A cena terrível, não consigo imaginar piores cenas de toda a minha vida, dos piores pesadelos, aquele foi o pior, a diferença e que era real, eu estava sentada, na sarjeta com Jhon, luzes vermelha, sirenes, barulho, a minha cabeça estava estourando de dor, não conseguia pensar em nada, eu estava olhando para o nada, quando saíram com um carrinho branco, uma cama com a cabeça de Ashley, e colocaram um pano preto, eu estava mal muito mal, mais imagine Laura, ela sozinha lá dentro, não conseguindo sair, eu me agarrei no Jhonatan, eu conseguia sentir o corpo dele quente, e o batimento acelerado do coração dele, só enxergava luzes vermelhas, e barulho, muito barulho, vizinhos chegando para ver o que acontecerá, a rua estava um inferno, quando Victória chegou a mim, apertando meu ombro:

“Filha...” – bufou, eu não tinha escutado muito bem

“Filha??” – ela tornou a perguntar

“Que foi mãe?” – eu respondi me levantando

“Eles querem todos na delegacia, vamos ter que ir a delegacia”

“Não quero ir” – respondi

“Temos!”

“Cadê a Laura?”

“Ela esta com o pai dela, ele vai levar ela de carro”

“Posso ir com ela?”

“Claro”

“Victória posso ir com ela?” – perguntou Jhonatan

“Sim”

“Mais e o seu carro?” – perguntei

“Eu posso levar” – Victória disse

“Tudo bem” – Jhonatan finalizou. Fui andando devagar, mais apressei o passo, pois Laura estava prestes a entrar carro:

“LAURA!” – gritei. Ela olhou pra mim e veio aos meus braços, eu a abracei tão forte, como nunca havia abraçado ninguém na vida, eu só sentia lagrimas de desespero, o pai dela já estava no carro pronto para ir, quando ela falou:

“Você pode vir comigo? Não quero ir sozinha, por favor,”

“Claro que eu vou, o Jhonatan vem com agente, minha mãe vai levar o carro dele depois”

“Tudo bem” – finalizou entrando no carro. Jhonatan sentou a minha frente, e eu ao lado de Laura, no banco traseiro, ela deitou nos meus ombros enquanto acompanhávamos os carros da policia, era 20 quadras dali

Nunca me lidei bem com a morte, a palavra “morte” sempre foi um termo desconfortável pra mim, bom acho difícil alguém gostar de falar sobre morte, principalmente quando perdemos pessoas próximas, no meu caso eu perdi a minha cachorrinha quando eu tinha sete anos, ela se chamava Lola, eu a achei quando eu voltava de carro da escola com a minha mãe de carro, ela tinha tido sofrido um acidente de carro, e estava com a pata direita quebrada, minha mãe não queria parar o carro, mais estávamos no semáforo e eu comecei a berrar no meio da rua, que nós fomos correndo atrás dela, a levamos pra casa, ela era um vira-lata sem raça, cuidamos dela, e levamo-la no veterinário, e ela acabou ficando bem no final. Simplesmente ela se tornou minha melhor amiga, nos três anos que moramos em Nova Jersey, ela ia até o portão comigo, e quando voltava, voltava super feliz em me ver, quando estávamos prestes a mudar para uma cidade nova, ela tinha morrido, eu simplesmente estava sozinha em casa, minha mãe tinha ido pegar caixas para colocarmos as mudanças, eu simplesmente sentei perto dela, e fiquei ali, sem derrubar uma lagrima desamparada, a minha única amiga, estava morta.

Chegamos a delegacia, Laura segurou na minha mão, acho que ela não queria ficar longe de mim, o delegado nos acompanhou, todos que estavam presentes teríamos que entrar e dar nosso depoimento, Mr. Zanchi foi o primeiro, ele demorou uns dez minutos, afinal ele não tinha muito o que falar, no máximo que ele estava tomando um café com Victória e de repente escutou sua filha gritando, o próximo foi Jhonatan, para a policia ele era “suspeito” por não estar na cena do crime e estar comigo, idem a mim, mesmo nós sendo álibi um do outro mesmo assim nos tornávamos suspeito, eu não sabia o que ele tinha falado com o delegado, ele demorou bastante, o pai da Laura tava no banheiro, eu e ela estávamos sentadas nas cadeiras e minha mãe ao lado em pé, Jhonatan voltou da sala do delegado, apesar de tudo ele parecia tranqüilo:

“Sua vez Heather!”

“Vai lá amiga, eu vou ta aqui” – Laura falou baixinho

Fui entrar na sala, mesmo eu não ter feito nada, fiquei com um frio na espinha, olhei para trás para a minha mãe, e ela balançou a cabeça com um sinal de positivo e eu entrei na sala, e o delegado foi simpático comigo, falou para eu sentar na poltrona em frente a mesa e tinha outro policial no canto da parede anotando todos os depoimentos, quando o delegado perguntou:

“Então? Quer me contar o que aconteceu?”

“Não tenho nada pra falar”

“Certeza? Seu namorado me contou muita coisa”

“Ele não é meu namorado”

“Em fim, ele disse que a um tempo atrás beijou a garota assassinada”

“Ashley”

“Isso”

“Delegado me desculpe, mais pode Ir direto ao ponto?”

“Heather, o que aconteceu não foi um simples assassinato, é satanismo”

“Já imaginava essa pergunta...”

“Heather, o que você sabe sobre isso?”

“ Nada” – respondi desviando o olhar

“Mesmo?”

“Mesmo, mesmo”

“Olha Heather, nós vamos colocar seguranças na sua casa, dois guardas, e hoje você pode dormir na casa de um amigo?”

“Posso”

“Olha Heather, parece que você ainda me esconde algo, você tem suspeita de quem tenha feito isso com sua amiga?”

“ Não” – juntamente balancei a cabeça com um pensamento longe, pensando no que Rose tinha me falado, o dia tinha sido tão longo e tão difícil, que não tive a oportunidade de falar com minha mãe a respeito disso quando falei:

“Delegado eu acho que sei quem...”

“Heather, minha netinha, você esta bem? Fiquei sabendo o que tinha acontecido! “ – era Rose entrando pela porta

“Delegado, já posso sair? Isso é tudo “

“ Pode” – Laura era a próxima a entrar, quando Rose sussurrou no meu ouvido:

“Se você contar, eu mato a piranha da sua mãe agora, não tenho nada a perder!”

Laura foi a que mais demorou lá, sentei ao lado do Mr. Zanchi e do Jhonatan, Rose estava encostada na porta, quando minha mãe levantou e foi ao banheiro, eu falei para o Jhonatan:

“ Vou atrás dela! Tenho que conversar com ela ”

“ Acho melhor não Netinha ”

“ E desde quando sua opinião importa aqui? “– respondi

“ Isso não é jeito de falar com sua avó Heather” – Mr. Zanchi

“ Ela não é, a minha avó droga!” – respondi irritada

“ Em fim, não vou ficar aqui discutindo com vocês, tenho que falar com minha mãe!” – respondi levantando da poltrona.

“ Mãe, eu tenho uma coisa pra te contar”

“ Agora não filha” – respondeu lavando o rosto

“ É muito importante! Isso não pode esperar mais!”

“Em casa...” – ela respondeu tentando sair do banheiro, quando eu falei:

“ Tem haver com a morte de Ashley!”

“ O que?”

“É isso mesmo, é, é Rose! Ela ta organizando essas mortes, ela ta fazendo um ritual, ritual satânico, do mesmo jeito que ela tentou fazer com você! Ela quer matar todos nós!”

“ Filha, é...”

“Hora Heather, não vamos estragar a festa! ”– Rose falou entrando no banheiro

“Cala a sua boca! VADIA, VOCE ESTA FAZENDO TUDO ISSO ”– gritei

“Heather, acalme-se! “– minha mãe disse

“ME ACALMAR? ESSA MULHER MATOU A ASHLEY, MATOU O IRMÃO DELA! QUEM DERA MATOU ATÉ SEUS PAIS, MÃE! “

“E se ela já souber disso, querida? “ – Rose falou rindo

“O que? ”– olhei pra Victória e ela tentou desviar o olhar

“Mãe? Por que você não contou isso pra mim?! Por quê? ”

“Agora você entende por que estamos mudando de cidade em tempos em tempos não é? Estou a vida toda tentando fugir dessa mulher, ela não me deixa em paz! ”

“Mais vai deixar agora” – completei dando novamente um tapa na cara de Rose

“FILHA! “

“Fiquei ai, vocês duas, só vou te dar um aviso Rose, se você tocar na Laura, eu mato você! Eu MATO!”- finalizei saindo batendo a porta. Na volta eu estava tão arrasada, com tanta raiva, estava me sentindo enganada, minha mãe, minha própria mãe, me enganando a vida toda? Ainda nos pois no lado da casa dessa bruxa, eu não podia nem andar direito, cheguei rápido na sala principal da delegacia, a sala de espera e sentei perto de Jhonatan, tentei me controlar pra não derrubar nenhuma lagrima, apertei a mão de Jhonatan, tão forte, fechei os olhos, e me lembro de quando vi Ashley, arrasada por causa de seu irmão, não éramos tão amigas, mais consegui construir uma amizade com ela, pequena, mais sim.

Laura saiu da sala finalmente ela veio e sentou do meu lado esquerdo, apertei a mão dela também, nós ficamos no mais profundo silencio esperando aquele interrogatório terminar, Rose não daria depoimento, supostamente ela não estava na cena do crime, Victória veio falou comigo, e eu a ignorei, ela e Mr. Zanchi seriam entrevistados juntos, não demoraram muito, quando volto a realidade, Rose esta olhando num olhar profundo, e eu não retribuo, estou pensativa, tenho varias decisões e uma delas, será realizada agora a pouco, Mr. Zanchi e Victória saíram da sala, o delegado iria instalar câmeras, seguranças, escutas na minha casa, quando ele falou:

“Victoria, a senhora poderia nos dar as chaves de sua casa? Vamos instalar tudo essa noite mesmo!”

“Mas onde eu vou ficar?”

“A senhora poderia pegar um apartamento”

“Tudo bem” Victória concordou. Estávamos todos saindo pela porta da frente, Rose estava falando com o delegado, ela era a dona da casa, quando Victória sussurrou no meu ouvido:

“Por favor não fale nada surte, aqui dentro, por favor não!”- quando eu decidi, e berrei:

“FOI ELA DELEGADO! ” – gritei e o delegado olhou diretamente pra mim

“FOI ESSA MULHER, ROSE MATOU A ASHLEY E FOI ELA QUE MATOU O IRMÃO DELA TAMBÉM, FOI ELA!!!.“