Katniss colocou um espelho – um pouco grande para a ocasião – apoiado no parapeito da janela, enquanto eu tentava me equilibrar em cima daquele galho. Através do objeto, podíamos ver parte do que rolava dentro da saleta.

Como diziam os jornais, eram três homens e uma mulher. Todos vestidos de preto, assim como nós, porém usando mascaras.

O maior dos homens parecia dar ordem aos outros, mas eu não podia ter certeza, já que ele estava de costas.

Como não ocorria nada de interessante lá dentro – pelo menos ainda –, me permiti pensar no quão engraçado a minha situação e da minha amiga era. Dando uma de espiãs amadoras. Quem sabe pudéssemos nos tornar da CIA no futuro.

Eu teria rido com o pensamento, se Katniss não tivesse me tirado de meus devaneios.

– É louro – ela sussurrou. Fiquei confusa até voltar a observar o cômodo.

Ela se referia ao homem que antes falava. Ele havia tirado a mascara, mostrando suas madeixas louras, que pareciam muito familiares, mas eu torcia para que estivesse ficando louca.

– Vai pra lá, Clove – Katniss sussurrou.

– Estamos em cima de um galho! Se você me empurrar mais uma vez, vou cair. E vai você, eu também quero ver! – mantive o tom de voz baixo e dei um leve empurrão nela.

Ela desequilibrou-se, mas conseguiu se apoiar no parapeito na janela, me fazendo soltar o ar que havia prendido.

O movimento que fizemos pareceu causar algum dano ao galho e, antes que qualquer uma de nós pudesse dar conta do que ocorria, ele partiu-se, nos derrubando no chão.

– TEM ALGUÉM AQUI! – escutei uma voz feminina gritar de dentro da casa, enquanto eu estava jogada no chão, tentando a todo custo recuperar o ar.

Só esperava que tivesse fôlego suficiente para escapar deles, porque, tendo conhecimento do que eles faziam, eu tinha medo ao imaginar o que poderia acontecer comigo caso eles me pegassem, sabendo que eu os espionava.