Pedro e Jess estavam parados na porta, Pedro estava com a bochecha um pouco inchada e quanto a Jess, digamos que ela estava um pouco... Vermelha – de raiva, presumo. Sorri com a cena e falei.

– Oi, podem entrar. – Eles entraram em silêncio. Ih, eles estão muito calados e isso não é bom.

– Amor quem é na porta? – Falou Mateus vindo para a sala. Peraí, do que ele me chamou? De amor? Eu ouvi bem?

Jess me deu um leve sorriso e eu mandei um olhar mortal – o segundo – para ele, poxa eu queria fazer uma surpresa. Ele percebeu, mas como ele já tinha estragado tudo me abraçou por trás, Jess abriu o sorrisão.

– Sabia que vocês formam um lindo casal? Fóóófis!!!! – Todos riram.

– Por que vocês estão com essas caras? E a bochecha? – Perguntou Mateus.

– Quê? É a única que eu tenho. – Os dois falaram juntos, se olharam e viraram o rosto emburrados. Nós rimos.

– Vixi, isso foi briga é? – Eu perguntei sentando no meio dos dois.

– Esse idiota aí. – Jess falou mal humorada.

– Idiota é a sua avó. – Resmungou Pedro. Ih mexeu com a família.

Quando senti que vinha mais uma série de xingamentos interceptei a briga.

– Opa, primeiro me expliquem por que estão se ofendendo?

– O Pedro saiu no soco com o Eduardo.

– Por quê? – Olhei para Pedro. Ele ficou vermelho, tadinho.

– Aquele cara tava dando em cima dela e ela não queria, ai eu fui lá e tentei fazê-lo parar, mas isso quase fez a gente rolar no chão de tanto soco e depois ela ficou aí toda estressadinha. – Ele parou e pensou. – Sabe de uma coisa...

– Sabe de uma coisa o que garoto? Você é um c...

– GAROTA EU TAVA SÓ TE DEFENDENDO TÁ LEGAL, PORQUE EU... PORQUE EU... – Ele olhou para mim e para Mateus, nós o encorajamos e ele respirou fundo. – PORQUE EU TE AMO, MAS PARECE QUE VOCÊ NÃO PERCEBE, MAS TUDO BEM SE É ASSIM QUE VOCÊ QUER É ASSIM QUE VAI SER. – Ele despejou tudo no grito e foi embora, Jess ficou estática e depois começou a chorar. Olhei para Mateus, que entendeu e foi correndo atrás de Pedro.

Uns minutos depois Jess estava mais calma, mas ainda estava tremendo e eu tentei falar com ela.

– Agora me explica por que ficou assim com o Pedro.

– Ah sei lá, não gosto que me defendam, faz eu me senti fraca. – Ela respondeu. – Ele me ama mesmo Vic?

– Ama. – Respondi sorrindo, sabia que ela o amava também. – E você...

– Não. – Ela teimou, a olhei com ironia. – Tá bom, eu gosto dele mas não sei se o amo, sabe?

– Sei. – Disse desconfiada.

– Mas eu também tenho uma quedinha pelo Eduardo, mas hoje percebi que ele é um grosso.

– E que o Pedro te ama. Ele é bonito, não disfarça.

– Verdade, ele é lindo e aqueles olhos azuis então. – Depois que ela percebeu o que disse fechou a cara.

Ficamos conversando uns vinte minutos, então Mateus chegou sem o Pedro. O que será que tinha acontecido? O Pedro desistiu da Jessica? Ele veio sentar com a gente e sua expressão não estava das melhores.

– Calma tá tudo bem. Só que ele se sentiu um pouco enjoado, mas a gente conversou bastante e pelo que eu percebi o Pedro tá um pouco magoado e nervoso. Mas vai passar eu conheço o cara, ele vai ficar bem.

– Então pessoas eu também não estou me sentindo muito bem, por isso já vou para casa.

– Quer que eu leve você? – Perguntou Mateus.

– Não, curta a sua namorada. – Ela sorriu.

– Ei Jess, não conta para ninguém na escola tá? Só você, o Pedro e os nossos pais vão saber, ok?

– Ok. – Ela disse e foi embora.

Ficamos olhando para a porta aberta e então Mateus quebrou o silêncio.

– Uau!

– Estou triste, tenho que ajudá-los, eu praticamente prometi para o Pedro.

– Eu ajudo também.

Ficamos abraçados por um bom tempo, era tão bom ficar abraçadinha com o meu gatinho. Pensei sobre tudo os meus amigos e o quanto queria ajudá-los, sobre minha mãe e agora a minha atual e antiga relação com o Mateus. Acabei adormecendo e acordei com minha mãe chamando.

– Vic, Mateus acordem. Já está ficando tarde, é melhor vocês se desgrudarem e ir para as suas camas. – Ela disse rindo.

– Me deixa dormir mais pai, é sábado. – Mateus resmungou se mexendo, nós rimos.

Mamãe foi para a cozinha sorrindo e eu tinha que acordar o dorminhoco.

– Amor, acorda. Não é sábado ainda. – Eu disse rindo e o sacudindo.

– Hmm, eu não quero ir. – Ele disse de olhos fechados ainda.

– Anda soldado, levanta. – Brinquei, sempre acordava ele assim quando éramos crianças. Ele dizia que ia ser do exército.

Ele sorriu e me abraçou me deu um beijo e levantou. Nós fomos à cozinha para ele se despedir da minha mãe e ele estava um pouco envergonhado.

– Oi tia.

– Ah, pensei que você achava que eu era seu pai. – Ela riu. Ele corou.

– Desculpe.

– Tudo bem, vocês já não se desgrudavam quando eram amigos, imagine agora que são namorados. – Todos rimos.

– Boa noite, tia Marissa. Até...

– Amanhã. Pode chamar seu pai e seu irmão para jantar amanhã com a gente.

– Obrigado, vou avisá-los. – Ele sorriu.

– Posso chamar o Pedro e a Jess? – Perguntei com uma cara fofa.

– Claro que pode.

– Ebaaa!!! – Ia ser tão legal se aqueles dois se entendessem.

Saimos da cozinha e fomos para a porta, ele me abraçou bem forte e ficou assim um tempinho.

– Ei, eu preciso... Respirar. – O ar estava quase para faltar.

– Oh, desculpa.

– Como nos velhos tempos...

– Pois é, né? Mas agora os tempos são outros e eu tenho que ir para casa. Adeus namorada. – Ele disse fazendo drama. Na verdade quando eu ou ele tínhamos que ir embora – antes de hoje – sempre fazíamos drama, mas agora acho que vai ficar pior hehe.

– Adeus namorado, vá pela sombra. – Eu ri, falei besteira.

– Mas é à noite, eu tenho que ir pela sombra. Dããã! – Tá, eu mereci essa.

Ele riu, me beijou e foi embora, enquanto eu fui me arrastando para a cama. Foi um dia looongo, mas feliz.