Uma última carta. escrita por Giovanna


Capítulo 3
Não é um recomeço...




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Abri os olhos, parecia que havia dormido por tanto tempo, mas meus olhos ainda doíam. Meu coração parecia estar sufocado, algo parecia estar errado. Olhei em volta, lembrava como uma lembrança distante, que havia levado um tiro, mas não me lembrava de ter chegado em um hospital. A sala estava vazia se não fosse por uma mulher vestida de branco que passava de um lado para o outro na sala como se não me enxergasse. Abri minha boca, que estava seca, a forcei ao máximo para sair algo, mas o que consegui foi um gemido. Arregalei os olhos quando percebi como estava fraca. Levantei a mão, mas agulhas me impediam de me mover. Finalmente a mulher dirigiu o olhar para mim e sorriu.

– Você acordou querida! - querida revirar os olhos e lhe xingar por algo tão óbvio! - Vou chamar sua mãe! Ela ficou o mês todo ao seu lado! - Mês? Gritei mentalmente. Como assim mês? E por que ela não confiou em Pedro ficar comigo também? Vi a mulher sair e depois de alguns longos segundos minha mãe entrou na sala. Assim que me viu levou a mão ao rosto e enxugou uma lágrima.

– Eu estou bem! - falei/tentei para minha mãe.

– Eu sei meu amor! - ela depositou um beijo em minha testa e vi outra lágrima escorrer de seus olhos.

– O que aconteceu? - perguntei percebendo algo errado.

– Nada filha! - minha mãe falou, mas algo em sua voz me fez acreditar que isso não era verdade. Respirei profundamente e fechei os olhos. - Filha? - minha mãe me chamou alterando a voz. Abri os olhos e tentei sorrir.

– Pedro está bem? - perguntei ainda tentando sorrir. Vi mais duas lágrimas escorrerem dos olhos de minha mãe e ela suspirou. - Mãe? - perguntei já com a respiração alterada.

– Filha... O Pedro... - ela parou e olhou para mim. O aparelho que regulava meu batimento cardíaco pareceu ficar louco. Pedro está bem... Pedro está bem! Pensava comigo mesma. Abri os olhos e lembrei do tiro. Como se o tivesse levado novamente. Desci meus olhos ao meu corpo. Perto da costela e vi um curativo.

– Mãe onde está Pedro? - perguntei novamente. Minhas lembranças foram para o dia ao qual havia levado o tiro e lembrei de ter segurado as mãos de Pedro antes de apagar. Sentei rapidamente na cama e olhei para os tubos de soro que estava em meus braços. Tirei todos. Minha mãe olhava para mim horrorizada.

– Filha não faça isso! - a ignorei. Levantei da cama com um pouco de dificuldade e tudo girou. Dei um primeiro passo e vacilei cambaleando e segurei firme no canto da cama. Minha mãe veio para meu lado para me ajudar, mas me senti forte. Deixei sua mão no ar e sai do quarto. Corri por todo o corredor olhando em cada quarto. Em cada cama. As lágrimas não paravam de rolar dos meus olhos. Cheguei no último quarto e um homem parou de frente para mim. Cai de joelhos no chão e olhei para o céu.

– Pedro... - murmurei e me joguei no chão gélido. Abracei meu próprio corpo lembrando de Pedro caído no chão ao meu lado. Senti braços em minha volta e alguém me colocou em uma maca me amarrando na mesma. - ME DEIXA SAIR! EU QUERO O PEDRO! - gritei me mexendo histericamente.

– ELE MORREU FILHA! - minha mãe gritou e eu parei tudo. Na verdade acho que o tempo parou. Olhei para ela e senti mais lágrimas escorrerem dos meus olhos.

– Não... - Balancei a cabeça negando e minha mãe afirmou.

– Sim filha... Ele morreu! - minha mãe falou lentamente e fechei os olhos. Imagens de Pedro apareceu em minha mente. Não! repeti novamente para mim. Pedro! O chamei, como se de alguma maneira ele fosse me responder em pensamentos. Ele sempre pareceu ler meus pensamentos, dessa vez não se deve ser diferente. Senti alguém injetar algo em minha veia e abri os olhos. Olhei além dos enfermeiros e de minha mãe e vi Pedro me fitar com seu sorriso torto. Ele parecia estar bem. Procurei em seu corpo qualquer vestígio de curativo. Nada.

– Não chore minha pequena! - ele falou sorrindo. Eu podia ouvir sua voz como se ele estivesse próximo a mim. Balancei a cabeça negando.

– Eles estão dizendo que você morreu Pedro! Diga que é mentira! - falei e Pedro sorriu. Deu alguns passos e aproximou de mim ainda com seu sorriso torto nos lábios. Passou a mão em meu cabelo e depositou um beijo em minha testa.

– Durma meu anjo! - ele falou baixinho no meu ouvido e desapareceu.

– Pedro... Eu te amo! - falei e apaguei novamente.



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