Capítulo III - Árvores Falantes e Mais Confusão

O barulho continuou, até que parou por um minuto. Depois ele ficou mais alto e se uniu a um outro barulho. E o que eu me lembro foi que depois disso eu cai deitado no chão com algo bem pesado sob mim.

– Ai, caramba. - ouvi uma voz feminina em cima de mim. Não consegui resmungar nada, já que meu rosto se encontrava impresso no chão. - Se bem que eu achei que eu fosse me machucar mais, até que o chão não é tão duro quanto eu pensei.

– Humpf! - consegui falar, ou melhor, resmungar. Parece que essas Naiádes estão comendo muito mais do que só folhas...

Levantei minha cabeça e virando de lado, vi que não era nenhuma naiade. Era a mesma menina que tentou me matar hoje de manhã. Acho que ela está firme nesse trabalho, hein?! Eu já visito o meu pai regularmente, não precisa me mandar para lá de vez, e tão cedo... Seria um desperdício de beleza!

– Foi você que fez esse barulho? - ela perguntou virando para a árvore. É com certeza foi a árvore que resmungou. Elas sempre fazem isso, ontem mesmo a árvore do lado do meu chalé estava me contando os últimos babados... E aquela ali estava cantando “It`s rainning WOMAN!”

– Não... - reuni todo o ar que estava ao meu dispor e consegui resmungar. - … fui eu!

– OH pelos deuses! Desculpa, realmente não era a minha intenção te machucar. Ainda mais de novo. - ela começou a falar novamente rápido. Sorri involuntariamente a isso, era bem engraçado esse jeito dela. - Sabe, eu pretendia cair no chão, não em cima de você. Na verdade eu pretendia não cair, mas como eu sou muito desastrada isso quase nunca acontece...

– Tudo bem, tudo bem...- eu cortei ela antes que ela desmaiasse sem ar. - Agora será que você poderia se levantar? É que você é meio pesadinha...

– Ah desculpa! - ela se levantou rapidamente e se postou ao meu lado com a mão estendida para me ajudar. - Além de desastrada eu sou desligada... Ótima combinação, não? - terminou irônica.

– Tudo bem, isso acontece com...todo mundo?! - terminei meio incerto, pois não é todo dia que uma garota cai em cima de você, né?! Ainda mais depois de ela ter lançado um boneco de treino na sua direção. Aceitei sua mão estendida e me levantei. Porém o fiz um pouco rápido de mais, pois acabei ficando de frente para ela, mas não de frente a um metro de distância, fiquei a poucos centímetros do rosto dela.

Pude ver que ela era um pouco menor que eu, batia no meu nariz. Ela me olhava nos olhos, eu não conseguia desviar. Aqueles olhos ainda me intrigavam, agora, mesmo sem luz, eles brilhavam. Mas de uma forma diferente, pareciam transbordar felicidade. Estranho.

– Er, desculpa. - ela disse um pouco encabulada se sentando na grama. - Parece que hoje não é o meu dia. Primeiro eu quase mato você e seu amigo. E como eu não consegui antes agora eu tento matar um sozinho com meu peso.

– Tudo bem, todo mundo tem um dia ruim. - eu disse um pouco risonho. Cara, essa menina é um pouquinho complicada, hein?! - Ontem mesmo eu fui viajar pelas sombras, mas acabei parando em um show de uma banda muito esquisita, uma tal de Banda UÓ! E depois quando eu cheguei aqui a Annabeth me pegou para ajudar ela com um questionário. E além de tudo, hoje eu tive que concertar a cesta de basquete...

– Ah, me desculpa por aquilo, eu ia falar que a culpa era minha, mas a Gardner não me deixou falar...

– Tudo bem. Eu e Percy meio que já estamos acostumados a levar a culpa dos desastres que acontecem por aqui. - ela me olhou com a sobrancelha erguida e uma expressão meio brincalhona meio descrente. - Ta bom, na maioria das vezes a culpa é nossa mesmo... Mas não posso fazer nada se acabo me empolgando!

– É, sei bem como é isso! - ela disse entre risos. - Meu pai meio que exigiu que eu viesse para cá para eu aprender a dominar direito o meu chicote. Eu vivia quebrando a casa e recebendo reclamações dos vizinhos... Teve um dia que eu acabei jogando uma estátua contra o muro do vizinho e por pouco não pegou o cachorro dele...

A conversa parecia fluir normalmente, os mais diversos assuntos surgiam. Até que eu me lembrei de não ter perguntado o nome dela.

– Então senhorita, qual o seu nome? - eu a cortei antes que ela começasse a falar de outro assunto completamente aleatório. Olhei para o céu e vi o Sol um pouco brilhante demais... Talvez Apolo esteja passando para dar uma olhada de perto...

– Ah, sim! Desculpe-me! Meu nome é... - ouviu-se um estrondo seguido de um splash. Bom, pelo que parece Apolo veio dar uma olhada BEM de perto. Pois, pelo que eu consegui ver, o seu carro havia caído, e pelo barulho que escutamos, caiu bem no lago...

A menina ao meu lado levantou subitamente, e quase indo de encontro ao chão. Só que eu conseguir impedí-la de olhar de perto as raízes e a puxei para perto de mim. Mas acabamos batendo nossas cabeças.

– AU! - ela se afastou um pouco com a mão na cabeça. - Essa doeu!

– Eu que o diga! - retruquei. - Você é literalmente uma cabeça dura!

– Hey! - ela exclamou indignada

– Vamos lá ver que surpresa Apolo nos reservou, furacão!

– Ah, serio? Furacão? - ela me olhou com uma sobrancelha erguida, e terminou brincalhona - Tem criatividade não?

E saiu correndo. Simples assim! ‘Tô falando, essa menina é louca! Mas até que ela é legal! E corri atrás dela também em direção ao acampamento.

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Fim do Capítulo III