Não estava claro quando acordei. Meus olhos puderam se ajustar facilmente à pouca luz ali,tateei pelo colchão em busca de Ian,ele segurou minha mão.  Eu sorri e apertei-a gentilmente.

Ian não disse absolutamente nada,o que foi estranho. Estaria ele magoado por ontem? Pude ver em seus olhos que a resposta para isso era afirmativa. Não que ele estivesse realmente chateado,ou bravo com Jamie,ou comigo. Mas ainda assim ele parecia frustrado por não concretizarmos nossa união na noite passada.

Me inclinei para ele e afaguei seu rosto. Olhei para o colchonete onde Jamie poderia estar,mas não havia ninguém ali. Estávamos sozinhos. Voltei a olhar para Ian,sorri boba e o beijei gentilmente. Ele correspondeu,e senti que sua frustração no momento era fácil de quebrar.

Parecia que poderíamos continuar o que começamos ontem,e eu não tive problemas com isso,na verdade esperava que acontecesse . Mas Ian parou antes que o beijo se tornasse o que ambos desejavam. Não acreditei

- Esta tudo bem com você? – olhei em seus olhos

Ele desviou o olhar.

- Sim,Peg.  Estou bem – balbuciou ele se levantando. – Esta com fome? Aposto que hoje o café da manhã vai ser bom.

-Ian,não mude de assunto.

- Esta tudo bem,Peg. Sério .

Desisti da pequena discussão . Levantei e o segui em silencio. A maioria de meus colegas humanos estavam na grande câmara,todos conversavam casualmente e riam de suas próprias conversas. Sorri àquele ambiente,a muito não era hostil. Isso era bom

A cozinha continha mais alguns humanos ainda tomando café da manhã. Ian pegou duas porções de ovos mexidos para nós e pão branco. Não era lá a melhor refeição,mas era boa como Ian havia dito. Comemos em silencio,uma vez ou outra Ian trocava saudações com os humanos que entravam. Alguns me cumprimentavam e outros ate acariciavam meu cabelo,já havia me acostumado com isso.

Não avistei Mel e nem Jared. Por um momento me preocupei,mas sabia que os dois estariam bem juntos. Então sorri afugentando  os pensamentos .  Encarei Ian por um tempo enquanto ele comia demasiadamente devagar,foi a primeira vez que eu acabei de comer primeiro que ele.  Queria levar minhas mãos e segurar seu rosto,fazer-lhe carinho e espantar toda essa frustração estampada em seu rosto,mas não o fiz. Tinha medo de sua reação.

Apenas levantei sem nem mesmo colocar minha tigela na pia improvisada. Corri para fora da cozinha,mas não antes de ouvir alguém me chamar. Eu sabia que não havia muitos lugares para onde eu pudesse ir e ficar sozinha,só havia um lugar. E esse eu jurei nunca mais estar. Então fui para meu quarto,desabei no colchão e senti as lagrimas escorrerem por meu rosto.

Novamente eu não sabia precisamente porquê estava chorando,era tão fácil me emocionar. Mas eu sabia que estava triste por Ian estar me tratando tão friamente,eu sei ,eu sei ele estava magoado. Mas não precisava me ignorar. Ele nem sequer falou comigo direito. Eu estava exagerando nos sentimentos,não havia motivos para eu estar chorando. Como eu era boba.

Estava tão absorta em minhas lagrimas que nem prestei atenção quando peguei no sono.

Não sabia quanto tempo havia passado,talvez só alguns minutos,ou horas. Quem sabe? Então ouvi um suspiro entrecortado. O modo como me tocou,entregou quem era. Ian voltara. Mas dessa vez eu não ia falar nada,não ia forçar a barra.

-Peg?Está acordada?

Suspirei abrindo os olhos. Estava escuro demais,ou minha visão que demorava para se acostumar? Não respondi,apenas olhei a forma negra que deveria ser ele. Ouvi ele suspirar.

-Desculpe por hoje,não foi legal o modo como agi com você. – murmurou ele me puxando para seu corpo.

Abracei sua cintura e apoiei minha cabeça em seu peito. Eu podia ouvir sua respiração,era um som tão reconfortante. Ele estava calmo,pacífico,isso me fez relaxar. Não iriamos discutir,eu sabia que não.

Ficamos ali em silencio por um bom tempo,apenas abraçados,ouvindo  a respiração um do outro. Não seria eu a quebrar o gelo e estragar esse momento,eu gostava do silencio. Estávamos bem e eu sentia isso.

-Peg? – Ian suspirou.

-Sim?

-Eu te amo. Você sabe disso não é mesmo?

Olhei para ele,meu sorriso bobo se abriu.

-Eu também te amo,Ian.

Então ele me beijou. De um modo único. Ele só me beijara assim quando eu decidi deixar o corpo de Melanie,aquele dia em que eu realmente senti que o amava. Porém dessa vez teve algo a mais,foi ardente,o fogo que não podia sentir naquele corpo eu senti agora. Gostei da sensação,mas corei ao entender o que poderia estar começando agora.

Seus braços eram firmes à minha volta,o beijo se intensificava a cada segundo. Meu coração acelerou,e eu pude ouvir suas marteladas altas e claras em meus ouvidos.  Senti o impulso de arrancar a camisa de Ian,e não hesitei em fazê-lo. Um grunhido selvagem abriu caminho por sua garganta,ele sorriu entre o beijo e me deitou em nosso colchão.

Eu nunca me sentira assim,nem mesmo quando beijei Jared,essa sensação era de longe a mais profunda que poderia sentir,mesmo nesse corpo tão frágil e diminuto,era impossível controlar as emoções. E era duplamente melhor,pois minha hospedeira nunca tivera essa experiência. Senti uma pontada de medo e hesitação,mas não deixei transparecer.

Eu desejava esse momento,esperei por ele juntamente com Ian. E estava feliz por ser ele à quem eu me entregaria. Literalmente de corpo e alma.