você conseguiu? o albino perguntou, encarando a figura ao seu lado com um largo sorriso e os olhos escarlates cintilantes de ansiedade.

Sim, sim. ele anuiu a cabeça algumas vezes, ainda com um leve sorriso, e puxou uma baguete de pão francês do bolso.

Depois de entregue ao albino, este foi repartido o mais igualmente possível, e cada um de nós recebeu uma parte. Devorávamos o pedaço de pão macio, recém saído do forno, sentindo a massa ainda quente amolecer-se em nossas bocas. O gosto era agradável.

Gilbert levou uma de suas mãos à cabeça do loiro ao seu lado, agitando os fios razoavelmente curtos, mas que eram mais cumpridos que os seus. Ludwig sorriu e então lançou o resto de sua parte para a própria boca. Suas faces estavam levemente vermelhas e ele parecia bastante feliz ao lado do maior ao seu lado.

Eu apenas os encarava, em silêncio, comendo o meu pedaço lentamente e sem qualquer mínima pressa. Os dois que me faziam companhia já haviam ambos terminado e agora permaneciam em um daqueles momentos fraternais mudos entre irmãos. Desta vez, o que acontecia era uma guerra de cascudos gentis e risadas tímidas.

Demorei a me pronunciar, por me sentir deslocado. Além de que, eu não desejava realmente os interromper. Eles pareciam tão felizes, mesmo com toda a complicada situação que os envolvia.

Lud, como você conseguiu a baguete afinal? Não vão notar a falta dela na hora do jantar? perguntei, enfim, chamando toda a atenção à minha pessoa.

Ah, não. Não se preocupe, Rod.

Encarei-o confuso, causando a contração de umas de minhas sobrancelhas. Gilbert, que ainda tinha os olhos pousados em mim, gargalhou escandalosamente.

Rod e suas expressões impagáveis! brincou ele. O que o Lud quis dizer foi que você não precisa preocupar a sua aristocrática pessoa com um assunto tão banal! Deixe apenas que os pobres camponeses que nós somos cuidaremos de resolvê-los para você! Então, qualquer coisa, apenas diga!

Algum dia eu vou vou ter minhas perguntas respondias seriamente? perguntei, em tom cansado.

O albino riu novamente.

Certo, certo. Então deixe que a minha incrível pessoa te dará uma resposta correspondente à sua classe social e exigências!

Gilbert silenciou-se por um momento, sendo por mim observado durante todo esse meio tempo. Eu questionava-me sobre quais seriam suas pretensões, pois essas, como sempre, me eram um mistério.

Gilbert, em si, já me era como uma incógnita.

O alemão levou uma de suas mãos em forma de punho até diante dos lábios e forçou um grave tossido. Ele então voltou a se pronunciar, mas falando de forma mais calma e menos espalhafatosa; e em um tom que não era o seu habitual. Além disso, cada palavra sua era acompanhada de um gesto distinto feito, simultaneamente, com as mãos.

O que acontece, meu caro Rod, é que o meu estimado irmão, Ludwig Beilschmidt, é uma pessoa amável e amigo da cozinheira. E é por esse motivo que, sempre que a é possível, a velha senhora faz esse pequeno agrado ao Ludwig. Compreende agora?

Ao que ele terminou de se pronunciar, Gilbert tinha uma mão jogada para cada lado e um sorriso divertido e malandro nos lábios rosados. Eu não sabia se ria de sua performance falha ou se zangava-me consigo por me ver de tal forma.

Tudo o que sei é que o arder que tomou minha face foi inevitável.

Eu não falo assim. essa acabou por ser minha resposta, dita em um tom baixo e envergonhado enquanto eu desviava o rosto levemente da direção dos alemães.

Ludwig e Gilbert riram em unissom, apenas aumentando meu constrangimento.

Rod, não precisa ficar assim, afinal já estamos acostumados. disse o albino, enquanto o menor ao seu lado apenas anuía a cabeça. Apesar de que eu não entendo porque você fala de jeito tão formal, jovem mestre. Aposto que há alguma grande e emocionante revelação sobre o seu passado, por trás de tal misterioso segredo! Talvez um romance antigo, ou alguma aposta perdida. Ou então, quem sabe, você seja, na verdade, um príncipe fugitivo de algum reino distante!

Não é nada disso, Gil… E não é nenhum segredo também. Vocês apenas nunca me perguntaram. eu disse, virando-me novamente na direção aos alemães e sorrindo timidamente.

Oh! Rod! Certas coisas, por aqui, não se perguntam! É arriscado, pensei que você já havia notado! Você nunca sabe quando vai cutucar a ferida purulenta e ainda aberta de alguém, por isso é necessário aguardar calmamente pelas revelações!

Encarei-o; somente isso e nada mais. Meu olhar vazio o fitava desacreditado. Não pelas palavras que ele havia dito, pois essas eram uma verdade que eu já estava ciente há certo tempo, mas por uma descoberta que tardou a acontecer.

Gilbert, você fala de mim, mas também tem essa mania de falar estranho.

Mas eu não falo como um aristocrata!

Fala sim.

É claro que não! Tudo impressão sua, jovem mestre.

Tenho certeza, Gil. Você fala quase tão aristocraticamente quanto eu!

Se for assim, a culpa é sua por me influenciar.

Um nervo pulsou-me à testa e tive que fechar os olhos por um momento para não acabar me descontrolando. Inspirei e espirei, calmamente. Só então o respondi:

Você sempre falou assim.

Claro que não, Rod! Não seja bobo!

Droga, Gil! Eu estou dizendo que sim! E ponto final!

O albino encarou-me, sem palavras por um momento, mas não muito demorou até que sua face claríssima fosse consumida por um largo sorriso.

Jovem mestre, eu não sabia que você podia ser tão infantil!

Minha face voltou novamente a arder e pouco faltava para eu pular sobre si, a fim de descarregar sobre seu corpo, pouco maior que o meu, toda a minha raiva.

Vamos mudar de assunto, por favor? eu pedi, da forma mais educada possível a mim naquele momento de estresse.

Ah! Mas eu agora também quero saber porque você fala assim Rod! Vamos, vamos! Não guarde mais segredo!

Fitei-o por um momento, desconfiado de sua animação e alegria espontânea. Ele pareceu notar o que se passava em meu interior, pois se ajeitou sentado de forma mais confortável e pronunciou-se:

Okay! Eu começo então! Eu falo assim porque eu adoro a tevê! Tinham filmes muito bons passando um tempo atrás e eu não conseguia evitar desperdiçar minhas tardes os assistindo, todo santo dia! Mas só passavam os mesmos e, por isso, acabei por assistir alguns antigos e me viciar ainda mais neles. Depois vieram os livros emprestados e tals... Ah! E caso você esteja confuso, isso ocorreu há pouco mais de um ano e meio. Naquela época, eu ainda era tratado como o simples e genial garoto que eu realmente sou!

Eu não consigo te imaginar lendo. foi tudo o que eu disse.

Por que não? Livros são incríveis! Eles possuem um grande poder sobre seus leitores!

É que você é muito agitado, Gil… Imaginar você sentado, em silêncio e lendo, por longas horas, é realmente uma imagem mental impossível para mim. eu disse, sinceramente.

É justamente por isso que digo que ele têm poderes surpreendentes! Eles ajudaram a tornar menos insuportável a minha hiperatividade! Apesar de agora ela ande meio aflorada… Deve ser o tédio. - ele concluiu, desanimado.

Então você realmente é hiperativo?

Claro! Mas de forma saudável, sempre! disse o albino, de nariz empinado e sorrindo de forma a exibir sua habitual confiança.

Só é triste que nem todos pensem assim...

Como assim, Lud? – perguntei ao loirinho, que tinha os olhos caídos e tristonhos.

Gilbert não demorou em lançar um par de olhos rubros e preocupados sobre o irmão, que, apesar de o ter notado, não pareceu o compreender muito bem. Entretanto, eu estava muito bem ciente sobre o que aquele olhar aflito significava.

Ah, esquece. Lud, deixa pra lá. Isso não é da minha conta.

Ah? Tem certeza? Eu não me importo em dizer e o Gil também não. Não é, bruder?

Gil sobressaltou-se ao se ouvir sendo chamado para o meio daquela conversa a si desagradável. Ele contraiu levemente os lábios e desviou o rosto, anuindo a cabeça de forma sófrida. Certamente aquele não era um assunto agradável ao albino, e vê-lo reagindo de tal forma deixou-me desolado.

Sim, eu estava preocupado com o albino. Vendo-o triste daquela maneira doía-me tanto quanto a ele. Acho que era esse o vínculo que a amizade trazia consigo; podíamos não ser os melhores amigos, mas ainda compartilhávamos algo superior a simples camaradagem.

Lud, tudo bem. Eu não quero realmente saber. Perguntei por impulso sabe. Eu prefiro que você não diga nada.

O loirinho tinha sobre mim olhos magoados. Não eram frequentes as vezes em que ele decidia por se pronunciar, por si só, e, sem dúvidas, não fora agradável receber uma resposta como a minha. Eu rezava não ter causado no jovem alemão algum grande estrago, como perda de confiança ou coisa do tipo.

Mas o que eu poda fazer?! Um deles ia acabar magoado e penso, ou ao menos espero, que Ludwig acabará por logo compreender o motivo de minha decisão por permanecer no escuro sobre aquela tão radiante informação!

Mas admito que foi um enorme choque, além de doloroso, ver o pequeno Lud levantar-se do chão as pressas, com os olhos marejados, e disparar-se em direção à casa.

Meus lábios permaneciam entreabertos, mudos, enquanto meus olhos fitaram com desespero a sua pequena figura até que ela desaparecesse. Gilbert, ao meu lado, também observava o irmão, com um olhar a mim indecifrável. Ele então suspirou e coçou a cabeça, bagunçando os fios brancos.

Desculpe, Gil. Eu…

Pode parar com isso, Rod. ele interrompeu-me, em um tom sério, para minha surpresa. Eu sei que as suas intenções foram boas e agradeço por elas. Esse é um assunto que não estou pronto para te revelar por enquanto, então me desculpe.

Eu entendo, foi por isso que eu… Bem, você sabe.

É. - respondeu ele.

Eu só não sabia que ele ia começar a chorar. Eu não queria isso. Tenho que ir me desculpar. Não quero que o Lud fique bravo comigo.

Gilbert sorriu levemente em minha direção, e seu sorriso hipnotizou-me.

Certo. Mas deixa eu conversar com ele antes.

Okay.

O albino então se levantou e deu dois passos para longe, já em sua rota até o quarto - que era a localização mais provável de Ludwig, nesse instante. Mas, antes disso, ele virou-se uma última vez em minha direção e disse, com feições tranquilas:

Nos vemos depois, Rod.

E assim ele saiu de cena, seguindo veloz pelo mesmo caminho traçado pelo loirinho instantes antes. Fiquei mais um tempo sentado, não sabendo quanto exatamente isso foi, mas provavelmente uma meia hora.  Ao que enfim me decidi por abandonar o familiar jardim, ergui-me do solo de terra macia e, sendo observado pelos já mais fracos raios do Sol, direcionei-me tranquilamente à casa.

Foi eu dar um passo para dentro da cozinha que tive minha atenção chamada. Era a familiar senhora, que sempre, desde que me buscara no hospital, tivera um olho desconfiado em mim. Virei-me em sua direção, inexpressivo. Eu não estava com medo, surpreso ou aflito - talvez apenas ansioso pelo que se sucederia -, pois isso já me era mais que aguardado.

Ela, afinal, avisara-me para eu manter distância do albino; aviso por mim totalmente desprezado.

Já fazia, assim como minha amizade com Gilbert, quase uma semana que eu notava seu olhar descontente sobre a minha pessoa. Na verdade, eu já estava começando a estranhar a demora da senhora em vir ter comigo.

Mas e como dizem: Tarda, mas não falha.

Roderich Edelstein, precisamos conversar.

Claro. Como quiser. respondi, educadamente.

Não aqui. Vamos até à sala das funcionárias. Acompanhe-me.

Apenas anuí a cabeça levemente, ainda carregando em meu rosto expressões vazias, e segui atrás da senhora de cabelos brancos e largas costas. Adentramos uma abafado quartinho, que nada mais tinha que três mesas pequenas, dois amplos armários e algumas cadeiras empilhadas.

Ela trancou a porta e encostou-se em uma das mesas. Preferi por permanecer onde eu já estava, imóvel e quieto. Eu somente a encarava, impassível. Depois de longos instantes de silêncio, nos quais ela limitou-se a apenas me encarar com um olhar irado, ela enfim se pronunciou:

Por que você acha que eu te chamei, pequeno? – sua voz soava-me ultrajante aos ouvidos.

Pra falar sobre o Gilbert. respondi, calmamente.

Então me diga o que você acha que fez de errado.

Eu me aproximei dele, exatamente o que você me disse para não fazer.

Se sabe disso, por que me desobedeceu? sua voz vinha mansa, mas preparada para atacar-me a qualquer instante.

Engoli em seco. Ela aproximou-se, talvez vendo enfim certo pavor aflorar em minha pele, e, com os braços cruzados, encarou-me a pouco mais de três passos de distância.

Eu… Eu apenas não achei certo fazer isso com ele... –  eu disse, por fim, enquanto desviava o rosto, agora mais assustado por conta de sua proximidade.

E o que você sabe? ela perguntou, áspera. Nada! Você não sabe de nada! Você acabou de chegar e já acha que pode ditar as próprias regras. Você devia ter obedecido, mas é claro que você tinha que que ter feito o que fez. Mas eu já sabia! Eu sabia que você era, por debaixo dessa sua aparência perfeitinha e educada, um pirralho problemático!

Eu não acho que fiz mal! O Gil é uma boa pessoa! Vocês é que estão errados em fazer o que fazem! Eu fiz apenas o que fui educado minha vida toda para fazer!

E que bom trabalho seus pais fizerem! disse a senhora, em tom irônico.

Foi eu ouvir seu comentário e uma dor alastrou-se  por meu peito. Doía-me, e muito; muito mais do que havia até então. Minha respiração ficou então mais fraca, por causa do nervosismo que a situação gerava em mim, fazendo-me puxar o ar, vez ou outra, pelos lábios entreabertos. Suor também passara a se acumular por debaixo dos fios negros de minha franja, umedecendo principalmente minha testa.

Mas o que mais me afligia naquele momento era saber que ela não havia ainda terminado.

Por sua causa, Roderich, eu levei bronca do Sr. Hedervary! Deus sabe o que pode acontecer com este orfanato agora! Temos mantido com sucesso o Gil sozinho por quase três meses, mas é claro que você tinha que mostrar atitude. Se os orfãos perderem o lugar que eles chamam hoje de lar, enquanto não tem ninguém que os acolha, você, meu jovenzinho, será o responsável!

Eu queria dizer algo em resposta, me pronunciar da forma que fosse, mas eu estava por demais confuso para isso. Por esse motivo, eu apenas a encarava, com os lábios abertos e mudos, os olhos úmidos e o corpo um tanto indesejavelmente trêmulo.

Aparentemente, algo muito maior envolvia o caso do albino, algo grande o suficiente para envolver alguém que eu supunha ser o pai de Eliza.

Preso no labirinto que se tornou minha mente, eu acabei por não colaborar para a extinção do silêncio que se formara no pequeno quarto. Enquanto isso, a mulher tinha os olhos severos fixados na minha pessoa, além da face avermelhada pela raiva e as sobrancelhas bem contraídas.

O que está havendo? perguntei, enfim, numa voz fraca e com os olhos pousados no chão coberto por tábuas velhas e manchadas.

Por que não pergunta ao seu amigo? – foi sua resposta.

A mulher então se virou e, sem mais nem menos, saiu da saleta, desligando a luz ao que se viu totalmente no exterior desta. Mas isso não foi suficiente para me fazer abandonar meu estado de repouso.

Continuei estático, com os pensamentos latejando. Os meus olhos, inundados, eram incapazes de conter as lágrimas que eles mesmos haviam há pouco criado. Estas escorriam imparáveis, molhando-me a face já tão vermelha.

As penumbras eram as únicas testemunhas e, simultaneamente, minhas únicas companhias...


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Notas finais do capítulo

Obrigada aos que tem me acompanhado, de verdade. E os que comentam tem o meu amor eternamente! ♥
E o que acharam do capítulo? Eu gostei. :3 Não só foi divertido de escrever, como também aconteceu alguma coisa mais importante - o que não acontecia já há uns dois capítulos... Acho somente que posso ter pesado a mão e ter deixado eles sérios de mais, mas é que é realmente difícil fazê-los pensar/falar como crianças, principalmente o Rod... Mas eu já tenho prontas as minhas descul... Digo, já tenho meus motivos, por isso fiquem no aguarde -ok? 'u'
E eu não estou fazendo um jogo dos sete erros ou coisa parecida. Os erros não são propositais, então tratem de me avisar deles. .-. Mesmo que sejam coisas estúpidas, sério, me avisem. Como vou corrigi-los se ninguém me mostra onde está errado? Acreditem, eu sou muito lerda pra gramática. u.u Passei 16 anos pensando que o certo era "agente" e não "a gente". Mas, graças a uma alma bondosa, aprendi e nunca mais errei; ou ao menos eu ACHO que nunca mais errei. ^^'
Well, acho que é isso. Não esqueçam do review! xD Mesmo que seja para dizer o quão odiosa eu e a senhora do orfanato somos por fazer o pequeno Rod chorar! xD Além de que, essa é a melhor forma de eu saber quantos ainda me acompanham. .-. E também meu combustível. Não dá pra escrever sem.
Então despeço-me aqui! o/ Adoro vocês por perderem uns minutos do seu dia com a minha pessoa!! ♥ ♥
BJJS~