Aquela noite, eu vi.

Lá estava ele. Pela primeira vez, eu havia acordado de madrugada e me deparei com Feliciano deitado em minha cama. O seu cabelo baixo, bagunçado, sua respiração leve e seus olhos fechados, indagando um sono tranquilo. Ah... Itália.

Itália a maioria das vezes costumava ser inútil — o normal, pois tudo o que eu fazia relacionado a missões o Itália não sabia mais do que apontar a sua bandeira branca e correr —, mas inegavelmente cozinhava muito bem. Cozinhava bem, porém, vivia atrás de mim com coisas como "seja meu melhor amigo!", que para ser sincero achava uma loucura da parte dele.

Para ser exato, neste momento, eu não quero ser amigo do Itália. Eu queria mais. Sinto medo e repulsa de mim mesmo por pensar assim. Bom, e daí? Se Itália me fazia bem, eu deveria ir adiante certo? Mesmo nós sendo... Dois homens?

Itália se move. O meu coração morre por um ou dois segundos por causa de seu movimento involuntário, e eu continuo na cama imóvel. Ele sussurra algumas palavras incompreensíveis e depois volta a dormir tranquilamente. Me acalmo.

"Quase morri agora, Itália!"

Continuo a observá-lo. Ele é tão lindo. Seus lábios são delicados, eu quero tocá-los um pouco. Mas tenho medo de te acordar. Feliciano... Não, Ludwig, se controle! Repita consigo mesmo: Você é homem, e o Itália também. Você é homem, e o Itália também. Você é homem e o Itália tam—

— A...Ale...manha... — em um movimento inesperado, Itália se agarra a mim. Deita sua cabeça sobre o meu peito e novamente sinto que sua respiração volta a ficar calma. Feliciano ainda está dormindo.

Itália? O que...

Droga. Itália! Você está tão perto. Na verdade, está em cima de mim.

Fico corado, tento afastar Itália de mim, mas eu não consigo. De todo o jeito, estou ficando com vontades estranhas e está sendo um pouco difícil de me controlar. Feliciano está tão quente, tão confortante. Eu tenho vontade de puxar o seu rostinho para perto, de beijar a sua boca, pequena, parece tão macia...

Oi! Ludwig, seu idiota! — dou um tapa em minha própria testa. Será mesmo, vou ter que começar a repetir tudo de novo?

Você é homem, e o Itália...—

Por que estou fazendo isso? Será, realmente que, eu tenho que ficar com este conflito comigo mesmo? O Itália deita aqui todas as noites, e só porque eu acordei, tenho que ficar me martirizando? Oh Deus, Itália, como você me confunde.

Faço um carinho leve em sua cabeça. Seus cabelos são macios e sedosos. Aliás, o Feliciano é completamente delicado. A atração que eu sinto por ele não é algo comum, eu sei disto. Mas eu não posso mais me controlar se ele ficar aqui, no meu peito.

Ah, que se dane.

Inclino um pouco a cabeça do Itália. Vejo seu rosto, tão sereno... Não posso mais resistir. Preciso...

— Itália...

O beijo. Que sensação... Os seus lábios, são realmente macios. Minha boca encosta levemente, e eu rapidamente coro.

Itália, você não vai acordar, certo? Posso ficar mais um tempo beijando os seus lábios doces e macios, certo?

Que meu subconsciente se lasque.

Eu estou apaixonado.